A história inquietante por trás desta pintura

Este vídeo explora o motivo que leva a rainha Clitemnestra a matar o marido Agamémnon e a princesa Cassandra, que ele trouxera como troféu da Guerra de Troia. O texto foi retirado do drama "Agamémnon", do autor de tragédias Ésquilo.

Legendas em português de Margarida Mariz (2005)

Bem-vindos a Tiny Epics.

Hoje vamos observar
uma pintura chamada

"Clitemnestra depois do homicídio",

pintada por John Collier em 1882.

Ampliemos um pouco,
para vermos mais de perto,

Esta é a Rainha Clitemnestra,
mulher do Rei Agamémnon

da lenda grega.

Ela aparece triunfantemente`
à porta do seu palácio

com os olhos a brilhar
e as faces coradas.

Brilha como uma deusa,
rodeada do ouro de Micenas.

É como se estivesse no palco de um teatro

quando voltam a levantar a cortina

para aparecer diante de nós,
o público,

uma cena macabra
de que ela é a responsável.

Os cadáveres do marido
e da princesa troiana, Cassandra,

o belo prémio de guerra
de Agamémnon,

acabados de ser assassinados
por esta rainha selvagem.

Não podemos ver as formas inertes
lá ao fundo

mas estão lá, jazendo
no interior sombrio,

ensopadas no próprio sangue.

A arma assassina , um machado
de duas cabeças, está virada para baixo.

a lâmina afiada ainda está morna
do contacto com a carne humana,

Quase conseguimos ouvir
o gotejar do sangue

à medida que se forma uma poça
no chão de mármore.

Esta pintura foi inspirada
na tragédia da antiga Grécia

escrita por Ésquilo

em que Clitemnestra
profere estas frases:

"Mantenho-me qui onde o matei,
na cena do crime.

"Fiz o que fiz,e não vou tentar negá-lo,

"para ele não poder escapar
nem fugir ao seu destino.

"Lancei-lhe uma rede complexa
como se ele fosse um peixe

"uma rede maligna de tecido fino
e atingi-o duas vezes;

"dois gemidos foi tudo,
as pernas dobraram-se

"e quando ele jazia prostrado,
ofereci-lhe mais um golpe,

"um terceiro golpe e mandei-o
de presente para a casa de Hades,

"o guardião seguro dos mortos.

"Ele caiu e deu o último suspiro

"e de repente, o jorro da carnificina
que saiu da boca dele

"encharcou-me com a chuva
escura e húmida da morte dele

"e eu ri deliciada.

"com a mesma alegria que os campos sentem
na chuva dada por deus."

Ficamos a saber várias coisas:

que Ckitemnestra assassinou
o marido e Cassandra

e que está satisfeita por tê-lo feito

mas, se não conhecem a história,

provavelmente estão a pensar
porque é que ela fez isso.

Bom, não foi por ciúmes quanto
ao prémio de guerra do marido.

A razão foi a vingança.

Estão a ver, dez anos antes,
no início da Guerra de Troia,

Agamémnon ofereceu a sua filha
Ifigénia como sacrifício humano

e Ckitemnestra esperou
este tempo todo

para matar o marido com a ajuda
de Augusto, o amante dela.

A princípio, foi toda sorrisos,
enquanto estendia o tapete vermelho

para o marido,

deu-lhe um manto envenenado

e atraiu-o â câmara do palácio,
como uma aranha,

onde executou a obscura ação.

O coro na peça condena-a
como um monstro

e ela reage dizendo:

"Pois não foi também este homem
que, astuciosamente,

"fez cair a morte sobre a nossa casa?

"Da semente que ele me semeou
que cresceu e floresceu?

"Da criança que eu choro, a Ifigénia?"

[...] "Ele morreu pela minha mão
e eu vou enterrá-lo

"mas não haverá lágrimas por ele

"derramadas pelo pessoal desta casa."

Agora gostava de vos perguntar,
a todos os que estão a observar:

também acham que a rainha
Clitemnestra é um monstro?

Ou que a ação dela
de certa forma foi justificada,

considerando o que aconteceu
à filha Ifigénia?

Deixem a vossa opinião
nos comentários.

A propósito, este vídeo
faz parte duma série em curso

que se foca na casa trágica de Atreus.

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sobre a mitologia grega

para se manterem ocupados entretanto.

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