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[Tocando o sino uma vez]
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[Sino]
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Não é preciso dizer:
"Abre-te, Sésamo!" Já está aberto.
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A questão é: “Entrar no Último está ao nosso alcance?”
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Porque existem dois tipos de obstáculos
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que nos impedem de entrar
na Porta do Último.
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O primeiro tipo de obstáculo
são os "obstáculos das aflições".
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Phiền não chướng em vietnamita, ou seja,
"obstáculos das aflições", 煩惱障 em chinês,
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ou kleśā-varaṇa em sânscrito.
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São a euforia, a desmotivação,
a raiva, o ódio, a desilusão, etc.
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Bem, na consciência dos cientistas,
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e na nossa própria consciência,
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existem essas aflições que nos podem obscurecer.
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Se o nosso coração e mente estiverem obscurecidos por esses
estados mentais aflitivos, entrar no...
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mundo do Último será impossível.
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O cientista Albert Einstein
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era extremamente inteligente.
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Mas,
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se aprendermos um pouco
sobre a sua vida pessoal,
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veremos que também teve
muita dor e dificuldades...
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nos seus relacionamentos com a esposa e os filhos,
passando por um divórcio e vivendo em sofrimento.
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Se Einstein não tivesse
esses obstáculos das aflições,
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Einstein teria ido muito mais longe.
Essa é a convicção do Thầy.
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Poderia ter ido duas
ou três vezes mais longe.
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O mesmo connosco.
Nós...
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podemos ou não ser cientistas,
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podemos ou não ser
estudiosos do budismo.
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Se tivermos obstáculos das aflições,
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embora a porta do Último
já esteja aberta, nunca conseguiremos entrar.
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O segundo tipo são os "obstáculos do conhecimento"
(sở tri chướng, jñeyā-varaṇa em sânscrito, 所知障 em chinês).
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Sở tri (jñeyā, 所知) significa
aquilo que já aprendemos e/ou sabemos.
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Phiền não (kleśā, 煩惱) significa
aflições, dor ou sofrimento.
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São dois tipos de obstáculos (āvaraṇa):
obstáculos das aflições e obstáculos do conhecimento.
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Obstáculos das aflições são desejo, raiva,
ignorância, arrogância, suspeita e visões erradas.
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Obstáculos do conhecimento são
aquilo que acumulámos intelectualmente.
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Se ainda estamos presos
à ideia de tempo,
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se ainda estamos presos à ideia
de que a mente e a consciência...
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são uma coisa
e o mundo é outra,
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de que o observador é uma coisa
e o observado é outra,
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de que Deus ou o criador é uma coisa
e as criaturas são outra,
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— se ainda estamos presos
a essas visões dualistas,
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ainda não estamos livres para entrar
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no Último, no mundo do nirvāṇa.
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Ora, no budismo,
o Buda mostrou-nos o método
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para superar os obstáculos das aflições
e do conhecimento e assim entrar no Último.
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Não temos de bater à porta
a dizer “Abre-te, Sésamo”.
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Só precisamos de praticar atenção plena correta (niệm 念),
concentração correta (định 定) e sabedoria (tuệ 慧).
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Ou seja: smṛti,
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samādhi,
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prajñā em sânscrito.
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Estes são os Três Treinamentos,
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ou tam học em sino-vietnamita
(triśikṣā em sânscrito, 三學 em chinês).
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Estas três disciplinas
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são chamadas śikṣā em sânscrito,
o que significa “aprendizagem” ou “treino”.
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Esta é a Ciência Tripla do Buda.
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A ciência do Buda não precisa
de ferramentas, equipamentos ou máquinas.
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Não são necessários telescópios nem aceleradores.
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Só precisamos da mente.
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Mas o sucesso da mente depende
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de conseguirmos libertar-nos completamente
dos obstáculos das aflições e do conhecimento.
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Por um lado,
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temos de pousar a bagagem das aflições.
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Por outro, também temos de pousar
a bagagem das visões e ideias dualistas.
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Com isso, temos liberdade suficiente
para entrar no Último.
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Os cientistas alcançaram esse tipo de liberdade?
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O conhecimento científico ajudou os cientistas
a atingir a liberdade e a libertação?
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A ciência pode ajudar a tecnologia...
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a desenvolver-se.
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E muitos de nós estamos a ser levados com ela.
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Entretanto, a nossa ganância, raiva, ódio,
vaidade, etc., estão a crescer todos os dias.
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Enquanto isso, o caminho do Buda
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diz-nos que, com estes Três Treinos,
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ou seja, atenção plena correta,
concentração correta e sabedoria,
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podemos limpar e purificar o nosso coração e mente
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para que os obstáculos das aflições
possam ser aliviados;
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e que, se formos capazes de largar
todo o nosso ver e saber —
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todo o nosso ver dualista e saber dualista —
alcançaremos a liberdade.
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Só com essa liberdade
é que podemos entrar no Último.
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Os cientistas têm intelecto.
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Mas os corações e mentes dos cientistas
estão muito provavelmente...
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pesados
por esses dois tipos de bagagem.
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Assim, mesmo quando a porta já está aberta,
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mesmo quando o Sésamo já se abriu,
ainda assim não se consegue entrar.
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Só se pode andar de um lado para o outro
em frente da porta.
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Por isso, ao estudar budismo,
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devemos estudar discursos como o Sutra de Rohitassa
("Discurso a Rohitassa", Mã Huyết Thiên Tử, 馬血天子)
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ou o Sutra dos Kālāmas
("Carta de livre inquirição", Kinh Kalama)
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para ver exatamente o que o Buda ensinou
sobre como entrar no Último.
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Porque o budismo também é uma ciência.
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Mas é uma ciência espiritual. A ferramenta é a mente.
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É preciso afiá-la, treiná-la.
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É preciso clarear a mente.
Só então se pode entrar.
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Talvez, então, o retiro de 21 dias
que vamos organizar no próximo ano
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tenha como tema
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"A Ciência do Buda".
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E nesse retiro, vamos falar sobre
as relações entre budismo e ciência.
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Provavelmente, vamos convidar alguns cientistas
de física quântica e astrónomos para um diálogo.
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Apresentaremos o caminho do Buda,
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porque a ciência do Buda
é a ciência da...
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atenção plena correta,
concentração correta e sabedoria.
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Mas esta ciência não utiliza
apenas o intelecto.
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O intelecto por si só não é suficiente.
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No budismo,
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para além da consciência mental (ý thức
em vietnamita, mano-vijñāna em sânscrito, 意識),
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também temos a consciência armazenadora (tàng thức
em vietnamita, ālaya-vijñāna em sânscrito, 藏識).
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Só quando transformamos
a consciência armazenadora é que pode haver...
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Sabedoria do Grande Espelho (Đại Viên Cảnh Trí
em vietnamita, ādarśa-jñāna em sânscrito, 大圓境智).
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Só então se pode entrar no Último.