Olá, meu nome é Judy Thompson,
eu ensino inglês como segunda língua
e amo meu trabalho.
Hoje, vou falar sobre algo que todos
deveriam saber sobre o inglês.
O inglês é um idioma complicado,
as letras e os sons não correspondem.
Ninguém lê "r-e-d", "h-e-a-d" e "s-a-i-d"
e consegue adivinhar,
apenas pela grafia...
adivinhar, apenas pela grafia,
que essas palavras têm o mesmo som.
A conexão entre as letras e os sons
em inglês é tão vaga
que falantes nativos como eu,
pessoas que o têm como primeira língua,
muitas vezes têm dificuldade
em aprender a ler,
e pessoas que estão aprendendo
inglês como segunda língua
conseguem ler bem,
mas não conseguem falar.
Hoje, vou compartilhar
com vocês três segredos
que 99% dos falantes de inglês
não sabem sobre essa língua.
O primeiro é para pessoas que estão
aprendendo o inglês como segunda língua.
O segundo é para falantes nativos,
para ajudá-los a se comunicarem melhor.
O terceiro é para todos.
E uma vez que alguém sabe esses três
segredos sobre como funciona o inglês,
sua relação com o idioma e sua habilidade
de se comunicar se transformam
para sempre.
Vamos começar.
O inglês depende da tonicidade
e isso é um detalhe importante
para não nativos.
Não significa muita coisa,
especialmente se você for falante
de um idioma baseado em sons.
E a maioria se baseia em sons,
onde cada um dos sons é importante.
E, se um som não é pronunciado
ou é pronunciado errado,
o significado se perde.
O inglês não é assim,
o som não tem muita importância.
Se alguém diz, no trabalho, algo como:
"We are having a meeting on Vednesday",
todo mundo comparece na quarta-feira.
Ou se alguém diz: "When is your birfday?",
você responde o dia em que você nasceu.
Há uma grande flexibilidade
com sotaques, também.
Os sons não são tão importantes no inglês.
O importante no inglês
é atribuir características específicas
para sílabas específicas.
Eu vou contar uma história.
Quando minhas filhas
tinham dois e três anos,
nós as levamos para jantar
num restaurante pela primeira vez
e o garçom perguntou à de dois anos:
"O que você gostaria de pedir?"
E ela respondeu: "Basghetti".
A de três anos, que queria a mesma coisa,
ficou indignada com a pronúncia
e disse: "Não é 'basghetti',
é 'spasghetti'".
(Risos)
E o garçom riu.
Mas nenhum sentido se perdeu.
Ou seja, "bas-GHE-tti",
"spas-GHE-tti", "spa-GHE-tti",
todos significam a mesma coisa
para um falante nativo,
já que a sílaba central foi pronunciada
de forma mais enfática e prolongada,
em relação às outras sílabas.
Se você estiver aprendendo inglês
como segunda língua,
pare de sofrer com o sotaque:
"Oh, desculpe pelo meu sotaque",
não se preocupe mais com seu sotaque,
ou com regras gramaticais,
a única responsabilidade que você tem
é enfatizar corretamente
a sílaba tônica das palavras importantes,
as pessoas vão te entender
e a vida vai seguir.
O segundo ponto...
Esperem um pouco!
Em que cidade estamos agora?
Que cidade é esta?
Plateia: Oakville.
Judy Thompson: OAK-ville, exatamente!
"Okvill"?
Eu não sei o que é isso.
Pode ser punjabi ou coreano,
mas não é inglês.
E "Oak-VILLE" seria francês.
Então é "OAK-ville".
E este país? Que país é este?
Plateia: "Canada".
JT: "CA-nada", exatamente!
Perfeito!
É assim que se enfatiza as palavras.
O segredo número dois é
para falantes nativos: "conexão".
Falantes nativos não iniciam
as palavras com vogais.
Pausando o assunto um pouco,
porque sou falante nativa de inglês
e vou contar algo que tenho
vergonha de admitir.
Eu realmente... é a minha primeira língua.
O mundo dos negócios, da ciência,
tecnologia e comércio é todo em inglês.
Aprender inglês não é problema meu,
é problema deles.
Isso é o que eu pensava.
Eu tenho vergonha de admitir,
mas realmente era o que eu pensava.
Deixe-me mostrar uma imagem
do inglês no mundo atual.
Este círculo representa
todos os falantes de inglês.
A pequena porção azul no canto
é o total de falantes nativos do inglês,
ou seja, australianos,
norte-americanos, canadenses,
todos juntos somam 350 milhões de pessoas.
E, como vocês podem ver,
essa é a minoria das pessoas
que falam inglês no mundo hoje.
Hoje, 1,5 bilhão de pessoas falam inglês
como segunda, terceira ou quarta língua.
E eu ainda estou pensando:
"E daí? É minha língua,
eles que aprendam".
Significa que a maior parte
das conversas no mundo hoje
acontecem entre falantes não nativos
e eles se entendem perfeitamente.
Sim! A China compra café
da Colômbia em inglês.
A Itália compra...
A Finlândia compra mármore
e água da Itália e eles usam inglês,
mas não é o inglês que eu falo.
A pressão de 1,5 bilhão de pessoas
aprendendo essa língua...
elas a mudaram.
Mudaram tanto
que elas conseguem se entender,
mas não conseguem me entender.
Agora eu entendo que é problema meu,
mais de 80% das pessoas
que falam inglês no mundo hoje
não me entendem.
Elas não conseguem por duas razões,
e a primeira é a "conexão".
Conectar palavras é o fenômeno
de falar de forma mais fácil.
Na maioria das línguas,
a forma como os humanos facilitam a fala
é alternando entre os sons
de consoantes e vogais.
Na Alemanha, Canadá, México, China,
é assim que as pessoas falam.
E em várias línguas,
a escrita é dessa forma.
Começa com consoantes
e alterna entre consoantes e vogais.
Mas não no inglês!
O inglês, como já vimos,
é grafado de várias formas.
Independentemente da grafia,
as pessoas vão iniciar
a pronúncia com consoantes.
Vou precisar de uma pessoa corajosa agora.
Esta é uma coisa normal que alguém diria,
um falante nativo,
você está vindo no corredor,
é hora do café,
você sente o cheiro da comida,
você faz torradas e diz: "Querida..."
Quem vai ser a pessoa corajosa?
Quem vai ler isso alto?
Como você diria normalmente.
Vá em frente, diga!
O que está dizendo aí?
Plateia: "Can I have a bit of egg?"
JT: Repita.
Plateia: "Can I have a bit of egg?"
JT: "Can I have a bit of egg?" Exato!
Não é gíria, não é errado:
"Can ni ha va bi da vegg"
é o que nós dizemos.
"Can I have a bit of egg?"
Esse é o motivo pelo qual
1,5 bilhão de pessoas não nos entende.
Elas não conseguem associar
as palavras que aprenderam
e as palavras que estudaram
com as palavras que estão ouvindo.
Deus as abençoe quando
forem procurar "vegg" no dicionário.
(Risos)
Não faz sentido.
Segredo número três, o outro motivo
pelo qual as pessoas não entendem
falantes nativos são as colocações.
Colocações é um outro nome
para expressões, na verdade.
Um pequeno grupo de palavras
unidas sem razão
que criam uma imagem.
Expressões como "fall in love".
"Fall in love."
Dá uma ideia de romance ou algo do tipo.
Mas esse grupo de palavras é fixo,
não existe "fall to love",
"fall between love" ou "fall near love".
Isso não é inglês, não significa nada.
Essas expressões estão escritas em...
Isso mesmo: não em sabão, em pedra.
Não estão escritas em sabão,
não estão escritas na areia.
É através de milhares
de expressões como essa
que os falantes nativos
se comunicam entre si,
não com regras gramaticais.
As pessoas estudam gramática por...
Bem, elas podem estudar a vida inteira
e não soarão como falantes nativos
porque o principal são
as expressões, não a gramática.
Aqui temos um exemplo.
Honestamente, se um aluno meu escrevesse
este parágrafo, eu ficaria extasiada.
"Last night we ate dinner at home.
I cooked chicken.
After dinner, my husband
washed the dishes."
A gramática está perfeita, nada errado.
Mas nenhum falante nativo fala assim.
Porque não é "eat meals", é "have meals",
e não é "cook food" e sim, "make food",
não é "wash dishes" e sim, "do dishes":
"do" é associado com "dishes"
sem nenhuma razão,
e é assim que falantes nativos falam.
Eu vou dar a última cartada
sobre a questão da gramática.
Existem 208 regras gramaticais.
O inglês universal, que
1,5 bilhão de pessoas estão falando,
usa 10 regras gramaticais.
Nós usamos 208.
Uma delas: adjetivos
descrevem substantivos.
Todos sabem disso.
O que é adjetivo?
Adjetivo descreve substantivo.
Na verdade, isso não é totalmente correto.
Temos aqui uma lista de vários adjetivos.
Outra coisa peculiar do inglês
é que temos várias palavras
que significam a mesma coisa.
Então, aqui temos vários adjetivos
que significam a mesma coisa,
mas apenas um pode
ser utilizado com "Christmas",
não existe "gleeful Christmas",
nem "glad Christmas",
isso não é inglês.
E não existe "merry New Year",
nem "merry birthday",
isso não é inglês.
Existem, não sei, meia dúzia de palavras
que são usadas naturalmente com "merry",
então nós temos "merry men"
e "eat, drink and be merry"
ou "merry go round", "the merry widow".
É isso.
"Merry" é adjetivo, "wall" é substantivo,
mas não há "merry wall".
Gramaticalmente, está correto.
Não existe "merry floor".
É por isso que 1,5 bilhão de pessoas
não consegue nos entender,
porque usamos tantas expressões,
e eles não usam nenhuma.
A gramática é linear, o inglês é abstrato,
é uma língua idiomática.
As colocações são o segredo
para os nativos, não a gramática.
Vou receber alguns
telefonemas sobre isso...
Então, vamos lá.
a maioria dos falantes de inglês não só
não usa expressões;
aqui está uma imagem do que eles usam.
No diagrama da direita,
vocês já viram isso,
são as pessoas que falam inglês no mundo.
Na esquerda temos
todas as palavras do inglês.
Há mais de um milhão de palavras
usadas comumente no inglês.
Qualquer pessoa aqui,
qualquer pessoa assistindo,
tem acesso a cerca de 500 mil palavras.
Nós temos palavras demais.
Veem esse ponto rosa aqui?
O ponto rosa com a seta?
São 2 mil palavras; essas são as palavras
que todas as 1,5 bilhão de pessoas usam.
E esta não é uma lista recente.
Em 1930, David Ogden desenvolveu
a "Basic English Word List"
com 850 palavras e levou-a
à Índia, à China, ao mundo todo.
Em 1958, The Voice of America
adicionou 700 palavras a ela
e tem transmitido as notícias do mundo
para o Terceiro Mundo
usando 1,5 mil palavras, desde 1958.
Os falantes nativos saem perdendo.
Usamos tantas expressões
que não entendemos um ao outro.
Meu filho tem 18 anos;
ele come o tempo inteiro.
Quando termino minha refeição,
e ainda tenho batatas ou algo assim,
ele olha pro meu prato e fala:
"Você terminou com isso?"
O que ele está dizendo?
"Posso comer sua batata?"
Foi isso que ele disse.
E eu respondo: "Claro, coma minha batata".
Ele está comendo a batata,
olha para mim e diz:
"Mãe, o que você vai fazer hoje à noite?"
O que ele quer?
Ele não quer saber
o que farei hoje à noite!
(Risos)
Ele quer o carro.
É muito abstrato,
não há conexão entre as palavras,
entre o que estamos dizendo
e o que queremos dizer.
Essas pessoas não entendem isso,
ninguém consegue dar esse pulo,
então não somos convidados
para reuniões internacionais de negócios;
somos excluídos;
já que nós somos as pessoas
que eles não entendem
e as reuniões fluem melhor sem a gente.
(Risos)
Ele tem 18 anos, está no telefone
falando com amigos,
sabe, e é algo como:
"Gnarly dude, awesome!
You scored a ThinkPad? That's sick!"
"Sick!"
Eu sei que é uma coisa boa.
Eu não sei o que o médico diz,
não sei o que o mecânico diz
ou o que meu filho diz;
meu marido é engenheiro,
e também não sei o que ele diz.
O inglês é tão exclusivo, por causa
do uso exagerado de expressões,
que não sabemos o que estamos dizendo,
e 80% do mundo também não sabe.
Os três segredos que os falantes nativos
não sabem sobre inglês
são a tonicidade,
o inglês é uma língua
baseada na tonicidade,
conectar palavras
e falar da forma mais fácil,
independentemente da forma escrita,
e as colocações ou expressões,
nada de gramática.
Essa é uma ideia
que vale a pena compartilhar.
Eu sou falante nativa do inglês,
eu ensino inglês,
eu sou especialista numa língua
que está quase passando da validade.
E esses são os motivos.