MOOI: Na verdade haviam mais cepas
Olá, Eu sou Joanne Faryon.
Bem vindo à reportagem especial da noite, Quando a Imunidade Falha:
A Epidemia de Tosse Convulsa
Nós vamos investigar a maior epidemia de tosse convulsa na Califórnia
em mais de 60 anos.
Vamos tentar responder por que uma doença que foi praticamente extinta há 30 anos atrás,
está voltando não apenas neste estado, mas em outras partes
do país?
O que nós descobrimos pode surpreendê-lo.
Existem sérias dúvidas a respeito da eficácia
da vacina para a prevenção desta doença;
questões que as autoridades de saúde do governo
têm demorado inclusive para se perguntar.
KPBS se juntou ao Instituto Cão de Guarda,
um centro de jornalismo investigativo
da Universidade de San Diego,
e a Rádio Holanda para apresentar esta história.
Uma história que nos fez viajar da Califórnia
e além mares até Amsterdã
Mas primeiro, começaremos em uma sala de parto
de um hospital de San Diego, onde uma mãe acabou de dar à luz
ao seu terceiro filho.
[bebê chorando]
Matthew Jacob Bryce nasceu em 11 de Outubro de 2010
Um menino saudável, o terceiro filho de Cindy e Marion Bryce.
Matthew começou mostrar sintomas de resfriado
quando tinha apenas duas semanas.
A família Bryce percebeu que havia alguma coisa errada.
Marlon Bryce: Então pareceu
que esse resfriado estava afetando sua respiração.
FARYON: A família estava ciente da epidemia de tosse convulsa
na Califórnia, tendo ouvido as notícias
REPORTER: Autoridades da saúde disseram que mais de 6,400 casos
de tosse convulsa foram notificados neste ano.
FARYON: E o seu pediatra.
BRYCE: Não havia qualquer tipo de convulsão
ou eles sempre dizem que há um chiado ou uma tosse
e ele não tinha qualquer tosse ou coisa do gênero, tinha apenas
este resfriado.
FARYON: O médico de Matthew suspeitou que poderia se tratar de um caso de tosse
convulsa, também conhecida como Coqueluche.
Ela apenas coletou uma amostra do nariz e mandou para o laboratório.
E começou a dar antibióticos ao Matthew.
Seis dias depois, quando Matthew tinha apenas 23 dias de vida,
Cindy Bryce recebeu uma ligação
do Departamento de Saúde do Estado da Califórnia.
O diagnose era de Tosse Convulsa.
M. BRYCE: No momento em que eu ouvi isso comecei imediatamente a
pensar no pior, por causa do que ouvimos no jornal
sobre os bebês que faleceram.
FARYON: De Janeiro a Outubro deste ano,
10 recém nascidos morreram de tosse convulsa na Califórnia,
dois no Condado de San Diego.
Mais de 7,000 crianças e adultos pegaram a doença
- o maior número de casos do estado
em mais de 60 anos.
Como foi possível que Matthew e muitos outros foram contrair uma doença
que supostamente pode ser evitada pela vacinação?
Nesta noite vamos levantar questões
sobre a eficácia desta vacina.
Uma investigação de quatro meses pelo KBPS e peo Instituto Cão de Guarda,
encontrou muitas pessoas que foram diagnosticadas
com tosse convulsa que haviam sido imunizadas.
Nós também mostramos como os dados do governo sobre o número
de pessoas diagnosticadas com tosse convulsa carece de cronologia
sendo frequentemente inconsistente, levando-nos à questão:
Quem está acompanhando essa epidemia?
Nós vamos mostrar como alguns dos experts
que influenciam as políticas de vacinação estão financeiramente ligados
às companhias farmacêuticas.
E vamos acompanhar a família Bryce enquanto ela batalha
com o diagnóstico de seu filho, e os contratempos da sua recuperação.
Tosse convulsa, tosse violenta, a tosse comprida;
são todos nomes para a Coqueluche.
DR JAMES CHERRY: Na verdade nós não conhecemos
as causas da tosse ...
não existe outra tosse como essa.
FARYON: Pertussis é uma doença respiratória causada
pela bactéria Bordetella Pertussis.
No começo, ela se parece muito com um resfriado.
Mas depois ela se transforma em uma tosse violenta e persistente,
uma tosse que deixa as crianças arfando -
criando o distinto som chiado.
Para adultos, a tosse convulsa pode ser apenas um incômodo.
De fato, cientistas estimam que mais de 80 por cento
dos casos adultos nunca são diagnosticados
por que a maior parte das pessoas assumem que tiveram apenas um forte resfriado.
Mas para crianças a tosse convulsa pode ser mortífera
especialmente se não for diagnosticada logo.
DR JAMES CHERRY: Assim acontece com infecções
as quais eventualmente você se livra da bactéria e fica melhor.
Mas uma enorme ...
uma boa porcentagem dos casos em crianças
duram um ou dois meses.
DR. FRITS MOOI: Após uma infecção por Pertussi as pessoas
ficam vulneráveis a super infecções, na verdade esta é
uma das principais complicações, pneumonia.
FARYON: Recém nascidos são incapazes de se livrar das secreções
que se acumulam em seus pulmões, causando pneumonia
e dificultando a respiração.
Um tratamento antecipado com antibióticos é mais crítico nesta faixa de idade.
A Tosse Convulsa foi praticamente extinta no fim dos anos 70
por causa da imunização em massa,
mas ela, de alguma forma, conseguiu voltar para a Califórnia
assim como outras comunidades altamente vacinadas ao redor do mundo.
A razão pela qual ela fez uma volta tão vingativa colocou
dois dos maiores especialistas em tosse convulsa em desacordo.
Dr. James Cherry, da Universidade da Califórnia:
A principal razão é uma maior conscientização.
FARYON: E Dr. Frits Mooi do Centro Holandês
para o Controle de Doenças Infecciosas.
MOOI: Nós encontramos uma mutação realmente nova na bactéria.
FARYON: Ambos Dr. Mooi e Dr. Cherry começaram suas pesquisas
sobre Tosse Convulsa há 30 anos atrás.
Cherry nos EUA e Mooi na Holanda.
Os dois cientistas conhecem os trabalhos um do outro.
CHERRY: Primeiramente, sua ciência microbiológica molecular é,
está no topo da escala acadêmica.
Sem sombra de dúvida.
Sobre alguma das coisas que ele publica eu acredito que
os dados clínicos não são muito bons.
MOOI: Eu não me comunico muito com ele, mas o que ele escreveu
à imprensa foi que eu ferrei com a epidemiologia.
E isto não me ajudou muito.
FARYON: Para entender por que estes dois experts discordam um do outro,
você precisa saber um pouco da história
da vacina contra coqueluche.
ANUNCIANTE: Dado que os casos mais sérios ocorrem antes da idade escolar,
a imunização na escola pode ser tardia.
FARYON: A bactéria que causa a tosse convulsa foi isolada
pela primeira vez na Bélgica em 1906.
Á época, a doença era uma das
principais causas causas de mortalidade infantil.
ANUNCIANTE: Em 191, a tosse convulsa matou 316
crianças de Michigan.
No último ano, o número de mortes reduziu-se a 63.
FARYON: A descoberta levou às primeiras tentativas de se criar uma vacina.
Mas não foi até os fins de 1940 que os cientistas conseguiram
desenvolver uma vacina de eficácia suficiente para prevenir a tosse convulsa.
ANUNCIANTE: Ao contrário da doença, entretanto
uma vacina não põe a vida em risco.
FARYON: Em 1946, programas de imunização em massa começaram
a ser realizados nos EUA e o número de casos caiu drasticamente.
Antes da vacina a taxa de pessoas atingidas
pela doença era de 157 casos a cada 100,000 habitantes.
Pelos anos 70, com as campanhas de imunização em massa, menos do que uma
em cada cem mil pessoas contrairam tosse convulsa.
Mas a vacina não surgiu sem controvérsias.
As versões preliminares foram associadas a efeitos colaterais
tais como choro inconsolável e convulsões em bebês.
Em 1996, o FDA aprovou uma nova vacina contra a tosse convulsa.
Que foi chamada de versão acelular.
O que significa que a vacina usava apenas ingredientes purificados
do organismo causador da doença.
Essa vacina foi considerada mais segura e foi associada
a pequenos e moderados efeitos colaterais.
Atualmente, os EUA usa apenas a versão acelular da vacina contra coqueluche.
Mas ao mesmo tempo em que os EUA estavam mudando as vacinas outra coisa
estava acontecendo - oficiais da saúde
ao redor do país estavam notificando números crescentes
de casos de tosse convulsa.
E em um laboratório do governo há 30 minutos de Amsterdam,
um grupo de cientistas descobriu outra coisa -
que a bactéria causadora da tosse convulsa começava
a parecer um tanto diferente.
MOOI: Essa nova mutação fez com que a bactéria começasse
a produzir mais toxina da coqueluche.
FARYON: Se trata-se do caso de culpar essa mutação
pelo menos em parte, pela epidemia californiana
e pelos surtos em outros lugares do mundo está no centro
do debate sobre a tosse convulsa.
Dr. Mooi acredita que é disso que se trata o caso, mas não Dr Cherry.
CHERRY: Mesmo apesar dessas mudanças que ocorreram não existem
evidências que apoiem a tese do aumento da falha da vacina.
FARYON: Aqui em San Diego, mais de 85% das crianças
foram imunizadas.
De fato, menos de três por cento
das crianças que entram no jardim da infância não foram imunizadas
em razão das crenças pessoais de suas famílias.
Mas apesar da alta taxa de imunização,
San Diego tem o segundo maior número
de casos confirmados de tosse convulsa da Califórnia.
Dr. Dean Sidelinger é encarregado da Saúde Pública
do condado de San Diego.
DR. DEAN SIDELINGER: Essa é uma doença que
se uma pessoa contrai a doença, é muito fácil de ser transmitida
de uma pessoa a outra.
Portanto se você ou eu que estamos aqui nesta entrevista
tivermos contraído coqueluche existem chances que nós
podemos transmití-la para outra pessoa.
Sidelinger já declarou no passado,
que o número de casos de tosse convulsa alcançavam seu ápice no verão
e diminuíam pelo inverno, mas neste ano, isso não aconteceu.
SIDELINGER: Conforme o tempo passa aumenta o número de casos.
Nós sabemos que a conscientização do público tem um peso nesse índice, pois ao passo
em que conversamos sobre coqueluche mais pessoas questionam seus médicos
e médicos questionam seus pacientes nós vamos vendo
mais casos, mas essa tendência continua crescendo.
FARYON: Pelo fim de Novembro de 2010, aproximadamente 1000 crianças,
crianças e adultos do Condado de San Diego retornaram casos confirmados
para Tosse Convulsa.
Mais da metade delas haviam sido imunizadas.
Nossa investigação demonsra
que essa tendência segue a mesma por toda a Califórnia.
KPBS e o Instituto Cão de Guarde reuniram dados
de 9 condados da Califórnia que relataram algumas
das maiores taxas de transmissão da doença.
Nossas pesquisas mostram que onde a história da imunização é conhecida,
entre 44 e 83% das pessoas diagnosticadas
com tosse convulsa foram vacinadas.
Nós também averiguamos os registros
do Departamento de Saúde Pública da Califórnia.
Nos casos onde o histórico de vacinação era registrado,
mais de 80 por cento das pessoas infectadas haviam sido imunizadas.
DR MARK HORTON: Para os especialistas em epidemiologia
e para os especialistas em vacinação esses resultados não são nenhuma surpresa.
FARYON: Dr. Mark Horton é o diretor
do Departamento de Saúde Pública da Califórnia.
HORTON: Se você pegar uma percentagem
da população vacinada e uma percentagem das pessoas vacinadas
que ainda são suscetiveis
por que a vacina não é perfeitamente eficiente ou eficiente
para todos os indivíduos, quando você faz as contas
você percebe que mesmo
no caso de uma vacina bastante eficaz,
e mesmo se você tiver a maioria
da população vacinada,
o grupo de pessoas suscetíveis irá incluir um número de indivíduos
que nunca foram vacinadas
mas também irá incluir alguns poucos e em casos maior
que 50 por cento
de indivíduos que foram previamente vacinados
FARYON: Em outras palavras, se você fizer as contas,
você sempre irá encontrar um certo número
de pessoas imunizadas ficando doentes
se uma vacina não for 100 por cento eficiente.
HORTON: Portanto, isso para nós tanto não é uma surpresa quanto
não é um reflexo da eficácia da vacina.
REPORTER KEVIN CROWE: Não é um reflexo
da eficácia da vacina?
HORTON: Exatamente.
FARYON: Mas há 20 anos atrás, o contrário era verdade.
De acordo com um relatório do Centro do Controle de Doenças,
mais da metade das crianças entre três meses e quatro anos de idade
que contraíram tosse convulsa ao redor do país entre os anos 90
e 1996 não haviam sido imunizadas.
A taxa de tosse convulsa também tem aumentado
pelos últimos 20 anos.
De menos de um caso a cada 100,000 pessoas
a 18 por 100,000 aqui na Califórnia.
E em alguns condados da Califórnia como em San Luis Obispo,
os números são quase tão altos quanto antes das vacinas serem desenvolvidas.
Dois após após nossa entrevista
com a família Bryce, Matthew contraiu uma febre.
Ele foi hospitalizado ao Hospital Pediátrico Rady
em San Diego.
Matthew não havia tomado a vacina contra tosse convulsa.
Ele é muito jovem.
Bebês não podem receber a vacina até completarem dois meses.
Mas todas as outras pessoas da família Bryce foram vacinadas -
inclusive seus pais tomaram reforços.
A prática de se imunizar todas as pessoas
ao redor de um recém nascido é conhecida como encasulamento.
CINDY BRYCE: Quando eu liguei para o médico me perguntaram quem havia transmitido
e eu não podia lhes responder por que eu não sabia
de onde ele contraiu a doença por que em casa todo mundo havia sido vacinado.
FARYON: Myron e um de seus filhos também passaram por exames
para tosse convulsa - ambos retornaram negativo.
M. BRYCE: O que eu gostaria de saber é
se essa vacina funciona.
Será se ela é eficaz por que antes disso eu pensava
que a vacina funcionava e pensava que se eu fizesse tudo
o que me haviam recomendado, nossos filhos estariam seguros.
FARYON: Quão eficaz é essa vacina?
Isso depende de com quem você conversa.
Informações sobre o remédio incluem -
no caso das duas vacinas utilizadas para tosse convulsa
nos EUA - dizem que a vacina é eficaz em 85% dos casos.
MOOI: Essa nova cepa invadiu completamente a
Holanda assim como outros países e trouxeram
de volta todas as outras cepas.
É uma situação bastante incomum.
FARYON: Dr. Mooi acredita que não existem formas
de se determinar quão eficientes são as vacinas
por que elas não foram testadas
contra a nova cepa de tosse convulsa.
MOOI: Nós a chamamos de cepa p3.
FARYON: Uma cepa que ele acredita ser mais virulenta
e que pode deixar as pessoas mais doentes.
A cepa surgiu enquanto as novas vacinas acelulares
estavam sendo desenvolvidas.
MOOI: Eu posso lhe dizer que uma
das razões pela qual as companhias de vacina não estão muito contentes
comigo é por que se o que eu digo é verdade significa que elas escolheram
a cepa errada nos anos 80.
FARYON: O laboratório do Dr Mooi estava estudando esta nova cepa
quando a Holanda experimentou uma inesperada epidemia
de tosse convulsa em 1996.
quando você comparava as duas havia uma relação bastante direta
entre a emergência dessas duas cepas, que nós chamamos de cepa p3
e o aumento de notificações de casos.
CHERRY: Não existem quaisquer evidências de que qualquer uma
das duas vacinas mais usadas atualmente nos EUA
têm tido sua eficácia diminuída
com qualquer uma delas.
FARYON: Então se você tivesse que explicar por que nós estamos testemunhando
esta epidemia e o maior número de casos em 60 anos,
o que você diria às pessoas?
CHERRY: O principal motivo é a maior conscientização.
As pessoas, principalmente as ligadas à saúde pública, estão muito mais
conscientes e isso ajuda bastante.
FARYON: Cherry diz que o aumento também se deve, em parte
a algo conhecido como enfraquecimento da imunidade.
A imunidade à tosse convulsa não dura uma vida,
tenha sido a pessoa vacinada ou desenvolvido uma imunidade natural
ao contrair a doença.
Quase todos os especialistas concordam que o enfraquecimento da imunidade está contribuindo
para o surgimento de epidemias de tosse convulsa ao redor do mundo.
Onde eles discordam: Quando a imunidade falha?
Dr Mooi acredita que a nova cepa de pertussis causa falhas
no sistema imunológico mais cedo do que no passado.
E ele publicou suas descobertas
em vários jornais avaliado por colegas incluindo o Doenças Infecciosas
do Centro de Controle de Doenças.
MOOI: Quando a imunidade atua de forma sub-óptima o que acontece é que
a bactéria não é bem reconhecida pelo sistema imunológico
por causa da diferença e, segundo, mesmo que toda
a resposta do sistema imunológico tenha sido ativada
no corpo a toxina será capaz de retardar sua ação.
Você poderia dizer que essas duas alterações trabalham juntas
diminuindo o período
pelo qual a vacina oferece sua proteção.
FARYON: A Holanda aprendeu outra coisa
depois da sua epidemia de 1996.
Á época, eles possuíam apenas poucas amostras da bactéria
que estava deixando as pessoas doentes.
Assim o laboratório do Dr Mooi pediu para outros doutores e seus laboratórios
que lhe enviassem amostras positivas de infecção por pertussis.
Seu laboratório agora possui 3,000 amostras.
Califórnia por exemplo coletou apenas 29 amostras da sua
epidemia de mais de 7,000 casos notificados do estado.
Durante esta investigação de quatro meses das organizações KPBS/Cão de Guarda
nós também aprendemos que os dados mantidos pelo estado
e pelo CDC normalmente sofriam de um atraso em relação aos dados do condado
e eram inconsistentes.
Enquanto condados como San Diego conheciam o status de imunização
da vasta maioria das pessoas com tosse convulsa,
os dados do estado listavam a informação como desconhecida.
Apesar dos protocolos para notificação de casos de coqueluche válidos para todo o estado,
uma pesquisa dos institutos KBPS e Cão de Guarda descobriu que alguns condados não o seguem
ou são lentos para repassar as informações
HORTON: Existe uma concepção de que quanto mais números melhor
mas me permita ser bem claro, nós de forma alguma precisamos que relatórios
sobre cada caso particular de coqueluche nos sejam enviados
para que façamos importantes julgamentos e tomemos decisões
sobre o que está acontecendo.
FARYON: O CCD de Atlanta recusou as nossas solicitações
para fazer uma entrevista.
Em uma resposta por e-mail eles disseram que "é difícil
separar todos os fatores" que contribuem para o aumento
dos casos de coqueluche, mas listaram "aumento na transmissão,
melhor reconhecimento dos sintomas,
e aumento na confirmação dos casos pelos laboratórios".
Nós também perguntamos até onde uma nova cepa mais virulenta poderia ser
responsável pelo surgimento das epidemias.
A resposta do CCD: "Os dados disponíveis não sugerem
que a cepa ptxP3 é mais virulenta,
ou que o aumento dos casos relatados sejam atribuíveis somente
à emergência de ptxP3.
Nós continuamos a trabalhar nisso e em outras potenciais explicações
para o aumento dos casos de coqueluche
que vem ocorrendo desde os anos 80".
O CCD nós enviou um estudo dos seus próprios investigadores.
O estudo investigou crianças
entre seis meses e cinco anos de idade.
Ele descobriu que as vacinas para coqueluche eram eficientes
para mais de 90% dos casos.
O estudo investigou dados entre 1998 e 2001.
Ele não coletou dados relacionados a novas cepas de pertussis.
CANÇÃO: Você por um acaso sabe o que é um T-dap?
É uma vacina especial, mas não é voltada apenas para crianças.
FARYON: Sanofi Pasteur, uma das duas companhias
que fazem as vacinas amplamente usadas nos EUA,
apoiaram uma competição musical realizada no começo deste ano.
CANÇÃO: Coqueluche é a razão pela qual você deve ligar
para o seu médico hoje.
FARYON: Foi um exercício de relações públicas
para difundir informações sobre tosse convulsa e sobre imunização.
Mas onde fica a linha que separa uma boa campanha de RP e uma tentativa de
influenciar as políticas de saúde públicas?
CANÇÃO: Tome uma dose e dê um chiado na tosse.
FARYON: Especialmente quando as políticas de saúde pública podem
aumentar as vendas de vacina.
Desde 2007, o Departamento de Saúde
da Califórnia gastou mais de 200 milhões
em vacinas para coqueluche para crianças que possuíam
e que também não possuíam plano de saúde.
E com certeza esse valor vai aumentar.
Em Setembro, a legislatura do estado da Califórnia aprovou uma lei
exigindo que todos os estudantes tomassem outra dose,
uma sexta dose de vacina contra coqueluche antes de entrar
no ginásio.
Talvez este seja um caso onde o que é bom
para os negócios também seja bom para a saúde pública.
Mas quanta influência têm a indústria
sobre as políticas de saúde pública?
Sanofi Pasteur também criou
e financia A Iniciativa Global Contra Coqueluche.
Um grupo formado por especialistas em medicina de todas as partes do mundo.
A IGCC foi formada há dez anos atrás
para estudar por que a coqueluche estava fazendo um retorno e encontrar formas
de controlar a doença.
Mais da metade dos seus membros são funcionários
da companhia farmacêutica
ou recebem financiamento de pesquisa ou taxas de consultoria.
Fiscais sanitários de todo o país, incluindo a Califórnia
e o CCD, consulta a Iniciativa Global Contra a Coqueluche
quando vão formular políticas de vacinação.
Dr James Cherry é um dos membros da iniciativa.
Ele também recebe taxas por palestras e fundos de pesquisa
de fabricantes de vacinas.
Ao mesmo tempo, ele tem cadeiras em comitês governamentais
que ajudam a elaborar políticas de vacinação e a determinar sua eficiência.
FARYON: Um cínico diria que se você tem uma comunidade
de especialistas em coqueluche como os que existem na Iniciativa Global Contra a Coqueluche,
que primariamente seu trabalho em termos
dessa empreitada está sendo financiado pela companhia farmacêutica
que faz a vacina, pode haver menos incentivo
para, digamos, fazer uma nova vacina e mais incentivo para,
digamos, usar a velha com mais frequência.
O que você pode lhes dizer?
CHERRY: Eu não acredito que isso seja verdade.
Eu acredito que nós vimos falando sobre novas vacinas.
Eu penso que a dificuldade com a vacina reside no custo
que haveria entre fazer uma nova vacina e a dificuldade
em testá-la e nas exigências da FDA a esse respeito e eu acho
que se as condições forem boas para as duas
maiores companhias farmacêuticas elas simplesmente o fariam.
MOOI: E essas são três cepas diferentes de pertussis.
FARYON: Dr Mooi é um crítico da Iniciativa Global.
MOOI: A minha maior decepção é o fato deles terem totalmente
e eu penso intencionalmente ignorado a adaptação do agente patogênico.
Eu acho que há poucos anos comemoramos
os 100 anos da morte de Darwin, não faz muito tempo,
e eu acho bastante estranho que a evolução
e a adaptação do agente patogênico seja completamente ignorada
por tal grupo.
Eu acho isso ruim para a ciência e ruim para a saúde pública.
FARYON: Sanofi Pasteur lançou essa declaração para a KBPS
e para o Instituto Cão de Guarda.
Ela diz que a iniciativa garante colocar junto as maiores autoridades
sobre coqueluche e que isso traz benefícios para toda a sociedade.
A companhia também diz "atualmente,
não existem evidências que sugerem que as atuais vacinas contra coqueluche
faltem em eficácia".
Dr. Dean Sidelinger foi uma das primeiras autoridades em Saúde Pública
que perceberam que pessoas imunizadas estavam contraindo a doença em seu condado.
Ele disse que estava surpreso mas, no fim das contas,
diz que as atuais vacinas ainda são a melhor arma disponível
para proteger sua comunidade.
SINDELINGER: Ela diminuiu significativamente o
número de notificações nós vemos um número bem menor
de casos de coqueluche agora do que víamos antes de usarmos
a vacina.
Então não queremos que as pessoas se sintam tentadas a dizer
eu não quero essa vacina por que eu vi que muito dos casos
confirmados eram de pessoas totalmente imunizadas.
FARYON: Sidelinger diz que haveriam muito mais casos
se não houvesse vacina.
Dr Mooi concorda.
Ele acredita que as autoridades de saúde pública deveriam estar encorajando
encasulando e imunizando todas as pessoas ao redor de recém nascidos.
Mas no longo prazo, ele afirma que precisamos de vacinas melhores.
O bebê Matthew passou quatro dias no hospital
e depois recebeu alta.
Hoje, ele está recebendo seu check-up rotineiro de dois meses.
DR: Eu acho que ele apenas teve a má sorte de contrair duas doenças
de uma vez e depois o resfriado enquanto ele ainda estava construindo a sua imunidade.
FARYON: Apesar do nariz entupido, Matthew está melhor.
DR: Conforme vocês devem saber a vacina não é
tão eficaz quanto gostaríamos que fosse.
E esta é uma razão pela qual tivemos um grande número de casos.
Mas com Matthew, em particular, sua imunidade foi ativada
ao contrair a doença, ou seja, por efeito de uma espécie
de ponta pé inicial que irá protegê-lo de hoje em diante.
E por quanto tempo essa imunidade irá funcionar, é uma questão em aberto.
MARLON: O único recado que eu gostaria de deixar
para os país é observe seus filhos, se preocupem com eles.
apenas ...
apenas se preocupem.
Por que no começo nós pensamos que estávamos sendo super protetores.
Mas agora estou feliz que nós estávamos apenas um pouco preocupados demais.
FARYON: Desde que a KBPS e o instituto Cão de Guarda começaram sua
investigação, autoridades de saúde pública, o CCD
e cientistas da UCLA, incluindo o Dr James Cherry
iniciaram um novo estudo para determinar até que ponto a nova cepa
de pertussis está contribuindo
para a corrente epidemia de tosse convulsa.
Para saber mais, e para maiores informações dos dados coletados
na nossa investigação, entre em kbps.org/whoopingcough
e watchdoginstitute.org.
Para o KBPS, o Instituto Cão de Guarda
e a Rádio Holanda Internacional, eu sou Joanne Faryon.
Obrigado pela audiência.