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The Coop | Reflections on Invento o Cais with Fernando Codeço, Julia Naidin, Sérgio Andrade, Shauna Janssen, and Laura Levin

  • 0:11 - 0:15
    Olá e bem-vindos ao The Coop, a HEN
    Hangout
  • 0:15 - 0:21
    e estamos muito felizes em receber vocês
    para nossa primeira sessão de 2025.
  • 0:21 - 0:25
    Nós somos os organizadores do The Coop.
  • 0:25 - 0:28
    Eu sou T Braun, Franklin Bonivento
    van Grieken
  • 0:28 - 0:30
    ...
  • 0:30 - 0:32
    Denise Rogers Valenzuela,
  • 0:32 - 0:35
    e fazemos a curadoria do The Coop.
  • 0:35 - 0:40
    Nós trabalhamos em consultoria com Laura
    Levin e Tracy Tidgwell, e Firmo Neves
  • 0:40 - 0:46
    fará a tradução em tempo real.
  • 0:46 - 0:50
    Então para ativar a tradução,
    você seleciona o ícone do globo
  • 0:50 - 0:55
    na parte inferior da sua tela,
    e se você não ver nada, clique em "mais".
  • 0:55 - 0:58
    E se chama "interpretação"
    para que você possa escutar.
  • 0:58 - 1:01
    Denise está mostrando.
  • 1:01 - 1:03
    Você pode escutar o áudio original
  • 1:03 - 1:07
    em inglês ou português,
    e você vai escutar duas vozes
  • 1:07 - 1:12
    durante a interpretação:
    o palestrante original e o Firmo.
  • 1:12 - 1:16
    Mas se isso for muito estimulante
    sensorialmente, você pode silenciar
  • 1:16 - 1:20
    o áudio original e você pode escolher
    entre essas duas opções
  • 1:20 - 1:24
    durante o evento, e essa informação
    que publicamos no chat.
  • 1:24 - 1:31
    Se vocês tiverem qualquer dificuldade
    técnica, pergunte à Denise no chat.
  • 1:31 - 1:33
    Sim, e também
  • 1:33 - 1:37
    teremos legenda em inglês
  • 1:37 - 1:43
    e para ativar as legendas
    vocês podem clicar nos três pontinhos
  • 1:43 - 1:46
    onde está escrito "mais".
  • 1:46 - 1:51
    E se vocês não conseguirem ver as legendas,
    que são um ícone de "cc" em uma caixinha
  • 1:51 - 1:55
    também na parte inferior da tela.
  • 1:55 - 1:55
    Sim.
  • 1:55 - 1:58
    E se vocês tiverem alguma pergunta,
    é só me mandar uma mensagem.
  • 1:59 - 1:59
    Sim,
  • 1:59 - 2:02
    E para finalizar,
    A gente queria informar que nós estaremos
  • 2:02 - 2:05
    gravando nosso evento para o
    nosso arquivo,
  • 2:05 - 2:09
    e a The Coop é um espaço de encontros
    online onde convidamos pessoas
  • 2:09 - 2:14
    vinculadas ao Hemispheric Encounters
    Network, e além, para uma conversa.
  • 2:14 - 2:18
    E embora muitos de vocês já estão
    envolvidos com o Encontros Hemisféricos,
  • 2:18 - 2:23
    o Hemispheric Encounters Network,
    ou HEN, para abreviar,
  • 2:23 - 2:27
    é uma rede crescente
    de ativistas, artistas,
  • 2:27 - 2:32
    acadêmicos, estudantes e organizações
    comunitárias de todas as Américas
  • 2:32 - 2:36
    que exploram a performance hemisférica
    como metodologia,
  • 2:36 - 2:42
    estratégia pedagógica,
    e uma ferramenta para mudança social.
  • 2:42 - 2:43
    E se
  • 2:43 - 2:46
    você gostaria de saber mais sobre
    as futuras sessões do The Coop,
  • 2:46 - 2:50
    você pode seguir a Hemispheric Encounters
    no Instagram no @hemiencounters.
  • 2:50 - 2:51
    E se você gostaria de assistir
  • 2:51 - 2:55
    alguma sessão passada ou algo que você
    perdeu, você pode vê-los no site da HEN.
  • 2:55 - 2:58
    Você também pode entrar em contato
    conosco por email:
  • 2:58 - 3:02
    the.coop.hangout@gmail.com .
  • 3:02 - 3:03
    Eu vou colar esses links no chat.
  • 3:03 - 3:05
    Então, sem problemas.
  • 3:05 - 3:07
    Vocês não precisam memorizar toda
    essa informação,
  • 3:07 - 3:10
    é mais para que vocês saibam
    onde nos encontrarem.
  • 3:10 - 3:10
    Ok.
  • 3:10 - 3:15
    E antes de ouvirmos nossos convidados,
    vamos oferecer um reconhecimento de terra.
  • 3:15 - 3:18
    Hoje, estamos reunidos online.
  • 3:18 - 3:21
    Então estamos todos em territórios
    diferentes, cada um com seus próprios
  • 3:21 - 3:28
    cuidadores originais, e suas próprias
    histórias coloniais se desenrolando.
  • 3:28 - 3:29
    Mas o Franklin e eu
  • 3:29 - 3:33
    estamos em Tiohtià:ke, ou no que é
    conhecido como Montreal.
  • 3:33 - 3:37
    Então, hoje
    falarei sobre nossa perspectiva.
  • 3:37 - 3:42
    Montreal corresponde ao território
    não cedido do povo Kanien'kéha,
  • 3:43 - 3:46
    e o nome deste território em
    Kanien'kéha é Tiohtià:ke,
  • 3:46 - 3:50
    que significa "partido em dois",
    já que esta é uma ilha
  • 3:50 - 3:54
    que é rodeada por dois rios
    e tem sido um ponto de encontro
  • 3:54 - 3:58
    para muitos povos originários,
    e continua sendo.
  • 3:58 - 4:02
    E nós reconhecemos
    que nosso reconhecimento é defeituoso
  • 4:02 - 4:05
    e que reconhecimentos de terra,
    no geral, podem ser problemáticos.
  • 4:05 - 4:09
    Mas, como anfitriões deste evento,
    ainda queremos agradecer
  • 4:09 - 4:15
    aos anfritriões originais desta terra
    e destas águas, o povo Kanien'kéha
  • 4:15 - 4:19
    e nos lembrar
    das relações materiais e históricas
  • 4:19 - 4:24
    que permitem que nossas vidas offline
    e este encontro virtual aconteçam.
  • 4:24 - 4:28
    E tenho certeza que a conversa de hoje
    vai nos oferecer perspectivas
  • 4:28 - 4:30
    perspicazes sobre essas questões.
  • 4:31 - 4:32
    Sim.
  • 4:32 - 4:33
    Nós também temos aqui a Tracy
  • 4:33 - 4:37
    Tidgwell, a quem eu gostaria de agradecer e
    enviar pensamentos positivos para Vernada,
  • 4:37 - 4:39
    sua gata, que não está passando tão bem.
  • 4:39 - 4:43
    Então, vamos agora falar com o
    nosso convidado, e hoje
  • 4:43 - 4:47
    vamos ter uma conversa sobre a exposição
    "Invento o Cais"
  • 4:47 - 4:50
    no SESC Niterói, com curadoria de Julia
  • 4:50 - 4:55
    Naidin, Fernando Codeço e Daniel
    Toledo, que mostra obras de 14
  • 4:55 - 4:59
    artistas das residências CasaDuna
    na praia de Atafona,
  • 4:59 - 5:04
    uma das regiões mais vulneráveis
    às mudanças climáticas do mundo,
    no Rio de Janeiro.
  • 5:04 - 5:08
    Através de reflexões sobre erosão marinha,
    as obras de arte
  • 5:08 - 5:12
    exploram questões ambientais, e
    perspectivas e processos coletivos
  • 5:12 - 5:16
    que reinterpretam processos de erosão,
    nāo somente como destruição,
  • 5:16 - 5:21
    mas como catalisadores para novas
    formas de ver, adaptar-se e agir no mundo.
  • 5:21 - 5:25
    Participam da conversa os curadores
    Julia Naidin e Fernando Codeço,
  • 5:25 - 5:28
    assim como o pesquisador Sérgio Pereira
    Andrade, professor
  • 5:28 - 5:33
    no Departamento de Artes e Cultura
    de Estudos Teatrais da Universidade
  • 5:33 - 5:37
    de Amsterdã, na Holanda.
  • 5:37 - 5:40
    Também temos a Shauna Janssen,
    professora de performance
  • 5:41 - 5:44
    e criação no departamento de Teatro da
    Universidade de Concórdia, em Montreal,
  • 5:44 - 5:48
    e Laura Levin, professora e diretora
  • 5:48 - 5:51
    do Hemispheric Encounters, da Universidade
    York.
  • 5:51 - 5:55
    Então, por favor, Fernando, Julia,
    contem-nos mais sobre esse projeto
  • 5:55 - 6:03
    maravilhoso. A palavra é de vocês.
    Bem-vindos.
  • 6:03 - 6:04
    Ok.
  • 6:04 - 6:07
    Boa tarde a todos.
  • 6:07 - 6:11
    Meu nome é Júlia, vou tentar falar em
    inglês, mas se eu tiver problemas,
  • 6:12 - 6:16
    Nós temos o Firmo aqui para nos ajudar.
  • 6:16 - 6:19
    Primeiro, gostaria de agradecer a todos
    vocês
  • 6:19 - 6:22
    por nos receber e pela oportunidade
    de falar sobre a exposição.
  • 6:22 - 6:26
    É um prazer para nós poder
    compartilhar isto com vocês.
  • 6:26 - 6:29
    Nós ficamos muito felizes com o resultado
  • 6:30 - 6:34
    dessa exposição, e nós achamos que
  • 6:34 - 6:38
    esta é uma forma de mostrar partes do
    trabalho que estávamos fazendo ali,
  • 6:38 - 6:42
    de uma maneira mais concreta,
  • 6:42 - 6:44
    e, como posso dizer, visível.
  • 6:44 - 6:47
    Então
  • 6:48 - 6:53
    podemos começar
  • 6:53 - 6:55
    com o
  • 6:55 - 6:57
    Power Point.
  • 6:57 - 7:00
    Esta é uma ótima introdução
  • 7:00 - 7:04
    Para que vocês saibam que no últimos anos
    nós recebemos
  • 7:04 - 7:10
    mais de 60 artistas e pesquisadores
    ali em Atafona
  • 7:10 - 7:12
    compartilhando interesses
  • 7:12 - 7:16
    e pensamentos em sobre como
    a arte pode mudar
  • 7:16 - 7:20
    a perspectiva
  • 7:20 - 7:23
    em alguns territórios
  • 7:23 - 7:27
    e também sobre como podemos
    nos comunicar
  • 7:27 - 7:31
    sobre a situação,
    expandindo as narrativas
  • 7:31 - 7:34
    para que não fiquem somente
  • 7:34 - 7:39
    localizadas no território, para que
    amplifiquemos
  • 7:39 - 7:41
    o debate.
  • 7:41 - 7:45
    Então, para esta exposição,
  • 7:45 - 7:48
    nós selecionamos os artistas,
  • 7:48 - 7:55
    e, especialmente, artistas de alguns
    grupos específicos que estiveram lá.
  • 7:55 - 8:01
    Um grupo específico com Daniel Toledo em 2022
  • 8:01 - 8:04
    e outro com Hernández
  • 8:04 - 8:09
    sobre erosões visuais, em 2018
  • 8:09 - 8:12
    e também com um grupo–
  • 8:12 - 8:15
    uma escola de artes no Rio
  • 8:15 - 8:19
    chamada Escola Sem Sítio,
    podemos traduzir talvez
  • 8:19 - 8:25
    como "Escola Sem Lugar," em 2019.
  • 8:25 - 8:30
    Então, nós vamos mostrar um pouco
    das 14 obras
  • 8:30 - 8:35
    que nós decidimos trazer para esta
    exposição.
  • 8:35 - 8:41
    Então, Fernando, se você puder passar
    de novo.
  • 8:44 - 8:47
    Como metodologia de trabalho,
  • 8:47 - 8:51
    nós sempre tentamos
  • 8:51 - 8:54
    nos posicionar como mediadores
  • 8:54 - 8:58
    entre o artista e o território,
  • 8:58 - 9:01
    já que moramos lá nos últimos sete anos.
  • 9:02 - 9:03
    Então, nós os recebemos.
  • 9:03 - 9:07
    E, acima de tudo, nós,
  • 9:07 - 9:08
    nós nos focamos
  • 9:08 - 9:15
    na experiência com o ambiente,
    com a atmosfera, com a erosão
  • 9:15 - 9:19
    e também com a parte positiva do ambiente,
  • 9:19 - 9:24
    o prazer que o ambiente ainda nos pode
    oferecer ali.
  • 9:24 - 9:29
    Então, nossa mediação era focada
    na escuta
  • 9:30 - 9:34
    às pessoas que viviam ali, e que
    convivem com
  • 9:34 - 9:37
    a erosão, que aprendem
  • 9:37 - 9:42
    a viver com a erosão e se adaptam
  • 9:42 - 9:46
    à crise climática que o território
  • 9:46 - 9:50
    têm vivido nos últimos 17 anos.
  • 9:51 - 9:56
    Então nós temos ali
    pessoas que já perderam
  • 9:57 - 10:02
    não apenas uma casa,
    mas às vezes cinco casas, sete casas.
  • 10:02 - 10:08
    E como que as pessoas se adaptam a isso
    e criam um processo de convivência?
  • 10:08 - 10:10
    Nós achamos que existe
  • 10:10 - 10:17
    um tipo de experiência pedagógica nesse
  • 10:17 - 10:18
    convívio
  • 10:18 - 10:21
    com a erosão,
  • 10:21 - 10:23
    e nós achamos que essa é
  • 10:23 - 10:26
    uma mensagem importante
    a ser recebida pelos artistas.
  • 10:27 - 10:30
    Então, o nosso trabalho ali,
    como vocês poderão ver,
  • 10:30 - 10:37
    não é focado apenas em
    trabalhos em
  • 10:37 - 10:39
    um ambiente especial,
  • 10:39 - 10:42
    separado do artista durante a sua
    criação,
  • 10:42 - 10:46
    mas também na praia,
  • 10:46 - 10:50
    no mar, no rio, com o povo.
  • 10:50 - 10:54
    É o que gostaríamos de pensar
  • 10:54 - 10:57
    como arte contextual, arte ambiental,
  • 10:57 - 11:02
    que é criada e construída em contexto,
  • 11:03 - 11:07
    e não como experiência isolada.
  • 11:07 - 11:11
    Então aqui têm umas imagens
    dessas experiências
  • 11:11 - 11:15
    de caminhadas, convivências,
    e de sentir o território.
  • 11:16 - 11:20
    Nós acreditamos muito
    no tipo de informação
  • 11:20 - 11:23
    que essa experiência pode proporcionar
  • 11:23 - 11:26
    ao processo criativo.
  • 11:26 - 11:33
    Fernando, pode passar, por favor.
  • 11:33 - 11:37
    Esta é uma imagem do processo dos
    artistas.
  • 11:37 - 11:40
    É uma imagem de dentro da casa,
    como vocês podem ver.
  • 11:41 - 11:44
    Mas também você pode ver
    algumas das peças
  • 11:44 - 11:48
    que os artistas costumavam colecionar
    na praia.
  • 11:48 - 11:55
    No lado direito, vocês podem ver esses
    pequenos...
  • 11:55 - 12:00
    –uma palavra em inglês que eu não sei é
    "tijolo", Firmo.
  • 12:00 - 12:03
    As pequenas
  • 12:04 - 12:06
    peças que as pessoas usam para
    construir casas.
  • 12:06 - 12:10
    Então quando as casas são destruídas
    no processo
  • 12:11 - 12:13
    de erosão com o mar,
  • 12:13 - 12:16
    o mar e o processo de erosão
  • 12:16 - 12:21
    fazem um tipo de escultura,
    essa palavra
  • 12:21 - 12:25
    que não sei traduzir (tijolo)
  • 12:25 - 12:27
    é a base dessas casas.
  • 12:27 - 12:29
    Tijolo ("brick"), sim. Obrigada.
  • 12:29 - 12:33
    E sim, então
  • 12:33 - 12:39
    aqui vocês podem ver,
    você pode ter uma estimativa de tempo
  • 12:39 - 12:42
    que o tijolo está rolando
  • 12:42 - 12:45
    no mar e na praia.
  • 12:45 - 12:48
    E nós temos tamanhos diferentes
    desses tijolos,
  • 12:48 - 12:51
    então é um
  • 12:51 - 12:54
    processo interessante que um dos
    artistas
  • 12:54 - 12:58
    fez, não só ele, mas
    é um processo interessante
  • 12:58 - 13:03
    de pensar sobre como o tempo
    processa também a destruição.
  • 13:03 - 13:06
    Do outro lado, nós temos um artista
  • 13:06 - 13:10
    que trabalhou bastante fotografando,
    e depois
  • 13:10 - 13:15
    fazendo colagens, com a–
  • 13:15 - 13:16
    não sei se "colagem"
  • 13:16 - 13:20
    é a palavra certa, mas
    fazendo
  • 13:20 - 13:25
    certas fotografias, cortando e
    arranjando-as para
  • 13:25 - 13:31
    pensar de forma diferente sobre as
    imagens e a imaginação que pode,
  • 13:31 - 13:37
    que pode ser criada quando se
    reorganiza as imagens.
  • 13:37 - 13:40
    Então, pode passar.
  • 13:40 - 13:43
    Ali, essa foto é de um lugar
  • 13:43 - 13:44
    específico.
  • 13:44 - 13:49
    É um bar, e também ateliê,
    que também é uma casa.
  • 13:49 - 13:52
    Onde vivia um grande
  • 13:52 - 13:55
    amigo nosso, o Nico.
  • 13:55 - 14:01
    E a sua casa era maravilhosa
    porque ele criava e vivia ali.
  • 14:01 - 14:04
    Nessa casa
  • 14:04 - 14:09
    era o bar onde ele vendia drinks,
    mas também onde
  • 14:09 - 14:13
    ele trabalhava com o material
    da terra,
  • 14:13 - 14:16
    também, para construir
  • 14:16 - 14:21
    um lugar muito específico
    criado totalmente por ele.
  • 14:21 - 14:24
    E ele também tinha essa concepção
  • 14:24 - 14:29
    de criar com o que a terra dá,
  • 14:29 - 14:32
    com o que o mar dá,
  • 14:32 - 14:35
    e re-imaginar funções,
  • 14:35 - 14:40
    e imagens com tudo isso que,
  • 14:40 - 14:44
    na maioria das vezes, as pessoas
    associam com lixo e entulho.
  • 14:44 - 14:47
    Então, foi nesse lugar específico
  • 14:47 - 14:52
    onde nós levávamos os artistas ali,
    para ampliar
  • 14:52 - 14:55
    suas perspectivas sobre a arte
  • 14:55 - 14:58
    e que podíamos usar
  • 14:58 - 15:04
    para recriar os materiais.
  • 15:04 - 15:08
    Você pode passar, Fê, por favor.
  • 15:13 - 15:13
    Esse é o
  • 15:13 - 15:18
    Daniel Toledo, que também é artista
  • 15:18 - 15:21
    e é o curador da exposição.
  • 15:21 - 15:25
    Ali ele está escrevendo "futuro" na areia
  • 15:25 - 15:28
    Mas o que parece ser areia, nessa imagem,
  • 15:28 - 15:35
    era de fato o resto de uma rua.
  • 15:35 - 15:37
    Como posso dizer essa palavra
    em inglês?
  • 15:37 - 15:42
    Também, (concreto).
  • 15:42 - 15:44
    Sim, o concreto da rua.
  • 15:44 - 15:50
    Ali havia uma rua,
    mas o mar destruiu.
  • 15:50 - 15:54
    Essa área específica tinha
  • 15:54 - 15:57
    quatro quilômetros em frente.
  • 15:57 - 16:03
    E o que agora acontece nessa praia
  • 16:03 - 16:07
    é que toda a cidade está voltando
    para atrás.
  • 16:07 - 16:11
    À medida que o mar avança na cidade,
  • 16:11 - 16:17
    a cidade se reconstrói de volta,
  • 16:17 - 16:20
    como o mar veio, e
  • 16:20 - 16:23
    as construções voltam para atrás.
  • 16:23 - 16:27
    E ali, não sei se vocês podem ver,
  • 16:28 - 16:31
    essa área tem um limite entre a areia
  • 16:32 - 16:35
    e onde está escrito "futuro."
  • 16:35 - 16:40
    Essa imagem do "futuro" é uma
    imagem catastrófica,
  • 16:40 - 16:45
    Mas também nos convida a pensar sobre
  • 16:45 - 16:46
    o "futuro".
  • 16:46 - 16:50
    E o que podemos fazer nessa situação.
  • 16:50 - 16:53
    Mas esse é um trabalho que o Daniel
  • 16:53 - 16:57
    tem feito em locais diferentes
  • 16:57 - 17:00
    e ele tem pensado sobre isso como
  • 17:00 - 17:06
    uma crise, uma problemática
    e ele tem alcançado isso
  • 17:06 - 17:07
    em muitos lugares diferentes.
  • 17:07 - 17:10
    Nesse caso, ele escolhe esse lugar.
  • 17:11 - 17:15
    E eu acho que foi um trabalho específico.
  • 17:15 - 17:19
    Não era o que estava em sua posição, mas
  • 17:19 - 17:22
    nós escolhemos mostrar a vocês
  • 17:22 - 17:25
    por causa dessa experiência limitada,
  • 17:25 - 17:31
    que isso foi escrito nesse lugar,
    pode nos trazer.
  • 17:31 - 17:33
    Você pode
  • 17:33 - 17:39
    seguir, Fernando, por favor.
  • 17:39 - 17:44
    Aqui vocês tem uma experiência
  • 17:44 - 17:47
    dos trabalhos em vídeo que
    aconteceram ali,
  • 17:47 - 17:55
    na imagem acima, é
    Fernanda Branco, e
  • 17:55 - 18:00
    ela ficou por ali repetidamente, com essas
  • 18:00 - 18:03
    raízes das árvores
  • 18:03 - 18:07
    e fez uma certa forma de dança
  • 18:07 - 18:13
    onde ela vai para trás e ela entrou
    nessa árvore
  • 18:13 - 18:15
    e então
  • 18:15 - 18:18
    ela dançou nessa raiz
  • 18:18 - 18:22
    e nós temos um vídeo dessa performance
    na exposição
  • 18:23 - 18:26
    e é um vídeo impactante.
  • 18:26 - 18:29
    Talvez vocês possam assistir
    em outro momento, se vocês quiserem
  • 18:29 - 18:32
    nós podemos falar com ela e talvez
    mandá-lo pra vocês
  • 18:32 - 18:36
    porque é uma certa fusão entre,
  • 18:36 - 18:39
    entre o corpo e a raiz,
  • 18:39 - 18:44
    com o mar que entrou na raiz,
    enquanto ela estava ali.
  • 18:44 - 18:48
    Então é um trabalho muito sensível,
    também.
  • 18:48 - 18:51
    Você pode passar, Fer, por favor.
  • 18:56 - 18:59
    Aqui é dentro da casa do Nico,
    como vocês podem ver.
  • 18:59 - 19:04
    Estava comentando com vocês como que ele
    construiu tudo, cada nicho desse bar
  • 19:04 - 19:10
    foi construído por ele com qualquer
    material que você possa imaginar.
  • 19:10 - 19:13
    Tipo, não há limites para
  • 19:13 - 19:19
    o que é uma base de uma
    criação artística.
  • 19:19 - 19:24
    E tem outra residente,
    Luciana Vasconcellos, que passou
  • 19:24 - 19:29
    alguns dias conosco ali e fez
    algumas performances
  • 19:29 - 19:32
    nesse bar.
  • 19:32 - 19:34
    E o Fernando conseguiu
  • 19:34 - 19:39
    tirar algumas fotos
    e na exposição nós,
  • 19:39 - 19:44
    nós conseguimos por algumas fotos
    nela, em um "lambe"–
  • 19:44 - 19:48
    Não sei se você sabe, eu preciso de
    ajuda para traduzir "lambe",
  • 19:48 - 19:51
    não sei se tem tradução para isso
    em inglês.
  • 19:51 - 19:54
    "Wallpaper."
  • 19:54 - 19:55
    "Wallpaper", talvez.
  • 19:55 - 19:57
    Obrigada, Mari.
  • 19:57 - 20:00
    Eu acho que é colado com farinha-
  • 20:00 - 20:03
    "pôster de farinha de trigo".
  • 20:03 - 20:05
    (Em português) como se fossem
  • 20:05 - 20:08
    cartazes com cola
  • 20:09 - 20:11
    de, feita com cola
  • 20:11 - 20:15
    de, de farinha.
  • 20:15 - 20:20
    "Wheat based posters." É o nome
    da técnica.
  • 20:21 - 20:25
    É, que é muito popular por ser barato,
    né, e por
  • 20:25 - 20:28
    ter essa coisa de ser uma coisa rápida.
  • 20:28 - 20:31
    (Em inglês) Não há um esforço em
  • 20:32 - 20:36
    manter a estrutura e a integridade
    do trabalho.
  • 20:36 - 20:39
    É possível fazê-lo rapidamente
  • 20:39 - 20:44
    e ele pode ser destruído
    rapidamente também.
  • 20:44 - 20:47
    E houveram algumas boas imagens
  • 20:47 - 20:51
    aqui, que nós pudemos usar
    na exposição também.
  • 20:51 - 20:54
    Então, Fer, pode passar.
  • 20:58 - 20:59
    Aqui temos a
  • 20:59 - 21:03
    Mariana Moraes que acabou de
    se juntar conosco na reunião,
  • 21:03 - 21:07
    nos ajudando com a tradução
    e ela estava fazendo
  • 21:07 - 21:10
    essa é uma performance
  • 21:10 - 21:13
    que–também não sei essa palavra.
  • 21:13 - 21:17
    "Redes de pesca". Quem pode me ajudar?
  • 21:17 - 21:20
    É o material que os pescadores usam para–
  • 21:20 - 21:23
    "Fishnet."
  • 21:24 - 21:24
    Isso.
  • 21:27 - 21:31
    É a maneira tradicional
  • 21:31 - 21:35
    na qual os pescadores trabalham,
    não como as grandes
  • 21:35 - 21:38
    estruturas de pesca.
  • 21:38 - 21:40
    "Fish net", sim.
  • 21:40 - 21:44
    E também a Mariana,
    depois dessa performance,
  • 21:45 - 21:49
    no outro lado da tela,
    vocês podem ver o processo
  • 21:49 - 21:52
    da vídeo-performance que ela fez ali
  • 21:53 - 21:55
    em 2022.
  • 21:55 - 21:58
    E esse vídeo foi para a exposição.
  • 21:58 - 22:01
    Não a performance com a rede de pesca,
  • 22:01 - 22:05
    mas vocês podem também ver o ambiente.
  • 22:05 - 22:08
    E nós também queremos mostrar
    a vocês um pouco do
  • 22:08 - 22:11
    visual do ambiente ali
  • 22:11 - 22:15
    e como nós estamos tentando
  • 22:15 - 22:19
    fazer os trabalhos
  • 22:19 - 22:23
    sempre sendo criados no território,
  • 22:23 - 22:26
    e não de maneira isolada.
  • 22:26 - 22:28
    Você pode passar, Fer, por favor.
  • 22:31 - 22:34
    Ok, aqui está o Tetsuya,
  • 22:35 - 22:38
    ele também é video-artista
  • 22:38 - 22:41
    e ele trabalha com
  • 22:41 - 22:45
    filmes antigos e
  • 22:45 - 22:48
    aqui nessa imagem vocês podem ver
  • 22:48 - 22:55
    que ele estava enterrando o filme na areia,
  • 22:55 - 22:58
    "burying", como "enterrando".
  • 22:58 - 23:03
    Então na areia
  • 23:03 - 23:06
    onde moram pequenos
    animais e formas de vida,
  • 23:06 - 23:10
    acabam interferindo no filme
  • 23:10 - 23:15
    e depois ele processa o filme e roda
  • 23:15 - 23:19
    o filme na exposição.
  • 23:19 - 23:22
    Então você tem uma imagem muito
    específica
  • 23:22 - 23:26
    como resultado desse trabalho e ele
    trabalhou ali–
  • 23:26 - 23:31
    essa imagem é na areia com o mar
    interferindo também, como vocês podem ver.
  • 23:31 - 23:34
    Mas ele também pôs o filme
  • 23:34 - 23:37
    dentro do rio por alguns dias
  • 23:37 - 23:40
    e ele foi exposto aos peixes,
  • 23:40 - 23:44
    à flora, não sei–
  • 23:44 - 23:47
    tudo no mar, e a vida animal
  • 23:47 - 23:52
    que interfere no filme, e depois
    é maravilhoso assistir ao resultado.
  • 23:52 - 23:56
    E nós também o pusemos na
    exposição.
  • 23:56 - 23:58
    Fer, passa, por favor.
  • 24:00 - 24:02
    Esse é o Vitor.
  • 24:02 - 24:05
    Ele é pintor e ator.
  • 24:05 - 24:09
    Ele trabalhava com teatro.
  • 24:09 - 24:13
    Mas como nós sabemos que ele
    pinta, nós o convidamos
  • 24:13 - 24:16
    para a residência e pedimos a ele
  • 24:16 - 24:22
    para fazer algumas pinturas nas
    casas que estavam abandonadas
  • 24:22 - 24:24
    pelos antigos
  • 24:24 - 24:26
    moradores.
  • 24:30 - 24:33
    E aqui temos ele em uma performance.
  • 24:33 - 24:37
    Performando com essas,
  • 24:37 - 24:40
    não sei, "bandeiras".
  • 24:41 - 24:42
    "Flags". Sim.
  • 24:42 - 24:48
    Essa bandeira branca, é Carol Valansi,
    outra
  • 24:48 - 24:50
    artista que estava conosco.
  • 24:50 - 24:54
    E esse dia estava,
    como vocês podem ver, nublado.
  • 24:54 - 24:58
    Estava garoando e com um vento forte.
  • 24:58 - 25:07
    Então, essas bandeiras brancas
    representavam
  • 25:07 - 25:12
    algo como um sinal da paz.
  • 25:12 - 25:19
    Mas nesse ambiente, não havia paz,
  • 25:19 - 25:22
    era um ambiente em tensão
  • 25:22 - 25:26
    com a natureza, sempre em conflito
  • 25:27 - 25:32
    entre a construção da cidade
    e o mar
  • 25:32 - 25:36
    que estava se adentrando na cidade
    e fazendo essa destruição,
  • 25:37 - 25:42
    então, nesse contexto específico,
    essa bandeira branca não nos trazia
  • 25:42 - 25:47
    necessariamente uma energia de paz,
    mas em vez disso,
  • 25:47 - 25:50
    trazia um certo conflito com o símbolo.
  • 25:50 - 25:55
    Pode passar, Fer, por favor.
  • 25:58 - 25:59
    Sim.
  • 25:59 - 26:05
    Essa é a parte do programa educativo
    que nós também fazemos ali.
  • 26:05 - 26:10
    Esse é um grupo de estudantes
    que nós recepcionamos com a professora
  • 26:10 - 26:15
    que ensina ali e conhece o trabalho,
    e sempre está em contato conosco
  • 26:15 - 26:21
    para trazer alguns estudantes e falar
    sobre essa relação
  • 26:21 - 26:26
    entre arte e educação e as
    possibilidades
  • 26:26 - 26:31
    da arte em falar sobre a crise ambiental.
  • 26:31 - 26:33
    É difícil falar sobre o que está ali.
  • 26:33 - 26:36
    Mesmo que eles vivenciem isso.
  • 26:36 - 26:40
    A vida cotidiana deles
    é um assunto sensível
  • 26:41 - 26:44
    porque é obviamente a realidade deles.
  • 26:44 - 26:49
    Mas é um assunto triste, é um trauma.
  • 26:49 - 26:52
    É um trauma vivo, essa situação diária.
  • 26:52 - 26:55
    Então às vezes nós descobrimos que
  • 26:56 - 26:59
    a arte ajuda a falar sobre esses assuntos
  • 26:59 - 27:02
    e ajuda a lidar com o trauma
  • 27:02 - 27:06
    da perda, da perda das casas, perda das
    memórias.
  • 27:06 - 27:12
    Então, essa função pedagógica
  • 27:12 - 27:17
    da arte, de falar sobre a crise ambiental,
    é muito importante para nós também.
  • 27:17 - 27:19
    Fer, por favor.
  • 27:24 - 27:26
    Essa é a Sarojini,
  • 27:26 - 27:31
    ela é uma artista da Índia, que no fim
  • 27:31 - 27:36
    foi ali para trabalhar conosco e
    também fazer uma vídeo-performance.
  • 27:36 - 27:39
    Fernando, passa, por favor.
  • 27:44 - 27:49
    Esse é um frame do trabalho de vídeo
  • 27:49 - 27:54
    que eu fiz lá, eu estava trabalhando com
    arquivos ali.
  • 27:54 - 27:57
    Pensando em algo
  • 27:57 - 27:59
    entre como
  • 27:59 - 28:02
    se pode transformar um arquivo
    privado em um
  • 28:02 - 28:06
    arquivo público, e vice versa.
  • 28:06 - 28:09
    Com esse complexo
  • 28:09 - 28:14
    e a situação delicada e política sobre
    o que é um arquivo privado
  • 28:14 - 28:20
    e o quão público ele pode vir a ser,
    para nos facilitar
  • 28:20 - 28:25
    a falar sobre coisas que são políticas,
    que tocam a todos.
  • 28:25 - 28:30
    Essa moça, ela fez um
    arquivo sobre como o mar
  • 28:30 - 28:33
    destruiu o prédio em frente
    à casa dela.
  • 28:33 - 28:37
    E eles fizeram um mini documentário
    sobre isso
  • 28:37 - 28:40
    chamado "Mar Concreto".
  • 28:40 - 28:45
    E Fernando, talvez,
  • 28:45 - 28:50
    você pode colocar outra imagem,
    mas eu também acho que talvez
  • 28:50 - 28:54
    eu possa passar a palavra a você agora.
  • 28:54 - 28:57
    Sim. Para que você possa falar
    sobre a exposição em si,
  • 28:57 - 29:01
    e depois nós podemos falar um pouco mais
  • 29:02 - 29:04
    na conversa.
  • 29:04 - 29:11
    Vou mutar o meu microfone.
  • 29:11 - 29:14
    (Em português) Bom, eu vou falar
  • 29:14 - 29:18
    aqui um pouco brevemente
    da exposição, apresentando
  • 29:18 - 29:23
    primeiro aqui um panorama geral
    de como a gente organizou a exposição.
  • 29:23 - 29:23
    Vocês vão ver que
  • 29:23 - 29:29
    algumas obras que estão na exposição
    já apareceram na
  • 29:29 - 29:32
    apresentação da Júlia, ainda em processo
  • 29:32 - 29:33
    e aqui a gente tem
  • 29:33 - 29:38
    algumas imagens que mostram
  • 29:38 - 29:42
    como essas obras foram organizadas
    no espaço
  • 29:42 - 29:45
    pensando sempre as relações entre
  • 29:45 - 29:49
    elas, né, como elas podem criar diálogos
  • 29:50 - 29:55
    entre o processo de cada artista.
    Nessa imagem
  • 29:55 - 29:57
    a gente tem três trabalhos,
  • 29:57 - 30:00
    dois deles são meus,
    que tão aqui
  • 30:01 - 30:04
    mais à direita, que eu–os caranguejos
  • 30:04 - 30:07
    que fazem parte de uma série de trabalhos
    que eu venho realizando
  • 30:07 - 30:12
    com esses materiais que eu vou coletando
    na praia, e essas redes
  • 30:12 - 30:16
    que eu crio essas instalações
  • 30:16 - 30:19
    que vão também criando outras
    formas, pensando também
  • 30:19 - 30:21
    na relação com a história da arte
  • 30:21 - 30:26
    com a materialidade, a
    questão da arte concreta
  • 30:26 - 30:28
    ...
  • 30:28 - 30:32
    (em inglês) me faz pensar sobre a
    história da arte, sobre arte concreta.
  • 30:36 - 30:40
    E esse material tem uma característica
    meio fantasmagórica
  • 30:40 - 30:43
    que é como eu vejo
  • 30:43 - 30:45
    o ato da pesca.
  • 30:45 - 30:49
    A pesca tem essa presença na
    história do Brasil.
  • 30:49 - 30:51
    E também tem um papel importante
  • 30:51 - 30:55
    em termos da economia.
  • 30:55 - 30:57
    Paolo Victor também trabalha com isso.
  • 30:57 - 31:06
    Como vocês podem ver, essa é uma
    janela que ele achou na praia, em Atafona
  • 31:06 - 31:11
    onde a gente pode ver o trabalho do Daniel
    ao fundo.
  • 31:11 - 31:13
    Ele também trabalha com
    materiais encontrados
  • 31:13 - 31:18
    na praia.
  • 31:18 - 31:20
    Então essa é uma parte da exposição
    feita com
  • 31:20 - 31:25
    materiais encontrados na praia,
  • 31:25 - 31:29
    e há um diálogo entre esses materiais
    encontrados na praia
  • 31:29 - 31:33
    com o tradicional e o moderno–
  • 31:33 - 31:35
    obras modernas.
  • 31:39 - 31:43
    O Daniel também trabalha com colagens.
  • 31:43 - 31:45
    Ele usa madeira.
  • 31:45 - 31:48
    Você pode ver algumas delas ao fundo
  • 31:48 - 31:49
    e ele as utiliza,
  • 31:49 - 31:53
    ele usa o plástico de garrafas
    de refrigerante
  • 31:53 - 31:57
    para fazer essa montagem.
  • 31:57 - 32:03
    Aqui também podemos ver
    trabalhos de vídeo.
  • 32:03 - 32:04
    Esse é parte do vídeo
  • 32:04 - 32:07
    que é parte da exposição.
  • 32:07 - 32:09
    Também veremos parte do trabalho
    da Isabela.
  • 32:09 - 32:13
    Veremos com mais detalhe em breve.
  • 32:13 - 32:16
    Aqui, vocês podem ver
    parte da sua obra.
  • 32:16 - 32:21
    Esse é um tipo de raiz,
    mas é feito de látex.
  • 32:21 - 32:23
    Esse é o que vocês veem
  • 32:23 - 32:27
    perto do centro da foto.
  • 32:27 - 32:31
    Tem algo mais ao fundo que tem um
    caráter mais agressivo.
  • 32:31 - 32:36
    É feito de vidro e cerâmica.
  • 32:36 - 32:41
    Também podemos ver o trabalho da
    Tais.
  • 32:42 - 32:45
    Essa obra foi feito em estúdio.
  • 32:45 - 32:49
    O objetivo é capturar a atmosfera, partes
  • 32:49 - 32:54
    da paisagem que eles viram e tentaram
    capturar.
  • 32:54 - 33:00
    Vocês podem ver as fotografias do
    Luciano na parede.
  • 33:00 - 33:02
    Essa é parte do encontro do Luciano
  • 33:02 - 33:04
    no bar do Nico.
  • 33:08 - 33:10
    Esse trabalho é do Rafael,
  • 33:10 - 33:13
    e esse é da Carol.
  • 33:13 - 33:16
    Então, esse é um percurso bem
    rápido pela exposição,
  • 33:16 - 33:20
    mas agora nós podemos ver as obras
    com maior detalhe.
  • 33:20 - 33:24
    Então, essa é uma instalação do Daniel.
  • 33:24 - 33:28
    Aqui, o detalhe mostra como que ele
    juntou as peças
  • 33:28 - 33:31
    usando uma garrafa plástica.
  • 33:31 - 33:34
    Todos os elementos foram
    encontrados na praia.
  • 33:34 - 33:37
    Esse é o meu trabalho.
  • 33:37 - 33:41
    É assim que eu prendo a rede.
  • 33:41 - 33:43
    Isso mostra a ideia de criar
  • 33:43 - 33:47
    essas formas geométricas
  • 33:47 - 33:49
    adicionando o neo-concretismo
    brasileiro.
  • 33:59 - 34:02
    Esse material é bem abundante.
  • 34:02 - 34:05
    As redes se desfazem
  • 34:05 - 34:09
    e os pescadores as jogam fora.
  • 34:09 - 34:13
    Eu fiz muitas obras com essas redes
    porque esse é o tipo de material
  • 34:13 - 34:16
    que é bem perigoso para a vida marinha
  • 34:16 - 34:20
    quando volta ao oceano.
  • 34:20 - 34:23
    Então há uma tentativa de
  • 34:23 - 34:27
    cuidar do material, e de reaproveitá-lo.
  • 34:32 - 34:37
    Agora, os caranguejos.
  • 34:37 - 34:39
    Há uma relação com a vida
  • 34:39 - 34:45
    e com a erosão.
  • 34:45 - 34:47
    Então estou juntando tudo.
  • 34:47 - 34:51
    Eu encontrei esses tijolos e esses
    vergalhões de ferro e os juntei.
  • 34:51 - 34:56
    Essa obra nos lembra essas criaturas,
  • 34:56 - 35:01
    criaturas que moram nos mangues de
    Atafona.
  • 35:01 - 35:05
    Esse é o Paulo, ao lado da janela
    que ele pintou.
  • 35:07 - 35:10
    Esse trabalho remonta à ideia de que
    o mar está voltando,
  • 35:10 - 35:15
    é uma ideia popular entre a comunidade
    local, especialmente entre os pescadores.
  • 35:15 - 35:18
    Essa ideia de que o mar
    está recuperando
  • 35:18 - 35:23
    o que pertence a ele.
  • 35:23 - 35:24
    Na verdade,
  • 35:24 - 35:29
    esse pedaço de terra, em algum ponto,
    já pertencia ao mar.
  • 35:29 - 35:32
    Cientificamente falando, isso também é
    verdade.
  • 35:32 - 35:35
    É isso que se diz.
  • 35:35 - 35:36
    Que o mar está voltando.
  • 35:36 - 35:39
    Vocês também podem ver isso
    na pintura.
  • 35:39 - 35:42
    Essa é outra linda obra que
    estava presente.
  • 35:42 - 35:45
    Essa obra é do Rafael.
  • 35:46 - 35:48
    Ele organizou esses restos de tijolos
  • 35:48 - 35:53
    sobre esses cadernos.
  • 35:53 - 35:56
    Ele nos convida a pensar sobre
  • 35:56 - 36:00
    um tipo de escrita geológica.
  • 36:00 - 36:05
    E também sobre o processo artístico.
  • 36:05 - 36:07
    Nós estamos criando uma linguagem
  • 36:07 - 36:12
    através da erosão.
  • 36:12 - 36:16
    Essa é parte da referência.
  • 36:16 - 36:19
    Essa obra é da Isabela.
  • 36:19 - 36:24
    Vocês podem ver no detalhe,
    é uma obra bem delicada.
  • 36:24 - 36:29
    Ela usa vidro, cerâmica, látex.
  • 36:29 - 36:32
    E aqui temos o mesmo trabalho,
    mas sob uma perspectiva diferente.
  • 36:32 - 36:35
    Essa obra é do Tetsuya.
  • 36:38 - 36:42
    É o filme que ele coletou
    de um arquivo antigo.
  • 36:42 - 36:45
    Ele o enterrou na areia.
  • 36:45 - 36:47
    Areia monazita–
  • 36:47 - 36:52
    que é um tipo específico de areia
    que existe ali.
  • 36:52 - 36:57
    É uma areia de baixa radiação.
  • 36:57 - 37:00
    Vamos assistir agora.
  • 37:16 - 37:18
    Essa obra é da Tais,
  • 37:18 - 37:22
    que também é uma obra
    bem intricada e delicada.
  • 37:22 - 37:24
    Muito bonita, é bem viva.
  • 37:24 - 37:27
    Ela cria essa dinâmica entre sal,
  • 37:27 - 37:31
    vidro, e ferro.
  • 37:31 - 37:36
    O sal meio que erode
    o ferro que sustenta o vidro.
  • 37:36 - 37:40
    Vocês podem ver isso na imagem
    da esquerda de quando ela
  • 37:40 - 37:43
    juntou os materiais pela primeira vez.
  • 37:43 - 37:46
    E aqui é depois, mostrando a
    corrosão
  • 37:46 - 37:51
    que o sal criou na obra.
  • 37:51 - 37:55
    Essa obra é do João Racy.
  • 37:55 - 37:59
    É uma captura de um vídeo.
  • 38:00 - 38:03
    Ele filmou a janela de uma casa
  • 38:03 - 38:07
    que está sendo enterrada pela areia.
  • 38:07 - 38:09
    Tem um pouco de movimento
  • 38:09 - 38:12
    nas plantas.
  • 38:15 - 38:17
    Então, nós criamos isso,
  • 38:17 - 38:22
    havia uma TV na parte de trás da parede
    para remeter a essa ideia da janela.
  • 38:22 - 38:27
    Essa obra é da Caroline,
  • 38:28 - 38:29
    que nós também a vimos
  • 38:29 - 38:32
    na apresentação da Júlia.
  • 38:32 - 38:37
    Ela tem essa bandeira bem grande que
    ela traz ao nosso ponto de encontro
  • 38:37 - 38:42
    entre o rio e o mar.
  • 38:42 - 38:48
    Ela criou essa obra aqui ao fazer
    esses selos-
  • 38:48 - 38:51
    selos postais.
  • 38:51 - 38:53
    Ela me lembra um pouco do vídeo,
    né,
  • 38:53 - 38:57
    porque você pode ver o movimento
    da bandeira ao longo da obra.
  • 38:57 - 38:58
    E aqui é a bandeira.
  • 38:58 - 39:04
    Nós a instalamos na parte externa
    da exposição.
  • 39:04 - 39:08
    Aqui, nós podemos ver a obra da
    Lu by Lu.
  • 39:08 - 39:11
    Esse é o encontro dela com o Nico.
  • 39:11 - 39:14
    E o lambe-lambe de novo.
  • 39:15 - 39:19
    Aqui ela os colou no lado de fora.
  • 39:19 - 39:21
    Ela falou um pouco sobre o encontro dela
  • 39:21 - 39:24
    com o Nico em Atafona.
  • 39:24 - 39:28
    Lu, que é ativista, uma artista trans,
  • 39:28 - 39:32
    uma pessoa preta,
  • 39:32 - 39:35
    e ela adiciona tudo isso ao seu trabalho,
  • 39:35 - 39:39
    como uma mulher trans no Brasil.
  • 39:41 - 39:43
    É importante para ela
  • 39:43 - 39:48
    compartilhar esses momentos,
  • 39:48 - 39:52
    momentos no qual ela pode expressar
    sua arte,
  • 39:52 - 39:57
    sua subjetividade,
  • 39:57 - 40:00
    e ela pôde compartilhar muito do seu
  • 40:00 - 40:02
    pensamento conosco.
  • 40:05 - 40:06
    Aqui estão os vídeos,
  • 40:06 - 40:10
    nós não vamos ter tempo
    de mostrá-los agora,
  • 40:10 - 40:14
    mas eu gostaria de falar que
    esses vídeos estão presentes lá.
  • 40:14 - 40:16
    O vídeo da Fernanda Branco.
  • 40:16 - 40:20
    O vídeo da Julia, que ela já falou.
  • 40:20 - 40:24
    Mariana e Sarojini.
  • 40:24 - 40:25
    Então, aqui estamos.
  • 40:25 - 40:28
    Eu tentei ficar em tópico.
  • 40:29 - 40:30
    Para termos bastante tempo
    para conversar.
  • 40:30 - 40:34
    Eu espero que vocês fiquem
    com uma visão geral
  • 40:34 - 40:35
    da exposição.
  • 40:40 - 40:42
    Nós tivemos que escolher
  • 40:42 - 40:46
    entre vários artistas que
    passaram pela Casa Duna.
  • 40:51 - 40:54
    Eu espero que isso os dê
    uma ideia do trabalho que fizemos.
  • 40:54 - 40:57
    E gostaria de agradecer a todos.
  • 40:57 - 41:01
    Gostaria de abrir a conversa para
    continuarmos com o debate.
  • 41:10 - 41:12
    É minha vez?
  • 41:12 - 41:15
    Ok.
  • 41:17 - 41:21
    Obrigado pelo o que vocês nos
    trouxeram hoje,
  • 41:21 - 41:24
    Fernando, Julia,
  • 41:25 - 41:27
    Eu tive a oportunidade de visitar
  • 41:27 - 41:29
    Atafona com vocês dois.
  • 41:29 - 41:36
    Eu pude testemunhar
    o trabalho que vocês desenvolveram ali.
  • 41:36 - 41:37
    Eu acho que é importante
  • 41:37 - 41:44
    compartilhar isso com o grupo que está
    conosco hoje.
  • 41:44 - 41:47
    Estou reforçando algo que eu vejo
    no seu trabalho, né.
  • 41:47 - 41:50
    Tem essa persistência.
  • 41:50 - 41:51
    Vocês estão lá há oito anos já.
  • 41:51 - 41:57
    Vocês vão lá desde 2017,
  • 41:57 - 41:59
    então já são oito anos
  • 41:59 - 42:01
    de trabalho.
  • 42:05 - 42:13
    Eu sei o quão importante
    isso é pra vocês
  • 42:13 - 42:14
    e vocês sabem
  • 42:14 - 42:19
    que isso é um contraponto
    a outros trabalhos
  • 42:19 - 42:22
    que visitam Atafona e vão embora
  • 42:22 - 42:27
    ou fazem dessa visita um espetáculo.
  • 42:27 - 42:30
    Esse processo de erosão
  • 42:30 - 42:35
    existe há 60 anos.
  • 42:35 - 42:38
    E foi acelerado
  • 42:38 - 42:42
    pela atividade industrial na área.
  • 42:49 - 42:55
    É um processo violento
  • 42:55 - 42:57
    que se está agravando
  • 42:57 - 43:01
    por meio de intervenções e abusos
  • 43:02 - 43:05
    ao meio ambiente.
  • 43:05 - 43:08
    E isso mostra as várias maneiras
    que artistas,
  • 43:09 - 43:12
    e a arte pode produzir,
  • 43:12 - 43:17
    que eles podem usar parte desse processo
    no seu trabalho também.
  • 43:17 - 43:20
    Eu acho que o que estamos tentando fazer
    é mostrar
  • 43:20 - 43:26
    uma opção para pensar sobre
    uma continuidade,
  • 43:26 - 43:32
    um processo de criação de conexões.
  • 43:32 - 43:33
    Você tem esse trabalho
  • 43:33 - 43:38
    de conscientização ambiental
    com a comunidade.
  • 43:38 - 43:42
    Vocês trabalham com o Movimento Sem Terra
  • 43:42 - 43:43
    no Brasil.
  • 43:48 - 43:50
    Desculpa.
  • 43:50 - 43:52
    Tem uma moça que é ativista,
  • 43:52 - 43:54
    eu esqueci o nome dela,
  • 43:54 - 43:57
    me perdoem.
  • 44:08 - 44:10
    Sim. Sim, posso te ouvir.
  • 44:10 - 44:11
    Perdão.
  • 44:11 - 44:13
    Houve uma pausa ali.
  • 44:13 - 44:15
    Então, sim.
  • 44:19 - 44:23
    Vocês têm trabalhado em frentes
    diferentes, né?
  • 44:23 - 44:29
    Pesquisa acadêmica, arte,
    pesquisa artística.
  • 44:29 - 44:33
    Vocês estão fazendo um
    pós-doutorado,
  • 44:33 - 44:38
    vocês trabalham com um grupo de teatro–
  • 44:38 - 44:42
    Grupo Erosão.
  • 44:42 - 44:45
    Mas eu tenho uma pergunta.
  • 44:50 - 44:52
    Minha pergunta é sobre essa escolha
  • 44:52 - 44:55
    de não fazer um espetáculo
  • 44:55 - 45:00
    desse processo de erosão.
  • 45:00 - 45:04
    Não romantizar esse processo
    é uma escolha.
  • 45:04 - 45:06
    Vocês podem falar sobre isso?
  • 45:06 - 45:08
    Como vocês veem esse processo
  • 45:08 - 45:12
    de evitar
  • 45:12 - 45:16
    fazer um espetáculo
  • 45:16 - 45:19
    ou de evitar romantizar isso?
  • 45:21 - 45:24
    O evento
  • 45:24 - 45:26
    "Invento o Cais"
  • 45:26 - 45:31
    né, que usa um verso da música
  • 45:31 - 45:36
    sobre criar algo,
    recriar algo,
  • 45:36 - 45:43
    algo que precisa ser
    constantemente re-criado.
  • 45:43 - 45:49
    Então, há essa ideia de
    continuar criando
  • 45:49 - 45:53
    e recriando.
  • 45:55 - 45:57
    Existem
  • 45:57 - 46:01
    muitas, muitas camadas.
  • 46:01 - 46:04
    E essa erosão é muito simbólica.
  • 46:04 - 46:08
    Como que vocês entendem essa
    não-romantização,
  • 46:08 - 46:12
    esse processo de erosão, esse
  • 46:12 - 46:17
    não-olhar a esse processo como algo
    exótico,
  • 46:17 - 46:19
    mas também não fazer disso
  • 46:19 - 46:23
    um cenário catastrófico.
  • 46:23 - 46:28
    Vocês poderiam falar sobre isso?
  • 46:28 - 46:33
    Podemos comentar isso?
  • 46:34 - 46:38
    Acho melhor ouvir todas as perguntas antes
  • 46:38 - 46:39
    e depois nós respondemos
  • 46:39 - 46:41
    no fim.
  • 46:53 - 46:53
    Olá,
  • 46:53 - 46:55
    Oi, sim.
  • 46:56 - 46:57
    Vou ser breve.
  • 46:57 - 47:00
    Podem me ouvir?
  • 47:00 - 47:01
    Ótimo.
  • 47:01 - 47:03
    Ok.
  • 47:03 - 47:05
    Bom, eu queria
  • 47:05 - 47:08
    primeiramente agradecer à
    Julia e ao Fernando
  • 47:08 - 47:11
    por apresentar este
  • 47:11 - 47:14
    trabalho maravilhoso e
  • 47:14 - 47:17
    talvez aproveitando o que
  • 47:17 - 47:20
    o Sérgio comentou sobre como
    vocês fazem esse
  • 47:20 - 47:24
    trabalho e se inserem na comunidade
  • 47:24 - 47:27
    sem romantizar o trabalho.
  • 47:27 - 47:31
    E não sei se tenho alguma
    pergunta ou um comentário
  • 47:31 - 47:35
    mas o que mais me impressionou
    foi essa tensão
  • 47:35 - 47:37
    e a atenção e mobilização dadas
  • 47:37 - 47:41
    ao publico e à comunidade em relação
    a essa tensão entre
  • 47:41 - 47:48
    o natural e o cultural, essa dinâmica
    entre o cultural e o natural, e
  • 47:48 - 47:52
    especificamente em relação às obras
    que você estava compartilhando, Julia,
  • 47:52 - 47:55
    meio que pensando sobre, através das
    imagens
  • 47:55 - 47:58
    e desta tela, algumas dessas obras
  • 47:58 - 48:01
    conjuram
  • 48:02 - 48:04
    sentimentos de ternura
    para mim
  • 48:04 - 48:07
    e de luto ritual.
  • 48:07 - 48:12
    E eu comecei a pensar sobre, esse processo
    ritualístico de testemunhar
  • 48:12 - 48:16
    o que está acontecendo no local também.
  • 48:16 - 48:18
    Então eu estava pensando que, para mim,
  • 48:18 - 48:22
    isso tem a ver com um tipo de
    oposição entre
  • 48:22 - 48:25
    a preparação do espetáculo e
  • 48:25 - 48:28
    esse tipo de pensamento sobre essa
    testemunha dessas ações.
  • 48:28 - 48:30
    Eu não sei se é isso que vocês andam
    testemunhando
  • 48:30 - 48:35
    porque vocês estão bem inseridos e
    incorporados no local, e o fazem há tanto
    tempo.
  • 48:35 - 48:41
    Então eu acho que é uma pergunta
    sobre pensar sobre
  • 48:41 - 48:46
    como vocês veem esse trabalho, como
    um ritual de luto ou de testemunha?
  • 48:46 - 48:50
    E eu acho que quando nós vemos imagens
    da água, nós imediatamente
  • 48:50 - 48:55
    começamos a sentir sobre como nós
    estamos nesse ritmo dessa erosão
  • 48:55 - 48:59
    e testemunhamos isso nesse tipo de
    natureza-morta dessa documentação.
  • 48:59 - 49:02
    Então, não sei se é uma pergunta
    ou um comentário.
  • 49:02 - 49:08
    Eu acho esse trabalho e o projeto
    muito comovente.
  • 49:08 - 49:11
    Então, vocês poderiam falar algo
    sobre isso?
  • 49:11 - 49:16
    E minha outra pergunta é sobre o quão
    envolvida era a população local
  • 49:16 - 49:20
    e a comunidade, o quão presentes
    eles eram na colaboração deles com–
  • 49:20 - 49:24
    se vocês podiam falar sobre a importância
    da agência deles
  • 49:24 - 49:28
    no trabalho, e como anfitriões.
  • 49:28 - 49:31
    Em relação a essas pessoas que vêm de fora
  • 49:31 - 49:32
    entrando e trabalhando no local.
  • 49:48 - 49:50
    Não, tudo bem.
  • 49:51 - 49:55
    Eu estava esperando que nós íamos
    perguntar e vocês iam responder,
  • 49:55 - 49:56
    perguntar e responder.
  • 49:56 - 50:02
    Então, eu acho, serei breve
    se nós estamos nesse formato,
  • 50:03 - 50:05
    eu também gostaria de agradecer
    a vocês por compartilhar isto conosco
  • 50:05 - 50:09
    e dar meus parabéns.
  • 50:09 - 50:10
    É um trabalho muito comovente
  • 50:10 - 50:16
    e impressionante que eu acho
    que nós todos podemos aprender bastante.
  • 50:16 - 50:19
    Eu estou muito interessada em
  • 50:19 - 50:21
    algo que o Fernando disse.
  • 50:21 - 50:25
    Nós estávamos falando sobre criar
    uma linguagem
  • 50:25 - 50:30
    para a erosão e
  • 50:31 - 50:34
    me fez pensar sobre a questão de
  • 50:34 - 50:40
    qual é o papel que a performance tem
    na sua obra.
  • 50:40 - 50:42
    É uma pergunta
  • 50:42 - 50:46
    sobre o que eu sempre retorno,
    porque a apresentação e o trabalho,
  • 50:46 - 50:51
    dessa forma, nessa forma que nós estamos
    vendo, é em um tipo de instalação.
  • 50:51 - 50:53
    Mas vocês também descrevem dança,
  • 50:53 - 50:57
    a mulher que está dançando na
    raiz da árvore, por exemplo,
  • 50:57 - 50:59
    e eu também conheço
    parte das suas obras
  • 50:59 - 51:03
    que são mais voltadas ao teatro
    e eu tive o prazer de participar
  • 51:03 - 51:08
    de um workshop que o Fernando facilitou
    que também era baseado em teatro.
  • 51:08 - 51:10
    Então, eu estou interessada no
  • 51:10 - 51:13
    papel que a performance tem em criar
  • 51:13 - 51:18
    um tipo de linguagem para a erosão, se é
    isso que ela faz, e
  • 51:18 - 51:19
    o que
  • 51:19 - 51:24
    a performance faz que outros tipos
    de arte näo conseguem fazer,
  • 51:24 - 51:26
    ou será que performance não é o termo
    mais útil para pensar
  • 51:26 - 51:30
    sobre esse conjunto da obra
    que vocês estão compartilhando conosco?
  • 51:30 - 51:33
    Estou interessada na especificidade
    das obras
  • 51:33 - 51:37
    e na linguagem que elas criam no contexto
    do colapso ambiental.
  • 51:37 - 51:40
    E eu acho que, para mim, isso também
    se refere a algo
  • 51:40 - 51:44
    que a Julia estava se referindo, que
    eu achei muito comovente, que é pensar
  • 51:44 - 51:48
    sobre a parte pedagógica desse trabalho,
  • 51:48 - 51:51
    e Julia, você estava falando sobre
  • 51:51 - 51:55
    como que a arte, no
    contexto da crise ambiental
  • 51:55 - 51:59
    pode nos ajudar a lidar com o trauma
    da perda,
  • 51:59 - 52:03
    o trauma da perda de coisas materiais que
    nos importam bastante,
  • 52:03 - 52:07
    mas também a eventual perda da memória.
  • 52:07 - 52:11
    Então, eu vejo esses dois lados operando
    em diálogo
  • 52:11 - 52:12
    um com o outro.
  • 52:12 - 52:16
    Eu vejo a ideia de criar uma linguagem
  • 52:16 - 52:21
    como uma conversa, com essa ideia
    de ajudar outras a lidar com o trauma.
  • 52:21 - 52:27
    E estou bem interessada em ouvir você
    falar sobre tudo isso.
  • 52:27 - 52:30
    E também, porque o Hemispheric Encounters
  • 52:30 - 52:35
    é um projeto transnacional, gostaria de
    pensar se essa linguagem é específica ao local
  • 52:35 - 52:40
    ou se ela pode se transferir a
    outros contextos de colapso ambiental.
  • 52:40 - 52:44
    Na América do Norte, por exemplo,
    nós vimos imagens muito fortes,
  • 52:44 - 52:47
    por exemplo, de Los Angeles.
  • 52:47 - 52:50
    E uma destruição ambiental severa.
  • 52:50 - 52:54
    É um contexto totalmente diferente,
    uma situação diferente.
  • 52:54 - 52:58
    Mas nós estamos falando sobre
    desastres ambientais em outro contexto.
  • 52:59 - 53:03
    Então, podemos pensar sobre uma linguagem
  • 53:03 - 53:09
    que também pode viajar?
  • 53:09 - 53:11
    Esses são meus pensamentos.
  • 53:36 - 53:40
    Eu acho que posso responder
    melhor dessa forma.
  • 53:40 - 53:43
    O Sergio trouxe várias questões.
  • 53:43 - 53:46
    Trouxe paradoxos,
  • 53:46 - 53:50
    dificuldades, obstáculos.
  • 53:50 - 53:51
    Eu acho que uma razão
    para estar ali
  • 53:51 - 53:55
    é para trabalhar esses paradoxos.
  • 53:59 - 54:01
    Como que nós podemos construir,
  • 54:01 - 54:04
    como podemos construir obras que
    trabalham com
  • 54:04 - 54:08
    a linguagem que lida com a
    destruição,
  • 54:08 - 54:11
    algo que vai além de um
    olhar negativo.
  • 54:14 - 54:16
    Mas como que essa destruição
  • 54:16 - 54:20
    afeta outras coisas sendo produzidas?
  • 54:20 - 54:21
    Alguém sai da sua casa
  • 54:21 - 54:24
    porque vê o mar se aproximando.
  • 54:24 - 54:28
    Outra pessoa entra ali, habita essa casa,
  • 54:28 - 54:33
    cria um bar, algo que funciona durante o
    verão.
  • 54:33 - 54:36
    E como que isso é algo novo.
  • 54:36 - 54:38
    Isso cria vida.
  • 54:38 - 54:40
    Cria novas possibilidades.
  • 54:40 - 54:43
    Isso é algo que poderia ser considerado
  • 54:43 - 54:47
    como passado, jogado fora.
  • 54:47 - 54:48
    Essa ideia
  • 54:48 - 54:53
    da romantização, de se fazer um espetáculo
    disso.
  • 54:53 - 54:58
    É um desafio, definitivamente, e nós
    estivemos ali por vários anos.
  • 54:58 - 55:03
    Nós hospedamos artistas que
    ficam por uma semana e depois vão embora,
  • 55:03 - 55:07
    e depois criam obras que nós não temos
    controle algum sobre elas.
  • 55:09 - 55:10
    E isso é a razão
  • 55:10 - 55:16
    do nosso foco estar na mediação entre
    os artistas e o ambiente
  • 55:16 - 55:20
    para que esses artistas
    possam ouvir ao povo,
  • 55:20 - 55:24
    para que suas experiências ali
    impactem eles
  • 55:24 - 55:28
    de uma maneira sensível
  • 55:28 - 55:31
    no seu trabalho.
  • 55:31 - 55:34
    Eles poderão desenvolver
    algo que talvez venda, talvez não.
  • 55:34 - 55:35
    Mas nós
  • 55:35 - 55:36
    não estamos preocupados com isso.
  • 55:36 - 55:45
    Nós estamos mais preocupados com o
    processo de aprendizado que isso terá
    no futuro.
  • 55:45 - 55:46
    Obviamente, nós não temos
  • 55:46 - 55:50
    controle sobre o que eles farão
  • 55:50 - 55:54
    e as informações que eles terão
    acesso ali.
  • 55:57 - 55:59
    Nós sempre estamos organizando
    reuniões
  • 55:59 - 56:03
    para que as pessoas possam falar sobre
    suas experiências
  • 56:03 - 56:04
    aos artistas.
  • 56:08 - 56:12
    Então, não tenho uma resposta melhor.
  • 56:16 - 56:19
    Sou do Rio de Janeiro.
  • 56:19 - 56:22
    Eu fiquei chocada quando cheguei
  • 56:22 - 56:24
    em Atafona.
  • 56:26 - 56:27
    A experiência de ensino
  • 56:27 - 56:31
    precisa vir com a vivência da perda
  • 56:31 - 56:34
    e com a criação dentro dela.
  • 56:34 - 56:38
    É uma condição existencial.
  • 56:44 - 56:48
    A pedagogia não é específica
    a um conteúdo,
  • 56:48 - 56:50
    a catástrofe ambiental
  • 56:50 - 56:54
    nos toca a todos.
  • 56:54 - 56:55
    Se nós somos pessoas
  • 56:55 - 57:00
    que levamos os problemas ambientais a
    sério.
  • 57:00 - 57:02
    E sim.
  • 57:02 - 57:07
    No Brasil, nós os estamos sentindo.
  • 57:07 - 57:10
    Eu acho que todos nós vamos ter que lidar
    com essa perda.
  • 57:10 - 57:15
    Essa perda material, perda de um certo
    estilo de vida,
  • 57:15 - 57:18
    muitas perdas.
  • 57:22 - 57:25
    Como que a comunidade recebe isso?
  • 57:25 - 57:26
    Bem, muito bem.
  • 57:26 - 57:31
    Às vezes eles estão felizes com isso.
  • 57:31 - 57:32
    Acreditem ou não,
  • 57:32 - 57:37
    esse não é um tópico que
    recebe muita atenção.
  • 57:42 - 57:44
    Mas nós nos mudamos para lá.
  • 57:44 - 57:48
    Então nos tornamos vizinhos.
  • 57:48 - 57:51
    E é assim como o povo vê isso.
  • 57:51 - 57:54
    Nosso trabalho é trazer a atenção a isso,
  • 57:54 - 57:57
    a destacar isso,
  • 57:58 - 58:01
    criar um diálogo sobre isso.
  • 58:04 - 58:07
    Eu acho que a performance
    tem um papel especial
  • 58:07 - 58:10
    no trabalho que a gente desenvolve.
  • 58:11 - 58:15
    Eu acho que é o contexto, eu acho
    que é a própria natureza da performance
  • 58:15 - 58:19
    que nos permite usá-la.
  • 58:21 - 58:24
    A performance é uma linguagem que é
    muito importante
  • 58:24 - 58:26
    para nós.
  • 58:27 - 58:30
    Nós, como um grupo de teatro,
  • 58:30 - 58:37
    nós sempre estivemos muito ligados
    à performance.
  • 58:37 - 58:43
    Nossos trabalhos sempre estiveram
    enraizados em performance.
  • 58:43 - 58:45
    Talvez seja na praia,
  • 58:45 - 58:49
    talvez seja um trabalho de arquivo.
  • 58:49 - 58:52
    É um tipo de teatro que sempre nasceu
  • 58:52 - 58:55
    do território.
  • 58:55 - 58:57
    E eu vou parar por aqui.
  • 58:57 - 59:00
    Desculpa, houve muitas perguntas. Eu
    também quero abrir espaço pro Fernando.
  • 59:04 - 59:08
    Eu gostaria de falar sobre essa ideia do
    fim do mundo.
  • 59:08 - 59:11
    Há um pensador importante no Brasil,
  • 59:11 - 59:14
    o Airton Krenak,
  • 59:14 - 59:17
    que diz que o mundo acabou várias vezes.
  • 59:17 - 59:21
    Vários mundos acabaram.
  • 59:22 - 59:24
    Então, quando nós vamos nessa
    direção,
  • 59:24 - 59:27
    o que nós vemos é que isso
    não é o fim "do" mundo,
  • 59:27 - 59:32
    mas o fim "de um" mundo.
  • 59:32 - 59:37
    É algo que nos vai mostrar
    uma nova experiência.
  • 59:37 - 59:39
    É parte de um ciclo.
  • 59:39 - 59:44
    Não é o apocalipse que vai ser
    o fim de todos nós.
  • 59:44 - 59:46
    Nós vamos ter que seguir lidando
    com as
  • 59:46 - 59:50
    consequências das nossas ações,
    nossas explorações,
  • 59:50 - 59:54
    nossas formas de interagir.
  • 59:54 - 59:59
    Então, pode ser mais complexo que
    simplesmente um fim,
  • 59:59 - 60:01
    algo que simplesmente
  • 60:01 - 60:05
    acaba com os nossos problemas.
  • 60:05 - 60:07
    O fim não existe.
  • 60:14 - 60:18
    E os mundos têm se findado
    por muito tempo.
  • 60:18 - 60:22
    Eu acho que Atafona fala sobre isso
  • 60:22 - 60:27
    e em várias maneiras ele extrapola
    e conecta
  • 60:27 - 60:31
    com várias outras experiências do fim,
  • 60:31 - 60:33
    várias que nós temos vivido, e que estamos
    vivendo agora.
  • 60:33 - 60:36
    E nós continuaremos a viver.
  • 60:36 - 60:41
    Eu acho que há uma pedagogia existencial.
  • 60:41 - 60:44
    É triste e feliz ao mesmo tempo.
  • 60:45 - 60:46
    Ela traz uma tristeza e uma
  • 60:46 - 60:50
    melancolia, por natureza.
  • 60:55 - 60:57
    Eu acho que é uma experiência
    muito rica
  • 60:57 - 61:01
    o viver nesse território, algo muito
    valioso.
  • 61:01 - 61:03
    É isso.
  • 61:08 - 61:10
    Eu vou tentar complementar
    o que
  • 61:10 - 61:12
    a Julia disse.
  • 61:17 - 61:22
    Vou começar com os pontos que
    o Sergio tocou.
  • 61:25 - 61:27
    Me parece que
  • 61:27 - 61:32
    quando nós trabalhamos com uma arte
    e nós tentamos nos engajar,
  • 61:32 - 61:36
    nós tentamos ser responsáveis para com
    o meio ambiente,
  • 61:36 - 61:41
    nós não temos uma pergunta,
  • 61:41 - 61:43
    mas há algo que nós sabemos,
  • 61:43 - 61:46
    que é que nós vamos tentar construir
    alianças.
  • 61:46 - 61:49
    Nós vamos ter que abrir māo de
    algumas coisas.
  • 61:49 - 61:54
    Nós vamos ter que nos envolver
    com os territórios.
  • 61:54 - 61:59
    Nós vamos ter que passar um tempo ali.
  • 62:03 - 62:05
    Esses são alguns pontos que
    nós sabemos
  • 62:05 - 62:09
    que são vitais para que o nosso trabalho
    faça sentido de alguma forma
  • 62:09 - 62:14
    para que ele tenha algum tipo de impacto
    para as pessoas que vivem ali.
  • 62:18 - 62:19
    Nós vivemos ali,
  • 62:19 - 62:22
    mas nós escolhemos viver ali.
  • 62:22 - 62:24
    No entanto, há pessoas que vivem
    ali porque
  • 62:24 - 62:29
    eles não têm nenhum outro
    lugar para ir.
  • 62:29 - 62:33
    Nós sabemos que nossa presença ali
    é diferente.
  • 62:33 - 62:38
    Sempre haverão estrangeiros lá, de uma
    forma ou de outra.
  • 62:38 - 62:42
    Então, como é que o nosso trabalho
    pode ser relevante para eles?
  • 62:42 - 62:45
    Nós não sabemos.
  • 62:47 - 62:48
    Mas nós entendemos que
  • 62:48 - 62:52
    existe arte que não se preocupa com isso.
  • 62:52 - 62:55
    Existe arte que existe para produzir
  • 62:56 - 63:01
    o processo de exploração,
  • 63:05 - 63:06
    mas nós estamos ali
  • 63:06 - 63:11
    e o nosso trabalho é às vezes
    apontar o dedo e dizer "opa,
  • 63:11 - 63:15
    o que vocês estão fazendo aqui é isso",
    como se você não está sendo de ajuda?
  • 63:15 - 63:16
    Me desculpem,
  • 63:16 - 63:19
    Não tem som.
  • 63:19 - 63:22
    Voltou.
  • 63:27 - 63:31
    O som do Fernando parou.
  • 63:31 - 63:37
    Existe um lugar parecido chamado
  • 63:37 - 63:40
    Açu que... desculpem.
  • 63:40 - 63:43
    Eu não consigo ouvir o Fernando.
  • 63:49 - 63:52
    Então, temos que estar atentos.
  • 64:03 - 64:08
    A arte pode ter diversas formas,
  • 64:08 - 64:11
    várias formas de interação.
  • 64:36 - 64:37
    Me desculpem.
  • 64:37 - 64:39
    Não sei o que está acontecendo. Vou...
  • 64:41 - 64:43
    Sim, está melhor agora.
  • 64:50 - 64:55
    De onde recomeço a falar?
  • 64:56 - 64:59
    De onde você parou.
  • 65:02 - 65:06
    Me parece que existe uma nuance que nós
  • 65:06 - 65:09
    podemos notar.
  • 65:10 - 65:12
    As obras de arte existem.
  • 65:12 - 65:15
    O som do Fernando parou de novo.
  • 66:15 - 66:15
    Então, eu acho
  • 66:15 - 66:20
    que nós temos ao menos
  • 66:20 - 66:24
    um bom resumo da resposta.
  • 66:25 - 66:30
    A conexão foi erodida.
  • 66:33 - 66:35
    Eu acho que esse é o momento
  • 66:35 - 66:38
    de fechar este espaço para que nós--
  • 66:38 - 66:42
    ou será que a gente espera um pouco mais?
  • 66:42 - 66:42
    Sim, vamos esperar.
  • 66:42 - 66:44
    Vamos esperar então.
  • 66:44 - 66:45
    Sim, vamos esperar.
  • 66:45 - 66:47
    Até eles voltarem.
  • 66:47 - 66:49
    Eu vou mandar uma mensagem
  • 66:49 - 66:52
    ao celular deles.
  • 67:09 - 67:11
    Ele tá dizendo que os dois
  • 67:11 - 67:14
    perderam a conexão.
  • 67:14 - 67:15
    Vamos ver o que ele diz.
  • 67:15 - 67:18
    Ele tá digitando.
  • 67:19 - 67:22
    Ele vai tentar de novo
  • 67:22 - 67:24
    pelo celular.
  • 67:32 - 67:34
    Você sabem que quando nós trabalhamos
    hemisfericamente
  • 67:35 - 67:37
    sempre acontece algo com
  • 67:37 - 67:41
    a conexão, sempre.
  • 67:41 - 67:44
    O fuso horário.
  • 67:44 - 67:48
    Então, nós sempre temos que ter um
    pouco de, tipo um
  • 67:48 - 67:51
    contra-ataque, como um momento de
    performance
  • 67:51 - 67:52
    para os intervalos quando as pessoas
    vão embora.
  • 67:52 - 67:56
    Eu gostaria de nomear a Denise
  • 67:56 - 67:59
    que cria shows de fantoche incríveis para
  • 67:59 - 68:05
    ter algo pronto para sessões futuras.
  • 68:05 - 68:07
    Para que o teatro de fantoches possa
  • 68:07 - 68:10
    assumir a reunião quando a gente espera
    a conexão retornar.
  • 68:12 - 68:15
    Seria uma maneira orgânica da gente
    lidar com
  • 68:16 - 68:18
    o desconforto.
  • 68:18 - 68:21
    Então.
  • 68:22 - 68:28
    Exatamente.
  • 68:28 - 68:30
    Eu também nomeio a Jess.
  • 68:31 - 68:34
    Jess também pode prover...
  • 68:34 - 68:42
    A Julia tá aqui.
  • 68:46 - 68:48
    Ela voltou.
  • 68:48 - 68:51
    Ela voltou.
  • 68:52 - 68:54
    Desculpem.
  • 69:00 - 69:02
    Vamos ver se o Fernando
  • 69:02 - 69:04
    volta.
  • 69:04 - 69:06
    Se não, ele vai vir aqui.
  • 69:06 - 69:09
    Um segundo.
  • 69:09 - 69:12
    Parece que ele está–
  • 69:13 - 69:15
    Fernando?
  • 69:21 - 69:24
    Pode me ouvir?
  • 69:47 - 69:48
    Mas como que o efeito da erosão pode--
  • 69:59 - 70:01
    é o fim do mundo.
  • 70:01 - 70:03
    O começo do mundo.
  • 70:03 - 70:06
    Nós estávamos falando sobre
    a relaçāo--
  • 70:08 - 70:12
    --ela tem dimensões que
  • 70:16 - 70:20
    nem sempre se relacionam ao
  • 70:20 - 70:24
    comprometimento
  • 70:24 - 70:28
    ativista,
  • 70:28 - 70:32
    e o Invento o Cais mostra esse
    comprometimento.
  • 70:34 - 70:37
    Nós temos outros trabalhos.
  • 70:38 - 70:41
    Outros trabalhos que são mais
    territoriais
  • 70:41 - 70:44
    como o museu móvel.
  • 70:44 - 70:47
    A ideia é criar um diálogo direto
  • 70:50 - 70:53
    com a comunidade
  • 70:53 - 70:56
    nós queremos trazer nossas obras para
    a comunidade,
  • 70:57 - 71:01
    para a comunidade de pescadores,
  • 71:01 - 71:04
    mas nós temos que tomar cuidado.
  • 71:04 - 71:06
    Nós sempre temos que estar pensando
    sobre isso.
  • 71:06 - 71:10
    Não importa onde eu trabalhe
  • 71:10 - 71:13
    com pintura.
  • 71:13 - 71:16
    Existe alguma maneira que eu possa
    fazer essa obra ecoar
  • 71:16 - 71:21
    com esse local?
  • 71:21 - 71:24
    Então, aqui respondendo a pergunta do Sérgio.
  • 71:37 - 71:41
    Agora falando sobre as questões da Laura,
    eu falei sobre a ideia
  • 71:46 - 71:51
    de criar uma linguagem que está conectada à
    erosāo.
  • 71:51 - 71:55
    É algo que aprendemos ao longo do tempo,
    que a gente cresce pensando que
  • 72:01 - 72:05
    o artista é esse tipo de gênio
  • 72:05 - 72:08
    que está criando algo muito especial
  • 72:08 - 72:12
    e muito diferente.
  • 72:12 - 72:15
    Existe uma--
  • 72:15 - 72:17
    o ego tem um papel importante.
  • 72:17 - 72:21
    Mas o que nós pensamos agora é
    que as obras existem
  • 72:21 - 72:25
    para se criar com elas, e para criar
    parcerias.
  • 72:25 - 72:29
    Claro, nós ainda somos os autores
  • 72:32 - 72:36
    de alguma forma, mas nós compartilhamos
  • 72:36 - 72:40
    a autoria com o território.
  • 72:42 - 72:46
    Agora nós sabemos que esse trabalho não é
    simplesmente
  • 72:51 - 72:53
    o produto de um gênio artista.
  • 72:53 - 72:56
    Nós estamos escutando o que a erosão
    está produzindo,
  • 72:57 - 73:01
    o que o território nos diz.
  • 73:01 - 73:04
    Nós estamos trabalhando com um tipo
    de intérprete.
  • 73:04 - 73:08
    Eu acho que a ideia da tradução
  • 73:09 - 73:11
    nas artes é algo que é bem interessante.
  • 73:11 - 73:15
    Nós também podemos entender a arte
    sobre essa perspectiva.
  • 73:24 - 73:27
    Algo que vai além do humano.
  • 73:27 - 73:31
    A arte não pertence somente à
    perspectiva humana.
  • 73:33 - 73:38
    Nós podemos pensar sobre a arte
    dessa forma, e esse tipo de arte
  • 73:38 - 73:43
    que a gente trabalha, tem algo que
    realmente existe nesse,
  • 73:43 - 73:50
    nesse ponto de encontro, que existe
  • 73:50 - 73:55
    dentro desses processos ambientais.
  • 73:55 - 73:59
    Que existe dentro dos sentidos.
  • 73:59 - 74:02
    Eu não acho que exista uma maneira de
    criar essa linguagem
  • 74:05 - 74:09
    por fora desse relacionamento.
  • 74:09 - 74:14
    Mas eu acho que, uma vez criado,
  • 74:14 - 74:16
    sim, que a linguagem pode expandir.
  • 74:16 - 74:20
    Sim, nós estamos trabalhando localmente,
    mas nós entendemos que esses tópicos säo
  • 74:20 - 74:23
    globais.
  • 74:23 - 74:24
    Eles são específicos à Atafona,
  • 74:24 - 74:29
    e Atafona reflete questões que
    existem em outros lugares.
  • 74:29 - 74:34
    Eu acho que isso é refletido nas obras.
  • 74:41 - 74:45
    Talvez eu esteja perdendo algo.
  • 74:49 - 74:51
    Mas, em termos gerais, eu acho que é isso.
  • 74:53 - 74:55
    É isso que tinha para compartilhar
    com vocês.
  • 74:55 - 74:57
    Esses são meus pensamentos.
  • 74:57 - 75:00
    E agora, o que fazemos?
  • 75:18 - 75:20
    Liguem as suas câmeras
    e aplaudam.
  • 75:23 - 75:27
    Eu não sei se
    tem alguém aqui
  • 75:29 - 75:33
    que gostaria de falar algo? Porque
    estou só eu, Laura e Shauna.
  • 75:33 - 75:37
    Mas talvez há outra pessoa que queira
    comentar.
  • 75:37 - 75:41
    Eu gostaria de abrir o espaço.
  • 75:50 - 75:54
    Tá todo mundo com vergonha de falar.
  • 76:03 - 76:07
    Tudo bem.
  • 76:08 - 76:10
    Sem problemas.
  • 76:10 - 76:11
    Sim, eu acho que precisamos
    encerrar.
  • 76:11 - 76:14
    De qualquer forma, nós
  • 76:14 - 76:16
    precisamos aplaudir o Firmo
  • 76:16 - 76:17
    que está fazendo um trabalho
    sensacional.
  • 76:17 - 76:20
    Obrigada, Firmo.
  • 76:23 - 76:24
    Foi incrível.
  • 76:36 - 76:37
    Sempre.
  • 76:37 - 76:40
    Obrigado, obrigado a todos.
  • 76:49 - 76:51
    Obrigado por essa oportunidade.
  • 76:51 - 76:53
    É muito importante para nós.
  • 76:53 - 76:56
    É muito importante ser parte disso.
  • 76:56 - 76:57
    Eu não acho que eu
  • 76:57 - 76:58
    agradeci a todos do The Coop.
  • 76:58 - 77:01
    Nós realmente estamos muito agradecidos
  • 77:05 - 77:08
    por esta oportunidade de
    compartilhar isso com vocês.
  • 77:08 - 77:11
    E esperamos que a gente continue
    este diálogo.
  • 77:11 - 77:14
    É um trabalho muito importante.
  • 77:16 - 77:18
    Sim, estamos muito felizes com isso.
  • 77:18 - 77:22
    Eu vou pegar o microfone agora para
  • 77:26 - 77:31
    agradecer em nome do Encontros Hemisféricos,
    que é essa rede bem grande de pessoas.
  • 77:31 - 77:36
    O Fernando é o nosso membro pós-doc.
  • 77:36 - 77:40
    Ele acabou de concluir o seu projeto
  • 77:40 - 77:43
    e eu gostaria de agradecê-lo.
  • 77:43 - 77:46
    Ele nos deu a oportunidade de nos encontrar
    na Casa Duna.
  • 77:46 - 77:51
    Também gostaria de agradecer por
    essa parceria
  • 77:53 - 77:56
    e gostaria de continuar trabalhando
    com vocês.
  • 77:56 - 77:59
    É isso.
  • 78:02 - 78:05
    Obrigada a todos.
  • 78:11 - 78:13
    Muito obrigada a todos.
  • 78:16 - 78:17
Title:
The Coop | Reflections on Invento o Cais with Fernando Codeço, Julia Naidin, Sérgio Andrade, Shauna Janssen, and Laura Levin
Description:

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Video Language:
English
Duration:
01:18:23
Luisa Pereira Seabra Da Cruz edited Portuguese subtitles for The Coop | Reflections on Invento o Cais with Fernando Codeço, Julia Naidin, Sérgio Andrade, Shauna Janssen, and Laura Levin
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