Em 1493, a aviação Aliada invadiu o espaço aéreo da Alemanha nazi, deitando dezenas de milhares de panfletos sobre o povo lá em baixo. Escritos por alemães anónimos, os panfletos incitavam os leitores a renegar Hitler, a lutar furiosamente pelo futuro e a nunca deixarem de ter esperança. O seu apelo à ação refletiu-se por casas e locais de trabalho e a notícia desta mensagem chegou mesmo aos campos de concentração e às prisões. Foi só depois de a guerra acabar que a identidade dos autores, a sua história e o seu trágico destino foram conhecidos. Quando Hitler conquistara o poder, 10 anos antes, Hans e Sophie Scholl eram adolescentes que viviam na cidade de Forchtenberg. Nessa época, o medo, a propaganda e a vigilância mantinham todos os aspetos da vida da família Scholl e de milhões de outros alemães sob o controlo dos nazis. O governo, especificamente, visava os jovens, criando instituições para regulamentar o comportamento deles e policiar os seus pensamentos. Quando adolescentes, Hans era membro da Juventude Hitleriana e Sophie juntou-se à Liga das Raparigas Alemãs. Hans subiu nas fileiras e controlava a formação e a doutrinação dos outros jovens. Em 1936, foi escolhido para transportar a bandeira num comício nacional. Mas, quando assistiu ao zelo da retórica nazi, começou a questioná-lo pela primeira vez. Entretanto, Sophie também começava a duvidar das informações que lhe eram transmitidas. Os pais deles, Robert e Magdalena, que receavam perder os filhos para a ideologia nazi, encorajaram essas dúvidas. Em casa, Robert e Magdalena ouviam as estações de rádio estrangeiras que o governo desaconselhava e, posteriormente, proibiu. Embora o governo difundisse emissões nacionais que negavam as atrocidades nazis, os Scholls descobriam verdades chocantes. Contudo, continuavam sujeitos às regras da vida na Alemanha de Hitler. Depois de a guerra rebentar, Sophie trabalhou relutantemente para o esforço de guerra nacional e Hans teve de assumir funções no exército enquanto frequentava a escola de medicina em Munique. Foi aí que Hans conheceu Christoph Probst, Willi Graf e Alexander Schmorell. Dia após dia, sentiam-se cada vez mais enojados com a ideologia nazi. Desejavam partilhar as suas opiniões. Mas como é que as podiam partilhar, se era impossível saber em quem confiar? Assim, os amigos decidiram revoltar-se anonimamente. Juntaram o seu dinheiro e compraram materiais de imprensa. Um conhecido deixou-os usar uma cave por baixo do estúdio. Em segredo, começaram a redigir a sua mensagem. Em junho de 1942, misteriosos folhetos antinazis começaram a aparecer por toda Munique. Eram assinados por Rosa Branca. O primeiro folheto denunciava Hitler e apelava aos alemães para sabotarem o esforço de guerra. "Adotem uma resistência passiva... "bloqueiem o funcionamento desta máquina de guerra ateia "antes que seja tarde demais, "antes de a última cidade ser um monte de escombros... "antes de o último jovem da nação se esvair em sangue... "Não se esqueçam que cada povo tem o governo que merece!" Numa época em que uma observação sarcástica era considerada traição, esta linguagem não tinha precedentes. Era escrita sobretudo por Hans Scholl. Em 1942, Sophie chega a Munique sem saber nada das atividades do irmão. Em breve encontra os panfletos na escola. Mas só quando descobriu provas no quarto de Hans é que percebeu quem os tinha escrito. O choque dela depressa deu lugar a uma resolução: ela queria aderir. Para os dois irmãos, era altura de reforçarem a fúria que se vinha formando há anos. A partir de junho de 1942 e até fevereiro de 1943, o grupo trabalhou febrilmente. Enquanto a Gestapo procurava pistas, a Rosa Branca estava sempre vigilante. A guerra continuava. Os regulamentos apertaram-se e Munique sofreu ataques aéreos. Mas a Rosa Branca aventurou-se mais profundamente na conspiração. Fizeram "graffitis" em edifícios e enfrentaram comboios cheios de Gestapo. No inverno de 1942, Hans fez uma perigosa viagem até à fronteira da Checoslováquia para se encontrar com rebeldes antinazis. A 18 de fevereiro de 1943, Sophie e Hans levaram uma mala de panfletos para a universidade. Um vigilante reparou no que eles estavam a fazer e denunciou-os à Gestapo. Ambos negaram calmamente qualquer envolvimento, até que a polícia recolheu todos os panfletos e voltou a colocá-los na mala fazia onde eles couberam perfeitamente. Quando Hans e Sophie confessaram, foram imediatamente levados a tribunal e condenados à morte na guilhotina. Apesar de um interrogatório exaustivo, ambos se recusaram a denunciar os outros conspiradores. Antes da execução, Sophie declarou a sua fúria contra o estado do seu país. Mas também falou de um futuro mais esperançoso. "Como podemos esperar que a justiça prevaleça, "quando quase ninguém está disposto "a dedicar-se individualmente a uma causa justa? "Num dia tão bonito, tão cheio de sol, eu tenho de desaparecer, "mas, o que importa a minha morte, "se, por nossa causa, milhares de pessoas despertarem e passarem à ação?"