O conto do jovem que enganou o diabo - Iseult Gillespie

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Em uma cidadezinha, uma mãe orgulhosa exibia o filho recém-nascido. Ao perceberem a marca de nascença dele, os habitantes da cidade previram que ele se casaria com uma princesa. Mas logo esses rumores chegaram ao rei perverso. Furioso, o rei roubou a criança e a lançou rio abaixo. Mas a sorte da criança era maior do que o plano do rei. Iseult Gillespie conta a história da viagem do jovem para encontrar o diabo.

Lição de Iseult Gillespie, direção de Lucija Bužančić.

Nas ruas ensolaradas de uma cidadezinha,

uma mãe orgulhosa
exibia o filho recém-nascido.

Ao perceberem a marca de nascença dele,

os habitantes da cidade previram
que ele se casaria com uma princesa.

Mas logo esses rumores chegaram
aos ouvidos de um rei perverso.

Furioso, o rei roubou a criança
e a lançou rio abaixo.

Mas a sorte da criança
era maior do que o plano do rei.

Anos depois, o rei viajava por seu reino,

quando encontrou um jovem forte
com uma estranha marca de nascença.

Após confirmar as origens do jovem,

o rei astuto confiou a ele
uma carta para a rainha.

O jovem saiu ansiosamente
para entregar a mensagem,

sem saber que estava carregando
sua própria sentença de morte.

Naquela noite, bandidos andarilhos
chegaram ao acampamento dele.

Mas, ao lerem a carta cruel,
ficaram com pena.

Decididos a causar problemas ao rei,
escreveram uma carta nova.

Assim que o jovem chegou ao palácio,

ele fixou seu olhar na princesa.

Os dois sentiram que foram
feitos um para o outro.

Quando a rainha soube
que o rei aprovava essa união,

organizou alegremente
um casamento rápido.

Quando o rei retornou, ficou furioso.

Mas ele não podia executar
o amado de sua filha sem motivo.

Então criou um plano diabólico.

Ordenou que o jovem
viajasse para o inferno

e voltasse com três fios de cabelo dourado
recém-arrancados da cabeça do diabo.

Apenas se conseguisse,
ele poderia voltar para sua noiva.

O jovem procurou por todo o reino
pela entrada do inferno,

até que finalmente chegou
a um vilarejo sinistro.

Lá ele encontrou alguns habitantes
reunidos em volta de um poço.

Eles cercaram o jovem
e se recusaram a deixá-lo passar

até que ele respondesse à pergunta:

"Por que o poço estava seco?"

O jovem respondeu:

"Responderei quando eu voltar".

Eles o levaram até a cidade,

onde ele encontrou outros habitantes
que contemplavam uma árvore retorcida.

Eles se recusaram a deixá-lo passar,
até que respondesse a pergunta:

"Por que a árvore não dava frutos?"

De novo, o jovem respondeu:

"Responderei quando eu voltar".

Os habitantes o levaram até o cais,
onde um velho barqueiro esperava.

Enquanto remava pelas águas escuras,
o barqueiro fez uma terceira pergunta:

"Como posso escapar
de meu trabalho interminável?"

Mais uma vez, o jovem prometeu:

"Responderei quando eu voltar".

Por fim, eles chegaram a uma cabana

que afundava nas margens
lamacentas do inferno.

Relutante, o jovem bateu
na porta apodrecida.

A avó do diabo o atendeu.

Ela era conhecida por ajudar
algumas almas visitantes e ferir outras.

O jovem tinha acabado
de contar sua história

quando ouviu os passos do diabo.

De repente, o mundo do rapaz
parecia encolher.

A avó do diabo o escondeu sob sua manga

e saudou o neto.

A velha senhora começou a trabalhar,
enchendo o diabo de comida e bebida.

Quando ele dormiu, ela arrancou habilmente
três fios de cabelo da cabeça dele.

A cada fio arrancado,

o diabo acordava brevemente
e reclamava de seus sonhos,

cheios de habitantes próximos
e seus problemas.

Na manhã seguinte, o jovem partiu

com três fios de cabelo dourado
e três informações.

Ele contou ao barqueiro
o primeiro sonho do diabo.

Se o barqueiro entregasse seus remos
a um passageiro disposto a isso,

ele estaria livre de seu trabalho.

De volta ao vilarejo,

o jovem contou que havia um rato
roendo as raízes da árvore

e um sapo enorme bloqueando o poço.

Os habitantes lhe deram
uma boa recompensa por sua ajuda.

Ao regressar da viagem, o jovem entregou
os fios de cabelo do diabo ao rei,

mas o sogro ganancioso
só tinha olhos para o ouro.

O jovem astuto disse ao rei

que riquezas ainda maiores
o esperavam do outro lado do rio.

Imediatamente, o rei correu
até a margem do rio.

Ansioso para conseguir suas riquezas,

ele estendeu as mãos impacientemente
para o barqueiro sorridente

que lhe entregou feliz seus remos.