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Esta pintura vai alterar a química do vosso cérebro

  • 0:00 - 0:03
    Não posso acreditar
    que o meu retrato foi pintado
  • 0:03 - 0:06
    por um dos maiores artistas
    de todos os tempos
  • 0:06 - 0:08
    cujo nome será um dia pronunciado
    com o mesmo respeito
  • 0:08 - 0:11
    que o de Miguel Ângelo
    e Leonardo da Vinci.
  • 0:11 - 0:16
    Daqui a séculos, esta pintura
    estará em exposição para todos verem
  • 0:16 - 0:17
    e toda a gente saberá o meu nome.
  • 0:17 - 0:19
    - Bela pintura, chefe.
  • 0:19 - 0:22
    Quem é esta? Outra artista
    a admirar o meu retrato?
  • 0:22 - 0:24
    - Bom, está em muito mau estado.
  • 0:24 - 0:27
    Mau estado? Há quanto tempo
    é que eu estou aqui?
  • 0:27 - 0:29
    - Já deve ter uns 200 anos, segundo creio.
  • 0:29 - 0:31
    Será que eles ouvem os meus pensamentos?
  • 0:31 - 0:34
    - Penso que chegou a altura
    de o renovar um pouco.
  • 0:35 - 0:35
    Renovar?
  • 0:35 - 0:38
    - Podemos tapar estes ombros atrevidos?
  • 0:38 - 0:41
    Mas os meus ombros são
    a minha melhor característica.
  • 0:41 - 0:43
    - Como não sei quem ela é,
  • 0:43 - 0:45
    talvez possamos transformá-la
    em Santa Catarina.
  • 0:45 - 0:47
    Eu não sou Santa Catarina, sou...
  • 0:47 - 0:52
    - E já agora, vemo-nos livres
    desse unicórnio assustador.
  • 0:53 - 0:55
    Não. o unicórnio não.
  • 0:55 - 0:56
    [...]
  • 0:56 - 0:59
    Unicórnios, eu julgava que eram reais.
  • 0:59 - 1:02
    Esta obra chama-se
    "Retrato de uma Dama com um Unicórnio"
  • 1:02 - 1:06
    de Rafael, um dos maiores
    artistas de todos os tempos
  • 1:06 - 1:08
    que fez esta pintura
  • 1:08 - 1:09
    e esta pintura
  • 1:09 - 1:11
    e esta pintura.
  • 1:11 - 1:14
    Bom, por agora, deem-lhe algum espaço.
  • 1:14 - 1:15
    Olhando para aqueles
    olhos azuis do mar,
  • 1:16 - 1:17
    pergunto-me, quem é ela?
  • 1:17 - 1:20
    Porque é que ela parece
    a versão loira da Mona Lisa?
  • 1:20 - 1:23
    E porque é que tem um unicórnio ao colo?
  • 1:23 - 1:26
    Quando olho para aqueles
    olhos negros de Boba
  • 1:26 - 1:28
    não posso deixar de pensar
    neste bicharoco
  • 1:28 - 1:30
    que parece ter estado
    no meio de tubarões,
  • 1:30 - 1:33
    e parece porque esteve mesmo.
  • 1:33 - 1:35
    Esta pintura passou disto
  • 1:35 - 1:36
    para isto
  • 1:36 - 1:37
    para isto
  • 1:37 - 1:39
    e de novo para isto.
  • 1:39 - 1:42
    Se vocês pensam que os unicórnios
    são criaturas mágicas adoráveis,
  • 1:42 - 1:45
    com cocó de pó de fada
    e vivem, riem e amam
  • 1:45 - 1:46
    até desaparecerem,
  • 1:46 - 1:49
    preparem-se para ver o vosso mundo
    totalmente abalado.
  • 1:50 - 1:53
    Estamos perante uma jovem
    sentada numa elegante varanda
  • 1:53 - 1:55
    conhecida por "loggia",
  • 1:55 - 1:58
    isto, se precisarem de o saber
    para o Trivia ou coisa parecida.
  • 1:58 - 1:59
    Um muro baixo separa-a
  • 2:00 - 2:03
    duma paisagem de sonho,
    verde-azulada, por trás dela.
  • 2:03 - 2:07
    Tem o corpo levemente virado par o lado,
    a cabeça na nossa direção
  • 2:07 - 2:10
    mas os olhos desviam-se bruscamente.
  • 2:10 - 2:14
    Caracolinhos de bebé emolduram
    as bochechas redondas e rosadas
  • 2:14 - 2:17
    que contrastam com uma boquinha delicada.
  • 2:17 - 2:21
    No topo do cabelo, um pequeno fecho
    prende-lhe o cabelo dourado
  • 2:21 - 2:26
    que se afasta do rosto
    e cai em cascata pelas costas.
  • 2:26 - 2:28
    Um tecido transparente
    envolve-lhe os ombros
  • 2:28 - 2:32
    com uma inclinação mais acentuada
    que as colinas ondulantes.
  • 2:32 - 2:36
    Uma inclinação tão acentuada
    pode hoje parecer-nos anormal
  • 2:36 - 2:42
    mas, no início do século XVI,
    era o suprassumo da beleza feminina.
  • 2:42 - 2:45
    O vestido é opulento e caro.
  • 2:45 - 2:48
    As mangas de veludo vermelho
    estão presas num corpete apertado.
  • 2:48 - 2:50
    de seda fina verde.
  • 2:50 - 2:55
    O amplo decote quadrado
    emoldura um elaborado colar de ouro
  • 2:55 - 2:58
    composto por um cordão com nós
    que segura um pendente gigante
  • 2:58 - 3:02
    com uma esmeralda, um rubi
    e uma grande pérola em forma de gota.
  • 3:02 - 3:06
    Tem um aspeto elegante
    mas está distante e imperturbável
  • 3:07 - 3:11
    quanto ao pequeno unicórnio
    aninhado no colo dela.
  • 3:11 - 3:14
    Vemos que tem os dedos dela
    enrolados à volta das perninhas dele
  • 3:14 - 3:17
    escondendo-lhe as patas... os cascos.
  • 3:17 - 3:22
    Esta pequena criatura, por outro lado,
    parece confortável e satisfeita.
  • 3:22 - 3:24
    Tem a cabeça virada para a rapariga,
  • 3:24 - 3:28
    a boca levemente aberta,
    omo deixando soltar um suave...
  • 3:28 - 3:29
    (Forte relincho)
  • 3:29 - 3:29
    Ops!
  • 3:29 - 3:30
    (Suave relincho)
  • 3:31 - 3:32
    Acho que assim é melhor.
  • 3:32 - 3:35
    Rafael pintou o retrato
    de uma dama com um unicórnio
  • 3:35 - 3:37
    quando tinha pouco mais de 20 anos!
  • 3:37 - 3:39
    Inacreditável!
  • 3:39 - 3:43
    Mas, de novo, era Rafael sempre
    a querer impressionar toda a gente.
  • 3:43 - 3:45
    Dormir? Podia fazê-lo
    quando estivesse morto.
  • 3:46 - 3:49
    Rafael nasceu em Urbino,
    na Itália, em 1483.
  • 3:49 - 3:52
    O pai era pintor da Corte
    do Duque de Urbino.
  • 3:52 - 3:54
    Crescer na Corte de Urbino
  • 3:54 - 3:56
    significou que Rafael esteve
    sempre em contacto
  • 3:56 - 3:59
    com as belas-artes, a ciência e a poesia.
  • 3:59 - 4:02
    Mas esta infância de contos de fadas
    teve uma paragem brusca
  • 4:02 - 4:04
    quando a mãe dele morreu,
    tinha ele apenas nove anos
  • 4:04 - 4:06
    e dois anos depois,
    o pai dele também morreu.
  • 4:06 - 4:09
    Rafael ficou órfão
    quanto tinha apenas 11 anos.
  • 4:10 - 4:12
    Mais tarde, Rafael referiu:
  • 4:12 - 4:13
    "A minha mãe disse-me sempre que:
  • 4:13 - 4:15
    "para ter êxito neste mundo,
  • 4:15 - 4:17
    "age como se soubesses
    para onde vais e porquê,
  • 4:17 - 4:19
    "especialmente se estiveres com medo."
  • 4:19 - 4:21
    E Rafael deve ter assumido isso
    como um Evangelho.
  • 4:21 - 4:25
    Assumiu a direção da oficina do pai
    ainda era adolescente
  • 4:25 - 4:28
    e, ainda não tinha 20 anos,
    já trabalhava como artista independente
  • 4:28 - 4:30
    em importantes encomendas na região,
  • 4:31 - 4:34
    incluindo esta obra que criou
    quando tinha só 19 anos.
  • 4:34 - 4:36
    A certa altura, na viragem
    para o século XVI,
  • 4:36 - 4:41
    Rafael foi para Perugia
    para estudar com Pietro Perugino.
  • 4:41 - 4:43
    A influência de Perugino
    é clara como água
  • 4:43 - 4:48
    quando comparamos estas versões
    de "O Casamento da Virgem" lado a lado.
  • 4:48 - 4:53
    A de Perugino´é impressionante
    mas a de Rafael é melhor,
  • 4:53 - 4:56
    pode dizer-se, um caso de um estudante
    que ultrapassa o mestre.
  • 4:56 - 5:01
    Durante todo o tempo em Perugia,
    Rafael tinha os olhos postos em Florença,
  • 5:01 - 5:05
    um lugar de eleição para mecenas abastados
    e artistas lendários
  • 5:05 - 5:08
    como Miguel Ângelo e Leonardo da Vinci.
  • 5:08 - 5:12
    Suspeito que, quando Rafael,
    em 1504, lá chegou
  • 5:12 - 5:14
    sabia que ia ser um deles
    e bem depressa.
  • 5:14 - 5:16
    Rafael disse um dia:
  • 5:16 - 5:19
    "Vivemos juntos, treinamos juntos,
    lutamos juntos,
  • 5:19 - 5:21
    "juntos defendemos o bem,
    somos ninjas."
  • 5:21 - 5:23
    Oh, Rafael, desculpa, enganei-me.
  • 5:23 - 5:26
    Mas ele disse: "A beleza da pintura
    está no seu silêncio."
  • 5:26 - 5:28
    E isso é encantador
  • 5:28 - 5:30
    mas nem todos temos de ser
    um prodígio como Rafael
  • 5:30 - 5:32
    para gostar de fazer arte.
  • 5:32 - 5:35
    O patrono do vídeo de hoje,
    a Skillshare, pode ajudar-vos a começar,
  • 5:35 - 5:38
    A Skillshare é a maior comunidade online
    de aprendizagem criativa
  • 5:38 - 5:40
    com milhares de aulas sobre tudo
  • 5:40 - 5:44
    da ilustração e desenho
    à animação, fotografia e muito mais.
  • 5:44 - 5:46
    Já chegou a Primavera
  • 5:46 - 5:48
    que é a época perfeita
    para um começar de novo.
  • 5:48 - 5:50
    Por vezes, esqueço a arte criativa
  • 5:50 - 5:53
    porque torna-se uma coisa grande
    e assustadora na minha cabeça.
  • 5:53 - 5:54
    Talvez já tenham sentido isso
  • 5:54 - 5:57
    e uma ótima forma
    de ultrapassar essa sensação
  • 5:57 - 5:59
    é implementando o hábito
    da arte dária
  • 5:59 - 6:02
    e a Skillshare tem uma série
    de aulas que ajudam a inspiração
  • 6:02 - 6:03
    e a criar um impulso criativo.
  • 6:03 - 6:06
    Acho que as aulas de desenho da Mike
    são acessíveis e divertidas
  • 6:06 - 6:10
    e acho que as aulas de aguarela da Zenina
    são extremamente calmantes
  • 6:10 - 6:13
    e ela mostra-nos, passo a passo,
    como fazer obras de arte espantosas
  • 6:13 - 6:15
    que são rápidas e fáceis de fazer.
  • 6:15 - 6:17
    As aulas são terapêuticas
    e ajudam-nos a ultrapassar
  • 6:17 - 6:19
    o que pode ser a parte mais difícil
    da arte criativa
  • 6:19 - 6:21
    que é começar.
  • 6:21 - 6:24
    O formato da Skillshare e as liçõe
    de tamanho reduzido são perfeitos
  • 6:24 - 6:26
    quer estejamos a começar
    procurando orientação
  • 6:26 - 6:29
    quer sejamos um artista experiente
    a precisar de motivação.
  • 6:29 - 6:31
    As primeiras 500 pessoas a usar
    a ligação na descrição
  • 6:31 - 6:34
    receberão um mês
    de experiência gratuita na Skillshare.
  • 6:34 - 6:36
    Há imensos cursos
    que vocês podem visitar
  • 6:36 - 6:37
    antes desta experiência acabar
  • 6:37 - 6:39
    por isso, vale mesmo a pena experimentar.
  • 6:40 - 6:42
    Obrigada à Skillshare
    por patrocinar este vídeo.
  • 6:42 - 6:45
    Agora, voltemos à Alta Renascença, OK?
  • 6:45 - 6:47
    Rafael era encantador, confiante
  • 6:47 - 6:51
    e, em Florença, absorvia tudo
    à sua volta como uma esponja,
  • 6:51 - 6:53
    Como muitos artistas, aprendia
    imitando os outros
  • 6:53 - 6:56
    mas Rafael tinha uma capacidade única
  • 6:56 - 6:59
    para absorver, adaptar
    e refinar o seu estilo
  • 6:59 - 7:02
    e sintetizar isso tudo numa coisa
    somente dele.
  • 7:02 - 7:06
    Também criou muitas das suas
    famosas pinturas de Virgens com o Menino
  • 7:06 - 7:07
    enquanto esteve em Florença.
  • 7:07 - 7:10
    É difícil não imaginar
    que a sua obsessão por este tema
  • 7:10 - 7:12
    provém da sua relação com a falecida mãe.
  • 7:12 - 7:15
    Ele era especialmente obcecado
    pela obra de Leonardo da Vinci,
  • 7:15 - 7:18
    em particular, a Mona Lisa
  • 7:18 - 7:20
    e tentou pintá-la de novo
  • 7:20 - 7:21
    e de novo
  • 7:21 - 7:22
    e de novo.
  • 7:22 - 7:25
    Este esboço quase parece
    uma mistura de duas pinturas
  • 7:25 - 7:28
    embora fosse mais como
    um estudo da Mona Lisa
  • 7:28 - 7:30
    do que um desenho preparatório
  • 7:30 - 7:32
    do retrato duma dama com um unicórnio.
  • 7:32 - 7:34
    A influência de Leonardo é inegável
  • 7:34 - 7:37
    quando olhamos para a peça de Rafael.
  • 7:37 - 7:39
    O cenário da varanda, a paisagem distante,
  • 7:39 - 7:42
    a pose de meio corpo, com a dama
    levemente virada de lado.
  • 7:42 - 7:44
    Mas ela é diferente da Mona Lisa
  • 7:44 - 7:48
    na medida em que a dama de Rafael
    parece um pouco mais distante
  • 7:48 - 7:51
    e tem armadilhas mais impressionantes.
  • 7:51 - 7:54
    Pensa-se que Rafael pintou
    a dama com um unicórnio
  • 7:54 - 7:57
    por volta de 1505 ou 1506,
  • 7:57 - 7:59
    provavelmente
    para comemorar um casamento
  • 7:59 - 8:01
    porque, naquela época,
    era habitualmente por isso
  • 8:01 - 8:04
    que se pintavam
    os primeiros retratos de jovens.
  • 8:04 - 8:06
    E dado o contexto,
    faz todo o sentido.
  • 8:06 - 8:08
    Porque é que ela tinha
    aquele ar tão fechado?
  • 8:08 - 8:11
    Porque, no início do século XVI,
    a maioria dos homens não gostava
  • 8:11 - 8:14
    que as mulheres fossem demasiado
    abertas e dadas,
  • 8:14 - 8:15
    se percebem o que eu estou a dizer.
  • 8:15 - 8:18
    Há algumas pistas claras
    relacionadas com casamento
  • 8:18 - 8:19
    nesta pintura.
  • 8:19 - 8:22
    Primeiro que tudo,
    ela tem um cinto de casamento,
  • 8:22 - 8:23
    um usual acessório de noivado.
  • 8:24 - 8:25
    O colar também tm significado
  • 8:25 - 8:29
    porque as pedras preciosas
    são das que as noivas usam habitualmente.
  • 8:29 - 8:31
    As pérolas simbolizavam a pureza
  • 8:31 - 8:34
    enquanto as esmeraldas e os rubis
    eram ofertas feitas às noivas
  • 8:34 - 8:37
    porque se pensava que promoviam
    força corporal.
  • 8:37 - 8:41
    Um pendente muito parecido
    aparece noutro retrato de Rafael
  • 8:41 - 8:42
    de Maddalena Strozzi,
  • 8:42 - 8:45
    uma mulher da nobreza que casou
    com um rico mercador de tecidos
  • 8:45 - 8:48
    chamado Anulo Doni, em 1504.
  • 8:48 - 8:52
    Esta também é uma das identidades
    propostas
  • 8:52 - 8:54
    para o retrato
    de "A Dama com um Unicórnio"
  • 8:54 - 8:57
    Maddalena estava no local certo
    na altura certa
  • 8:57 - 8:58
    para ser o modelo deste retrato.
  • 8:58 - 9:00
    Tinha uma clara ligação com Rafael
  • 9:00 - 9:03
    e casou-se por volta desta altura.
  • 9:03 - 9:06
    Mas a razão mais importante por que ela
    é considerada ser a dama com o unicórnio
  • 9:06 - 9:09
    é por causa da parecença
    entre as duas damas.
  • 9:09 - 9:11
    Eu não a vejo lá muito bem,
  • 9:11 - 9:12
    mas vejamos o que é que vocês acham.
  • 9:12 - 9:15
    Vamos voltar a ver este desenho
    por momentos.
  • 9:15 - 9:17
    A historiadora de arte
    Linda Woke Simon sugere
  • 9:17 - 9:20
    que isto podia estar mais relacionado
    com a retrato do unicórnio de Rafael
  • 9:20 - 9:22
    do que se pensava antes.
  • 9:22 - 9:25
    Assinala que o desenho
    é um pouco contraditório
  • 9:25 - 9:27
    porque, embora as roupas,
    o penteado e o cenário
  • 9:28 - 9:29
    sejam bastante específicos,
  • 9:29 - 9:32
    as feições da rapariga são muito
    mais vagas e estereotipadas
  • 9:32 - 9:35
    como se tivessem dito a Rafael
    para desenhar uma dama bonita
  • 9:35 - 9:37
    e ele tenha aparecido com isto.
  • 9:37 - 9:38
    Por outro lado,
  • 9:38 - 9:41
    as feições da dama com o unicórnio
    são muito mais distintas.
  • 9:41 - 9:45
    Ela tem o cabelo louro,
    uma cor muito rara na Itália, na época,
  • 9:45 - 9:46
    e olhos azuis.
  • 9:46 - 9:48
    Woke Simon também sugere
  • 9:48 - 9:51
    que a estrutura do lado direito
    da pintura
  • 9:51 - 9:53
    representa a igreja
    de São Francisco de Urbino
  • 9:54 - 9:56
    e que o campanário saliente
  • 9:56 - 9:59
    foi posteriormente transformado
    numa pequena torre distante,
  • 9:59 - 10:01
    em "A Dama com o Unicórnio".
  • 10:01 - 10:04
    Se isso é verdade, o patrono da pintura
    podia ter laços
  • 10:04 - 10:06
    com Urbino, a cidade natal de Rafael.
  • 10:06 - 10:08
    Então, quem se encaixa no sino?
  • 10:08 - 10:09
    Segundo Woke Simon,
  • 10:09 - 10:11
    uma rapariga sobressai entre as restantes.
  • 10:11 - 10:13
    Laura Orsini, uma mulher nobre romana
  • 10:13 - 10:17
    com ligações tanto a Urbino
    como a Rafael.
  • 10:17 - 10:20
    A mãe de Laura era Giulia Farese,
    uma beleza famosa
  • 10:20 - 10:24
    e amante do famigerado devasso
    Papa Alexandre VI.
  • 10:24 - 10:28
    Toda a gente sabia bem que Laura
    era filha biológica do Papa
  • 10:28 - 10:31
    e não de Ordino Orsini,
    o marido de Guilia.
  • 10:31 - 10:34
    Embora não saibamos
    qual era o aspeto de Laura,
  • 10:34 - 10:37
    sabemos que o Papa tinha
    outra filha ilegítima,
  • 10:37 - 10:39
    chamada Lucrécia Bórgia
  • 10:40 - 10:42
    que, portanto, seria meia irmã de Laura.
  • 10:42 - 10:44
    E sabemos que ela tinha cabelo loiro
  • 10:44 - 10:47
    porque um caracol do cabelo de Lucrécia
    está em exposição
  • 10:47 - 10:50
    na Biblioteca Ambrosiana.
  • 10:50 - 10:53
    Laura Orsini casou
    com Nicola Franciotti della Rovere,
  • 10:54 - 10:57
    sobrinho do Papa Júlio II,
    em novembro de 1505,
  • 10:57 - 11:01
    mesmo na altura em que Rafael pintou
    "A Dama com um Unicórnio".
  • 11:01 - 11:02
    Só que havia um problema.
  • 11:02 - 11:05
    Rafael e Laura nunca se encontraram.
  • 11:06 - 11:09
    Portanto, se este é o retrato dela,
    ele tê-lo-ia pintado
  • 11:09 - 11:11
    sem sequer a ter visto,
  • 11:11 - 11:13
    o que hoje nos pode parecer estranho
  • 11:13 - 11:15
    mas naquela época não seria
    assim tão invulgar.
  • 11:15 - 11:18
    Se esta teoria é verdade,
    Rafael teria trabalhado
  • 11:18 - 11:20
    com algumas descrições genéricas
    de Laura:
  • 11:20 - 11:24
    o cabelo loiro encaracolado,
    as bochechas rosadas, os olhos azuis,
  • 11:24 - 11:26
    a natureza reservada
  • 11:26 - 11:29
    e depois preenchera o resto
    com base nos ideais de beleza da época.
  • 11:29 - 11:32
    Mas agora, penso que é a altura
    de pensar no elefante,
  • 11:32 - 11:33
    quer dizer, no unicórnio na sala.
  • 11:34 - 11:38
    Os unicórnios costumavam andar pela Terra
    e trepar para o colo das pessoas?
  • 11:38 - 11:40
    Os unicórnios têm vindo a galopar
  • 11:40 - 11:42
    pelas nossas imaginações coletivas
    desde há séculos.
  • 11:42 - 11:45
    Mas, provavelmente, não da forma
    como podiam pensar.
  • 11:45 - 11:47
    Voltemos ao princípio.
  • 11:47 - 11:50
    Os contos de animais com um corno
    remontam a milhares de anos
  • 11:50 - 11:53
    mas foi Plínio, o Velho,
    que foi mais específico
  • 11:53 - 11:56
    na sua enciclopédia
    no século I.
  • 11:56 - 11:57
    Escreve:
  • 11:57 - 12:01
    "O unicórnio tem a cabeça de um veado,
    as patas do elefante
  • 12:01 - 12:03
    "e o traseiro de um javali,
  • 12:03 - 12:05
    "enquanto o resto do corpo
    é como o de um cavalo."
  • 12:05 - 12:08
    O unicórnio até aparece na versão
    da Bíblia do Rei Jaime
  • 12:08 - 12:11
    embora muita gente pense
    que isso foi apenas um erro de tradução
  • 12:11 - 12:14
    e provavelmente,
    era uma referência a um boi.
  • 12:14 - 12:17
    No século II, o texto greco-cristão
    Physiologus
  • 12:17 - 12:20
    acrescentou ao mito
    um saboroso pormenor novo.
  • 12:20 - 12:24
    Não só os unicórnios eram fortes,
    uns animais indomáveis,
  • 12:24 - 12:27
    como só podiam ser dominados
    por uma donzela virgem
  • 12:27 - 12:29
    e para os europeus da Idade Média
  • 12:29 - 12:32
    isto era aceite basicamente
    como um facto na vida escolar.
  • 12:32 - 12:35
    Isidoro de Sevilha ainda deu
    mais um passo, escrevendo:
  • 12:35 - 12:38
    "O unicórnio é demasiado forte
    para ser apanhado por caçadores
  • 12:38 - 12:40
    "a não ser por uma artimanha.
  • 12:40 - 12:43
    "Se uma rapariga virgem se colocar
    em frente do unicórnio,
  • 12:43 - 12:45
    "e lhe encostar o peito,
  • 12:46 - 12:50
    "toda a sua ferocidade terminará
    e ele deitará a cabeça no colo dela.
  • 12:50 - 12:52
    "Assim, acalmado, é apanhado facilmente."
  • 12:56 - 12:59
    Até Leonardo da Vinci
    contribuiu para a lenda.
  • 12:59 - 13:02
    Escreveu: "O unicórnio
    através da sua intolerância
  • 13:02 - 13:04
    "e sem saber como se controlar
  • 13:04 - 13:06
    "só pelo amor que tem
    por raparigas virgens
  • 13:06 - 13:09
    "se esquece da sua ferocidade
    e selvajaria
  • 13:09 - 13:13
    "e pondo de parte todo o receio,
    aproximar-se-á duma donzela sentada
  • 13:13 - 13:14
    "e dormirá no colo dela
  • 13:14 - 13:16
    "e assim os caçadores poderão apanhá-lo."
  • 13:16 - 13:20
    Assim, os unicórnios tornaram-se
    no símbolo medieval da pureza.
  • 13:20 - 13:23
    Mas era um pouco mais
    específico do que isso,
  • 13:23 - 13:27
    A investigadora medieval Maggie Solberg
    descreve que o unicórnio
  • 13:27 - 13:30
    simboliza a pureza,
    no sentido de potência,
  • 13:30 - 13:32
    algo maduro para ser fertilizado.
  • 13:32 - 13:34
    Em vez de ser um estado permanente,
  • 13:34 - 13:37
    este tipo de pureza amadurece
    até ser colhido
  • 13:37 - 13:41
    Nas antigas culturas patriarcais,
    queriam casar-se com uma virgem
  • 13:41 - 13:44
    a fim de garantir que os filhos dela
    seriam os seus filhos,
  • 13:44 - 13:48
    A virgindade existe para ser conquistada
    e não para ser um estado permanente.
  • 13:48 - 13:51
    A razão por que a virgem
    e o unicórnio se juntam
  • 13:51 - 13:53
    é porque ambos são puros e potentes
  • 13:53 - 13:56
    e prontos para serem fertilizados
    ou apanhados.
  • 13:56 - 13:58
    Qualquer marido em perspetiva,
    ao olhar para este retrato,
  • 13:58 - 14:02
    teria ficado a saber que esta rapariga
    não teria andado às cambalhotas
  • 14:02 - 14:04
    o que, se este retrato é mesmo
    o de Laura Orsini,
  • 14:04 - 14:06
    teria sido confortável saber
  • 14:06 - 14:09
    visto que ela devia ter
    uns 13 anos, nessa altura.
  • 14:09 - 14:11
    No caso de Laura, o unicórnio
    também podia ser
  • 14:11 - 14:13
    uma espécie de trocadilho visual.
  • 14:13 - 14:14
    Também podia ser um sinal de aceitação
  • 14:14 - 14:17
    para a família materna
    de Laura, os Farnese,
  • 14:17 - 14:20
    visto que o unicórnio aparece
    no seu símbolo heráldico.
  • 14:20 - 14:23
    Uns anos depois de pintar
    "O Retrato duma Dama com um Unicórnio"
  • 14:23 - 14:26
    O Papa Júlio II
    chamou Rafael a Roma
  • 14:26 - 14:29
    para decorar as paredes
    da sua biblioteca pessoal
  • 14:29 - 14:31
    e o resto é história.
  • 14:31 - 14:33
    Rafael manteve-se em Roma
    até ao fim da vida.
  • 14:33 - 14:36
    Foi aí que criou algumas
    das suas obras mais lendárias
  • 14:36 - 14:39
    para os mais ricos e mais poderosos
    daquela época.
  • 14:39 - 14:42
    Rafael morreu tragicamente aos 37 anos.
  • 14:42 - 14:44
    A causa da morte ainda hoje é discutida.
  • 14:45 - 14:46
    Talvez tenha sido uma doença súbita,
  • 14:46 - 14:49
    talvez ele tenha trabalhado
    até morrer de exaustão.
  • 14:49 - 14:52
    Com base na reputação de Rafael,
    enquanto mulherengo,
  • 14:52 - 14:56
    o historiador de arte, Giorgio Vasari,
    afirmou que a morte de Rafael
  • 14:56 - 14:59
    se deveu a excessivos encontros amorosos.
  • 15:00 - 15:02
    Apesar da sua curta existência,
  • 15:02 - 15:06
    Rafael deixou uma marca no mundo da arte
    que é impossível ignorar.
  • 15:06 - 15:09
    Dominava a harmonia, o equilíbrio
    e a graciosidade de tal forma
  • 15:09 - 15:12
    que até parecia que a mãe Natureza
    dormia com ele.
  • 15:12 - 15:16
    Na lápide de Rafael há um dístico
    escrito por Pietra Bembo, onde se lê:
  • 15:16 - 15:18
    "Aqui jaz Rafael.
  • 15:18 - 15:21
    "Enquanto foi vivo, a Natureza
    receava ser ultrapassada por ele.
  • 15:21 - 15:24
    "Quando ele morreu, a Natureza
    receou morrer com ele também."
  • 15:24 - 15:28
    O que é estranho é que, apesar
    da fama e notoriedade de Rafael,
  • 15:28 - 15:32
    depois de ele morrer, não sabemos
    o que aconteceu a esta pintura
  • 15:32 - 15:34
    senão quando aparece referida em 1623
  • 15:35 - 15:38
    no inventário da coleção Aldobrandini,
  • 15:38 - 15:39
    uma abastada família florentina.
  • 15:40 - 15:42
    Em 1682, é referido novamente
  • 15:42 - 15:45
    mas, nessa altura,
    no inventário da família Borghese.,
  • 15:45 - 15:47
    em Roma, listado com a descrição
  • 15:47 - 15:51
    "Uma pintura num painel com uma mulher
    sentada com um unicórnio nos braços...
  • 15:52 - 15:54
    "de artista desconhecido,
    um pouco descamado."
  • 15:54 - 15:56
    Isso significa que, em 1682,
  • 15:56 - 15:59
    a pintura já estava
    em bastante mau estado
  • 15:59 - 16:03
    e a sua ligação com Rafael
    já tinha desaparecido.
  • 16:03 - 16:08
    Também podemos concluir
    que, algures entre 1623 e 1682,
  • 16:08 - 16:12
    a pintura mudou de mãos
    da família Aldobrandini
  • 16:12 - 16:14
    para a família Borghese.
  • 16:14 - 16:19
    Mas também sabemos que, em 1682,
    a dama continuava com o unicórnio
  • 16:19 - 16:21
    mas tudo isso mudou
  • 16:21 - 16:23
    quando algures, no final do século XVII
  • 16:23 - 16:27
    a rainha do unicórnio foi transformada
    em Santa Catarina da Alexandria,
  • 16:28 - 16:31
    o vestido dela foi escondido
    por baixo de uma pesada capa
  • 16:31 - 16:34
    e o pequeno unicórnio tapado
    por uma palma de mártir
  • 16:34 - 16:35
    e uma roda com espetos.
  • 16:35 - 16:38
    Não sabemos ao certo
    porque é que esta pintura foi alterada.
  • 16:38 - 16:40
    Talvez fosse por causa do seu mau estado.
  • 16:40 - 16:42
    Talvez alguém pensasse
    que ela estava com frio.
  • 16:42 - 16:45
    Santa Catarina da Alexandria
    foi uma mártir cristã
  • 16:45 - 16:47
    do início do século IV,
  • 16:47 - 16:50
    conhecida pela sua inteligência,
    pela sua fé e determinação
  • 16:50 - 16:52
    contra o imperador romano Maxentius.
  • 16:52 - 16:55
    Segundo a lenda,
    ela entrou em enfrentou o imperador
  • 16:55 - 16:57
    num debate com os seus filósofos pagãos
  • 16:57 - 16:59
    e tentava converter
    toda a gente ao cristianismo.
  • 16:59 - 17:01
    Irritado pela ousadia dela,
  • 17:01 - 17:04
    Maxentius ordenou que ela
    fosse torturada e executada.
  • 17:04 - 17:07
    Foi condenada a morrer
    numa roda com espetos,
  • 17:07 - 17:11
    uma máquina infernal concebida
    para a quebrar em pedaços.
  • 17:11 - 17:15
    Contudo, quando ela foi lá colocada,
    a roda espatifou-se milagrosamente,
  • 17:15 - 17:16
    deixando-a ilesa.
  • 17:16 - 17:19
    Mas o imperador ficou tão bravo
    por ela não ter morrido
  • 17:19 - 17:21
    que ordenou que ela fosse decapitada
  • 17:21 - 17:23
    e ela assim morreu.
  • 17:23 - 17:26
    A dama com um um córnio
    nunca pediu para ser Santa Catarina.
  • 17:26 - 17:28
    É possível que nem sequer soubesse
    quem ela era
  • 17:28 - 17:32
    mas, que diabo, ela desempenhou
    esse papel durante quase 400 anos.
  • 17:32 - 17:35
    O que é interessante é que,
    depois de o brilho esmorecer,
  • 17:35 - 17:37
    ninguém mais olhou com atenção
    para esta pintura
  • 17:37 - 17:41
    porque o nome de Rafael
    foi totalmente apagado
  • 17:41 - 17:44
    e também porque o unicórnio
    tinha desaparecido,
  • 17:44 - 17:46
    o que a tornou muito menos divertida.
  • 17:46 - 17:49
    O "Retrato de uma Dama com um Unicórnio"
    ficou escondido à vista
  • 17:49 - 17:53
    e, à medida que os anos passaram,
    tornou-se cada vez menos provável
  • 17:53 - 17:56
    que ela alguma vez tivesse sido vista
    na sua glória original.
  • 17:56 - 17:58
    Até que, no ano de 1927,
  • 17:58 - 18:00
    quando o historiador de arte
    Roberto Longhi
  • 18:00 - 18:02
    pôs os olhos na pintura de Santa Catarina
  • 18:02 - 18:06
    reconheceu imediatamente
    que fora pintada por Rafael.
  • 18:06 - 18:09
    E não foi só isso, também reconheceu
  • 18:09 - 18:12
    que grandes áreas tinham
    sido pintadas por cima
  • 18:12 - 18:13
    e tinha toda a razão.
  • 18:13 - 18:18
    Por fim, el 1933, os raios-X
    realizados pela Galeria Borghese
  • 18:18 - 18:21
    revelaram o unicórnio escondido
    por baixo da roda com espetos.
  • 18:21 - 18:23
    E o restauro começou
    mas, provavelmente,
  • 18:23 - 18:26
    porque o painel de madeira original
    estivesse em mau estado,
  • 18:26 - 18:28
    a pintura foi transferida para uma tela.
  • 18:28 - 18:30
    Cerca de 400 anos depois,
  • 18:30 - 18:33
    a dama de Rafael com o seu unicórnio
    emergiram de novo.
  • 18:33 - 18:38
    Santa Catarina pode ter conseguido
    sair incólume da roda com espetos
  • 18:38 - 18:41
    mas o nosso unicórnio
    não teve tanta sorte.
  • 18:41 - 18:45
    Infelizmente, o primeiro restauro
    causou muitos danos à obra
  • 18:45 - 18:48
    e, em 1960, foi realizado
    outro projeto de restauro.
  • 18:49 - 18:51
    Desta vez, os raios-X revelaram
    uma reviravolta chocante.
  • 18:52 - 18:55
    Havia mais qualquer coisa
    escondida por baixo do unicórnio,
  • 18:55 - 18:56
    um cãozinho de colo.
  • 18:56 - 18:59
    Assim, Rafael inicialmente pintou um cão,
  • 18:59 - 19:01
    depois trocou-o por um unicórnio.
  • 19:01 - 19:02
    Mas porquê?
  • 19:02 - 19:05
    Os cães eram incluídos com frequência
    em pinturas para simbolizar fidelidade
  • 19:05 - 19:08
    por isso, faz sentido que fosse incluído
    num retrato de casamento.
  • 19:09 - 19:12
    Uma teoria é que o retrato
    de um cãozinho de colo
  • 19:12 - 19:15
    se destinava a um compromisso prévio
    que não se concretizara
  • 19:15 - 19:18
    e, curiosamente, foi exatamente isso
    que aconteceu com Laura Orsini.
  • 19:18 - 19:21
    Antes de casar com Niccoló,
    estaria noiva de outro qualquer
  • 19:21 - 19:24
    mas quando o sobrinho do Papa
    se tornou num opção,
  • 19:24 - 19:26
    o anterior candidato foi eliminado.
  • 19:26 - 19:28
    Eu tenho um fraquinho
    pelos retratos de Rafael,
  • 19:28 - 19:31
    especialmente por aqueles
    que ele pintou mais tarde.
  • 19:31 - 19:34
    Numa época em que os retratos
    pareciam rígidos e sem vida,
  • 19:35 - 19:38
    Rafael dava personalidade
    às suas pinturas
  • 19:38 - 19:41
    e eu vejo isso no "Retrato
    de uma Dama com um Unicórnio".
  • 19:41 - 19:43
    Não, eu estava a falar dela.
  • 19:43 - 19:46
    Rafael faz um trabalho excelente
    ao captar a personalidade dela,
  • 19:46 - 19:49
    apesar de podermos nunca vir a saber
    quem ela era realmente,
  • 19:49 - 19:53
    Ainda há muitas perguntas
    sem resposta, em relação a isso,
  • 19:53 - 19:55
    o que é realmente irritante.
  • 19:55 - 19:58
    Será Laura Orsini
    ou Maddalena Strozzi?
  • 19:58 - 20:00
    Ou outra pessoa qualquer?
  • 20:00 - 20:03
    Como é possível que Rafael,
    Leonardo da Vinci e Miguel Ângelo
  • 20:04 - 20:06
    tenham estado no mesmo lugar
    ao mesmo tempo, a criar arte?
  • 20:06 - 20:09
    Parece que isso desafia
    as leis da Física.
  • 20:09 - 20:11
    Terá Rafael morrido
    devido a extrema atividade sexual?
  • 20:11 - 20:15
    Não devia ser "A Dama com o Cão de Colo"
    em vez de "A Dama com um Unicórnio?"
  • 20:16 - 20:18
    Não sei, mas o que ainda é
    a mais irritante
  • 20:18 - 20:20
    de todas estas perguntas sem resposta
  • 20:20 - 20:23
    é que nunca mais poderei
    olhar para um unicórnio
  • 20:23 - 20:25
    da mesma maneira.
Title:
Esta pintura vai alterar a química do vosso cérebro
Description:

Esta pintura chama-se "Retrato de uma Senhora com um Unicórnio", de Rafael.

Somos colocados perante uma jovem sentada numa elegante varanda. Um muro baixo separa-a duma paisagem de sonho, verde-azulada por detrás dela. O corpo está virado levemente, a cabeça olha na nossa direção, mas os olhos desviam-se bruscamente. Os cabelos emolduram as bochechas redondas e rosadas, que contrastam com uma boca pequena e delicada. No topo da cabeça, um pequeno fecho prende o cabelo dourado que se afasta do rosto e cai em cascata pelas costas. Um tecido transparente envolve-lhe os ombros.
Tem um vestido opulento e caro. As mangas de veludo vermelho saem de um espartilho apertado envolto em seda verde fina. O decote largo e quadrado exibe um elaborado colar de ouro formado por um cordão com nós que segura um enorme pendente com uma esmeralda, um rubi e uma grande pérola em forma de gota.
Ela aparece elegante mas distante e completamente imperturbável por um unicórnio aninhado no seu colo. Vemos os dedos dela enrolados em volta das perninhas dele A criatura, por outro lado, parece bastante confortável e contente. Tem a cabeça virada para a rapariga. A boca está ligeiramente aberta.
Rafael pintou o "Retrato de uma Senhora com um Unicórnio" por volta de 1505 ou 1506, provavelmente para comemorar um casamento. É inegável a influência da Mona Lisa de Leonardo, quando olhamos para a obra de Rafael: o cenário da varanda, a paisagem distante, a pose a meio comprimento com a pessoa sentada virada ligeiramente para o lado.
Pensa-se que a identidade da rapariga seja Maddalena Strozzi Doni, uma nobre que casou com um rico comerciante de tecidos chamado Agnolo Doni, ou Laura Orsini, uma nobre romana.
Mas a pintura de Rafael nem sempre teve o unicórnio. No início, pintou um cão. Os cães eram frequentemente incluídos na pintura para simbolizar a fidelidade, pelo que faz sentido que sejam incluídos num retrato de casamento. Uma teoria é que o retrato do cão de colo se destinava a um noivado anterior que fracassou. No final do século XVII, "O Retrato de uma Senhora com um Unicórnio" foi transformado para Santa Catarina de Alexandria. O vestido foi escondido sob um pesado manto, o pequeno unicórnio foi tapado por uma palma de mártir e por uma roda com espigões.
Até 1927, quando o historiador de arte Roberto Longhi observou o quadro de Santa Catarina, soube imediatamente que tinha sido pintado por Rafael. E também reconheceu que uma grande parte do quadro tinha sido pintado por cima. E tinha razão.
Nos anos 30, foi efetuado um restauro e, passados quase 400 anos, a Senhora de Rafael e o seu unicórnio voltaram a aparecer.
Ainda há tantas perguntas por responder sobre este quadro, o que é realmente irritante. Mas o que é ainda mais irritante é que nunca mais vou poder olhar para um unicórnio da mesma maneira! Obrigado por assistirem!

Traduzido com a ajuda da versão gratuita do tradutor - DeepL.com

Legendas em português de Margarida Mariz (2025)

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English
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20:26
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for This Painting Will Alter Your Brain Chemistry May 14, 2025, 11:44 AM
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for This Painting Will Alter Your Brain Chemistry May 13, 2025, 9:04 PM

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