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Laylah Ali em "Power" - 3ª Temporada - "Arte no Século XXI" | Art21

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    LAYLAH: Certo, então vamos pro rosto dele,
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    o que é uma loucura.
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    Ora, ora, ora.
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    Que outro fundo azul nós temos?
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    Você sabe, estava pensando pro outdoor.
    Eu queria falsear o céu
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    como um céu azul irreal.
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    (buzinas de carros)
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    Eu passei muito tempo assistindo tv.
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    Acho que, pros artistas da minha geração,
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    deve ser algum tipo de influência.
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    Eu assisti muitos desenhos animados.
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    Não era incomum as coisas
    serem bidimensionais.
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    Então, quando eu uso essas imagens
    que parecem de desenho animado,
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    é apenas algo que eu cresci vendo.
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    Quando eu falo sobre o trabalho
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    eu não quero falar como se eu acreditasse
    nesse mundo de fantasia alternativo
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    que é meu mundinho secreto,
    como uma casa de boneca.
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    Não é assim que funciona pra mim.
    Não é uma fantasia escapista.
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    Eu queria que fosse.
    Seria muito mais prazeroso
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    e um alívio muito maior estar aqui.
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    É um pouco conectado demais aos mundos,
    a minha própria vida,
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    pra isso ser uma tentativa escapista.
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    Ao longo do tempo eu junto imagens
    e quando estou em casa
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    e lendo jornal ou em revistas,
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    eu arranco elas fora.
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    E depois, periodicamente, eu as arquivo.
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    Meu sistema de arquivamento fica na parede
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    de acordo com categorias que fazem sentido
    pro meu trabalho.
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    É como sublinhar quando você lê.
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    Pra mim é recortar quando leio.
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    Eu penso sobre o que me interessa naquilo
    que pode estimular o trabalho.
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    Posso mostrar a categoria de mãos.
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    Gestos com as mãos
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    tem sido importantes pro meu trabalho.
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    Esses são alguns mulçumanos xiitas rezando
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    e suas mãos são do meu interesse.
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    Ah!
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    Esses são de alguns anos atrás.
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    1994.
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    Esses são executivos do tabaco
    jurando dizer a verdade.
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    Mesmo algo como a diferença entre o jeito
    que ele faz o juramento
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    e a diferença que ele faz.
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    O dedão dele está dobrado
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    em direção à mão daquele jeito.
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    Tipo isso.
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    E essas pequenas coisas
    me interessam bastante.
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    Uma das maneiras que eu acompanho tudo
    é que eu tenho um caderno bem detalhado
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    sobre o que eu devo fazer todos os dias
    com as pinturas.
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    E então, eu escrevo todas as
    anotações daquele dia,
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    e circulo ou faço notas sobre o que acho
    que devo dar atenção no próximo dia.
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    Especialmente nesse tipo de sistema,
    quando as coisas estão por todos os lados
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    e eu tenho 100 cores de tinta.
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    Então tem que ter um método de anotações.
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    Todos esses pincéis ficam aqui,
    cada um pra uma cor diferente.
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    E eu não misturo.
    Um pincel, uma cor.
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    Sem contaminação cruzada nos meus pincéis.
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    Então eu tenho que ter certeza
    que estou usando o pincel certo.
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    Tem vezes em que eu etiqueto o pincel.
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    Quando as coisas ficam muito doidas.
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    Por isso eu tenho pedacinhos de fita
    e eu os etiqueto.
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    Isso é guache.
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    Ela não é muito flexível
    e pode ser bem difícil de usar.
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    É uma fonte constante de frustração,
    mas eu sempre gosto do produto final.
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    Mas leva um tempo pra chegar lá.
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    Isso é um pouco mais aveludado
    e suave que o acrílico.
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    Pelo estúdio você vai ver,
    removi algumas delas,
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    amostras de cores espalhadas.
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    Então, antes de decidir
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    por aquele tom de cinza,
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    eu testei todos esses aqui.
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    Foi bem difícil colá-los,
    porque são muito fininhos.
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    Todos tem notas no verso de como eu os fiz
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    e quais combinações de cores usei.
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    Tudo que eu faço é planejado meses antes.
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    Essa parte não é muito divertida, porque
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    a tensão pra não cometer um erro é alta.
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    Minhas figuras não tem orelhas.
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    Ainda não.
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    Elas não tem que ter sobrancelhas.
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    Tem coisas que elas simplesmente não tem.
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    E ainda assim elas simplesmente existem.
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    Eu não gosto de chamar de criaturas,
    porque parece muito monstruoso.
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    E eu não as considero seres fantásticos.
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    De algum jeito, removendo os braços
    eu entendo um pouco mais o que elas fazem.
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    Então,
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    pra entender o que pode ser feito
    sem braços,
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    que tipo de comandos podem ser dados
    sem braços,
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    somente através de outros tipos de gestos.
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    Ainda sobra muita força no corpo
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    e, de algum jeito, eu estou tentando ver
    quanto mais eu consigo tirar
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    e ainda reter uma essência
    realmente poderosa, ou influente
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    ou uma que possa contar uma história.
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    É um pouco o que acontece
    com esse cara aqui.
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    Ele está, obviamente, comprometido.
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    Ele tem esses espinhos saindo do abdômen.
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    Isso me interessa porque não fica claro
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    se ele ficou preso neles
    ou se estão crescendo nele.
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    Se é algo que os outros estão com medo
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    ou é algo que fizeram com ele.
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    Eu cresci em Buffalo, Nova Iorque.
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    Numa família de classe trabalhadora.
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    Eu era uma verdadeira leitora
    e acredito que de, certa maneira,
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    a forma como eu trabalho é mais como ler
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    ou escrever.
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    Eu uso papel ao invés de tela.
    Sou muito conectada ao papel.
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    Acho que isso tem a ver
    com meu amor pela leitura e escrita
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    e pela pequenez das imagens.
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    Eu tenho essa ideia inicial
    de que você pode estar
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    intimamente envolvido
    como você fica numa leitura.
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    Esses são alguns dos desenhos que fiz.
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    Desenhos preliminares.
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    Parte do meu processo é fazer coisas
    pra me soltar e ter ideias.
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    Esses ajudam bastante a pensar os trajes.
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    Alguns pequenos detalhes
    dos adereços de cabeça
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    e formas e detalhes que devem aparecer
    nas pinturas.
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    Obviamente as pinturas serão coloridas.
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    Nesse um pouco mais da expressão
    poderia aparecer.
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    Mas, com sorte, vai ter mais complexidade
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    na psicologia das expressões faciais.
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    Eu ajo por impulso nos desenhos.
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    E acho que isso é importante.
    É importante deixar essa parte bem viva.
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    Então não há pinturas sem os desenhos.
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    Mas eles são bem diferentes entre si.
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    Às vezes, parecem feitos
    por duas pessoas diferentes.
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    Como eles não são muito estudados,
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    podem capturar algo que não antecipei.
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    E são mais divertidos do que as pinturas.
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    E são mais legais de fazer, honestamente!
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    Todas as criaturas de cabeça verde
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    tinham as mesmas cores de cabeça
    e mesmas cores de pele.
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    Esses novos personagens
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    tem uma variedade maior de cores faciais.
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    Eu fico fascinada de como apenas
    esse tipo de fenômeno visual
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    afeta a sua leitura da figura.
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    O que uma cor faz, sabe?
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    Como ela afeta o seu globo ocular.
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    Às vezes eu me pergunto
    se é sobre isso que se trata.
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    Sabe, pra pessoas de pele escura,
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    o rosto delas absorve mais luz
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    então você tem que olhar mais pra elas?
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    Elas são mais misteriosas?
    Quero dizer, o que é, sabe?
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    O racismo poderia ser atribuído apenas
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    a um fenômeno visual bizarro? Sabe?
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    Essa é a pergunta que fica.
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    Acho que quando se fala em violência,
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    muitas vezes pensamos em um ato violento.
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    No meu trabalho anterior era mais sobre
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    talvez o momento em que alguém
    estava sendo estrangulado ou enforcado.
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    Enquanto agora, isso raramente acontece.
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    Tem pouca concentração no momento
    em ocorre a violência.
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    Eu tenho mais interesse
    no antes e no depois.
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    E em analisar isso.
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    Eu não podia deixar passar a oportunidade
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    de colaborar criativamente com alguém
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    só pra ver o que aconteceria.
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    É tão diferente quanto eu poderia imaginar
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    trabalhar com dançarinos
    e uma peça performática.
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    É bastante estranho quando eu entro lá
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    e tem corpos respirando
    e corações batendo de verdade.
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    É um tanto esquisito, um tanto Ah!
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    Aaah!
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    Eles estão todos vivos!
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    Como que se lida com pessoas vivas?
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    (DEAN): Eu fui atingido por essas imagens
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    na primeira vez que vi
    o trabalho da Laylah.
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    E daí brotou a ideia de trabalhar junto.
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    Comecei a fazer um trabalho em relação
    a um conjunto de imagens.
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    (música instrumental)
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    Ela chega no ensaio, os observa,
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    faz diversas anotações.
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    LAYLAH: Tenho umas observações.
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    Eu percebi que, como as pinturas
    estão congeladas no tempo,
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    a expressão que dei pra elas
    é aquela e ponto.
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    Mas pra você, um ser humano,
    carregar esse peso não parece certo.
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    Entende o que quero dizer?
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    (DEAN): Ela é muito precisa.
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    Eu tinha uma lista de coisas que eu
    queria que ocorressem durante o trabalho,
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    então eu comecei a recortar os livros
    que a Laylah fez pro MoMA.
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    Essas imagens me prenderiam
    a um tipo de esboço,
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    poque elas próprias eram iconográficas.
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    É um ponto de partida,
    mas não me diz o que fazer.
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    LAYLAH: O que eu acho interessante de ver
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    é como ele consegue incluir
    o meu jeito de trabalhar
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    nos movimentos.
  • 10:38 - 10:40
    (música instrumental)
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    E eu não sei como ele consegue,
    porque é muito fascinante de assistir.
  • 10:49 - 10:52
    Eu sempre fui fascinada por queimada.
  • 10:53 - 10:56
    Isto é, eu não sei quanto tempo
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    vai levar pra nos darmos conta
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    de que é um jogo cruel em que
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    o mais fraco da escola vira alvo.
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    Tem algo da minha infância,
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    sendo a única criança negra
    numa escola primária branca,
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    e o jogo de queimada não era divertido.
  • 11:13 - 11:14
    (música instrumental)
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    (sons de chicotadas)
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    Cintos conotam um tipo de poder.
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    Cintos também são usados como um tipo
    de instrumento de violência doméstica.
  • 11:32 - 11:35
    Eu usei cintos pra enforcar
    alguns dos meus personagens.
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    Eu acho que confiscam seu cinto na prisão.
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    Eles confiscam coisas
    com as quais você possa se ferir.
  • 11:49 - 11:52
    Isto é, eu acho que sei de fato que,
    parte do controle que eu quero sobre isso,
  • 11:52 - 11:56
    tem a ver com a falta de controle
    sobre aspectos da minha vida.
  • 11:57 - 11:59
    Especialmente quando eu era criança.
  • 11:59 - 12:03
    O mistério é que, com todo o controle
  • 12:03 - 12:06
    que eu posso ter sobre as pinturas,
  • 12:06 - 12:10
    as que são bem-sucedidas pra mim,
  • 12:10 - 12:12
    quando estão finalizadas e olho pra elas,
  • 12:12 - 12:15
    acontece algo que eu não esperava.
  • 12:15 - 12:18
    E não significa,
    "Oh, o que é isso? O que aconteceu?".
  • 12:18 - 12:19
    Significa que elas estão devolvendo
  • 12:19 - 12:22
    um tipo de energia ou de presença.
  • 12:23 - 12:28
    É como se tivessem adquirido
    uma personalidade própria no processo.
  • 12:29 - 12:32
    Muito do trabalho
    sou eu tentando controlar ele,
  • 12:32 - 12:36
    fazendo de tudo que posso para controlar,
    e ainda assim ele me desafia.
  • 12:37 - 12:38
    Então,
  • 12:39 - 12:40
    tem essa batalha.
  • 12:41 - 12:42
    É.
Title:
Laylah Ali em "Power" - 3ª Temporada - "Arte no Século XXI" | Art21
Description:

Art21 orgulhosamente apresenta um segmento de artista com Laylah Ali, parte do episódio "Power" da 3ª Temporada da série "Arte no Século XXI".

"Power" estreou em Setembro de 2005 na PBS.

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
13:52

Portuguese, Brazilian subtitles

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