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00:00:00,000 --> 00:00:03,000
Há uns anos atrás os meus olhos foram abertos

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00:00:03,000 --> 00:00:06,000
para o lado obscuro da indústria de construção.

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00:00:06,000 --> 00:00:09,000
Em 2006, jovens estudantes do Qatar

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00:00:09,000 --> 00:00:11,000
levaram-me a ver um campo de trabalhadores emigrantes.

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00:00:11,000 --> 00:00:16,000
E desde então tenho seguido o problema dos direitos dos trabalhadores.

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00:00:16,000 --> 00:00:18,000
Nos últimos seis meses, a construção de mais de 300 arranha-céus

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00:00:18,000 --> 00:00:21,000
nos Emirados Árabes Unidos foi interrompida ou cancelada.

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00:00:21,000 --> 00:00:24,000
Por trás das manchetes que estes edifícios criam

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00:00:24,000 --> 00:00:28,000
está o destino dos trabalhadores de construção civil contratados.

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00:00:28,000 --> 00:00:30,000
1,1 milhão deles.

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00:00:30,000 --> 00:00:33,000
Sobretudo Indianos, Paquistaneses, do Sri Lanka

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00:00:33,000 --> 00:00:35,000
e Nepaleses, estes trabalhadores arriscam tudo

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00:00:35,000 --> 00:00:38,000
para fazer dinheiro que enviam para as suas famílias.

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00:00:38,000 --> 00:00:40,000
Eles pagam a um intermediário milhares de euros para para lá chegar.

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00:00:40,000 --> 00:00:44,000
E quando chegam, encontram-se em campos de trabalho sem água,

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00:00:44,000 --> 00:00:48,000
sem ar condicionado e os seus passaportes são-lhes retirados.

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00:00:48,000 --> 00:00:52,000
E embora seja fácil apontar o dedo a oficiais locais e às altas autoridades,

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00:00:52,000 --> 00:00:56,000
99% destas pessoas é contratada pelo sector privado.

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00:00:56,000 --> 00:00:59,000
E portanto, nós temos tanta ou mais responsabilidade.

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00:00:59,000 --> 00:01:02,000
Grupos como o Buildsafe UAE têm aparecido.

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00:01:02,000 --> 00:01:04,000
Mas os números são simplesmente esmagadores.

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00:01:04,000 --> 00:01:06,000
Em Agosto de 2008,

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00:01:06,000 --> 00:01:08,000
autoridades oficiais dos Emirados Árabes Unidos informaram que

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00:01:08,000 --> 00:01:12,000
40% dos 1098 campos de trabalho do país

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00:01:12,000 --> 00:01:15,000
tinham violado regulamentos mínimos de saúde e segurança contra o fogo.

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00:01:15,000 --> 00:01:18,000
E no verão passado, mais de 10 mil trabalhadores

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00:01:18,000 --> 00:01:21,000
participaram numa manifestação contra salários em atraso,

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00:01:21,000 --> 00:01:24,000
contra a falta de qualidade da comida e alojamento inadequado.

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00:01:24,000 --> 00:01:27,000
E depois aconteceu o colapso financeiro.

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00:01:27,000 --> 00:01:29,000
Quando os empreiteiros faliram,

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00:01:29,000 --> 00:01:31,000
por estarem sobre-endividados como toda a gente,

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00:01:31,000 --> 00:01:34,000
a diferença é que tudo desaparece,

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00:01:34,000 --> 00:01:36,000
documentos, passaportes,

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00:01:36,000 --> 00:01:38,000
e bilhetes de volta a casa para estes trabalhadores.

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00:01:38,000 --> 00:01:42,000
Actualmente, agora mesmo, há milhares de trabalhadores abandonados.

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00:01:42,000 --> 00:01:44,000
Não há forma de voltar para casa.

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00:01:44,000 --> 00:01:47,000
E não há forma ou prova de chegada.

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00:01:47,000 --> 00:01:50,000
Estes são os refugiados da explosão e colapso imobiliário.

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00:01:50,000 --> 00:01:53,000
A questão é, enquanto profissional de construção,

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00:01:53,000 --> 00:01:55,000
como arquiteto, engenheiro, ou supervisor,

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00:01:55,000 --> 00:01:57,000
se sabem que isto acontece,

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00:01:57,000 --> 00:02:00,000
quando vão às obras todas as semanas,

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00:02:00,000 --> 00:02:02,000
serão vocês complacentes ou cúmplices

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00:02:02,000 --> 00:02:04,000
nas violações dos direitos humanos?

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00:02:04,000 --> 00:02:07,000
Então, esqueçamos a pegada ambiental.

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00:02:07,000 --> 00:02:09,000
Pensem na vossa pegada ética.

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00:02:09,000 --> 00:02:12,000
De que vale

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00:02:12,000 --> 00:02:15,000
construir um complexo altamente eficiente, sem emissões de carbono,

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00:02:15,000 --> 00:02:18,000
quando o trabalho que produz essa pérola da arquitetura

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00:02:18,000 --> 00:02:21,000
é, na melhor das hipóteses, pouco ético?

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00:02:21,000 --> 00:02:23,000
Recentemente, têm-me dito que sou muito moralista.

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00:02:23,000 --> 00:02:25,000
Mas, francamente, neste assunto,

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00:02:25,000 --> 00:02:27,000
não há outro caminho.

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00:02:27,000 --> 00:02:31,000
Não esqueçamos quem está a pagar realmente o preço deste colapso financeiro.

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00:02:31,000 --> 00:02:34,000
E, à medida que nos preocupamos com o próximo trabalho do estúdio,

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00:02:34,000 --> 00:02:38,000
o próximo projecto que nos permita manter os nossos empregados.

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00:02:38,000 --> 00:02:41,000
Não nos esqueçamos destes homens que estão, verdadeiramente, a morrer para trabalhar.

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00:02:41,000 --> 00:02:43,000
Obrigado.

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00:02:43,000 --> 00:02:45,000
(Aplausos)