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Por que amamos? Uma investigação filosófica - Skye C. Cleary

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    Ahh, amor romântico:
  • 0:09 - 0:11
    belo e intoxicante;
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    penoso e esmagador;
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    muitas vezes tudo ao mesmo tempo.
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    Por que escolhemos nos colocar
    dentro do seu campo emocional?
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    O amor traz sentido às nossas vidas,
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    ou é uma fuga da nossa
    solidão e sofrimento?
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    O amor é um disfarce
    para o nosso desejo sexual,
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    ou é um truque biológico
    para nos fazer procriar?
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    É tudo de que precisamos?
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    Precisamos mesmo disso?
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    Se o amor romântico tem um propósito,
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    nem a ciência e nem a psicologia
    descobriram isso ainda.
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    Mas ao longo da história,
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    alguns dos nossos mais respeitados
    filósofos propuseram teorias fascinantes.
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    "O amor nos completa, novamente."
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    O antigo filósofo grego, Platão,
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    explorou a ideia de que nós amamos
    para nos tornarmos completos.
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    Em seu "O Banquete",
    ele escreveu sobre um jantar,
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    no qual Aristófanes,
    um dramaturgo de comédias,
  • 1:01 - 1:04
    diverte os convidados
    com a seguinte estória:
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    os humanos uma vez eram criaturas
    com quatro braços,
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    quatro pernas e duas faces.
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    Um dia, eles irritaram os deuses,
    e Zeus dividiu a todos em dois.
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    Desde então, toda pessoa sente
    a falta de sua outra metade.
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    O amor é o desejo
    de encontrar uma alma gêmea
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    que vai nos tornar inteiros novamente;
    ou pelo menos Platão acreditava
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    que isto poderia ser dito
    por um comediante bêbado numa festa.
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    "O amor nos engana para termos bebês."
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    Muito, muito depois, o filósofo
    alemão Arthur Schopenhauer
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    afirmou que o amor
    baseado em desejo sexual
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    era uma ilusão voluptuosa.
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    Ele sugeriu que amamos porque
    os nossos desejos nos levam a acreditar
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    que outra pessoa vai nos fazer felizes,
    porém estamos seriamente enganados.
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    A natureza está nos enganando
    para procriarmos,
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    e a fusão de amor que procuramos
    é consumada nos nossos filhos.
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    Quando nossos desejos
    sexuais estão satisfeitos,
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    somos jogados novamente
    em nossa existência atormentada,
  • 2:04 - 2:07
    e passamos a ter sucesso
    apenas em manter a espécie
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    e perpetuar o ciclo árduo
    do trabalho humano.
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    Parece que alguém precisa de um abraço.
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    "O amor é a fuga da nossa solidão."
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    De acordo com o filósofo britânico
    ganhador do Prêmio Nobel Bertrand Russell,
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    nós amamos a fim de saciar
    os nossos desejos físicos e psicológicos.
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    Os humanos foram feitos para procriar,
    mas sem o êxtase do amor apaixonado,
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    o sexo é insatisfatório.
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    O nosso medo do mundo cruel e insensível
    nos tenta a construir conchas sólidas
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    para nos proteger e nos isolar.
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    O deleite, a intimidade e o calor do amor
    nos ajuda a superar nossos medos do mundo,
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    a escapar das nossas conchas solitárias
    e a engajar mais profundamente na vida.
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    O amor enriquece todo o nosso ser,
    fazendo disso a melhor coisa na vida.
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    "O amor é uma aflição enganosa."
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    Siddhārtha Gautama, que ficou
    conhecido como Buda, ou O Iluminado,
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    provavelmente teria tido alguns
    debates interessantes com Russell.
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    Buda propôs que nós amamos
    porque estamos tentando
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    satisfazer nossos desejos básicos.
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    Assim, nossos desejos
    apaixonados são defeitos,
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    e vínculos, até o amor romântico,
    são uma grande fonte de sofrimento.
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    Felizmente, Buda encontrou
    o Caminho Óctuplo,
  • 3:20 - 3:23
    um tipo de prática para extinguir
    as chamas do desejo,
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    e desse modo atingir o Nirvana,
  • 3:26 - 3:31
    um estado iluminado de paz,
    clarividência, sabedoria e compaixão.
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    O escritor Cao Xueqin ilustrou
    esse sentimento budista,
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    de que o amor romântico é loucura,
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    em um dos grandes
    romances clássicos da China:
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    "O Sonho da Câmara Vermelha".
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    Em um subenredo,
    Jia Rui se apaixona por Xi-feng,
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    que o engana e o humilha.
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    Emoções conflitantes
    de amor e ódio o abalam,
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    fazendo com que um taoísta dê a ele
    um espelho mágico que pode curá-lo,
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    contanto que ele não olhe
    de frente para ele.
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    Mas claro que ele olha para o espelho.
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    Ele vê Xi-feng.
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    Sua alma entra no espelho,
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    e ele é levado envolto em correntes
    de ferro para morrer.
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    Nem todos os budistas
    pensam dessa maneira
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    a respeito do amor romântico e erótico.
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    Mas a moral dessa estória é que
    certos vínculos trazem tragédias,
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    e deveriam, juntamente
    com espelhos mágicos, ser evitados.
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    "O amor nos permite alcançar
    além de nós mesmos."
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    Vamos terminar com uma nota
    um pouco mais positiva.
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    A filósofa francesa Simone de Beauvoir
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    propôs que o amor é o desejo
    de se integrar ao outro,
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    e que isso preenche
    nossas vidas com significado.
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    Entretanto, ela estava menos preocupada
    com o porquê de amarmos
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    e mais interessada em como
    podemos amar melhor.
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    Ela percebeu que o problema
    do tradicional amor romântico
  • 4:46 - 4:48
    é que pode ser tão cativante,
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    que ficamos tentados a fazer
    disso nossa única razão para existir.
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    No entanto, a dependência do outro
    para justificar nossa existência
  • 4:55 - 4:59
    facilmente nos conduz
    ao tédio e a jogos de poder.
  • 4:59 - 5:03
    Para evitar essa armadilha, Beauvoir
    aconselhou amar autenticamente,
  • 5:03 - 5:05
    que é mais como uma grande amizade.
  • 5:05 - 5:08
    Amantes apoiam uns aos outros
    para descobrirem a si mesmos,
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    alcançarem além de si mesmos
    e enriquecerem suas vidas e o mundo.
  • 5:13 - 5:17
    Mesmo que talvez nunca saibamos
    por que nós nos apaixonamos,
  • 5:17 - 5:21
    podemos ter certeza que será um passeio
    em uma montanha-russa emocional.
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    É assustador e estimulante.
  • 5:22 - 5:25
    Nos faz sofrer e nos levantar.
  • 5:25 - 5:27
    Talvez nos percamos.
  • 5:27 - 5:28
    Talvez nos achemos.
  • 5:28 - 5:33
    Pode ser penoso, ou pode
    ser a melhor coisa na vida.
  • 5:33 - 5:35
    Vai se atrever a descobrir?
Title:
Por que amamos? Uma investigação filosófica - Skye C. Cleary
Speaker:
Skye C. Cleary
Description:

Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/why-do-we-love-a-philosophical-inquiry-skye-c-cleary

Ahh, amor romântico: belo e intoxicante; penoso e esmagador; muitas vezes tudo ao mesmo tempo! Se o amor romântico tem um propósito,
nem a ciência e nem a psicologia descobriram isso ainda. Mas ao longo do curso da história, alguns dos nossos mais respeitados filósofos propuseram algumas teorias fascinantes. Skye C. Cleary esboça cinco dessas perspectivas filosóficas sobre a razão de amarmos.

Lição de Skye C. Cleary, Animação de Avi Ofer.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:45

Portuguese, Brazilian subtitles

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