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Estamos olhando para um François Boucher,
"Madame de Pompadour".
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Mas eu tenho que dizer,
antes de entrarmos...
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que eu não gosto de pinturas rococó,
mas gosto desta.
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Há algo de muito... bonito sobre ela.
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Estou tomada pelos babados cor de rosa,
pelas rendas
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e pelo camafeu em seu pulso...
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O pincel que ela está usando
para se maquiar.
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As flores no fundo.
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O rosa das bochechas.
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O arco azul em seu cabelo.
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E o rosinha no final do pincel que ela
está usando para passar blush.
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Quero dizer... é apenas...
muito delicioso!
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Então vamos falar sobre isso, pois
realmente chamam a atenção.
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O laço e as fitas cor de rosa possuem o
tipo de qualidade quase arquitetônica.
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- Isso é realmente extraordinário.
- Sim, como uma espécie de volume de véu.
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Eles têm volume e estrutura
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e podemos sentir o peso
e a rigidez do tecido
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e a prova é o oposto disso.
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E há um tremendo foco, é claro,
no camafeu em seu pulso.
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- Porque é um retrato de seu amante.
- Rei Luis XV.
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Isso mesmo, da França.
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Mas, em seguida, contrastamos isso com
a representação do rosto, da cabeça...
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que é uma espécie de impossivelmente...
suave e, de certa forma, corrigida.
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Olha o tamanho dos olhos em comparação
com o tamanho da boca.
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Ela se tornou criança.
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Sim, não havia pensado nisso.
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É quase como se estivessemos olhando
desenhos animados japoneses
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- Como se chamam?
- Anime?
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Certamente não é sobre sua personalidade e
quem ela era, sua humanidade, então ele...
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- Não, é sobre sua persona, certo?
- Sim, sua persona.
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Isso é para mim sobre o que a pintura
é em sua composição.
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É apenas sobre o artifício.
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É como o artifício da corte francesa
no século XVIII, no período rococó.
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É sobre o artifício do vestuário,
da maquiagem.
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É apenas sobre a superfície.
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É verdade, mas esse é um tipo muito íntimo
de superfície, não é? E...
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Com relação a ser amante do rei?
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E também a sensação de proximidade.
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Sim, estamos muito perto dela.
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Como se pudéssemos alcançá-la.
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Somos sua melhor amiga e ela está
prestes a contar um segredo.
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Sim.
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Então, nossos olhos se levantam
através de seu pulso
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sobre o retrato de seu amante
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através de seu peito, até o pescoço,
e finalmente chegamos
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ao rosto que parece, de alguma forma,
quase remoto.
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A primeira coisa que eu notei foram todos
aqueles acessórios de artifício
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e então eu olhei seu rosto,
você sabe, eu li o rótulo...
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Certo, esta é amante de Luís XV
e então eu pensei...
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Quem é esta mulher?
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Eu olhei para o rosto em busca de pistas,
mas não recebi nada.
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A sensação de clareza com que o artifício,
como você diz,
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é pintado contra a suavidade
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e a indeterminação da sua individualidade,
penso ser mais clara na cor.
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Veja como incrivelmente nítida,
quase congelada aquela cor está
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e depois olhe para a suavidade.
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Mas há esse sentido selvagem de mistério
e indeterminação, eu acho.
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Traduzido por Jessica Mazzini