< Return to Video

Uma epidemia da doença da beleza | Renee Engeln | TEDxUConn 2013

  • 0:05 - 0:07
    O tema de hoje é o futuro.
  • 0:07 - 0:09
    Vou falar duma epidemia crescente
  • 0:09 - 0:11
    e do que podemos fazer
    para acabar com ela.
  • 0:11 - 0:13
    Mas, primeiro, vou começar pelo passado.
  • 0:13 - 0:18
    Há uns 15 anos, eu era
    uma jovem licenciada, entusiasta
  • 0:18 - 0:20
    e passava muito tempo a ensinar.
  • 0:20 - 0:23
    Gostava dos meus alunos
    conhecia-os muito bem.
  • 0:23 - 0:26
    Quanto mais escutava as minhas alunas,
  • 0:26 - 0:28
    mais me apercebia duma coisa preocupante.
  • 0:28 - 0:31
    Aquelas raparigas brilhantes, talentosas,
  • 0:31 - 0:36
    gastavam um tempo alarmante
    a pensar e a falar
  • 0:36 - 0:38
    sobre modificarem o seu aspeto físico.
  • 0:38 - 0:41
    Queriam imenso sentir-se bonitas.
  • 0:41 - 0:44
    Ora bem, a nossa perceção da beleza
    é uma coisa complicada.
  • 0:44 - 0:46
    Tem profundas raízes evolutivas.
  • 0:46 - 0:49
    Do ponto de vista científico,
    a beleza não é só desejável,
  • 0:49 - 0:50
    também é rara.
  • 0:50 - 0:53
    O que me chocava não era
  • 0:53 - 0:55
    que aquelas raparigas quisessem
    sentir-se bonitas
  • 0:55 - 0:59
    ou que nunca se sentissem bonitas.
  • 0:59 - 1:02
    O que me chocava era
    que a sua procura da beleza
  • 1:02 - 1:06
    parecia, pelo menos por vezes,
    afastar, suplantar
  • 1:06 - 1:09
    todos os outros objetivos
    ou interesses que elas tinham.
  • 1:09 - 1:13
    Eram raparigas muito novas
    a começar a sua vida de adultas
  • 1:13 - 1:15
    e andavam preocupadas.
  • 1:15 - 1:17
    Preocupavam-se por serem gordas demais,
  • 1:17 - 1:20
    preocupavam-se por não terem a pele clara
  • 1:20 - 1:24
    preocupavam-se porque, aos 20 anos,
    já tinham algumas rugas,
  • 1:25 - 1:28
    preocupavam-se por não terem a linha
    de uma modelo de fato de banho
  • 1:28 - 1:30
    ou de uma modelo de roupa interior.
  • 1:30 - 1:35
    Preocupavam-se por terem celulite,
    preocupavam-se por não vestirem "small".
  • 1:35 - 1:38
    E eu preocupava-me com elas.
  • 1:38 - 1:41
    Assim, fui ter com a minha conselheira
    de pós-graduação e disse:
  • 1:41 - 1:44
    "Tenho uma ideia do que vou estudar,
  • 1:44 - 1:46
    "é isto que eu vou escolher
  • 1:46 - 1:50
    "e, em especial, vou considerar
    como imagens destas
  • 1:50 - 1:52
    "podem estar a afetar as mulheres".
  • 1:52 - 1:55
    Ela disse: "Hum, não, não te preocupes.
  • 1:55 - 1:57
    "Não precisas de olhar para isso,
  • 1:57 - 2:02
    "porque as mulheres inteligentes
    não ligam a isso.
  • 2:02 - 2:06
    "Elas não se deixam afetar
    por coisas como as imagens dos 'media'."
  • 2:06 - 2:09
    E eu disse: " Bem, isso é
    uma afirmação empírica.
  • 2:09 - 2:10
    (Risos)
  • 2:10 - 2:14
    Assim, com base na investigação
    que realizei desde então,
  • 2:14 - 2:16
    tenho a dizer que ela tinha alguma razão.
  • 2:16 - 2:20
    De certa forma, as mulheres sabem bem.
  • 2:20 - 2:22
    Este é um anúncio que eu uso
    num dos meus estudos
  • 2:22 - 2:25
    e vou mostrar umas respostas
    de participantes na investigação.
  • 2:26 - 2:29
    As mulheres sabem que as fotos
    de mulheres que veem nos "media"
  • 2:29 - 2:33
    são quase sempre
    anormalmente magras,
  • 2:33 - 2:37
    possivelmente até têm
    problemas de alimentação.
  • 2:38 - 2:40
    Sabem que as mulheres
    que veem nessas fotos
  • 2:40 - 2:44
    não são representativas
    da população feminina,
  • 2:44 - 2:47
    percebem que são atípicas
    em termos estatísticos.
  • 2:47 - 2:49
    Ainda por cima,
  • 2:49 - 2:53
    as mulheres têm plena consciência
    de que, no mundo real,
  • 2:53 - 2:56
    ninguém, mas ninguém, tem este aspeto.
  • 2:57 - 2:59
    Felizmente, as mulheres sabem-no bem,
  • 2:59 - 3:01
    conhecem os transtornos da alimentação,
  • 3:01 - 3:04
    sabem como é ótimo o Photoshop.
  • 3:04 - 3:08
    Mas, infelizmente, isso não ajuda,
    parece que não serve para nada.
  • 3:08 - 3:10
    Ter consciência disso não basta.
  • 3:10 - 3:13
    Por exemplo, uma mulher disse isto:
  • 3:13 - 3:16
    "Este corpo é exageradamente magro,
    tem as costelas à mostra".
  • 3:16 - 3:19
    Achamos que sim, ela tem razão,
    mas ela continua:
  • 3:19 - 3:21
    "Eu não sou tão magra.
  • 3:21 - 3:25
    "Acha que eu devia seguir programas
    drásticos para emagrecer e bronzear-me
  • 3:25 - 3:26
    "pondo a minha vida em risco?
  • 3:26 - 3:29
    "Sinto que queria ser como ela,
    gostava de ser modelo.
  • 3:29 - 3:33
    "Talvez que, depois de ver esta foto,
    eu não queira comer".
  • 3:33 - 3:36
    Não era o que eu queria ouvir
    enquanto investigadora, usando esta foto.
  • 3:36 - 3:39
    Mas bem, continuemos.
  • 3:39 - 3:42
    Isto não é uma falha
    de processamento de informações,
  • 3:42 - 3:44
    não é uma falha da inteligência
  • 3:44 - 3:47
    e decididamente, não é uma falha
    de não ter consciência disso.
  • 3:47 - 3:51
    Isto é a doença da beleza,
    e é disso que vou falar hoje.
  • 3:51 - 3:53
    São só as mulheres
    que sofrem da doença da beleza?
  • 3:53 - 3:55
    Não, também pode atingir os homens,
  • 3:55 - 3:58
    mas as mulheres são mais propensas
    a detestar o seu corpo.
  • 3:58 - 4:02
    As mulheres gastam mais dinheiro
    e gastam mais tempo com a beleza,
  • 4:02 - 4:06
    há um risco dez vezes maior
    de anorexia e bulimia.
  • 4:06 - 4:10
    As mulheres sofrem mais comentários
    sobre o seu aspeto físico
  • 4:10 - 4:14
    dos amigos, dos namorados,
    por vezes de estranhos.
  • 4:14 - 4:18
    Houve mais de um milhão e meio
    de cirurgias plásticas
  • 4:18 - 4:21
    nos EUA em 2012.
  • 4:21 - 4:24
    Quase 90% dessas cirurgias
    foram feitas em mulheres.
  • 4:24 - 4:26
    Por isso, hoje vou falar das mulheres.
  • 4:26 - 4:29
    Quais são os sintomas
    da doença da beleza?
  • 4:29 - 4:30
    Vejo a doença da beleza
  • 4:30 - 4:32
    quando estudantes a tempo inteiro,
  • 4:33 - 4:34
    — não são modelos profissionais —
  • 4:34 - 4:37
    me dizem que sabem qual a pose exata
    quando alguém pega numa câmara.
  • 4:37 - 4:41
    As mulheres, onde eu ensino, têm
    um truque que vou mostrar.
  • 4:41 - 4:43
    É de lado, queixo esticado, para baixo,
  • 4:43 - 4:46
    inclinada, braço delgado.
  • 4:46 - 4:49
    Segundo parece, recebemos
    pontos extra para isto.
  • 4:50 - 4:51
    (Risos)
  • 4:51 - 4:52
    Não sei se perceberam.
  • 4:52 - 4:54
    Esta é uma das minhas alunas
  • 4:54 - 4:57
    que, muito gentilmente
    me deixar utilizar esta foto.
  • 4:57 - 5:00
    Estas são outras duas que estão
    a caricaturar a pose
  • 5:00 - 5:02
    no baile de fim do ano.
  • 5:02 - 5:03
    É omnipresente.
  • 5:03 - 5:06
    Mas qual é o mal de querer
    ter uma pose lisonjeira
  • 5:06 - 5:09
    quando tiramos uma foto?
    Nenhum...
  • 5:09 - 5:13
    Mas vale a pena perguntar
    como é que chegamos a um ponto
  • 5:13 - 5:16
    em que as mulheres desperdiçam
    tanto tempo e energia
  • 5:16 - 5:19
    com preocupações
    que costumavam pertencer apenas
  • 5:19 - 5:22
    a modelos profissionais e a atrizes.
  • 5:22 - 5:25
    Mais importante ainda,
    o que é que acontece às mulheres
  • 5:25 - 5:29
    quando a sua energia se concentra
    tão intensamente no seu aspeto?
  • 5:29 - 5:33
    A beleza física engloba
    uma série de características
  • 5:33 - 5:35
    mas, para as mulheres, há uma
  • 5:35 - 5:38
    que ultrapassa todas as outras
    em termos de importância.
  • 5:39 - 5:40
    Sabem qual é?
  • 5:40 - 5:43
    Sim, é o peso, é o tamanho do corpo.
  • 5:44 - 5:47
    Há uma estatística que aparecia
    muitas vezes nas conversas
  • 5:47 - 5:49
    sobre a obsessão das mulheres
    com o tamanho do corpo.
  • 5:49 - 5:54
    Aparece num inquérito feito
    pela revista Esquire, em 1994.
  • 5:54 - 5:57
    Mas atraiu muito interesse
    porque, segundo parece,
  • 5:57 - 5:58
    54% das mulheres afirmaram preferir
  • 5:58 - 6:01
    ser atropeladas por um camião
    do que ser gordas.
  • 6:01 - 6:04
    Quero referir que não recorremos à Esquire
  • 6:04 - 6:06
    para uma cuidadosa
    investigação científica.
  • 6:06 - 6:10
    Mas... fico fascinada com
    as reações a esta estatística.
  • 6:10 - 6:13
    Uma vez, levei-a para a aula e disse:
  • 6:13 - 6:16
    "54% das mulheres preferem
    ser atropeladas por um camião
  • 6:16 - 6:17
    "em vez de serem gordas".
  • 6:17 - 6:20
    E fiquei à espera da reação de indignação.
  • 6:20 - 6:25
    Em vez de ver o horror na cara
    das minhas alunas
  • 6:25 - 6:27
    ouvi uma série de perguntas:
  • 6:28 - 6:29
    "De que tamanho é o camião?"
  • 6:29 - 6:30
    (Risos)
  • 6:31 - 6:33
    "Que tipo de camião?"
  • 6:33 - 6:35
    "A que velocidade ele vai?"
  • 6:36 - 6:37
    (Risos)
  • 6:38 - 6:41
    "Até que ponto iria magoar?"
  • 6:41 - 6:43
    (Risos)
  • 6:43 - 6:45
    De certo modo, faz sentido.
  • 6:45 - 6:48
    Acho que ser atropelada
    por um camião... magoa.
  • 6:48 - 6:51
    Mas há uma outra coisa
    que também magoa.
  • 6:51 - 6:54
    É viver numa cultura
    em que somos bombardeadas
  • 6:54 - 6:56
    com estas três mensagens,
    vezes e vezes sem conta.
  • 6:57 - 7:00
    Mensagem 1:
    A beleza é a coisa mais importante,
  • 7:00 - 7:03
    a coisa mais poderosa
    que uma rapariga ou uma mulher pode ter.
  • 7:03 - 7:06
    Mensagem 2:
    É este o aspeto da beleza.
  • 7:06 - 7:07
    Mensagem 3
  • 7:07 - 7:10
    — que, por vezes, está implícita,
    ou é apenas uma dedução:
  • 7:10 - 7:12
    Tu não te pareces com isto.
  • 7:12 - 7:15
    Não devia ser surpresa para ninguém
    que, nos estudos de laboratório,
  • 7:15 - 7:18
    quando mostramos às mulheres
    fotos como esta,
  • 7:18 - 7:20
    mesmo que por alguns minutos,
  • 7:20 - 7:24
    a depressão e a vergonha aumentem,
    o amor-próprio diminui,
  • 7:24 - 7:27
    a satisfação com o corpo baixe.
  • 7:27 - 7:29
    É a doença da beleza.
  • 7:29 - 7:34
    O nosso sentimento do que é real,
    do que é possível quanto à beleza,
  • 7:34 - 7:38
    é deformado pela exposição
    exagerada a estas fotos.
  • 7:38 - 7:40
    Em vez de as vermos por aquilo
    que elas são,
  • 7:40 - 7:42
    o que é muitíssimo raro,
  • 7:42 - 7:46
    começamos a vê-las
    como habituais ou comuns.
  • 7:46 - 7:48
    Assim, olhamos para o mundo
  • 7:48 - 7:51
    e vemos que homens e mulheres
    estão a ficar mais gordos,
  • 7:51 - 7:56
    mas o corpo ideal das mulheres
    está cada vez mais delgado
  • 7:56 - 7:58
    por isso a distância
    entre o que uma mulher é
  • 7:58 - 8:02
    e aquilo que ela deseja ser
    é cada vez maior.
  • 8:02 - 8:06
    Não é um fosso pequeno,
    é um abismo escancarado.
  • 8:06 - 8:10
    Se olharmos para esse abismo,
    veremos a doença da beleza.
  • 8:10 - 8:13
    Quando os psicólogos da evolução
    olham para fotos como esta,
  • 8:13 - 8:17
    afirmam que este tipo
    de beleza é como o açúcar.
  • 8:17 - 8:22
    Nos tempos atuais, consumimos
    demasiado açúcar, em altas doses.
  • 8:22 - 8:25
    O nosso cérebro não sabe
    o que fazer com isso.
  • 8:25 - 8:27
    Não é bom para nós,
  • 8:27 - 8:30
    Envia-nos a mensagem que é a norma,
    mesmo que não seja.
  • 8:30 - 8:34
    Deforma o nosso sentido do que é real,
    de que nos faz mal.
  • 8:34 - 8:37
    Que outros sinais vejo
    na nossa cultura da doença da beleza?
  • 8:37 - 8:40
    Se olharmos para novas fontes
    de notícias "online"
  • 8:40 - 8:42
    — escolhemos hoje
    o The Huffington Post —
  • 8:42 - 8:47
    noticiam coisas como o crime,
    a política, notícias mundiais e educação
  • 8:47 - 8:51
    e, depois, como devem saber,
    também noticiam coisas importantes,
  • 8:51 - 8:55
    como o aspeto de mulheres famosas,
    o que elas estão a usar,
  • 8:55 - 8:58
    se ganharam peso,
    como perderam peso.
  • 8:58 - 9:01
    Estas são todas do mesmo dia
    do The Huffington Post,
  • 9:01 - 9:04
    duas delas estavam na primeira página,
    quando eu fiz a impressão do ecrã.
  • 9:05 - 9:07
    A doença da beleza é o que acontece
  • 9:07 - 9:12
    quando as mulheres passam tempo demais
    preocupadas, não com os estudos,
  • 9:12 - 9:15
    com os objetivos de carreira,
    com a família ou as suas relações,
  • 9:15 - 9:18
    não com o estado da economia,
    o estado do ambiente,
  • 9:18 - 9:19
    com o estado do mundo,
  • 9:19 - 9:23
    porque estão demasiado ocupadas
    com o seu objetivo de perder peso,
  • 9:23 - 9:26
    com o seu regime de cuidados da pele,
    com o estado dos seus braços,
  • 9:26 - 9:29
    com o estado dos abdominais,
    o estado das coxas.
  • 9:29 - 9:31
    Como é que chegámos aqui?
  • 9:31 - 9:35
    Segundo um conjunto de ideias
    chamado teoria de objetificação,
  • 9:35 - 9:36
    é assim que as coisas funcionam.
  • 9:36 - 9:38
    As mulheres vivem num mundo
    que lhes ensina
  • 9:38 - 9:42
    que a sua principal moeda de troca
    é o seu aspeto.
  • 9:42 - 9:44
    Não podemos fugir a isso.
  • 9:44 - 9:47
    Vamos pela rua abaixo e as pessoas
    comentam o nosso aspeto,
  • 9:47 - 9:50
    a publicidade ensina-nos
    a sermos mais belas,
  • 9:50 - 9:52
    os programas de televisão,
    até mesmo os noticiários,
  • 9:52 - 9:56
    ridicularizam as mulheres que não
    obedecem aos padrões de beleza em vigor.
  • 9:56 - 10:00
    O nosso aspeto é observado
    tão cronicamente pelas outras pessoas
  • 10:00 - 10:03
    que, com o tempo,
    interiorizamos essa perspetiva,
  • 10:03 - 10:06
    passamos a ser observadoras
    de nós mesmas.
  • 10:06 - 10:09
    Em vez de passearmos,
    de observarmos o mundo,
  • 10:10 - 10:14
    passamos o tempo todo a imaginar
    como o mundo nos vê.
  • 10:14 - 10:17
    O meu cabelo estará bem?
    Tenho a testa a brilhar?
  • 10:17 - 10:20
    Estou bem direita?
    Estou a encolher o estômago?
  • 10:20 - 10:23
    Estou a ter o sorriso correto?
    Estes "jeans" fazem-me gorda?
  • 10:23 - 10:26
    Tenho algum pneu?
    Tenho os braços magrizelas?
  • 10:26 - 10:27
    Tenho bom aspeto?
  • 10:27 - 10:30
    Não é? Interiorizamos esta noção
  • 10:30 - 10:33
    de que o nosso corpo está sempre
    em exibição para as outras pessoas,
  • 10:33 - 10:37
    sempre a ser avaliado, por isso
    é melhor também tê-lo debaixo de olho.
  • 10:38 - 10:43
    Os psicólogos já nos disseram há muito
    que temos recursos cognitivos finitos.
  • 10:43 - 10:46
    Por isso, apesar dos protestos
    das minhas alunas,
  • 10:47 - 10:52
    eu defendo que não podemos
    estar no Facebook e dar atenção à aula
  • 10:52 - 10:54
    ao mesmo tempo.
  • 10:55 - 10:59
    Também não podemos estar sempre
    a vigiar o aspeto do corpo
  • 10:59 - 11:01
    e estar com atenção ao mundo.
  • 11:01 - 11:04
    É a pior consequência
    da doença da beleza.
  • 11:04 - 11:07
    Quando temos a doença da beleza,
    não prestamos atenção ao mundo
  • 11:07 - 11:10
    porque, entre nós e o mundo,
    há um espelho.
  • 11:11 - 11:14
    É um espelho que viaja
    connosco para toda a parte.
  • 11:14 - 11:16
    Não há hipótese de o largar.
  • 11:17 - 11:20
    É a doença da beleza que leva
    as mulheres a objetificar-se,
  • 11:20 - 11:24
    que faz com que as rapariguinhas
    queiram vir a ser objetos sexuais.
  • 11:24 - 11:28
    Eu falei num painel, no outono passado,
    sobre as imagens dos "media"
  • 11:28 - 11:31
    e uma rapariga no público
    fez-me uma pergunta:
  • 11:32 - 11:34
    "Isso não é poder?"
  • 11:34 - 11:38
    Estão a ver? Se as mulheres
    podem obter coisas valiosas
  • 11:38 - 11:40
    com esta cultura de serem bonitas,
  • 11:40 - 11:43
    não deverão adotá-la
    como uma forma ou um poder
  • 11:43 - 11:46
    que só está disponível às mulheres?
  • 11:46 - 11:49
    Eu percebo muito bem
    o que ela estava a dizer.
  • 11:49 - 11:55
    Mas que tipo de poder real é tão efémero,
  • 11:55 - 11:59
    que tipo de poder expira
    quando temos 30 ou 40 anos,
  • 11:59 - 12:01
    se tivermos sorte
    ou formos uma celebridade?
  • 12:01 - 12:04
    Que tipo de poder
    está inversamente correlacionado
  • 12:04 - 12:07
    com o auge da sabedoria
    e da experiência de vida?
  • 12:08 - 12:13
    Quero reafirmar aqui
    que não há nada de mal com a beleza.
  • 12:13 - 12:17
    O nosso cérebro é muito sensível à beleza.
  • 12:17 - 12:20
    Conhecemo-la quando a vemos,
    processamo-la em milissegundos.
  • 12:20 - 12:24
    Este desejo de ser bela,
    o desejo de ser desejada,
  • 12:24 - 12:27
    não é uma coisa que possamos
    afastar totalmente do cérebro.
  • 12:28 - 12:30
    O problema não é querer ser bela.
  • 12:30 - 12:35
    O problema é quando todas as raparigas
    e mulheres querem sê-lo.
  • 12:35 - 12:38
    Eu gostava que as raparigas
    e as mulheres fossem assim.
  • 12:39 - 12:42
    Eu gostava que elas
    fossem muito mais do que "sexy".
  • 12:44 - 12:47
    Como é que podemos mudar
    a maré contra a doença da beleza?
  • 12:47 - 12:49
    Estas são algumas ideias.
  • 12:49 - 12:53
    Primeiro: invistam menos na beleza.
  • 12:53 - 12:56
    Em vez disso, invistam
    em coisas que durem,
  • 12:56 - 13:00
    em coisas com que não tenham de lutar
    para manter na meia idade e na velhice.
  • 13:01 - 13:03
    Se os programas da televisão
    como este
  • 13:03 - 13:06
    vos deixam a pensar mais
    no vosso aspeto do que noutra coisa,
  • 13:06 - 13:08
    deixem de os ver.
  • 13:08 - 13:12
    Se houver revistas que vos deixem
    obcecadas com um corpo ideal
  • 13:12 - 13:16
    que a maioria das mulheres
    nunca conseguirá ter,
  • 13:16 - 13:18
    deixem de as ler.
  • 13:19 - 13:23
    Tentem não pensar no vosso corpo
    como um conjunto de partes
  • 13:23 - 13:25
    para as outras pessoas verem.
  • 13:25 - 13:28
    Pensem no vosso corpo
    como um todo,
  • 13:28 - 13:31
    como um instrumento para explorar o mundo.
  • 13:32 - 13:35
    Deixem de se preocupar
    com o tamanho das coxas,
  • 13:35 - 13:37
    e pensem na força das vossas coxas,
  • 13:37 - 13:38
    porque as vossas pernas
  • 13:39 - 13:42
    são as pernas com que vocês
    andam pelo mundo.
  • 13:42 - 13:46
    Deixem de falar dos vossos antebraços
    como se eles estivessem "doentes".
  • 13:46 - 13:50
    São os braços que alcançam e vos entregam
  • 13:50 - 13:52
    as coisas de que vocês gostam.
  • 13:53 - 13:56
    Como este anúncio contra a anorexia diz:
  • 13:56 - 13:59
    "Não deixem que as pessoas
    vos transformem num esboço.
  • 13:59 - 14:02
    "Vocês podem ser mais do que isto ou isto.
  • 14:03 - 14:06
    Porque o vosso corpo
    não serve para ser olhado,
  • 14:06 - 14:07
    serve para fazer coisas.
  • 14:08 - 14:10
    Outra coisa que podem considerar,
  • 14:10 - 14:14
    tal como algumas pessoas gostam de limitar
    o tempo de ecrã aos seus filhos,
  • 14:14 - 14:17
    é limitar o vosso tempo ao espelho.
  • 14:17 - 14:20
    Como as palestras de hoje
    são sobre o futuro,
  • 14:20 - 14:23
    esta é uma forma direta
    de causar impacto no futuro.
  • 14:23 - 14:25
    no que se refere à doença da beleza.
  • 14:25 - 14:29
    Podem deixar de dizer
    às rapariguinhas que elas são bonitas.
  • 14:29 - 14:32
    Mas atenção
  • 14:32 - 14:34
    não lhes digam que são feias!
  • 14:34 - 14:36
    (Risos)
  • 14:36 - 14:38
    Também não façam isso.
  • 14:38 - 14:43
    Mas, sempre que sentirem vontade
    de comentar o aspeto duma miúda,
  • 14:43 - 14:49
    pensem em comentar uma
    das suas muitas outras qualidades.
  • 14:49 - 14:52
    Precisam de ajuda?
    Estas são algumas ideias.
  • 14:52 - 14:56
    Considerem reparar quando ela é esperta
    ou trabalhadora, ou generosa
  • 14:56 - 14:59
    ou persistente ou corajosa.
  • 14:59 - 15:03
    Quando o fizerem,
    estarão a corroer o sistema
  • 15:03 - 15:04
    que ensina as raparigas
  • 15:04 - 15:08
    que a melhor aposta para o estatuto social
    é perseguir a beleza.
  • 15:09 - 15:12
    Tentem educar as vossas filhas
    para que vejam o seu aspeto
  • 15:12 - 15:13
    como uma nota menor
  • 15:13 - 15:16
    em relação ao seu carácter
    e ao seu trabalho esforçado.
  • 15:16 - 15:19
    Podem mudar este tipo de conversa.
  • 15:19 - 15:22
    Nunca viveremos num mundo
    em que a beleza não conte.
  • 15:22 - 15:25
    O nosso cérebro não está feito desse modo.
  • 15:25 - 15:29
    Mas podemos viver num mundo
    em que a beleza não conte tanto
  • 15:29 - 15:32
    e aquele tipo de características
    seja mais importante.
  • 15:32 - 15:35
    Com efeito, pequenas mudanças
    na forma como pensamos,
  • 15:36 - 15:39
    e na forma como andamos, na forma
    como interagimos uns com os outros,
  • 15:39 - 15:42
    podem abrir o caminho
    para um futuro muito mais belo.
  • 15:43 - 15:44
    Obrigada,
  • 15:44 - 15:46
    (Aplausos)
Title:
Uma epidemia da doença da beleza | Renee Engeln | TEDxUConn 2013
Description:

Renee Engeln tenta captar a atenção para a obsessão das mulheres com a beleza como uma doença. Sugere algumas formas em que se pode alterar esta situação.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:47

Portuguese subtitles

Revisions