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Tu estás vazio do eu.
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Estás vazio de uma existência separada.
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Esse eu, essa entidade imutável,
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não está lá.
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Não há nada que não mude.
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Tudo está em fluxo, tudo está a mudar:
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forma, sensações, percepções, formações mentais e consciência.
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Não vês nada que permaneça igual em dois momentos consecutivos.
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E, portanto,
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um eu que permanece sempre o mesmo
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não existe.
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Não há um eu imutável.
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E a neurociência também pode ajudar.
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Quando olhamos para o cérebro, vemos muitos neurónios.
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E eles trabalham em conjunto,
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trocando informação a cada momento.
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E não há nenhum neurónio...
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que desempenhe o papel de presidente, de comandante.
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É uma comunidade de células
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que...
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funciona como uma orquestra sinfónica, mas sem maestro.
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No nosso corpo, não há nenhuma célula que desempenhe o papel de presidente,
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de chefe,
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de quem dá ordens.
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Assim, uma decisão é tomada,
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mas não há um decisor.
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Uma decisão é tomada, mas não há um decisor fora da decisão.
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Há um sentimento que ocorre, mas não há um “sentidor”.
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Há uma percepção que acontece,
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mas não há um “perceptor” que exista fora da percepção.
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Imagina que falas do vento.
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E dizes: o vento sopra.
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Parece que há o vento...
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que faz o trabalho de soprar.
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Dizemos que a chuva cai.
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Imagina uma chuva que não cai.
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Portanto, podes dizer que há chuva, mas não podes encontrar um “chuvoso”.
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Não podes encontrar um “chuvoso”.
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O mesmo se aplica aos nossos sentimentos, percepções.
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Há um sentimento de tristeza, e de alegria.
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Mas não há um “sentidor” que permaneça ao fundo, separado.
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Porque não há eu, não há natureza-própria.
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Tudo depende de tudo o resto para se manifestar.
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E esse é o ensinamento da interdependência.
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Não podes ser por ti só.
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É impossível simplesmente ser — é possível inter-ser,
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mas não é possível apenas ser.