The Coop | Reflections on Invento o Cais with Fernando Codeço, Julia Naidin, Sérgio Andrade, Shauna Janssen, and Laura Levin
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0:11 - 0:15Olá e bem-vindos ao The Coop, a HEN
Hangout -
0:15 - 0:21e estamos muito felizes em receber vocês
para nossa primeira sessão de 2025. -
0:21 - 0:25Nós somos os organizadores do The Coop.
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0:25 - 0:28Eu sou T Braun, Franklin Bonivento
van Grieken -
0:28 - 0:30...
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0:30 - 0:32Denise Rogers Valenzuela,
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0:32 - 0:35e fazemos a curadoria do The Coop.
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0:35 - 0:40Nós trabalhamos em consultoria com Laura
Levin e Tracy Tidgwell, e Firmo Neves -
0:40 - 0:46fará a tradução em tempo real.
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0:46 - 0:50Então para ativar a tradução,
você seleciona o ícone do globo -
0:50 - 0:55na parte inferior da sua tela,
e se você não ver nada, clique em "mais". -
0:55 - 0:58E se chama "interpretação"
para que você possa escutar. -
0:58 - 1:01Denise está mostrando.
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1:01 - 1:03Você pode escutar o áudio original
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1:03 - 1:07em inglês ou português,
e você vai escutar duas vozes -
1:07 - 1:12durante a interpretação:
o palestrante original e o Firmo. -
1:12 - 1:16Mas se isso for muito estimulante
sensorialmente, você pode silenciar -
1:16 - 1:20o áudio original e você pode escolher
entre essas duas opções -
1:20 - 1:24durante o evento, e essa informação
que publicamos no chat. -
1:24 - 1:31Se vocês tiverem qualquer dificuldade
técnica, pergunte à Denise no chat. -
1:31 - 1:33Sim, e também
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1:33 - 1:37teremos legenda em inglês
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1:37 - 1:43e para ativar as legendas
vocês podem clicar nos três pontinhos -
1:43 - 1:46onde está escrito "mais".
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1:46 - 1:51E se vocês não conseguirem ver as legendas,
que são um ícone de "cc" em uma caixinha -
1:51 - 1:55também na parte inferior da tela.
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1:55 - 1:55Sim.
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1:55 - 1:58E se vocês tiverem alguma pergunta,
é só me mandar uma mensagem. -
1:59 - 1:59Sim,
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1:59 - 2:02E para finalizar,
A gente queria informar que nós estaremos -
2:02 - 2:05gravando nosso evento para o
nosso arquivo, -
2:05 - 2:09e a The Coop é um espaço de encontros
online onde convidamos pessoas -
2:09 - 2:14vinculadas ao Hemispheric Encounters
Network, e além, para uma conversa. -
2:14 - 2:18E embora muitos de vocês já estão
envolvidos com o Encontros Hemisféricos, -
2:18 - 2:23o Hemispheric Encounters Network,
ou HEN, para abreviar, -
2:23 - 2:27é uma rede crescente
de ativistas, artistas, -
2:27 - 2:32acadêmicos, estudantes e organizações
comunitárias de todas as Américas -
2:32 - 2:36que exploram a performance hemisférica
como metodologia, -
2:36 - 2:42estratégia pedagógica,
e uma ferramenta para mudança social. -
2:42 - 2:43E se
-
2:43 - 2:46você gostaria de saber mais sobre
as futuras sessões do The Coop, -
2:46 - 2:50você pode seguir a Hemispheric Encounters
no Instagram no @hemiencounters. -
2:50 - 2:51E se você gostaria de assistir
-
2:51 - 2:55alguma sessão passada ou algo que você
perdeu, você pode vê-los no site da HEN. -
2:55 - 2:58Você também pode entrar em contato
conosco por email: -
2:58 - 3:02the.coop.hangout@gmail.com .
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3:02 - 3:03Eu vou colar esses links no chat.
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3:03 - 3:05Então, sem problemas.
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3:05 - 3:07Vocês não precisam memorizar toda
essa informação, -
3:07 - 3:10é mais para que vocês saibam
onde nos encontrarem. -
3:10 - 3:10Ok.
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3:10 - 3:15E antes de ouvirmos nossos convidados,
vamos oferecer um reconhecimento de terra. -
3:15 - 3:18Hoje, estamos reunidos online.
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3:18 - 3:21Então estamos todos em territórios
diferentes, cada um com seus próprios -
3:21 - 3:28cuidadores originais, e suas próprias
histórias coloniais se desenrolando. -
3:28 - 3:29Mas o Franklin e eu
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3:29 - 3:33estamos em Tiohtià:ke, ou no que é
conhecido como Montreal. -
3:33 - 3:37Então, hoje
falarei sobre nossa perspectiva. -
3:37 - 3:42Montreal corresponde ao território
não cedido do povo Kanien'kéha, -
3:43 - 3:46e o nome deste território em
Kanien'kéha é Tiohtià:ke, -
3:46 - 3:50que significa "partido em dois",
já que esta é uma ilha -
3:50 - 3:54que é rodeada por dois rios
e tem sido um ponto de encontro -
3:54 - 3:58para muitos povos originários,
e continua sendo. -
3:58 - 4:02E nós reconhecemos
que nosso reconhecimento é defeituoso -
4:02 - 4:05e que reconhecimentos de terra,
no geral, podem ser problemáticos. -
4:05 - 4:09Mas, como anfitriões deste evento,
ainda queremos agradecer -
4:09 - 4:15aos anfritriões originais desta terra
e destas águas, o povo Kanien'kéha -
4:15 - 4:19e nos lembrar
das relações materiais e históricas -
4:19 - 4:24que permitem que nossas vidas offline
e este encontro virtual aconteçam. -
4:24 - 4:28E tenho certeza que a conversa de hoje
vai nos oferecer perspectivas -
4:28 - 4:30perspicazes sobre essas questões.
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4:31 - 4:32Sim.
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4:32 - 4:33Nós também temos aqui a Tracy
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4:33 - 4:37Tidgwell, a quem eu gostaria de agradecer e
enviar pensamentos positivos para Vernada, -
4:37 - 4:39sua gata, que não está passando tão bem.
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4:39 - 4:43Então, vamos agora falar com o
nosso convidado, e hoje -
4:43 - 4:47vamos ter uma conversa sobre a exposição
"Invento o Cais" -
4:47 - 4:50no SESC Niterói, com curadoria de Julia
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4:50 - 4:55Naidin, Fernando Codeço e Daniel
Toledo, que mostra obras de 14 -
4:55 - 4:59artistas das residências CasaDuna
na praia de Atafona, -
4:59 - 5:04uma das regiões mais vulneráveis
às mudanças climáticas do mundo,
no Rio de Janeiro. -
5:04 - 5:08Através de reflexões sobre erosão marinha,
as obras de arte -
5:08 - 5:12exploram questões ambientais, e
perspectivas e processos coletivos -
5:12 - 5:16que reinterpretam processos de erosão,
nāo somente como destruição, -
5:16 - 5:21mas como catalisadores para novas
formas de ver, adaptar-se e agir no mundo. -
5:21 - 5:25Participam da conversa os curadores
Julia Naidin e Fernando Codeço, -
5:25 - 5:28assim como o pesquisador Sérgio Pereira
Andrade, professor -
5:28 - 5:33no Departamento de Artes e Cultura
de Estudos Teatrais da Universidade -
5:33 - 5:37de Amsterdã, na Holanda.
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5:37 - 5:40Também temos a Shauna Janssen,
professora de performance -
5:41 - 5:44e criação no departamento de Teatro da
Universidade de Concórdia, em Montreal, -
5:44 - 5:48e Laura Levin, professora e diretora
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5:48 - 5:51do Hemispheric Encounters, da Universidade
York. -
5:51 - 5:55Então, por favor, Fernando, Julia,
contem-nos mais sobre esse projeto -
5:55 - 6:03maravilhoso. A palavra é de vocês.
Bem-vindos. -
6:03 - 6:04Ok.
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6:04 - 6:07Boa tarde a todos.
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6:07 - 6:11Meu nome é Júlia, vou tentar falar em
inglês, mas se eu tiver problemas, -
6:12 - 6:16Nós temos o Firmo aqui para nos ajudar.
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6:16 - 6:19Primeiro, gostaria de agradecer a todos
vocês -
6:19 - 6:22por nos receber e pela oportunidade
de falar sobre a exposição. -
6:22 - 6:26É um prazer para nós poder
compartilhar isto com vocês. -
6:26 - 6:29Nós ficamos muito felizes com o resultado
-
6:30 - 6:34dessa exposição, e nós achamos que
-
6:34 - 6:38esta é uma forma de mostrar partes do
trabalho que estávamos fazendo ali, -
6:38 - 6:42de uma maneira mais concreta,
-
6:42 - 6:44e, como posso dizer, visível.
-
6:44 - 6:47Então
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6:48 - 6:53podemos começar
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6:53 - 6:55com o
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6:55 - 6:57Power Point.
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6:57 - 7:00Esta é uma ótima introdução
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7:00 - 7:04Para que vocês saibam que no últimos anos
nós recebemos -
7:04 - 7:10mais de 60 artistas e pesquisadores
ali em Atafona -
7:10 - 7:12compartilhando interesses
-
7:12 - 7:16e pensamentos em sobre como
a arte pode mudar -
7:16 - 7:20a perspectiva
-
7:20 - 7:23em alguns territórios
-
7:23 - 7:27e também sobre como podemos
nos comunicar -
7:27 - 7:31sobre a situação,
expandindo as narrativas -
7:31 - 7:34para que não fiquem somente
-
7:34 - 7:39localizadas no território, para que
amplifiquemos -
7:39 - 7:41o debate.
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7:41 - 7:45Então, para esta exposição,
-
7:45 - 7:48nós selecionamos os artistas,
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7:48 - 7:55e, especialmente, artistas de alguns
grupos específicos que estiveram lá. -
7:55 - 8:01Um grupo específico com Daniel Toledo em 2022
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8:01 - 8:04e outro com Hernández
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8:04 - 8:09sobre erosões visuais, em 2018
-
8:09 - 8:12e também com um grupo–
-
8:12 - 8:15uma escola de artes no Rio
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8:15 - 8:19chamada Escola Sem Sítio,
podemos traduzir talvez -
8:19 - 8:25como "Escola Sem Lugar," em 2019.
-
8:25 - 8:30Então, nós vamos mostrar um pouco
das 14 obras -
8:30 - 8:35que nós decidimos trazer para esta
exposição. -
8:35 - 8:41Então, Fernando, se você puder passar
de novo. -
8:44 - 8:47Como metodologia de trabalho,
-
8:47 - 8:51nós sempre tentamos
-
8:51 - 8:54nos posicionar como mediadores
-
8:54 - 8:58entre o artista e o território,
-
8:58 - 9:01já que moramos lá nos últimos sete anos.
-
9:02 - 9:03Então, nós os recebemos.
-
9:03 - 9:07E, acima de tudo, nós,
-
9:07 - 9:08nós nos focamos
-
9:08 - 9:15na experiência com o ambiente,
com a atmosfera, com a erosão -
9:15 - 9:19e também com a parte positiva do ambiente,
-
9:19 - 9:24o prazer que o ambiente ainda nos pode
oferecer ali. -
9:24 - 9:29Então, nossa mediação era focada
na escuta -
9:30 - 9:34às pessoas que viviam ali, e que
convivem com -
9:34 - 9:37a erosão, que aprendem
-
9:37 - 9:42a viver com a erosão e se adaptam
-
9:42 - 9:46à crise climática que o território
-
9:46 - 9:50têm vivido nos últimos 17 anos.
-
9:51 - 9:56Então nós temos ali
pessoas que já perderam -
9:57 - 10:02não apenas uma casa,
mas às vezes cinco casas, sete casas. -
10:02 - 10:08E como que as pessoas se adaptam a isso
e criam um processo de convivência? -
10:08 - 10:10Nós achamos que existe
-
10:10 - 10:17um tipo de experiência pedagógica nesse
-
10:17 - 10:18convívio
-
10:18 - 10:21com a erosão,
-
10:21 - 10:23e nós achamos que essa é
-
10:23 - 10:26uma mensagem importante
a ser recebida pelos artistas. -
10:27 - 10:30Então, o nosso trabalho ali,
como vocês poderão ver, -
10:30 - 10:37não é focado apenas em
trabalhos em -
10:37 - 10:39um ambiente especial,
-
10:39 - 10:42separado do artista durante a sua
criação, -
10:42 - 10:46mas também na praia,
-
10:46 - 10:50no mar, no rio, com o povo.
-
10:50 - 10:54É o que gostaríamos de pensar
-
10:54 - 10:57como arte contextual, arte ambiental,
-
10:57 - 11:02que é criada e construída em contexto,
-
11:03 - 11:07e não como experiência isolada.
-
11:07 - 11:11Então aqui têm umas imagens
dessas experiências -
11:11 - 11:15de caminhadas, convivências,
e de sentir o território. -
11:16 - 11:20Nós acreditamos muito
no tipo de informação -
11:20 - 11:23que essa experiência pode proporcionar
-
11:23 - 11:26ao processo criativo.
-
11:26 - 11:33Fernando, pode passar, por favor.
-
11:33 - 11:37Esta é uma imagem do processo dos
artistas. -
11:37 - 11:40É uma imagem de dentro da casa,
como vocês podem ver. -
11:41 - 11:44Mas também você pode ver
algumas das peças -
11:44 - 11:48que os artistas costumavam colecionar
na praia. -
11:48 - 11:55No lado direito, vocês podem ver esses
pequenos... -
11:55 - 12:00–uma palavra em inglês que eu não sei é
"tijolo", Firmo. -
12:00 - 12:03As pequenas
-
12:04 - 12:06peças que as pessoas usam para
construir casas. -
12:06 - 12:10Então quando as casas são destruídas
no processo -
12:11 - 12:13de erosão com o mar,
-
12:13 - 12:16o mar e o processo de erosão
-
12:16 - 12:21fazem um tipo de escultura,
essa palavra -
12:21 - 12:25que não sei traduzir (tijolo)
-
12:25 - 12:27é a base dessas casas.
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12:27 - 12:29Tijolo ("brick"), sim. Obrigada.
-
12:29 - 12:33E sim, então
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12:33 - 12:39aqui vocês podem ver,
você pode ter uma estimativa de tempo -
12:39 - 12:42que o tijolo está rolando
-
12:42 - 12:45no mar e na praia.
-
12:45 - 12:48E nós temos tamanhos diferentes
desses tijolos, -
12:48 - 12:51então é um
-
12:51 - 12:54processo interessante que um dos
artistas -
12:54 - 12:58fez, não só ele, mas
é um processo interessante -
12:58 - 13:03de pensar sobre como o tempo
processa também a destruição. -
13:03 - 13:06Do outro lado, nós temos um artista
-
13:06 - 13:10que trabalhou bastante fotografando,
e depois -
13:10 - 13:15fazendo colagens, com a–
-
13:15 - 13:16não sei se "colagem"
-
13:16 - 13:20é a palavra certa, mas
fazendo -
13:20 - 13:25certas fotografias, cortando e
arranjando-as para -
13:25 - 13:31pensar de forma diferente sobre as
imagens e a imaginação que pode, -
13:31 - 13:37que pode ser criada quando se
reorganiza as imagens. -
13:37 - 13:40Então, pode passar.
-
13:40 - 13:43Ali, essa foto é de um lugar
-
13:43 - 13:44específico.
-
13:44 - 13:49É um bar, e também ateliê,
que também é uma casa. -
13:49 - 13:52Onde vivia um grande
-
13:52 - 13:55amigo nosso, o Nico.
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13:55 - 14:01E a sua casa era maravilhosa
porque ele criava e vivia ali. -
14:01 - 14:04Nessa casa
-
14:04 - 14:09era o bar onde ele vendia drinks,
mas também onde -
14:09 - 14:13ele trabalhava com o material
da terra, -
14:13 - 14:16também, para construir
-
14:16 - 14:21um lugar muito específico
criado totalmente por ele. -
14:21 - 14:24E ele também tinha essa concepção
-
14:24 - 14:29de criar com o que a terra dá,
-
14:29 - 14:32com o que o mar dá,
-
14:32 - 14:35e re-imaginar funções,
-
14:35 - 14:40e imagens com tudo isso que,
-
14:40 - 14:44na maioria das vezes, as pessoas
associam com lixo e entulho. -
14:44 - 14:47Então, foi nesse lugar específico
-
14:47 - 14:52onde nós levávamos os artistas ali,
para ampliar -
14:52 - 14:55suas perspectivas sobre a arte
-
14:55 - 14:58e que podíamos usar
-
14:58 - 15:04para recriar os materiais.
-
15:04 - 15:08Você pode passar, Fê, por favor.
-
15:13 - 15:13Esse é o
-
15:13 - 15:18Daniel Toledo, que também é artista
-
15:18 - 15:21e é o curador da exposição.
-
15:21 - 15:25Ali ele está escrevendo "futuro" na areia
-
15:25 - 15:28Mas o que parece ser areia, nessa imagem,
-
15:28 - 15:35era de fato o resto de uma rua.
-
15:35 - 15:37Como posso dizer essa palavra
em inglês? -
15:37 - 15:42Também, (concreto).
-
15:42 - 15:44Sim, o concreto da rua.
-
15:44 - 15:50Ali havia uma rua,
mas o mar destruiu. -
15:50 - 15:54Essa área específica tinha
-
15:54 - 15:57quatro quilômetros em frente.
-
15:57 - 16:03E o que agora acontece nessa praia
-
16:03 - 16:07é que toda a cidade está voltando
para atrás. -
16:07 - 16:11À medida que o mar avança na cidade,
-
16:11 - 16:17a cidade se reconstrói de volta,
-
16:17 - 16:20como o mar veio, e
-
16:20 - 16:23as construções voltam para atrás.
-
16:23 - 16:27E ali, não sei se vocês podem ver,
-
16:28 - 16:31essa área tem um limite entre a areia
-
16:32 - 16:35e onde está escrito "futuro."
-
16:35 - 16:40Essa imagem do "futuro" é uma
imagem catastrófica, -
16:40 - 16:45Mas também nos convida a pensar sobre
-
16:45 - 16:46o "futuro".
-
16:46 - 16:50E o que podemos fazer nessa situação.
-
16:50 - 16:53Mas esse é um trabalho que o Daniel
-
16:53 - 16:57tem feito em locais diferentes
-
16:57 - 17:00e ele tem pensado sobre isso como
-
17:00 - 17:06uma crise, uma problemática
e ele tem alcançado isso -
17:06 - 17:07em muitos lugares diferentes.
-
17:07 - 17:10Nesse caso, ele escolhe esse lugar.
-
17:11 - 17:15E eu acho que foi um trabalho específico.
-
17:15 - 17:19Não era o que estava em sua posição, mas
-
17:19 - 17:22nós escolhemos mostrar a vocês
-
17:22 - 17:25por causa dessa experiência limitada,
-
17:25 - 17:31que isso foi escrito nesse lugar,
pode nos trazer. -
17:31 - 17:33Você pode
-
17:33 - 17:39seguir, Fernando, por favor.
-
17:39 - 17:44Aqui vocês tem uma experiência
-
17:44 - 17:47dos trabalhos em vídeo que
aconteceram ali, -
17:47 - 17:55na imagem acima, é
Fernanda Branco, e -
17:55 - 18:00ela ficou por ali repetidamente, com essas
-
18:00 - 18:03raízes das árvores
-
18:03 - 18:07e fez uma certa forma de dança
-
18:07 - 18:13onde ela vai para trás e ela entrou
nessa árvore -
18:13 - 18:15e então
-
18:15 - 18:18ela dançou nessa raiz
-
18:18 - 18:22e nós temos um vídeo dessa performance
na exposição -
18:23 - 18:26e é um vídeo impactante.
-
18:26 - 18:29Talvez vocês possam assistir
em outro momento, se vocês quiserem -
18:29 - 18:32nós podemos falar com ela e talvez
mandá-lo pra vocês -
18:32 - 18:36porque é uma certa fusão entre,
-
18:36 - 18:39entre o corpo e a raiz,
-
18:39 - 18:44com o mar que entrou na raiz,
enquanto ela estava ali. -
18:44 - 18:48Então é um trabalho muito sensível,
também. -
18:48 - 18:51Você pode passar, Fer, por favor.
-
18:56 - 18:59Aqui é dentro da casa do Nico,
como vocês podem ver. -
18:59 - 19:04Estava comentando com vocês como que ele
construiu tudo, cada nicho desse bar -
19:04 - 19:10foi construído por ele com qualquer
material que você possa imaginar. -
19:10 - 19:13Tipo, não há limites para
-
19:13 - 19:19o que é uma base de uma
criação artística. -
19:19 - 19:24E tem outra residente,
Luciana Vasconcellos, que passou -
19:24 - 19:29alguns dias conosco ali e fez
algumas performances -
19:29 - 19:32nesse bar.
-
19:32 - 19:34E o Fernando conseguiu
-
19:34 - 19:39tirar algumas fotos
e na exposição nós, -
19:39 - 19:44nós conseguimos por algumas fotos
nela, em um "lambe"– -
19:44 - 19:48Não sei se você sabe, eu preciso de
ajuda para traduzir "lambe", -
19:48 - 19:51não sei se tem tradução para isso
em inglês. -
19:51 - 19:54"Wallpaper."
-
19:54 - 19:55"Wallpaper", talvez.
-
19:55 - 19:57Obrigada, Mari.
-
19:57 - 20:00Eu acho que é colado com farinha-
-
20:00 - 20:03"pôster de farinha de trigo".
-
20:03 - 20:05(Em português) como se fossem
-
20:05 - 20:08cartazes com cola
-
20:09 - 20:11de, feita com cola
-
20:11 - 20:15de, de farinha.
-
20:15 - 20:20"Wheat based posters." É o nome
da técnica. -
20:21 - 20:25É, que é muito popular por ser barato,
né, e por -
20:25 - 20:28ter essa coisa de ser uma coisa rápida.
-
20:28 - 20:31(Em inglês) Não há um esforço em
-
20:32 - 20:36manter a estrutura e a integridade
do trabalho. -
20:36 - 20:39É possível fazê-lo rapidamente
-
20:39 - 20:44e ele pode ser destruído
rapidamente também. -
20:44 - 20:47E houveram algumas boas imagens
-
20:47 - 20:51aqui, que nós pudemos usar
na exposição também. -
20:51 - 20:54Então, Fer, pode passar.
-
20:58 - 20:59Aqui temos a
-
20:59 - 21:03Mariana Moraes que acabou de
se juntar conosco na reunião, -
21:03 - 21:07nos ajudando com a tradução
e ela estava fazendo -
21:07 - 21:10essa é uma performance
-
21:10 - 21:13que–também não sei essa palavra.
-
21:13 - 21:17"Redes de pesca". Quem pode me ajudar?
-
21:17 - 21:20É o material que os pescadores usam para–
-
21:20 - 21:23"Fishnet."
-
21:24 - 21:24Isso.
-
21:27 - 21:31É a maneira tradicional
-
21:31 - 21:35na qual os pescadores trabalham,
não como as grandes -
21:35 - 21:38estruturas de pesca.
-
21:38 - 21:40"Fish net", sim.
-
21:40 - 21:44E também a Mariana,
depois dessa performance, -
21:45 - 21:49no outro lado da tela,
vocês podem ver o processo -
21:49 - 21:52da vídeo-performance que ela fez ali
-
21:53 - 21:55em 2022.
-
21:55 - 21:58E esse vídeo foi para a exposição.
-
21:58 - 22:01Não a performance com a rede de pesca,
-
22:01 - 22:05mas vocês podem também ver o ambiente.
-
22:05 - 22:08E nós também queremos mostrar
a vocês um pouco do -
22:08 - 22:11visual do ambiente ali
-
22:11 - 22:15e como nós estamos tentando
-
22:15 - 22:19fazer os trabalhos
-
22:19 - 22:23sempre sendo criados no território,
-
22:23 - 22:26e não de maneira isolada.
-
22:26 - 22:28Você pode passar, Fer, por favor.
-
22:31 - 22:34Ok, aqui está o Tetsuya,
-
22:35 - 22:38ele também é video-artista
-
22:38 - 22:41e ele trabalha com
-
22:41 - 22:45filmes antigos e
-
22:45 - 22:48aqui nessa imagem vocês podem ver
-
22:48 - 22:55que ele estava enterrando o filme na areia,
-
22:55 - 22:58"burying", como "enterrando".
-
22:58 - 23:03Então na areia
-
23:03 - 23:06onde moram pequenos
animais e formas de vida, -
23:06 - 23:10acabam interferindo no filme
-
23:10 - 23:15e depois ele processa o filme e roda
-
23:15 - 23:19o filme na exposição.
-
23:19 - 23:22Então você tem uma imagem muito
específica -
23:22 - 23:26como resultado desse trabalho e ele
trabalhou ali– -
23:26 - 23:31essa imagem é na areia com o mar
interferindo também, como vocês podem ver. -
23:31 - 23:34Mas ele também pôs o filme
-
23:34 - 23:37dentro do rio por alguns dias
-
23:37 - 23:40e ele foi exposto aos peixes,
-
23:40 - 23:44à flora, não sei–
-
23:44 - 23:47tudo no mar, e a vida animal
-
23:47 - 23:52que interfere no filme, e depois
é maravilhoso assistir ao resultado. -
23:52 - 23:56E nós também o pusemos na
exposição. -
23:56 - 23:58Fer, passa, por favor.
-
24:00 - 24:02Esse é o Vitor.
-
24:02 - 24:05Ele é pintor e ator.
-
24:05 - 24:09Ele trabalhava com teatro.
-
24:09 - 24:13Mas como nós sabemos que ele
pinta, nós o convidamos -
24:13 - 24:16para a residência e pedimos a ele
-
24:16 - 24:22para fazer algumas pinturas nas
casas que estavam abandonadas -
24:22 - 24:24pelos antigos
-
24:24 - 24:26moradores.
-
24:30 - 24:33E aqui temos ele em uma performance.
-
24:33 - 24:37Performando com essas,
-
24:37 - 24:40não sei, "bandeiras".
-
24:41 - 24:42"Flags". Sim.
-
24:42 - 24:48Essa bandeira branca, é Carol Valansi,
outra -
24:48 - 24:50artista que estava conosco.
-
24:50 - 24:54E esse dia estava,
como vocês podem ver, nublado. -
24:54 - 24:58Estava garoando e com um vento forte.
-
24:58 - 25:07Então, essas bandeiras brancas
representavam -
25:07 - 25:12algo como um sinal da paz.
-
25:12 - 25:19Mas nesse ambiente, não havia paz,
-
25:19 - 25:22era um ambiente em tensão
-
25:22 - 25:26com a natureza, sempre em conflito
-
25:27 - 25:32entre a construção da cidade
e o mar -
25:32 - 25:36que estava se adentrando na cidade
e fazendo essa destruição, -
25:37 - 25:42então, nesse contexto específico,
essa bandeira branca não nos trazia -
25:42 - 25:47necessariamente uma energia de paz,
mas em vez disso, -
25:47 - 25:50trazia um certo conflito com o símbolo.
-
25:50 - 25:55Pode passar, Fer, por favor.
-
25:58 - 25:59Sim.
-
25:59 - 26:05Essa é a parte do programa educativo
que nós também fazemos ali. -
26:05 - 26:10Esse é um grupo de estudantes
que nós recepcionamos com a professora -
26:10 - 26:15que ensina ali e conhece o trabalho,
e sempre está em contato conosco -
26:15 - 26:21para trazer alguns estudantes e falar
sobre essa relação -
26:21 - 26:26entre arte e educação e as
possibilidades -
26:26 - 26:31da arte em falar sobre a crise ambiental.
-
26:31 - 26:33É difícil falar sobre o que está ali.
-
26:33 - 26:36Mesmo que eles vivenciem isso.
-
26:36 - 26:40A vida cotidiana deles
é um assunto sensível -
26:41 - 26:44porque é obviamente a realidade deles.
-
26:44 - 26:49Mas é um assunto triste, é um trauma.
-
26:49 - 26:52É um trauma vivo, essa situação diária.
-
26:52 - 26:55Então às vezes nós descobrimos que
-
26:56 - 26:59a arte ajuda a falar sobre esses assuntos
-
26:59 - 27:02e ajuda a lidar com o trauma
-
27:02 - 27:06da perda, da perda das casas, perda das
memórias. -
27:06 - 27:12Então, essa função pedagógica
-
27:12 - 27:17da arte, de falar sobre a crise ambiental,
é muito importante para nós também. -
27:17 - 27:19Fer, por favor.
-
27:24 - 27:26Essa é a Sarojini,
-
27:26 - 27:31ela é uma artista da Índia, que no fim
-
27:31 - 27:36foi ali para trabalhar conosco e
também fazer uma vídeo-performance. -
27:36 - 27:39Fernando, passa, por favor.
-
27:44 - 27:49Esse é um frame do trabalho de vídeo
-
27:49 - 27:54que eu fiz lá, eu estava trabalhando com
arquivos ali. -
27:54 - 27:57Pensando em algo
-
27:57 - 27:59entre como
-
27:59 - 28:02se pode transformar um arquivo
privado em um -
28:02 - 28:06arquivo público, e vice versa.
-
28:06 - 28:09Com esse complexo
-
28:09 - 28:14e a situação delicada e política sobre
o que é um arquivo privado -
28:14 - 28:20e o quão público ele pode vir a ser,
para nos facilitar -
28:20 - 28:25a falar sobre coisas que são políticas,
que tocam a todos. -
28:25 - 28:30Essa moça, ela fez um
arquivo sobre como o mar -
28:30 - 28:33destruiu o prédio em frente
à casa dela. -
28:33 - 28:37E eles fizeram um mini documentário
sobre isso -
28:37 - 28:40chamado "Mar Concreto".
-
28:40 - 28:45E Fernando, talvez,
-
28:45 - 28:50você pode colocar outra imagem,
mas eu também acho que talvez -
28:50 - 28:54eu possa passar a palavra a você agora.
-
28:54 - 28:57Sim. Para que você possa falar
sobre a exposição em si, -
28:57 - 29:01e depois nós podemos falar um pouco mais
-
29:02 - 29:04na conversa.
-
29:04 - 29:11Vou mutar o meu microfone.
-
29:11 - 29:14(Em português) Bom, eu vou falar
-
29:14 - 29:18aqui um pouco brevemente
da exposição, apresentando -
29:18 - 29:23primeiro aqui um panorama geral
de como a gente organizou a exposição. -
29:23 - 29:23Vocês vão ver que
-
29:23 - 29:29algumas obras que estão na exposição
já apareceram na -
29:29 - 29:32apresentação da Júlia, ainda em processo
-
29:32 - 29:33e aqui a gente tem
-
29:33 - 29:38algumas imagens que mostram
-
29:38 - 29:42como essas obras foram organizadas
no espaço -
29:42 - 29:45pensando sempre as relações entre
-
29:45 - 29:49elas, né, como elas podem criar diálogos
-
29:50 - 29:55entre o processo de cada artista.
Nessa imagem -
29:55 - 29:57a gente tem três trabalhos,
-
29:57 - 30:00dois deles são meus,
que tão aqui -
30:01 - 30:04mais à direita, que eu–os caranguejos
-
30:04 - 30:07que fazem parte de uma série de trabalhos
que eu venho realizando -
30:07 - 30:12com esses materiais que eu vou coletando
na praia, e essas redes -
30:12 - 30:16que eu crio essas instalações
-
30:16 - 30:19que vão também criando outras
formas, pensando também -
30:19 - 30:21na relação com a história da arte
-
30:21 - 30:26com a materialidade, a
questão da arte concreta -
30:26 - 30:28...
-
30:28 - 30:32(em inglês) me faz pensar sobre a
história da arte, sobre arte concreta. -
30:36 - 30:40E esse material tem uma característica
meio fantasmagórica -
30:40 - 30:43que é como eu vejo
-
30:43 - 30:45o ato da pesca.
-
30:45 - 30:49A pesca tem essa presença na
história do Brasil. -
30:49 - 30:51E também tem um papel importante
-
30:51 - 30:55em termos da economia.
-
30:55 - 30:57Paolo Victor também trabalha com isso.
-
30:57 - 31:06Como vocês podem ver, essa é uma
janela que ele achou na praia, em Atafona -
31:06 - 31:11onde a gente pode ver o trabalho do Daniel
ao fundo. -
31:11 - 31:13Ele também trabalha com
materiais encontrados -
31:13 - 31:18na praia.
-
31:18 - 31:20Então essa é uma parte da exposição
feita com -
31:20 - 31:25materiais encontrados na praia,
-
31:25 - 31:29e há um diálogo entre esses materiais
encontrados na praia -
31:29 - 31:33com o tradicional e o moderno–
-
31:33 - 31:35obras modernas.
-
31:39 - 31:43O Daniel também trabalha com colagens.
-
31:43 - 31:45Ele usa madeira.
-
31:45 - 31:48Você pode ver algumas delas ao fundo
-
31:48 - 31:49e ele as utiliza,
-
31:49 - 31:53ele usa o plástico de garrafas
de refrigerante -
31:53 - 31:57para fazer essa montagem.
-
31:57 - 32:03Aqui também podemos ver
trabalhos de vídeo. -
32:03 - 32:04Esse é parte do vídeo
-
32:04 - 32:07que é parte da exposição.
-
32:07 - 32:09Também veremos parte do trabalho
da Isabela. -
32:09 - 32:13Veremos com mais detalhe em breve.
-
32:13 - 32:16Aqui, vocês podem ver
parte da sua obra. -
32:16 - 32:21Esse é um tipo de raiz,
mas é feito de látex. -
32:21 - 32:23Esse é o que vocês veem
-
32:23 - 32:27perto do centro da foto.
-
32:27 - 32:31Tem algo mais ao fundo que tem um
caráter mais agressivo. -
32:31 - 32:36É feito de vidro e cerâmica.
-
32:36 - 32:41Também podemos ver o trabalho da
Tais. -
32:42 - 32:45Essa obra foi feito em estúdio.
-
32:45 - 32:49O objetivo é capturar a atmosfera, partes
-
32:49 - 32:54da paisagem que eles viram e tentaram
capturar. -
32:54 - 33:00Vocês podem ver as fotografias do
Luciano na parede. -
33:00 - 33:02Essa é parte do encontro do Luciano
-
33:02 - 33:04no bar do Nico.
-
33:08 - 33:10Esse trabalho é do Rafael,
-
33:10 - 33:13e esse é da Carol.
-
33:13 - 33:16Então, esse é um percurso bem
rápido pela exposição, -
33:16 - 33:20mas agora nós podemos ver as obras
com maior detalhe. -
33:20 - 33:24Então, essa é uma instalação do Daniel.
-
33:24 - 33:28Aqui, o detalhe mostra como que ele
juntou as peças -
33:28 - 33:31usando uma garrafa plástica.
-
33:31 - 33:34Todos os elementos foram
encontrados na praia. -
33:34 - 33:37Esse é o meu trabalho.
-
33:37 - 33:41É assim que eu prendo a rede.
-
33:41 - 33:43Isso mostra a ideia de criar
-
33:43 - 33:47essas formas geométricas
-
33:47 - 33:49adicionando o neo-concretismo
brasileiro. -
33:59 - 34:02Esse material é bem abundante.
-
34:02 - 34:05As redes se desfazem
-
34:05 - 34:09e os pescadores as jogam fora.
-
34:09 - 34:13Eu fiz muitas obras com essas redes
porque esse é o tipo de material -
34:13 - 34:16que é bem perigoso para a vida marinha
-
34:16 - 34:20quando volta ao oceano.
-
34:20 - 34:23Então há uma tentativa de
-
34:23 - 34:27cuidar do material, e de reaproveitá-lo.
-
34:32 - 34:37Agora, os caranguejos.
-
34:37 - 34:39Há uma relação com a vida
-
34:39 - 34:45e com a erosão.
-
34:45 - 34:47Então estou juntando tudo.
-
34:47 - 34:51Eu encontrei esses tijolos e esses
vergalhões de ferro e os juntei. -
34:51 - 34:56Essa obra nos lembra essas criaturas,
-
34:56 - 35:01criaturas que moram nos mangues de
Atafona. -
35:01 - 35:05Esse é o Paulo, ao lado da janela
que ele pintou. -
35:07 - 35:10Esse trabalho remonta à ideia de que
o mar está voltando, -
35:10 - 35:15é uma ideia popular entre a comunidade
local, especialmente entre os pescadores. -
35:15 - 35:18Essa ideia de que o mar
está recuperando -
35:18 - 35:23o que pertence a ele.
-
35:23 - 35:24Na verdade,
-
35:24 - 35:29esse pedaço de terra, em algum ponto,
já pertencia ao mar. -
35:29 - 35:32Cientificamente falando, isso também é
verdade. -
35:32 - 35:35É isso que se diz.
-
35:35 - 35:36Que o mar está voltando.
-
35:36 - 35:39Vocês também podem ver isso
na pintura. -
35:39 - 35:42Essa é outra linda obra que
estava presente. -
35:42 - 35:45Essa obra é do Rafael.
-
35:46 - 35:48Ele organizou esses restos de tijolos
-
35:48 - 35:53sobre esses cadernos.
-
35:53 - 35:56Ele nos convida a pensar sobre
-
35:56 - 36:00um tipo de escrita geológica.
-
36:00 - 36:05E também sobre o processo artístico.
-
36:05 - 36:07Nós estamos criando uma linguagem
-
36:07 - 36:12através da erosão.
-
36:12 - 36:16Essa é parte da referência.
-
36:16 - 36:19Essa obra é da Isabela.
-
36:19 - 36:24Vocês podem ver no detalhe,
é uma obra bem delicada. -
36:24 - 36:29Ela usa vidro, cerâmica, látex.
-
36:29 - 36:32E aqui temos o mesmo trabalho,
mas sob uma perspectiva diferente. -
36:32 - 36:35Essa obra é do Tetsuya.
-
36:38 - 36:42É o filme que ele coletou
de um arquivo antigo. -
36:42 - 36:45Ele o enterrou na areia.
-
36:45 - 36:47Areia monazita–
-
36:47 - 36:52que é um tipo específico de areia
que existe ali. -
36:52 - 36:57É uma areia de baixa radiação.
-
36:57 - 37:00Vamos assistir agora.
-
37:16 - 37:18Essa obra é da Tais,
-
37:18 - 37:22que também é uma obra
bem intricada e delicada. -
37:22 - 37:24Muito bonita, é bem viva.
-
37:24 - 37:27Ela cria essa dinâmica entre sal,
-
37:27 - 37:31vidro, e ferro.
-
37:31 - 37:36O sal meio que erode
o ferro que sustenta o vidro. -
37:36 - 37:40Vocês podem ver isso na imagem
da esquerda de quando ela -
37:40 - 37:43juntou os materiais pela primeira vez.
-
37:43 - 37:46E aqui é depois, mostrando a
corrosão -
37:46 - 37:51que o sal criou na obra.
-
37:51 - 37:55Essa obra é do João Racy.
-
37:55 - 37:59É uma captura de um vídeo.
-
38:00 - 38:03Ele filmou a janela de uma casa
-
38:03 - 38:07que está sendo enterrada pela areia.
-
38:07 - 38:09Tem um pouco de movimento
-
38:09 - 38:12nas plantas.
-
38:15 - 38:17Então, nós criamos isso,
-
38:17 - 38:22havia uma TV na parte de trás da parede
para remeter a essa ideia da janela. -
38:22 - 38:27Essa obra é da Caroline,
-
38:28 - 38:29que nós também a vimos
-
38:29 - 38:32na apresentação da Júlia.
-
38:32 - 38:37Ela tem essa bandeira bem grande que
ela traz ao nosso ponto de encontro -
38:37 - 38:42entre o rio e o mar.
-
38:42 - 38:48Ela criou essa obra aqui ao fazer
esses selos- -
38:48 - 38:51selos postais.
-
38:51 - 38:53Ela me lembra um pouco do vídeo,
né, -
38:53 - 38:57porque você pode ver o movimento
da bandeira ao longo da obra. -
38:57 - 38:58E aqui é a bandeira.
-
38:58 - 39:04Nós a instalamos na parte externa
da exposição. -
39:04 - 39:08Aqui, nós podemos ver a obra da
Lu by Lu. -
39:08 - 39:11Esse é o encontro dela com o Nico.
-
39:11 - 39:14E o lambe-lambe de novo.
-
39:15 - 39:19Aqui ela os colou no lado de fora.
-
39:19 - 39:21Ela falou um pouco sobre o encontro dela
-
39:21 - 39:24com o Nico em Atafona.
-
39:24 - 39:28Lu, que é ativista, uma artista trans,
-
39:28 - 39:32uma pessoa preta,
-
39:32 - 39:35e ela adiciona tudo isso ao seu trabalho,
-
39:35 - 39:39como uma mulher trans no Brasil.
-
39:41 - 39:43É importante para ela
-
39:43 - 39:48compartilhar esses momentos,
-
39:48 - 39:52momentos no qual ela pode expressar
sua arte, -
39:52 - 39:57sua subjetividade,
-
39:57 - 40:00e ela pôde compartilhar muito do seu
-
40:00 - 40:02pensamento conosco.
-
40:05 - 40:06Aqui estão os vídeos,
-
40:06 - 40:10nós não vamos ter tempo
de mostrá-los agora, -
40:10 - 40:14mas eu gostaria de falar que
esses vídeos estão presentes lá. -
40:14 - 40:16O vídeo da Fernanda Branco.
-
40:16 - 40:20O vídeo da Julia, que ela já falou.
-
40:20 - 40:24Mariana e Sarojini.
-
40:24 - 40:25Então, aqui estamos.
-
40:25 - 40:28Eu tentei ficar em tópico.
-
40:29 - 40:30Para termos bastante tempo
para conversar. -
40:30 - 40:34Eu espero que vocês fiquem
com uma visão geral -
40:34 - 40:35da exposição.
-
40:40 - 40:42Nós tivemos que escolher
-
40:42 - 40:46entre vários artistas que
passaram pela Casa Duna. -
40:51 - 40:54Eu espero que isso os dê
uma ideia do trabalho que fizemos. -
40:54 - 40:57E gostaria de agradecer a todos.
-
40:57 - 41:01Gostaria de abrir a conversa para
continuarmos com o debate. -
41:10 - 41:12É minha vez?
-
41:12 - 41:15Ok.
-
41:17 - 41:21Obrigado pelo o que vocês nos
trouxeram hoje, -
41:21 - 41:24Fernando, Julia,
-
41:25 - 41:27Eu tive a oportunidade de visitar
-
41:27 - 41:29Atafona com vocês dois.
-
41:29 - 41:36Eu pude testemunhar
o trabalho que vocês desenvolveram ali. -
41:36 - 41:37Eu acho que é importante
-
41:37 - 41:44compartilhar isso com o grupo que está
conosco hoje. -
41:44 - 41:47Estou reforçando algo que eu vejo
no seu trabalho, né. -
41:47 - 41:50Tem essa persistência.
-
41:50 - 41:51Vocês estão lá há oito anos já.
-
41:51 - 41:57Vocês vão lá desde 2017,
-
41:57 - 41:59então já são oito anos
-
41:59 - 42:01de trabalho.
-
42:05 - 42:13Eu sei o quão importante
isso é pra vocês -
42:13 - 42:14e vocês sabem
-
42:14 - 42:19que isso é um contraponto
a outros trabalhos -
42:19 - 42:22que visitam Atafona e vão embora
-
42:22 - 42:27ou fazem dessa visita um espetáculo.
-
42:27 - 42:30Esse processo de erosão
-
42:30 - 42:35existe há 60 anos.
-
42:35 - 42:38E foi acelerado
-
42:38 - 42:42pela atividade industrial na área.
-
42:49 - 42:55É um processo violento
-
42:55 - 42:57que se está agravando
-
42:57 - 43:01por meio de intervenções e abusos
-
43:02 - 43:05ao meio ambiente.
-
43:05 - 43:08E isso mostra as várias maneiras
que artistas, -
43:09 - 43:12e a arte pode produzir,
-
43:12 - 43:17que eles podem usar parte desse processo
no seu trabalho também. -
43:17 - 43:20Eu acho que o que estamos tentando fazer
é mostrar -
43:20 - 43:26uma opção para pensar sobre
uma continuidade, -
43:26 - 43:32um processo de criação de conexões.
-
43:32 - 43:33Você tem esse trabalho
-
43:33 - 43:38de conscientização ambiental
com a comunidade. -
43:38 - 43:42Vocês trabalham com o Movimento Sem Terra
-
43:42 - 43:43no Brasil.
-
43:48 - 43:50Desculpa.
-
43:50 - 43:52Tem uma moça que é ativista,
-
43:52 - 43:54eu esqueci o nome dela,
-
43:54 - 43:57me perdoem.
-
44:08 - 44:10Sim. Sim, posso te ouvir.
-
44:10 - 44:11Perdão.
-
44:11 - 44:13Houve uma pausa ali.
-
44:13 - 44:15Então, sim.
-
44:19 - 44:23Vocês têm trabalhado em frentes
diferentes, né? -
44:23 - 44:29Pesquisa acadêmica, arte,
pesquisa artística. -
44:29 - 44:33Vocês estão fazendo um
pós-doutorado, -
44:33 - 44:38vocês trabalham com um grupo de teatro–
-
44:38 - 44:42Grupo Erosão.
-
44:42 - 44:45Mas eu tenho uma pergunta.
-
44:50 - 44:52Minha pergunta é sobre essa escolha
-
44:52 - 44:55de não fazer um espetáculo
-
44:55 - 45:00desse processo de erosão.
-
45:00 - 45:04Não romantizar esse processo
é uma escolha. -
45:04 - 45:06Vocês podem falar sobre isso?
-
45:06 - 45:08Como vocês veem esse processo
-
45:08 - 45:12de evitar
-
45:12 - 45:16fazer um espetáculo
-
45:16 - 45:19ou de evitar romantizar isso?
-
45:21 - 45:24O evento
-
45:24 - 45:26"Invento o Cais"
-
45:26 - 45:31né, que usa um verso da música
-
45:31 - 45:36sobre criar algo,
recriar algo, -
45:36 - 45:43algo que precisa ser
constantemente re-criado. -
45:43 - 45:49Então, há essa ideia de
continuar criando -
45:49 - 45:53e recriando.
-
45:55 - 45:57Existem
-
45:57 - 46:01muitas, muitas camadas.
-
46:01 - 46:04E essa erosão é muito simbólica.
-
46:04 - 46:08Como que vocês entendem essa
não-romantização, -
46:08 - 46:12esse processo de erosão, esse
-
46:12 - 46:17não-olhar a esse processo como algo
exótico, -
46:17 - 46:19mas também não fazer disso
-
46:19 - 46:23um cenário catastrófico.
-
46:23 - 46:28Vocês poderiam falar sobre isso?
-
46:28 - 46:33Podemos comentar isso?
-
46:34 - 46:38Acho melhor ouvir todas as perguntas antes
-
46:38 - 46:39e depois nós respondemos
-
46:39 - 46:41no fim.
-
46:53 - 46:53Olá,
-
46:53 - 46:55Oi, sim.
-
46:56 - 46:57Vou ser breve.
-
46:57 - 47:00Podem me ouvir?
-
47:00 - 47:01Ótimo.
-
47:01 - 47:03Ok.
-
47:03 - 47:05Bom, eu queria
-
47:05 - 47:08primeiramente agradecer à
Julia e ao Fernando -
47:08 - 47:11por apresentar este
-
47:11 - 47:14trabalho maravilhoso e
-
47:14 - 47:17talvez aproveitando o que
-
47:17 - 47:20o Sérgio comentou sobre como
vocês fazem esse -
47:20 - 47:24trabalho e se inserem na comunidade
-
47:24 - 47:27sem romantizar o trabalho.
-
47:27 - 47:31E não sei se tenho alguma
pergunta ou um comentário -
47:31 - 47:35mas o que mais me impressionou
foi essa tensão -
47:35 - 47:37e a atenção e mobilização dadas
-
47:37 - 47:41ao publico e à comunidade em relação
a essa tensão entre -
47:41 - 47:48o natural e o cultural, essa dinâmica
entre o cultural e o natural, e -
47:48 - 47:52especificamente em relação às obras
que você estava compartilhando, Julia, -
47:52 - 47:55meio que pensando sobre, através das
imagens -
47:55 - 47:58e desta tela, algumas dessas obras
-
47:58 - 48:01conjuram
-
48:02 - 48:04sentimentos de ternura
para mim -
48:04 - 48:07e de luto ritual.
-
48:07 - 48:12E eu comecei a pensar sobre, esse processo
ritualístico de testemunhar -
48:12 - 48:16o que está acontecendo no local também.
-
48:16 - 48:18Então eu estava pensando que, para mim,
-
48:18 - 48:22isso tem a ver com um tipo de
oposição entre -
48:22 - 48:25a preparação do espetáculo e
-
48:25 - 48:28esse tipo de pensamento sobre essa
testemunha dessas ações. -
48:28 - 48:30Eu não sei se é isso que vocês andam
testemunhando -
48:30 - 48:35porque vocês estão bem inseridos e
incorporados no local, e o fazem há tanto
tempo. -
48:35 - 48:41Então eu acho que é uma pergunta
sobre pensar sobre -
48:41 - 48:46como vocês veem esse trabalho, como
um ritual de luto ou de testemunha? -
48:46 - 48:50E eu acho que quando nós vemos imagens
da água, nós imediatamente -
48:50 - 48:55começamos a sentir sobre como nós
estamos nesse ritmo dessa erosão -
48:55 - 48:59e testemunhamos isso nesse tipo de
natureza-morta dessa documentação. -
48:59 - 49:02Então, não sei se é uma pergunta
ou um comentário. -
49:02 - 49:08Eu acho esse trabalho e o projeto
muito comovente. -
49:08 - 49:11Então, vocês poderiam falar algo
sobre isso? -
49:11 - 49:16E minha outra pergunta é sobre o quão
envolvida era a população local -
49:16 - 49:20e a comunidade, o quão presentes
eles eram na colaboração deles com– -
49:20 - 49:24se vocês podiam falar sobre a importância
da agência deles -
49:24 - 49:28no trabalho, e como anfitriões.
-
49:28 - 49:31Em relação a essas pessoas que vêm de fora
-
49:31 - 49:32entrando e trabalhando no local.
-
49:48 - 49:50Não, tudo bem.
-
49:51 - 49:55Eu estava esperando que nós íamos
perguntar e vocês iam responder, -
49:55 - 49:56perguntar e responder.
-
49:56 - 50:02Então, eu acho, serei breve
se nós estamos nesse formato, -
50:03 - 50:05eu também gostaria de agradecer
a vocês por compartilhar isto conosco -
50:05 - 50:09e dar meus parabéns.
-
50:09 - 50:10É um trabalho muito comovente
-
50:10 - 50:16e impressionante que eu acho
que nós todos podemos aprender bastante. -
50:16 - 50:19Eu estou muito interessada em
-
50:19 - 50:21algo que o Fernando disse.
-
50:21 - 50:25Nós estávamos falando sobre criar
uma linguagem -
50:25 - 50:30para a erosão e
-
50:31 - 50:34me fez pensar sobre a questão de
-
50:34 - 50:40qual é o papel que a performance tem
na sua obra. -
50:40 - 50:42É uma pergunta
-
50:42 - 50:46sobre o que eu sempre retorno,
porque a apresentação e o trabalho, -
50:46 - 50:51dessa forma, nessa forma que nós estamos
vendo, é em um tipo de instalação. -
50:51 - 50:53Mas vocês também descrevem dança,
-
50:53 - 50:57a mulher que está dançando na
raiz da árvore, por exemplo, -
50:57 - 50:59e eu também conheço
parte das suas obras -
50:59 - 51:03que são mais voltadas ao teatro
e eu tive o prazer de participar -
51:03 - 51:08de um workshop que o Fernando facilitou
que também era baseado em teatro. -
51:08 - 51:10Então, eu estou interessada no
-
51:10 - 51:13papel que a performance tem em criar
-
51:13 - 51:18um tipo de linguagem para a erosão, se é
isso que ela faz, e -
51:18 - 51:19o que
-
51:19 - 51:24a performance faz que outros tipos
de arte näo conseguem fazer, -
51:24 - 51:26ou será que performance não é o termo
mais útil para pensar -
51:26 - 51:30sobre esse conjunto da obra
que vocês estão compartilhando conosco? -
51:30 - 51:33Estou interessada na especificidade
das obras -
51:33 - 51:37e na linguagem que elas criam no contexto
do colapso ambiental. -
51:37 - 51:40E eu acho que, para mim, isso também
se refere a algo -
51:40 - 51:44que a Julia estava se referindo, que
eu achei muito comovente, que é pensar -
51:44 - 51:48sobre a parte pedagógica desse trabalho,
-
51:48 - 51:51e Julia, você estava falando sobre
-
51:51 - 51:55como que a arte, no
contexto da crise ambiental -
51:55 - 51:59pode nos ajudar a lidar com o trauma
da perda, -
51:59 - 52:03o trauma da perda de coisas materiais que
nos importam bastante, -
52:03 - 52:07mas também a eventual perda da memória.
-
52:07 - 52:11Então, eu vejo esses dois lados operando
em diálogo -
52:11 - 52:12um com o outro.
-
52:12 - 52:16Eu vejo a ideia de criar uma linguagem
-
52:16 - 52:21como uma conversa, com essa ideia
de ajudar outras a lidar com o trauma. -
52:21 - 52:27E estou bem interessada em ouvir você
falar sobre tudo isso. -
52:27 - 52:30E também, porque o Hemispheric Encounters
-
52:30 - 52:35é um projeto transnacional, gostaria de
pensar se essa linguagem é específica ao local -
52:35 - 52:40ou se ela pode se transferir a
outros contextos de colapso ambiental. -
52:40 - 52:44Na América do Norte, por exemplo,
nós vimos imagens muito fortes, -
52:44 - 52:47por exemplo, de Los Angeles.
-
52:47 - 52:50E uma destruição ambiental severa.
-
52:50 - 52:54É um contexto totalmente diferente,
uma situação diferente. -
52:54 - 52:58Mas nós estamos falando sobre
desastres ambientais em outro contexto. -
52:59 - 53:03Então, podemos pensar sobre uma linguagem
-
53:03 - 53:09que também pode viajar?
-
53:09 - 53:11Esses são meus pensamentos.
-
53:36 - 53:40Eu acho que posso responder
melhor dessa forma. -
53:40 - 53:43O Sergio trouxe várias questões.
-
53:43 - 53:46Trouxe paradoxos,
-
53:46 - 53:50dificuldades, obstáculos.
-
53:50 - 53:51Eu acho que uma razão
para estar ali -
53:51 - 53:55é para trabalhar esses paradoxos.
-
53:59 - 54:01Como que nós podemos construir,
-
54:01 - 54:04como podemos construir obras que
trabalham com -
54:04 - 54:08a linguagem que lida com a
destruição, -
54:08 - 54:11algo que vai além de um
olhar negativo. -
54:14 - 54:16Mas como que essa destruição
-
54:16 - 54:20afeta outras coisas sendo produzidas?
-
54:20 - 54:21Alguém sai da sua casa
-
54:21 - 54:24porque vê o mar se aproximando.
-
54:24 - 54:28Outra pessoa entra ali, habita essa casa,
-
54:28 - 54:33cria um bar, algo que funciona durante o
verão. -
54:33 - 54:36E como que isso é algo novo.
-
54:36 - 54:38Isso cria vida.
-
54:38 - 54:40Cria novas possibilidades.
-
54:40 - 54:43Isso é algo que poderia ser considerado
-
54:43 - 54:47como passado, jogado fora.
-
54:47 - 54:48Essa ideia
-
54:48 - 54:53da romantização, de se fazer um espetáculo
disso. -
54:53 - 54:58É um desafio, definitivamente, e nós
estivemos ali por vários anos. -
54:58 - 55:03Nós hospedamos artistas que
ficam por uma semana e depois vão embora, -
55:03 - 55:07e depois criam obras que nós não temos
controle algum sobre elas. -
55:09 - 55:10E isso é a razão
-
55:10 - 55:16do nosso foco estar na mediação entre
os artistas e o ambiente -
55:16 - 55:20para que esses artistas
possam ouvir ao povo, -
55:20 - 55:24para que suas experiências ali
impactem eles -
55:24 - 55:28de uma maneira sensível
-
55:28 - 55:31no seu trabalho.
-
55:31 - 55:34Eles poderão desenvolver
algo que talvez venda, talvez não. -
55:34 - 55:35Mas nós
-
55:35 - 55:36não estamos preocupados com isso.
-
55:36 - 55:45Nós estamos mais preocupados com o
processo de aprendizado que isso terá
no futuro. -
55:45 - 55:46Obviamente, nós não temos
-
55:46 - 55:50controle sobre o que eles farão
-
55:50 - 55:54e as informações que eles terão
acesso ali. -
55:57 - 55:59Nós sempre estamos organizando
reuniões -
55:59 - 56:03para que as pessoas possam falar sobre
suas experiências -
56:03 - 56:04aos artistas.
-
56:08 - 56:12Então, não tenho uma resposta melhor.
-
56:16 - 56:19Sou do Rio de Janeiro.
-
56:19 - 56:22Eu fiquei chocada quando cheguei
-
56:22 - 56:24em Atafona.
-
56:26 - 56:27A experiência de ensino
-
56:27 - 56:31precisa vir com a vivência da perda
-
56:31 - 56:34e com a criação dentro dela.
-
56:34 - 56:38É uma condição existencial.
-
56:44 - 56:48A pedagogia não é específica
a um conteúdo, -
56:48 - 56:50a catástrofe ambiental
-
56:50 - 56:54nos toca a todos.
-
56:54 - 56:55Se nós somos pessoas
-
56:55 - 57:00que levamos os problemas ambientais a
sério. -
57:00 - 57:02E sim.
-
57:02 - 57:07No Brasil, nós os estamos sentindo.
-
57:07 - 57:10Eu acho que todos nós vamos ter que lidar
com essa perda. -
57:10 - 57:15Essa perda material, perda de um certo
estilo de vida, -
57:15 - 57:18muitas perdas.
-
57:22 - 57:25Como que a comunidade recebe isso?
-
57:25 - 57:26Bem, muito bem.
-
57:26 - 57:31Às vezes eles estão felizes com isso.
-
57:31 - 57:32Acreditem ou não,
-
57:32 - 57:37esse não é um tópico que
recebe muita atenção. -
57:42 - 57:44Mas nós nos mudamos para lá.
-
57:44 - 57:48Então nos tornamos vizinhos.
-
57:48 - 57:51E é assim como o povo vê isso.
-
57:51 - 57:54Nosso trabalho é trazer a atenção a isso,
-
57:54 - 57:57a destacar isso,
-
57:58 - 58:01criar um diálogo sobre isso.
-
58:04 - 58:07Eu acho que a performance
tem um papel especial -
58:07 - 58:10no trabalho que a gente desenvolve.
-
58:11 - 58:15Eu acho que é o contexto, eu acho
que é a própria natureza da performance -
58:15 - 58:19que nos permite usá-la.
-
58:21 - 58:24A performance é uma linguagem que é
muito importante -
58:24 - 58:26para nós.
-
58:27 - 58:30Nós, como um grupo de teatro,
-
58:30 - 58:37nós sempre estivemos muito ligados
à performance. -
58:37 - 58:43Nossos trabalhos sempre estiveram
enraizados em performance. -
58:43 - 58:45Talvez seja na praia,
-
58:45 - 58:49talvez seja um trabalho de arquivo.
-
58:49 - 58:52É um tipo de teatro que sempre nasceu
-
58:52 - 58:55do território.
-
58:55 - 58:57E eu vou parar por aqui.
-
58:57 - 59:00Desculpa, houve muitas perguntas. Eu
também quero abrir espaço pro Fernando. -
59:04 - 59:08Eu gostaria de falar sobre essa ideia do
fim do mundo. -
59:08 - 59:11Há um pensador importante no Brasil,
-
59:11 - 59:14o Airton Krenak,
-
59:14 - 59:17que diz que o mundo acabou várias vezes.
-
59:17 - 59:21Vários mundos acabaram.
-
59:22 - 59:24Então, quando nós vamos nessa
direção, -
59:24 - 59:27o que nós vemos é que isso
não é o fim "do" mundo, -
59:27 - 59:32mas o fim "de um" mundo.
-
59:32 - 59:37É algo que nos vai mostrar
uma nova experiência. -
59:37 - 59:39É parte de um ciclo.
-
59:39 - 59:44Não é o apocalipse que vai ser
o fim de todos nós. -
59:44 - 59:46Nós vamos ter que seguir lidando
com as -
59:46 - 59:50consequências das nossas ações,
nossas explorações, -
59:50 - 59:54nossas formas de interagir.
-
59:54 - 59:59Então, pode ser mais complexo que
simplesmente um fim, -
59:59 - 60:01algo que simplesmente
-
60:01 - 60:05acaba com os nossos problemas.
-
60:05 - 60:07O fim não existe.
-
60:14 - 60:18E os mundos têm se findado
por muito tempo. -
60:18 - 60:22Eu acho que Atafona fala sobre isso
-
60:22 - 60:27e em várias maneiras ele extrapola
e conecta -
60:27 - 60:31com várias outras experiências do fim,
-
60:31 - 60:33várias que nós temos vivido, e que estamos
vivendo agora. -
60:33 - 60:36E nós continuaremos a viver.
-
60:36 - 60:41Eu acho que há uma pedagogia existencial.
-
60:41 - 60:44É triste e feliz ao mesmo tempo.
-
60:45 - 60:46Ela traz uma tristeza e uma
-
60:46 - 60:50melancolia, por natureza.
-
60:55 - 60:57Eu acho que é uma experiência
muito rica -
60:57 - 61:01o viver nesse território, algo muito
valioso. -
61:01 - 61:03É isso.
-
61:08 - 61:10Eu vou tentar complementar
o que -
61:10 - 61:12a Julia disse.
-
61:17 - 61:22Vou começar com os pontos que
o Sergio tocou. -
61:25 - 61:27Me parece que
-
61:27 - 61:32quando nós trabalhamos com uma arte
e nós tentamos nos engajar, -
61:32 - 61:36nós tentamos ser responsáveis para com
o meio ambiente, -
61:36 - 61:41nós não temos uma pergunta,
-
61:41 - 61:43mas há algo que nós sabemos,
-
61:43 - 61:46que é que nós vamos tentar construir
alianças. -
61:46 - 61:49Nós vamos ter que abrir māo de
algumas coisas. -
61:49 - 61:54Nós vamos ter que nos envolver
com os territórios. -
61:54 - 61:59Nós vamos ter que passar um tempo ali.
-
62:03 - 62:05Esses são alguns pontos que
nós sabemos -
62:05 - 62:09que são vitais para que o nosso trabalho
faça sentido de alguma forma -
62:09 - 62:14para que ele tenha algum tipo de impacto
para as pessoas que vivem ali. -
62:18 - 62:19Nós vivemos ali,
-
62:19 - 62:22mas nós escolhemos viver ali.
-
62:22 - 62:24No entanto, há pessoas que vivem
ali porque -
62:24 - 62:29eles não têm nenhum outro
lugar para ir. -
62:29 - 62:33Nós sabemos que nossa presença ali
é diferente. -
62:33 - 62:38Sempre haverão estrangeiros lá, de uma
forma ou de outra. -
62:38 - 62:42Então, como é que o nosso trabalho
pode ser relevante para eles? -
62:42 - 62:45Nós não sabemos.
-
62:47 - 62:48Mas nós entendemos que
-
62:48 - 62:52existe arte que não se preocupa com isso.
-
62:52 - 62:55Existe arte que existe para produzir
-
62:56 - 63:01o processo de exploração,
-
63:05 - 63:06mas nós estamos ali
-
63:06 - 63:11e o nosso trabalho é às vezes
apontar o dedo e dizer "opa, -
63:11 - 63:15o que vocês estão fazendo aqui é isso",
como se você não está sendo de ajuda? -
63:15 - 63:16Me desculpem,
-
63:16 - 63:19Não tem som.
-
63:19 - 63:22Voltou.
-
63:27 - 63:31O som do Fernando parou.
-
63:31 - 63:37Existe um lugar parecido chamado
-
63:37 - 63:40Açu que... desculpem.
-
63:40 - 63:43Eu não consigo ouvir o Fernando.
-
63:49 - 63:52Então, temos que estar atentos.
-
64:03 - 64:08A arte pode ter diversas formas,
-
64:08 - 64:11várias formas de interação.
-
64:36 - 64:37Me desculpem.
-
64:37 - 64:39Não sei o que está acontecendo. Vou...
-
64:41 - 64:43Sim, está melhor agora.
-
64:50 - 64:55De onde recomeço a falar?
-
64:56 - 64:59De onde você parou.
-
65:02 - 65:06Me parece que existe uma nuance que nós
-
65:06 - 65:09podemos notar.
-
65:10 - 65:12As obras de arte existem.
-
65:12 - 65:15O som do Fernando parou de novo.
-
66:15 - 66:15Então, eu acho
-
66:15 - 66:20que nós temos ao menos
-
66:20 - 66:24um bom resumo da resposta.
-
66:25 - 66:30A conexão foi erodida.
-
66:33 - 66:35Eu acho que esse é o momento
-
66:35 - 66:38de fechar este espaço para que nós--
-
66:38 - 66:42ou será que a gente espera um pouco mais?
-
66:42 - 66:42Sim, vamos esperar.
-
66:42 - 66:44Vamos esperar então.
-
66:44 - 66:45Sim, vamos esperar.
-
66:45 - 66:47Até eles voltarem.
-
66:47 - 66:49Eu vou mandar uma mensagem
-
66:49 - 66:52ao celular deles.
-
67:09 - 67:11Ele tá dizendo que os dois
-
67:11 - 67:14perderam a conexão.
-
67:14 - 67:15Vamos ver o que ele diz.
-
67:15 - 67:18Ele tá digitando.
-
67:19 - 67:22Ele vai tentar de novo
-
67:22 - 67:24pelo celular.
-
67:32 - 67:34Você sabem que quando nós trabalhamos
hemisfericamente -
67:35 - 67:37sempre acontece algo com
-
67:37 - 67:41a conexão, sempre.
-
67:41 - 67:44O fuso horário.
-
67:44 - 67:48Então, nós sempre temos que ter um
pouco de, tipo um -
67:48 - 67:51contra-ataque, como um momento de
performance -
67:51 - 67:52para os intervalos quando as pessoas
vão embora. -
67:52 - 67:56Eu gostaria de nomear a Denise
-
67:56 - 67:59que cria shows de fantoche incríveis para
-
67:59 - 68:05ter algo pronto para sessões futuras.
-
68:05 - 68:07Para que o teatro de fantoches possa
-
68:07 - 68:10assumir a reunião quando a gente espera
a conexão retornar. -
68:12 - 68:15Seria uma maneira orgânica da gente
lidar com -
68:16 - 68:18o desconforto.
-
68:18 - 68:21Então.
-
68:22 - 68:28Exatamente.
-
68:28 - 68:30Eu também nomeio a Jess.
-
68:31 - 68:34Jess também pode prover...
-
68:34 - 68:42A Julia tá aqui.
-
68:46 - 68:48Ela voltou.
-
68:48 - 68:51Ela voltou.
-
68:52 - 68:54Desculpem.
-
69:00 - 69:02Vamos ver se o Fernando
-
69:02 - 69:04volta.
-
69:04 - 69:06Se não, ele vai vir aqui.
-
69:06 - 69:09Um segundo.
-
69:09 - 69:12Parece que ele está–
-
69:13 - 69:15Fernando?
-
69:21 - 69:24Pode me ouvir?
-
69:47 - 69:48Mas como que o efeito da erosão pode--
-
69:59 - 70:01é o fim do mundo.
-
70:01 - 70:03O começo do mundo.
-
70:03 - 70:06Nós estávamos falando sobre
a relaçāo-- -
70:08 - 70:12--ela tem dimensões que
-
70:16 - 70:20nem sempre se relacionam ao
-
70:20 - 70:24comprometimento
-
70:24 - 70:28ativista,
-
70:28 - 70:32e o Invento o Cais mostra esse
comprometimento. -
70:34 - 70:37Nós temos outros trabalhos.
-
70:38 - 70:41Outros trabalhos que são mais
territoriais -
70:41 - 70:44como o museu móvel.
-
70:44 - 70:47A ideia é criar um diálogo direto
-
70:50 - 70:53com a comunidade
-
70:53 - 70:56nós queremos trazer nossas obras para
a comunidade, -
70:57 - 71:01para a comunidade de pescadores,
-
71:01 - 71:04mas nós temos que tomar cuidado.
-
71:04 - 71:06Nós sempre temos que estar pensando
sobre isso. -
71:06 - 71:10Não importa onde eu trabalhe
-
71:10 - 71:13com pintura.
-
71:13 - 71:16Existe alguma maneira que eu possa
fazer essa obra ecoar -
71:16 - 71:21com esse local?
-
71:21 - 71:24Então, aqui respondendo a pergunta do Sérgio.
-
71:37 - 71:41Agora falando sobre as questões da Laura,
eu falei sobre a ideia -
71:46 - 71:51de criar uma linguagem que está conectada à
erosāo. -
71:51 - 71:55É algo que aprendemos ao longo do tempo,
que a gente cresce pensando que -
72:01 - 72:05o artista é esse tipo de gênio
-
72:05 - 72:08que está criando algo muito especial
-
72:08 - 72:12e muito diferente.
-
72:12 - 72:15Existe uma--
-
72:15 - 72:17o ego tem um papel importante.
-
72:17 - 72:21Mas o que nós pensamos agora é
que as obras existem -
72:21 - 72:25para se criar com elas, e para criar
parcerias. -
72:25 - 72:29Claro, nós ainda somos os autores
-
72:32 - 72:36de alguma forma, mas nós compartilhamos
-
72:36 - 72:40a autoria com o território.
-
72:42 - 72:46Agora nós sabemos que esse trabalho não é
simplesmente -
72:51 - 72:53o produto de um gênio artista.
-
72:53 - 72:56Nós estamos escutando o que a erosão
está produzindo, -
72:57 - 73:01o que o território nos diz.
-
73:01 - 73:04Nós estamos trabalhando com um tipo
de intérprete. -
73:04 - 73:08Eu acho que a ideia da tradução
-
73:09 - 73:11nas artes é algo que é bem interessante.
-
73:11 - 73:15Nós também podemos entender a arte
sobre essa perspectiva. -
73:24 - 73:27Algo que vai além do humano.
-
73:27 - 73:31A arte não pertence somente à
perspectiva humana. -
73:33 - 73:38Nós podemos pensar sobre a arte
dessa forma, e esse tipo de arte -
73:38 - 73:43que a gente trabalha, tem algo que
realmente existe nesse, -
73:43 - 73:50nesse ponto de encontro, que existe
-
73:50 - 73:55dentro desses processos ambientais.
-
73:55 - 73:59Que existe dentro dos sentidos.
-
73:59 - 74:02Eu não acho que exista uma maneira de
criar essa linguagem -
74:05 - 74:09por fora desse relacionamento.
-
74:09 - 74:14Mas eu acho que, uma vez criado,
-
74:14 - 74:16sim, que a linguagem pode expandir.
-
74:16 - 74:20Sim, nós estamos trabalhando localmente,
mas nós entendemos que esses tópicos säo -
74:20 - 74:23globais.
-
74:23 - 74:24Eles são específicos à Atafona,
-
74:24 - 74:29e Atafona reflete questões que
existem em outros lugares. -
74:29 - 74:34Eu acho que isso é refletido nas obras.
-
74:41 - 74:45Talvez eu esteja perdendo algo.
-
74:49 - 74:51Mas, em termos gerais, eu acho que é isso.
-
74:53 - 74:55É isso que tinha para compartilhar
com vocês. -
74:55 - 74:57Esses são meus pensamentos.
-
74:57 - 75:00E agora, o que fazemos?
-
75:18 - 75:20Liguem as suas câmeras
e aplaudam. -
75:23 - 75:27Eu não sei se
tem alguém aqui -
75:29 - 75:33que gostaria de falar algo? Porque
estou só eu, Laura e Shauna. -
75:33 - 75:37Mas talvez há outra pessoa que queira
comentar. -
75:37 - 75:41Eu gostaria de abrir o espaço.
-
75:50 - 75:54Tá todo mundo com vergonha de falar.
-
76:03 - 76:07Tudo bem.
-
76:08 - 76:10Sem problemas.
-
76:10 - 76:11Sim, eu acho que precisamos
encerrar. -
76:11 - 76:14De qualquer forma, nós
-
76:14 - 76:16precisamos aplaudir o Firmo
-
76:16 - 76:17que está fazendo um trabalho
sensacional. -
76:17 - 76:20Obrigada, Firmo.
-
76:23 - 76:24Foi incrível.
-
76:36 - 76:37Sempre.
-
76:37 - 76:40Obrigado, obrigado a todos.
-
76:49 - 76:51Obrigado por essa oportunidade.
-
76:51 - 76:53É muito importante para nós.
-
76:53 - 76:56É muito importante ser parte disso.
-
76:56 - 76:57Eu não acho que eu
-
76:57 - 76:58agradeci a todos do The Coop.
-
76:58 - 77:01Nós realmente estamos muito agradecidos
-
77:05 - 77:08por esta oportunidade de
compartilhar isso com vocês. -
77:08 - 77:11E esperamos que a gente continue
este diálogo. -
77:11 - 77:14É um trabalho muito importante.
-
77:16 - 77:18Sim, estamos muito felizes com isso.
-
77:18 - 77:22Eu vou pegar o microfone agora para
-
77:26 - 77:31agradecer em nome do Encontros Hemisféricos,
que é essa rede bem grande de pessoas. -
77:31 - 77:36O Fernando é o nosso membro pós-doc.
-
77:36 - 77:40Ele acabou de concluir o seu projeto
-
77:40 - 77:43e eu gostaria de agradecê-lo.
-
77:43 - 77:46Ele nos deu a oportunidade de nos encontrar
na Casa Duna. -
77:46 - 77:51Também gostaria de agradecer por
essa parceria -
77:53 - 77:56e gostaria de continuar trabalhando
com vocês. -
77:56 - 77:59É isso.
-
78:02 - 78:05Obrigada a todos.
-
78:11 - 78:13Muito obrigada a todos.
-
78:16 - 78:17
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