-
Direção de fotografia é um tema
muito interessante.
-
Algumas pessoas o levam
muito no literal
-
achando que é simplesmente...
-
"Eu tirei uma foto ali.
-
Como eu trabalho com isso?".
-
Mas é um tema
bastante complexo,
-
e a gente veio conversar
um pouquinho sobre ele hoje.
-
Eu sou Murilo,
professor da FIAP,
-
e estou aqui com o Cléber
e com a Thaís
-
para a gente discutir
um pouquinho.
-
Olá, pessoal!
-
Meu nome é Cleber Rohrer,
eu sou produtor audiovisual
-
e professor aqui da FIAP.
-
Oi, pessoas!
-
Meu nome é Thaís Saraiva,
eu sou editora de vídeo
-
e também sou
professora de audiovisual.
-
Para começar, eu sempre
gosto de abordar
-
a confusão que eu mais vejo,
-
que, para muitas pessoas,
-
direção de fotografia
é uma imagem bonita.
-
Eu gosto muito
de começar lembrando
-
que sempre que a gente está
em fevereiro de qualquer ano,
-
tem a indicação para o Oscar,
-
aí tem um monte de filme
que é indicado,
-
a melhor direção
de fotografia etc.,
-
e aí, muitas pessoas
olham para um frame bonito,
-
e aquele frame bonito para eles
é a melhor direção,
-
a melhor fotografia possível.
-
Como a gente pode definir isso,
-
para a gente sair
um pouco dessa
-
de que fotografia não é só
uma imagem bonita?
-
Primeiro tem que pensar que é
imagem em movimento, né?
-
Porque as pessoas
vêem o fotograma
-
e acham que é um quadro.
-
Tudo bem que é um quadro,
-
mas você tem que pensar
que tem que ter uma harmonia,
-
uma organização
na história como um todo.
-
Fotografia, direção da fotografia,
a gente não pode esquecer
-
que levam os conceitos
básicos da fotografia,
-
ainda mais a fotografia Still, né?
-
Mas, ainda assim, a gente
tem essa passagem,
-
que é o da cinematografia.
-
Então, tudo que vai
envolver a imagem,
-
tudo que vai envolver
a iluminação,
-
a gente fala
a respeito da fotografia.
-
É interessante
também a gente pensar
-
que, muitas vezes,
na história do cinema,
-
existe um conflito
entre os diretores,
-
o diretor geral
e os diretores de fotografia.
-
Isso no Brasil e no mundo.
-
Por quê?
-
Porque justamente
o diretor de fotografia
-
é que vai cuidar
de toda a cozinha
-
para vir o diretor
e trabalhar ali em cima.
-
Então, às vezes tem toda
a questão de demorar,
-
de deixar muito perfeito,
-
para poder...
-
Preparar para o diretor
-
realizar aquilo que ele
tinha pensado.
-
E sem contar que também
tem muito a ver com o ambiente.
-
Eu acho que às vezes as pessoas
esquecem, quando estão assistindo,
-
de que não é só a fotografia
-
que você está montando ali
para aquela cena.
-
Você tem que pensar na linguagem
da história como um todo.
-
Então às vezes elas
pensam na fotografia
-
como sendo aquela coisa
bela, maravilhosa,
-
como se fosse um musical
da Broadway,
-
alguma coisa
que tem muito brilho,
-
e tem que lembrar
que às vezes tem filmes
-
que não precisam de tudo isso
-
porque a história
não pede tudo isso.
-
Então você tem essa relação
-
de como você vai
trabalhar a fotografia
-
que é condizente com o tipo
de história que você está contando.
-
E isso também acaba
sendo passado
-
até na escolha dos figurinos,
-
outros detalhes que ajudam
a evidenciar a fotografia
-
e ajudam a evidenciar a história
que você está contando.
-
Uma coisa que eu acho
bastante curiosa
-
é que o excesso de tecnologia
que a gente tem hoje
-
meio que leva algumas
pessoas a errar.
-
"Ah, grava mais uma ali
e a gente vê na hora da edição,
-
a gente pega umas opções."
-
Tem um top erros na hora
de fazer fotografia?
-
Porque, assim,
todo mundo um dia
-
vai bater a cara na parede, né,
-
produzindo alguma
coisa, errando.
-
Mas se desse para dar uma lição,
aquele conselho de amigo,
-
dos erros mais comuns
-
na hora de fazer uma captação,
-
uma boa direção de fotografia.
-
Primeiro, bater o branco, né?
-
Sim, por favor,
-
e escolher a iluminação
que vai trabalhar na gravação
-
de um jeito que você
consiga corrigir na pós.
-
Porque às vezes a pessoa...
-
"Eu quero trabalhar
com filtro azul",
-
e põe o filtro azul tão forte
na hora de gravar
-
que na hora que você vai editar
-
você não consegue mais
mexer naquele material.
-
Aí você, literalmente, tem
que voltar e gravar de novo.
-
Isso que você falou
é muito legal,
-
porque quando a gente
tem essa questão
-
de vou corrigir na pós,
-
já pressupõe que vai acontecer
alguma coisa errada.
-
E aí vem a questão, novamente,
-
da direção de fotografia
-
pensar como um todo
-
para ter uma menor interferência
-
na hora da pós-produção.
-
Uma coisa...
-
Eu acho que a Thaís aqui,
como editora,
-
vai concordar comigo.
-
Uma coisa é
se trabalhar num vídeo
-
para que, na hora
da pós-produção,
-
aquilo já seja pensado, do que...
-
Do que o contrário, né,
-
do que... "Nossa!
-
Foi feito errado
-
e eu vou ter que refazer
tudo na pós-produção."
-
Eu acho que esse é
um fator essencial.
-
Essa questão
do ajuste do branco,
-
que é o mais comum
-
da direção de fotografia,
-
vai ser o quê?
-
Bom, eu vou ajustar
a iluminação,
-
o tom que eu quero imprimir
naquela imagem.
-
A partir daí, eu vou fazer
todo esse ajuste.
-
Por isso que é muito legal...
-
Quando a gente fala
de direção de fotografia,
-
o diretor de fotografia
precisa ter um conhecimento
-
de várias outras coisas...
-
Principalmente,
por exemplo, da pintura.
-
"Ah, mas como assim?
-
Eu quero fazer cinema,
eu quero fazer vídeo.
-
Eu vou ter que ficar
estudando...
-
Pintura?"
-
"Eu vou ter que ver exposição."
-
Porque isso justamente
vem auxiliar
-
na hora que você
vai montar a luz.
-
Eu adoro pegar alguns
exemplos clássicos.
-
A moça do brinco de pérola,
-
que é baseado numa pintura.
-
Então você pega aquilo
-
e entende como
o diretor de fotografia
-
trabalhou com aquilo
a seu favor.
-
Então, essas referências
da pintura,
-
da fotografia também,
-
da fotografia Still,
-
são muito importantes
-
para você levar
e imprimir um tom
-
daquilo que você quer fazer.
-
A gente está falando
aqui do cinema,
-
mas a gente pode ampliar isso
para várias outras artes.
-
Para publicidade, para um vídeo,
-
para um videocast,
para um streaming.
-
Então, a partir daí,
-
eu vou conseguir
saber exatamente
-
a mensagem que eu quero passar.
-
Poxa, vou deixar mais vermelha,
-
eu vou deixar
com cores mais fortes,
-
eu vou deixar
com cores mais frias.
-
Tudo isso é o diretor de fotografia
que vai trabalhar.
-
Então não adianta nada eu fazer
uma captação, e de repente...
-
Puxa, errei no meu ajuste,
-
errei na hora
de pensar a iluminação,
-
e a mensagem que está passando
é completamente diferente.
-
É a mesma coisa que você fazer
alguma coisa sem planejamento.
-
Porque, basicamente, o que o diretor
de fotografia está fazendo
-
é planejando essas cenas
-
para que você consiga atingir
o objetivo que foi estabelecido
-
quando você decidiu
fazer a produção.
-
Aí não importa qual
produção seja.
-
Você vai fazer a partir
de uma estrutura.
-
Se tiver que corrigir a rota
no meio do processo,
-
você vai corrigir
levando em consideração
-
esse objetivo único.
-
É bem isso mesmo, né, você
não vai passar uma tonalidade
-
e de repente, chega
no final da produção, você fala:
-
"Nao, está completamente fora".
-
Parece que não estão
falando a mesma língua,
-
as pessoas da equipe
não estão se conversando
-
E uma coisa que eu acho curiosa,
-
até fazendo uma ponte
-
entre diversas
disciplinas do curso,
-
o próprio vício hoje
de muitas empresas
-
usarem a Virtual Production
-
é de ter essa
previsibilidade absurda.
-
Está lá a Disney naquele domo,
-
que a gente vê
no material que eles têm,
-
e aquela facilidade da pessoa
poder abrir o software e falar:
-
"Olha, eu acho que a luz
não está tão legal.
-
eu consigo controlar o sol",
nesse contexto.
-
Eu não dependo tanto
de alguns fatores incontroláveis,
-
alguns fatores
externos absurdos.
-
Eu lembro muito de uma entrevista
do Deming Chazelle,
-
quando ele fez "La La Land".
-
Tinha uma cena logo
no começo,
-
eu acho que a segunda
ou terceira música,
-
onde a Emma Stone, as atrizes,
-
tinham que sair
no por do sol da casa.
-
Nossa, eu acho que é
a coisa mais difícil...
-
- Como você controla.
- É aquela coisa assim...
-
Olha, vocês tem das 5:40 às 6 horas.
-
Se vocês errarem, a gente
loca o espaço amanhã
-
e vocês fazem
das 5:40 às 18 horas.
-
É legal também
pesar sempre isso.
-
Você pode falar:
"Se é tão difícil assim
-
fazer natural,
faz tudo por digital".
-
E tem exemplos que ficam
um pouco demais, né?
-
Eu lembro que...
-
O Homem Aranha no Way Home...
-
Teve umas questões
de pandemia junto,
-
mas teve cenas que...
-
"Oh, o ator tal
está em tal lugar,
-
coloca um fundo digital
que ele está numa casa,
-
e grava com ele
aqui no estúdio".
-
Chegou num ponto em que se dirigiu
a fotografia, beleza,
-
mas você também
não consegue emular tudo
-
como se aquilo
fosse natural, né?
-
Aí eu sempre vejo aquele peso
da conveniência do digital
-
com algumas coisas que você
realmente pode fazer
-
de uma maneira, entre aspas,
mais analógica, né?
-
Eu acho que nem no céu
e nem na terra, né?
-
E aí tem um problema,
-
porque você repara
que tudo que é digital...
-
Você pega de todas as obras
que você for usar como referência,
-
elas têm a tendência
a serem mais escuras,
-
porque o controle
que você tem da luz,
-
o controle que você tem
do espaço, é diferente.
-
E aí uma forma de você
mascarar esse controle
-
é justamente você
escurecendo a cena.
-
Você pega cenas que as pessoas
gravam em chroma,
-
com o fundo virtual,
qualquer um,
-
você percebe que,
comparado com uma luz natural,
-
ou até mesmo num estúdio,
-
ele vai ser mais escuro,
-
porque é uma forma de você tentar
minimizar algumas diferenças,
-
porque o tom de pele, a roupa,
-
o fundo, tem essas quebras,
-
tem essas trucagens,
-
que as vezes precisam
ser ajustadas.
-
Então até isso você tem
que levar em consideração
-
quando você está
planejando a fotografia.
-
Como você vai fazer os ajustes
para deixar o mais natural possível,
-
independentemente
de ser construído,
-
ou vai ser realmente
gravado uma externa.
-
Eu tinha citado aqui
-
a questão da publicidade,
de outras obras,
-
e eu esqueci de falar
do videoclipe,
-
que o videoclipe também
tem essa questão.
-
Mas talvez de todas
as obras audiovisuais
-
seja a mais experimental.
-
Ele acaba brincando
um pouco com isso.
-
Exatamente
-
Ou eu consigo imprimir uma cor,
-
uma tonalidade,
uma iluminação...
-
Para destoar daquilo
que, de repente,
-
vai ser feito, né?
-
Seria um não natural, né, o normal.
-
Eu acho assim, eu gosto muito...
-
Por exemplo, tem uma banda
que se chama "The Baseballs".
-
É uma banda alemã que faz vídeos
-
O som deles remete
aos anos 1950.
-
Eles fizeram muito vídeo
em preto e branco,
-
Então, obviamente, às vezes
tinha essa coisa do digital.
-
às vezes tinha alguma coisa
-
da platéia dos "Beatles" e tal.
-
E aí depois eles foram passando
-
para os anos 1960,
-
que são os meus
clipes preferidos,
-
onde ele imprime uma cor
-
que é dos seriados,
-
aqueles "I Love Lucy",
-
aquela coisa bem...
-
O cotidiano dos americanos ali.
-
E eu acho muito legal como...
-
Se você vir e você não sabe,
-
você fala: "Poxa, mas espera aí,
-
eu nunca tinha visto esse seriado,
eu nunca tinha visto isso,
-
essa banda.
-
Onde estava?
-
Porque, nitidamente,
isso já leva a gente
-
para aquele momento, né?
-
Bom, tivemos recentemente...
-
Em 2024,
-
o lançamento
do "Ainda Estou Aqui",
-
que tem ali imagens
-
dos anos 1970 no Brasil,
-
e é muito legal porque...
-
Essas imagens foram
feitas recentemente,
-
mas ali eu tenho que pensar:
poxa, como eu vou fazer
-
para imprimir uma imagem
-
como se tivesse sido feita
nos anos 1970.
-
E aproveitando realmente
as imagens de arquivo
-
para fazer essa referência.
-
É uma manipulação
da realidade ali, né?
-
Mas o mais interessante disso
é que, você vê o filme,
-
e pensa: "Caramba,
como eles fizeram isso?
-
Como foi?".
-
Por quê?
-
Porque automaticamente te leva
-
aos anos 1970, aos anos 1980.
-
Isso que é o mais interessante,
-
como que...
-
A fotografia, ao mesmo tempo,
-
passa uma ambientação
-
do que ela quiser.
-
É muito legal o que você citou
porque eu acho que...
-
Principalmente as cenas
que estão perto da praia,
-
atravessando a rua para a casa,
-
eu acho um exemplo
muito bom de fotografia,
-
porque alguns dos diretores
podiam e simplesmente...
-
Vamos tacar tudo
digital isso aqui",
-
e pronto.
-
E aí é um mix de:
eu pego um pedaço
-
que não está aparecendo...
-
Sei lá, o fio da empresa
de internet
-
passando no poste,
-
eu chamo pessoas
que têm carros antigos
-
para andar naquela hora,
-
e aí, perto de chegar na casa,
-
eu coloco uma composição digital
-
para mostrar
umas casas anos 1970.
-
Porque você mascara
o entorno só, né?
-
Demais!
-
Se você não para para pensar,
-
muitas pessoas nem percebem
-
que tem uma composição
digital nem nada.
-
Você tem que ficar
com uma lupa ali.
-
É uma primazia muito grande.
-
Eu quero reassistir esse filme
já com a minha lupa ali...
-
Procurando defeitos.
-
Procurando os defeitos.
-
Ver se não passa
nenhum avião no fundo.
-
Você falou sobre isso, Murilo,
e eu me lembrei de um comercial...
-
Que deve ter sido
entre 2014 e 2015...
-
Ou 2013, 2014...
-
Do Fusca, do novo Fusca.
-
Então era o Cazé Peçanha,
-
ex-VJ da MTV,
-
e ele ia no centro de São Paulo,
ali no Viaduto do Chá,
-
e falava: "Estamos
aqui nos anos 1970
-
para apresentar o novo
Fusca para o pessoal".
-
E aí, como assim?
-
E aí é muito legal por quê?
-
Ele fazia uma mescla
de imagens de arquivo
-
e ao mesmo tempo,
era o Fusca novo, o Fusca ali,
-
como se o pessoal dos anos
1970 estivesse assistindo.
-
Inicialmente, quando você
vê toda aquela textura,
-
a maneira como foi manipulado,
-
são os anos 1970.
-
E aí, no final,
-
tem o novo Fusca passando,
-
se transformando realmente
-
no Fusca atual, digamos,
-
da época,
-
essa imagem mais limpa.
-
Então, o mais legal desse comercial,
que era de 30 segundos,
-
ele ainda tinha uma outra coisa,
que mistura isso, que era o quê?
-
Tinham algumas figuras
como o Mussum,
-
como o Rivelino,
que davam depoimento.
-
Na época, eles fizeram
aquela mescla do digital
-
com a manipulação e tudo.
-
Mas voltando na questão
-
da direção realmente,
-
imagine como é pensar nisso.
-
Eu vou pegar uma série
de figurinos, essas pessoas,
-
que cor elas têm que usar?
-
Qual é a textura que eu vou
ter que colocar como filtro,
-
Porque isso vai
influenciar também.
-
Qual filtro eu tenho que colocar
aqui nessa câmera
-
para pensar...
-
Porque senão... "Ah, não.
-
Depois você põe lá".
-
Deve ter um lute lá
que você utiliza na edição
-
e está tudo bem.
-
Não é assim.
-
Senão acontece
isso que você falou.
-
Não vai dar para você
ficar procurando.
-
Você já vai identificar
automaticamente.
-
E outra, você não vai
conseguir ter uma noção
-
se o que você colocou na gravação
funcionou de verdade, né?
-
Porque tem justamente
essa textura do figurino,
-
de como você trabalha
as outras informações.
-
Você tem que pensar
em como fica a textura de cor
-
porque às vezes o tom
de pele do personagem
-
com a roupa
que ele está usando
-
e a textura que você colocou
fica mais estourada,
-
fica mais contrastado.
-
Você fica fazendo
500 mil máscaras.
-
Gente, o tempo de pós produção
aumenta exponencialmente,
-
porque às vezes você tem
que corrigir uma pessoa
-
num momento específico.
-
É por isso que o pessoal...
-
Normalmente o pessoal de fotografia
é o pessoal mais chato do set.
-
É o pessoal que vai
fazer a composição,
-
que vai olhar, que vai
ter todos os detalhes...
-
"Ah, ajusta
um pouquinho para cá,
-
ajusta um pouquinho para lá...".
-
Que é justamente por quê?
-
Nisso a composição da imagem
-
vai ficar muito mais interessante.
-
Isso faz parte da fotografia também.
-
E, de novo, como esses
conhecimentos vêm
-
da fotografia Still,
-
Como eles vão sendo agrupados
-
para a cinematografia.
-
É muito bacana, né?
-
Antes de a gente ir
para uma parte mais captação,
-
falar de câmera,
microfone, hardware em si,
-
se a gente tivesse que montar
uma sessão pipoca,
-
o que eu posso assistir
-
para ver uma fotografia
diferente,
-
ou me inspirar
em um bom trabalho?
-
Algumas dicas
para o fim de semana.
-
Depois de ver os vídeos da...
-
Pode falar "O Poderoso
Chefão" de novo?
-
- Pode.
Sim, por favor.
-
Mas eu colocaria também
algumas coisas tipo
-
Kleber Mendonça Filho,
porque é muito diferente.
-
Ele estoura muito a cena,
-
mas para o cenário
que ele está trabalhando,
-
quando ele vai pensar
nas locações, funciona.
-
Então é legal até para ter
esse destoado, né?
-
Porque se você pega uma série
de diretores brasileiros,
-
americanos ou de outros países,
-
cada um tem uma marca
específica na hora de gravar.
-
E aí o diretor
e o diretor de fotografia
-
acabam trabalhando muito
juntos por causa disso,
-
porque você tem essa relação,
-
esse pensamento muito parecido.
-
Então às vezes é legal
até de colocar
-
umas coisas
diferentes no meio.
-
Eu falei do Poderoso Chefão
porque virou um clássico.
-
A gente estava
falando dessa coisa
-
da direção geral
e da direção de fotografia,
-
o quanto que o Coppola brigou
com o diretor de fotografia,
-
que eu não me recordo
o nome agora,
-
para poder realizar.
-
Mas um filme
que eu gosto muito
-
é "De Olhos Bem Fechados",
-
do Stanley Kubrick,
-
de 1999, se não me engano.
-
Eu acho que é o último filme dele.
-
Eu acho a fotografia
desse filme...
-
E tem uma coisa.
-
Durante as filmagens,
o diretor de fotografia faleceu
-
e aí o Kubrick acaba
assumindo essa direção.
-
É um filme que tem
uma coisa meio taciturna,
-
tem todo um mistério ali
envolvendo.
-
É um dos filmes que eu
acho mais interessantes
-
desse ponto de vista.
-
E tem umas coisas
que são muito...
-
De novo, a questão das regras,
-
regras de composição.
-
Por exemplo,
a escolha dos figurinos,
-
a escolha das cores.
-
Tem, por exemplo,
uma cena que tem
-
uma mesa de sinuca,
-
Mesa de sinuca
normalmente é o quê?
-
Verde.
-
Mas eles fizeram...
-
Tinha que ser vermelho.
-
Por quê? Por causa de toda
aquela ambientação.
-
O filme tem uma coisa
muito erótica.
-
E também tem uma coisa
muito diabólica, digamos assim.
-
Então eles queriam...
-
"Não, tem que ser vermelho".
-
Era o objetivo ali, né?
-
Assim, um dos diretores
de fotografia que eu gosto muito
-
é o César Charlone, que é
o diretor do Cidade de Deus.
-
Hoje ele também é o diretor...
-
Ele dirigiu, não como
um diretor de fotografia,
-
mas como diretor geral,
-
o "3%",
-
aquela série da Netflix,
bem legal.
-
Mas o César Charlone,
no Cidade de Deus,
-
durante muito tempo
o pessoal pegava a fotografia
-
e levava a para o set e falava:
-
"Eu quero igual isso aqui".
-
"Como você fez tal imagem?"
-
"Como você posicionou a câmera?"
-
Então eu vejo...
-
A Cidade de Deus, para mim,
-
é um dos melhores filmes
nacionais, senão o melhor,
-
na minha opinião.
-
E essa fotografia é,
assim, primorosa.
-
Eu acho que não tem o que falar.
-
Essa brincadeira, essa coisa
de remeter aos anos 1970 também.
-
Ao mesmo tempo tem essa...
-
Variação de tempo,
-
passado e futuro.
-
Eu acho muito, muito interessante
como ele trabalhou isso.
-
Uma coisa que eu estava falando
com os alunos uma vez
-
porque eles estavam
com um pouco de dificuldade
-
de entender esse conceito,
-
que é bacana
a gente tentar pegar
-
diretores diferentes
que fazem uma mesma obra.
-
Para citar um exemplo
que todo mundo vai pegar,
-
é o "Batman".
-
Em teoria, Gotham City
é uma coisa só.
-
Só que você pega
a visão do Tim Burton,
-
é uma visão cartunesca, né?
-
Ela é extremamente exagerada.
-
É expressionismo alemão.
-
Você vai pegar uma visão
ali do Nolan,
-
é uma cidade genérica
dos Estados Unidos.
-
Você vai pegar
uma versão mais...
-
Mais decadente.
-
Decadente.
-
Você vai pegar uma versão
do Matt Reeves,
-
ele pega um pouco do gótico
do Tim Burton,
-
mas ainda é real,
igual a do Nolan.
-
E, teoricamente, é a mesma...
-
A leitura ali,
se alguém for descrever,
-
é uma cidade decadente
dos Estados Unidos,
-
a execução de uma descrição,
-
porque os três devem ter
a mesma descrição daquela cidade.
-
Falando dos quadrinhos,
era a mesma descrição.
-
- Só que saiam coisa diferentes, né?
- É a referência de cada um.
-
A forma como eles
trabalham as referências.
-
Até o próprio Tim Burton.
-
Dos filmes dele...
-
É engraçado porque ele fez
o primeiro e o segundo Batman,
-
e as pessoas vão conhecê-lo
muito mais pelos filmes
-
como o "Edward Mãos de Tesoura",
pelo...
-
Esqueci o nome daquele filme...
-
"Peixe Grande".
-
E se você parar para reparar,
todos tem a mesma referência.
-
Quando você pega o Tim Burton,
-
ele tem essa marca muito forte.
-
É por isso, inclusive, que ele
vai ter o expressionismo alemão,
-
que é justamente buscando
essas referências,
-
nas artes, na história,
-
porque é ali que ele vai construir
-
todo o repertório cinematográfico dele.
-
E ele traz isso para todas as obras.
-
Tem um filme dele que eu
só descobri que era dele
-
quando eu li os créditos.
-
Era alguma coisa...
-
"Grandes Olhos", "Big Eyes"...
-
Eu não lembro agora.
-
Eu lembro o nome do filme em si.
-
Mas é a história de uma pintora
-
que ela e o marido
se mudam para uma casa,
-
ela começa a fazer os quadros
-
e ele começa a vender os quadros
como se fosse dele.
-
E, assim, a história é
muito boa, é muito boa.
-
Depois, por favor, gente, procurem
no MDB porque vale muito a pena.
-
Mas não estava
com a cara Tim Burton,
-
não estava com essa
coisa muito exagerada.
-
Aí, eu assistindo, tinham ali
os detalhes por causa do quadro,
-
a forma como ela pintava,
a forma como era a fotografia,
-
como eram as cores,
a escolha do ambiente.
-
Aí, no final, quando tem lá
a assinatura, eu falei assim:
-
ah, está explicado.
-
E é muito interessante como
você constrói todo um universo.
-
Ele deixa a sua assinatura
de uma maneira ou de outra, né?
-
Eu acho legal, né gente...
-
Só para finalizar
e irmos para outro bloco.
-
Essa questão de como
você dirige imagem.
-
A gente cita muito série e filme
-
porque eu acho que acaba sendo
a maneira mais fácil
-
de você entender,
pegar referências.
-
A gente falou de propaganda,
-
a questão de games.
-
Está tendo um movimento
muito interessante em games,
-
que é você procurar
estéticas antigas.
-
Querendo ou não, você está ali
-
já com 60 anos de indústria
-
e algumas pessoas já
estão cansadas do realismo.
-
Uma tendência muito legal
hoje que existe em games
-
é o "Demake'.
-
O Demake vai buscar
uma geração específica.
-
O meu jogo vai ter cara de PS1.
-
Só que muita gente vai lá fazer,
-
vai dirigir essa imagem,
e fica estranho,
-
porque não é só uma coisa, né?
-
Tem o ruído da imagem,
-
tem a paleta de cores,
-
tem a resolução
da textura que tinha,
-
tem o som mono,
-
não era aquele som
espacializado.
-
A animação não pode ser fluida,
tem que ser mais travada.
-
Então, tirando um pouco
-
esse exemplo de vídeo,
-
quando a gente pega até
uma mídia interativa ali...
-
Porque querendo ou não
o jogo é uma espécie de vídeo
-
que você controla
de alguma maneira...
-
Se torna tão complexo quanto,
-
as referências se aplicam
da mesma maneira.
-
Porque às vezes eu converso
com alguns alunos
-
e eles têm essa dificuldade
de extrair essa direção de fotografia
-
se não for para uma propaganda,
se não for para um filme,
-
sendo que, basicamente,
muitos produtos
-
têm essa mesma direção,
-
só que não é aplicada ali.
-
Cada um a seu contexto.
-
Eu vejo de duas formas.
-
Primeiro, se você tem a questão
da composição da imagem,
-
isso vai ser levado
-
para qualquer obra audiovisual,
incluindo os games.
-
Então, poxa, eu vou
fazer uma composição,
-
vou fazer a regra dos terços,
eu vou fazer...
-
Similaridade,
-
eu vou brincar com a questão
-
de uma profundidade de campo,
-
para tudo isso, eu estou trazendo
os conhecimentos da fotografia,
-
trazendo conhecimentos
até anteriores,
-
e trabalhando com isso.
-
A outra questão
que a gente já falou aqui,
-
da iluminação e tudo,
-
é muito interessante
que, com isso,
-
eu conduzo o olhar
do meu espectador,
-
eu vou conduzindo o olhar,
-
e também vou trazer o espectador
-
ora para o meu lado,
-
ora eu quero deixá-lo
mais incomodado, digamos,
-
e falar: não preste
muita atenção nisso
-
porque depois você vai fazer...
-
Isso vai fazer falta
e você vai voltar e ver isso.
-
Quem fazia muito isso
era o Hitchcock.
-
Voltando ao cinema clássico.
-
Mas tem um outro diretor
que eu gosto muito,
-
e que brincava com essas
variações que você está falando
-
é o Oliver Stone.
-
Nos filmes dele,
você pode ver que...
-
Tem um filme que eu
acho muito legal,
-
muita gente não gosta,
que é o "Assassinos por Natureza",
-
que o roteiro, a ideia
inicial, é do Tarantino.
-
Ele imprime ali uma coisa...
-
Ele tem uma influência
do videogame,
-
ele tem uma influencia
do videoclipe,
-
tem uma influência
da televisão, dos quadrinhos.
-
Ele vai trazendo isso e mostrando.
-
Tem uma cena
que eles estão na prisão
-
que, nitidamente,
é uma cena do "Demolidor"...
-
Quando o Demolidor
tem um problema
-
Com o arqui-inimigo dele, o...
-
-
- O Mercenário
-
Não, o Mercenário.
-
Porque o Mercenário
está preso e tal,
-
e aí o Mercenário vai
dar uma entrevista.
-
Se você pega as imagens, são...
-
Uma influência muito direta.
-
Então, nesse sentido,
-
a direção de fotografia,
-
pode ser aplicada em
absolutamente tudo.
-
Olha que legal, eu tenho
uma história da Marvel.
-
Quando a Marvel
começou a se tornar...
-
No final dos anos 1960,
-
a grande rival da DC,
-
e passou em número
de títulos vendidos...
-
Poucas pessoas sabiam que,
-
quando o desenhista
era contratado,
-
ele recebia um guia
e recebia um livro.
-
Qual era esse livro?
-
"Os Cinco Cs da Cinematografia",
-
que até hoje é uma das bíblias
-
das referências
da cinematografia.
-
Por quê?
-
Aquele aspecto do quadrinho
-
tinha que levar
a direção de fotografia,
-
tinha que ter um olhar...
-
Não é a toa que revolucionou
a história dos quadrinhos,
-
e por aí vai.
-
Então eu vejo isso muito...
-
Essas artes se complementam.
-
E a fotografia
realmente não está...
-
Não é um caso à parte.
-
Eu faço só quando eu for fazer
-
um cinema ou uma publicidade.
-
Não, eu vou fazer em qualquer
obra audiovisual.
-
Até quando você vai fazer um vídeo
para você colocar nas redes sociais.
-
Assim, é claro que a gente
não vai usar uma bazuca
-
para matar uma mosca
na parede.
-
Mas aí não é a questão
de equipamento,
-
mas a questão da linguagem,
-
porque a linguagem independe
-
se você está fazendo uma produção
de grande proporção,
-
inclusive de grandes valores,
-
ou um vídeo para a rede social.
-
Se você tem uma referência
e você consegue aplicar bem...
-
É engraçado porque
você vai perceber
-
que até o compartilhamento
do seu material vai ser diferente.
-
Por que você tem
tantos influencers
-
que cada vez mais se dedicam
-
não só ao conteúdo, claro,
mas também à estética.
-
E eles não vão fazer sozinho,
apesar de que às vezes parece, né,
-
dá a entender que faz tudo sozinho,
mas tem uma equipe por trás,
-
porque essa pessoa tem
que se preocupar com essa construção,
-
com essa linguagem,
com essa estética,
-
porque é justamente isso
que vai tornar até mais fácil
-
das pessoas pararem
para olhar para aquele conteúdo.
-
Eu gosto de partir
da premissa o seguinte:
-
Você vai fazer um vídeo,
-
vai produzir alguma
obra audiovisual...
-
Vamos levar em consideração
o equipamento que nós temos.
-
A gente nunca vai ter
o melhor equipamento.
-
O mundo perfeito
de Moranguinho, né?
-
Nunca vai ter o tempo ideal.
-
Só se você for
o James Cameron, né?
-
Exato.
-
Mas aí é outro patamar, né?
-
Então eu vou trabalhar com o quê?
-
Eu vou extrair o melhor
daquele equipamento.
-
Mas se eu tivesse, se eu...
-
Não.
-
Então vamos lá.
-
Qual é o meu equipamento?
-
Bom, o meu equipamento
é esse celular,
-
que tem uma boa definição.
-
Mas aí então entram
os conhecimentos técnicos
-
da fotografia no vídeo.
-
Bom, então eu vou ter
que fazer uma iluminação,
-
vou ter que compensar
isso com mais luz.
-
Talvez eu não vou gravar
num determinado horário.
-
Eu vou gravar
num horário mais cedo,
-
para ter um maior
planejamento de luz.
-
Eu vou brincar com os recursos
que eu tenho.
-
Eu acho que isso é o ideal.
-
Dependendo do equipamento
que você tiver,
-
você tem que fazer o melhor.
-
E o fim também.
-
Você está fazendo esse conteúdo
audiovisual para passar aonde?
-
Porque isso também acaba
fazendo a diferença.
-
Se você vai fazer um vídeo
que é para passar numa tela grande,
-
você vai passar
numa tela de cinema
-
ou vai ser exibido
em um espaço muito grande,
-
aí sim você vai ter
que pensar nessa questão
-
de resolução, de qualidade,
-
porque você precisa
desse espaço.
-
Agora, você faz um vídeo
para a pessoa assistir num celular...
-
Às vezes...
-
Inclusive, hoje em dia,
você tem celulares
-
que estão
com uma qualidade tão boa
-
para você usar para gravar
para tela grande,
-
não necessariamente para a pessoa
ver numa telinha um por um.
-
Então acaba fazendo diferença.
-
Tem uma série de curtas
-
que uma galera produz em iPhone.
-
Tem uma tendência
na Nigéria muito forte...
-
A Nigéria está sendo conhecida
justamente por isso,
-
por uma produção audiovisual
-
através dos celulares
e smartphones, enfim.
-
Também a Coréia,
-
que hoje é um grande
polo audiovisual,
-
mas também tem uma produção
muito interessante com celulares.
-
A gente está falando disso,
-
mas vamos deixar bem claro
que, obviamente,
-
são de curtas metragens,
-
são coisas mais experimentais...
-
Mas ainda assim, é aquilo,
são vídeos mais curtos.
-
Mas qual é o objetivo?
-
Produzir.
-
Porque se fica nessa
questão de ilimitação...
-
"Ah, eu não tenho uma câmera",
ninguém vai fazer lá.
-
Você pega a Nigéria,
-
que tem um problema de pobreza
-
muito sério...
-
Uma limitação, inclusive
de investimento na área audiovisual,
-
aí então não vai fazer.
-
Não. Eles foram lá,
pegaram isso,
-
e aproveitaram o equipamento
que eles tinham
-
e meteram as caras,
fizeram bastante coisa.
-
E no caso da Coreia,
-
é um pouco parecido
com o nosso aqui, que é o quê?
-
Poxa, legal, eles estão
produzindo muito,
-
tem muita gente produzindo
e trabalhando em produtoras
-
com equipamentos superlegais,
-
mas tem um monte de jovens
realizadores que não tem.
-
E aí? Eu vou deixar de produzir?
-
Não, eu vou fazer
com o celular também,
-
vou explorar o melhor
do meu equipamento.
-
E sem contar que sempre você
tem que começar por algum lugar.
-
Se você pega hoje...
-
Por exemplo, todos os diretores
que a gente citou de Hollywood,
-
a grande maioria fez
trabalho acadêmico,
-
fez trabalho com baixo
orçamento, com equipamento...
-
Tem muito diretor
que trabalha com clipe.
-
Comercial, fazendo os comerciais
de empresas desconhecidas,
-
depois vai subindo.
-
Não vai fazer um Superbowl
logo de cara, né?
-
Mas eles começam de algum lugar,
-
porque o talento vem do olhar.
-
O equipamento vai
ajudar a trabalhar,
-
disseminar melhor esse talento.
-
Falando de mais uma dica,
-
aquele filme "Tangerine",
-
que foi todo feito com celular.
-
Então também tem essa questão.
-
Tem alguns filmes que falam
que foram feitos com celular.
-
Sim, foram feitos com celulares.
-
Tem até o "Deadpool"
em algumas cenas,
-
tem aquele "127 Horas".
-
Nesse caso...
-
Sim, foi feito com celular,
-
foi feito às vezes com uma câmera
menos potente,
-
no entanto,
-
o parque de luz que eles
tinham era enorme, né?
-
É a mesma coisa
dos comerciais aí
-
da Samsung,
-
o comercial da Nike...
-
Nike, não, me desculpem.
-
Da Apple, que...
-
"Ah, nossa, eles fizeram
só com o celular".
-
Não, eles fizeram com o celular
-
e com um parque de luz enorme
-
que às vezes compensou
ali uma baixa resolução.
-
Porque o Danny Boyle
tem esse problema mesmo.
-
Você pega todos
os filmes que ele fez,
-
principalmente os filmes
que ele fez na Inglaterra,
-
ele trabalha com a luz natural.
-
Um dos primeiros filmes
dele, o "Extermínio",
-
que é o "28 dias depois"
em inglês,
-
ele gravou em Londres.
-
Ele conseguiu deixar
a cidade inteira vazia.
-
Só que se você pegar
todo o esquema de produção
-
para ele conseguir fazer aquilo,
-
ele gravou no verão,
ele gravou de fim de semana,
-
ele usou luz natural.
-
É lindo!
-
Aquela cidade
completamente devastada,
-
o mundo acabou, apocalipse.
-
Mas é muito isso.
-
Ele trabalha muito com a luz,
-
e ele tem não só a iluminação,
-
mas ele tem também
uma senhora produção
-
para conseguir
dar conta de fazer tudo.
-
Aí a câmera que ele está usando,
a lente que ele está usando,
-
é fichinha perto do resto.
-
Esse é um ponto.
-
Então, de novo,
não deixem de fazer,
-
não deixem de fazer
os seus vídeos,
-
as produções.
-
Explorem melhor
o seu equipamento.
-
É a questão da limitação, né,
-
a limitação gerando
algum tipo de inovação,
-
algum tipo de solução criativa.
-
No fim, as pessoas nem
percebem às vezes, né,
-
só quando alguém conta...
-
"Ah, sabe que esse filme
foi gravado numa casa
-
só porque não tinha orçamento
para outro cenário?".
-
A pessoa: "É? Eu achei que fosse
a ideia do filme mesmo".
-
A gente está falando
dessa questão
-
de começar, de fazer,
-
o Spike Jonze, que é um dos meus
diretores preferidos atualmente,
-
tem o filme "Her",
-
que a fotografia desse filme...
-
Outra dica.
-
Muito, muito legal.
-
Mas você pega
os primeiros filmes dele,
-
os primeiros vídeos dele...
-
Ele fez videoclipe,
-
ele fez piloto
para programa de televisão
-
na casa dele, brincando ali.
-
Poucas pessoas sabem, mas ele
era o diretor do "Jackass" da MTV.
-
Ele que fazia o velhinho.
-
Ele é assim, um diretor
-
que trabalha como diretor
de fotografia também,
-
então ele sempre estava fazendo
alguma coisa, experimentando,
-
experimentando os equipamentos,
-
para justamente...
-
Quando a gente pensa:
"Olha, o Spike Jonze, hoje,
-
trabalhando em Hollywood...".
-
Não. Ele passou por
todas as etapas
-
até chegar lá em Hollywood e ser
um dos maiores diretores atualmente.
-
Para a gente finalizar...
-
Vocês vão falando esses exemplos
-
e isso me lembra muito
o Jordan Peele.
-
Eu conheci o Jordan Peele
como humorista de YouTube,
-
que fazia participação
em filme em série etc.
-
E o Jordan Peele para uma pessoa
-
que tem 18 anos,
20 anos, hoje....
-
Ele é um diretor de terror
-
que o estilo dele
é aquele filme mais escuro,
-
Ele tem uma impressão
que você...
-
Você olha e fala: "Isso
aqui está com uma cara
-
de Jordan Peele", né?
-
Mas ele começou por um caminho,
digamos, não...
-
- Não convencional.
- Não ortodoxo.
-
"Eu fiz comédia,
fui produzindo imagens...
-
Um dia eu falei: e se eu
parar de produzir comédia
-
e produzir terror?"
-
E ficou interessante.
-
Eu queria agradecer muito
a presença de vocês aqui hoje.
-
Foi muito bacana os exemplos
que a gente foi dando.
-
E a dica fica de às vezes
você anotar
-
para no sábado, no domingo,
-
você se sentar
e assistir alguma coisa.
-
Eu vejo que as referências
não acabam.
-
Isso que você está falando,
-
dos nossos alunos assistirem,
-
poxa, dá para fazer aqui
uma lista de 50 filmes
-
e não vai acabar.
-
Filmes, videoclipes,
e por aí vai.
-
Agora tem um aplicativo...
-
Eu não sei se vocês
já tem a conta.
-
O ledger box d.
-
Eu fico compartilhando
com todo mundo.
-
E, me desculpe, mas
parece que piora a situação,,
-
porque antes você já tinha
a lista de filmes para assistir.
-
Ela só vai dobrando,
ela nunca diminui,
-
ela nunca vai se esgotar.
-
A dica que fica então é que,
independentemente do recurso,
-
o importante é começar
a produzir as imagens,
-
a fazer experimentação,
-
porque ninguém começou
fazendo tudo de maneira perfeita.
-
Então, o seu próximo reels,
o seu próximo shorts,
-
um vídeo no TikTok,
uma propaganda, enfim,
-
que você leva em consideração
esses conhecimentos
-
e que você experimente.
-
Até a próxima!