No Self | Teaching by Thich Nhat Hanh | #mindfulness

Tu estás vazio do eu.

Estás vazio de uma existência separada.

Esse eu, essa entidade imutável,

não está lá.

Não há nada que não mude.

Tudo está em fluxo, tudo está a mudar:

forma, sensações, percepções, formações mentais e consciência.

Não vês nada que permaneça igual em dois momentos consecutivos.

E, portanto,

um eu que permanece sempre o mesmo

não existe.

Não há um eu imutável.

E a neurociência também pode ajudar.

Quando olhamos para o cérebro, vemos muitos neurónios.

E eles trabalham em conjunto,

trocando informação a cada momento.

E não há nenhum neurónio...

que desempenhe o papel de presidente, de comandante.

É uma comunidade de células

que...

funciona como uma orquestra sinfónica, mas sem maestro.

No nosso corpo, não há nenhuma célula que desempenhe o papel de presidente,

de chefe,

de quem dá ordens.

Assim, uma decisão é tomada,

mas não há um decisor.

Uma decisão é tomada, mas não há um decisor fora da decisão.

Há um sentimento que ocorre, mas não há um “sentidor”.

Há uma percepção que acontece,

mas não há um “perceptor” que exista fora da percepção.

Imagina que falas do vento.

E dizes: o vento sopra.

Parece que há o vento...

que faz o trabalho de soprar.

Dizemos que a chuva cai.

Imagina uma chuva que não cai.

Portanto, podes dizer que há chuva, mas não podes encontrar um “chuvoso”.

Não podes encontrar um “chuvoso”.

O mesmo se aplica aos nossos sentimentos, percepções.

Há um sentimento de tristeza, e de alegria.

Mas não há um “sentidor” que permaneça ao fundo, separado.

Porque não há eu, não há natureza-própria.

Tudo depende de tudo o resto para se manifestar.

E esse é o ensinamento da interdependência.

Não podes ser por ti só.

É impossível simplesmente ser — é possível inter-ser,

mas não é possível apenas ser.