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Miguel Nicolelis: Um macaco que controla um robô com a força do pensamento. Não, é sério.

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    O tipo de neurociência que eu e meus colegas praticamos
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    é quase como que metereologia.
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    Estamos sempre caçando tempestades.
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    Queremos ver e medir tempestades -- isto é, tempestades cerebrais.
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    Todos nós falamos sobre tempestades cerebrais no nosso dia a dia,
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    mas nós raramente vemos ou ouvimos uma.
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    Por isso, gosto sempre de começar estas palestras,
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    na verdade, apresentando a vocês uma dessas tempestades.
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    De fato, na primeira vez que registramos mais de um neurônio --
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    ou uma centena de neurônios simultaneamente --
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    nós pudemos medir as descargas elétricas
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    de uma centena de células no mesmo animal.
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    Esta é a primeira imagem que tivemos,
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    os primeiros dez segundos de registro.
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    Registramos, então, uma pequena fração de pensamento,
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    e pudemos vê-lo diante de nós.
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    Eu sempre digo a alunos
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    que poderíamos dizer que neurocientistas são também meio que astrônomos,
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    porque lidamos com um sistema
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    que só se compara, em termos de quantidade de células,
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    ao número de galáxias que existem no universo.
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    E lá estávamos, dentre bilhões de neurônios,
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    registrando apenas uma centena deles, dez anos atrás.
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    Atualmente, registramos mil deles.
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    E esperamos compreender coisas fundamentais a respeito de nossa natureza humana,
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    pois, se vocês ainda não sabem,
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    tudo que costumamos definir como natureza humana vem dessas tempestades,
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    vem de tempestades que se agitam sobre as montes e vales de nossos cérebros,
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    e definem nossas memórias, nossas crenças,
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    nossas emoções, nossos planos para o futuro.
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    Tudo que um dia viermos a fazer,
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    tudo que qualquer ser humano já tenha feito, faz ou fará
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    requer o trabalho árduo de populações de neurônios, causando esse tipo de tempestade.
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    O som de uma tempestade cerebral, caso nunca tenham ouvido uma,
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    é algo parecido com isso.
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    Podem aumentar o som, se for possível.
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    Meu filho chama isso de "fazer pipoca ouvindo uma estação de rádio A.M. mal sintonizada."
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    Isso é um cérebro.
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    Isso é o que acontece quando você canaliza essas tempestades elétricas para um alto-falante
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    e ouve uma centena de neurônios em atividade.
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    Seu cérebro fará este tipo de som -- o meu cérebro, qualquer cérebro.
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    O que queremos agora, enquanto neurocientistas,
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    é, na verdade, escutar essas sinfonias, essas sinfonias cerebrais,
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    e tentar extrair delas as mensagens que carregam.
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    Em especial, cerca de doze anos atrás,
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    nós criamos um experimento que chamamos de interface cérebro-máquina.
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    Temos aqui um desenho que descreve como isso funciona.
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    A ideia é utilizar alguns sensores que captam essas tempestades, essa atividade elétrica,
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    e verificar se, com a mesma velocidade que
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    essa tempestade leva para ir do cérebro até as pernas ou braços de um animal --
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    cerca de meio segundo --
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    se é possível ler esses impulsos,
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    extrair as mensagens motoras que estão embutidas neles,
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    transformá-las em comandos digitais,
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    e enviá-las a um dispositivo artificial,
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    que reproduzirá os comandos motores vindos desse cérebro, em tempo real,
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    bem como tentar medir nossa eficiência na tradução dessa mensagem,
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    tendo por base a maneira com que o corpo faz isso,
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    e se, de fato, é possível gerar realimentação, isto é,
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    impulsos sensoriais que saem desse acionador robótico-mecânico-computacional,
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    agora controlado pelo cérebro,
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    de volta ao cérebro,
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    e como o cérebro lida com o fato
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    de receber mensagens de uma máquina.
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    É exatamente isso que fizemos dez anos atrás.
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    Nós começamos com uma macaca famosa, chamada Aurora,
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    que se tornou uma das estrelas dessa área.
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    A Aurora gostava de jogar videogames.
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    Como vocês podem ver aqui,
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    ela gosta de usar um 'joystick', como qualquer um de nós, ou como nossos filhos, para jogar esse jogo.
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    E como boa primata, ela tenta até trapacear, para conseguir acertar.
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    Mesmo antes que apareça um objeto que ela tenha de assinalar
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    com o cursor que ela está controlando com o 'joystick',
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    a Aurora fica procurando o objeto, em todos os cantos.
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    E ela faz isso
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    porque, sempre que ela assinala o objeto com o pequeno cursor,
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    ela recebe um gole de suco de laranja brasileiro.
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    Eu posso garantir que qualquer macaco fará qualquer coisa para vocês,
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    em troca de um golezinho de suco de laranja brasileiro.
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    Na verdade, qualquer primata vai fazer isso.
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    Pensem a respeito.
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    Bem, enquanto a Aurora jogava, como vocês viram,
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    e realizava mil testes por dia,
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    e conseguia 97% de acertos e 350 ml de suco de laranja,
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    nós registrávamos as tempestades cerebrais que ocorriam em sua cabeça
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    e as enviávamos a um braço robótico
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    que aprendia a reproduzir os movimentos que a Aurora fazia,
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    porque a ideia era, na verdade, ligar essa interface cérebro-máquina
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    e conseguir que a Aurora jogasse só com o pensamento,
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    sem a intervenção de seu corpo.
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    Suas tempestades cerebrais comandariam um braço
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    que moveria o cursor e assinalaria o objeto.
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    E para nossa surpresa, foi exatamente o que a Aurora fez.
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    Ela jogou sem se mover.
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    Cada movimento do cursor que vocês veem agora,
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    e essa foi a primeira vez que ela conseguiu isso,
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    essa foi exatamente a primeira vez
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    que um estímulo cerebral foi além dos limites físicos do corpo de um primata,
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    produzindo efeitos do lado de fora, nesse universo externo,
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    controlando um braço artificial.
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    Aurora continuava jogando, continuava encontrando o pequeno objeto
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    e ganhando o suco de laranja que ela queria, que ela almejava.
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    Bem, ela fazia isso porque, àquela altura, ela tinha adquirido um novo braço.
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    O braço robótico, movendo-se neste vídeo gravado trinta dias depois
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    do vídeo que mostrei a vocês anteriormente,
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    está sendo controlado pelo cérebro da Aurora
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    e está movendo o cursor para alcançar o objeto.
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    A Aurora agora sabe que pode jogar com esse braço robótico,
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    mas não perdeu a capacidade de usar seus braços de verdade para o que quiser.
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    Ela consegue coçar as costas, ela consegue coçar um de nós, ela consegue jogar outro jogo.
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    Com toda certeza,
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    o cérebro da Aurora incorporou esse braço artificial
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    como uma extensão de seu corpo.
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    A autoimagem que Aurora tinha em sua mente
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    adaptou-se para assimilar um braço extra.
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    Bem, fizemos isso dez anos atrás.
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    Vamos avançar dez anos no tempo.
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    No ano passado, descobrimos que nem precisamos de um braço robótico.
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    Podemos criar um corpo virtual, um avatar, um avatar de macaco,
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    e utilizá-lo, na verdade, tanto para que nossos macacos interajam com ele,
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    quanto para treiná-los para que assimilem, num ambiente virtual,
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    a percepção desse avatar em primeira pessoa,
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    e usar sua atividade cerebral para controlar os movimentos dos braços ou pernas do avatar.
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    Basicamente, o que fizemos foi treinar os animais
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    a fim de que aprendessem a controlar esses avatares
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    e a explorar objetos que aparecessem no ambiente virtual.
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    Esses objetos são visualmente idênticos,
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    mas quando o avatar toca a superfície desses objetos,
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    eles enviam um sinal elétrico, equivalente à textura palpável do objeto,
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    que retorna diretamente ao cérebro do macaco,
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    informando qual objeto o avatar está tocando.
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    Em apenas quatro semanas, o cérebro aprende a processar essa nova sensação,
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    e adquire uma nova via sensorial -- como um novo sentido.
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    Agora, verdadeiramente, você liberta o cérebro,
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    ao permitir que ele envie comandos motores que fazem o avatar se mover,
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    e a resposta que vem do avatar é processada diretamente pelo cérebro,
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    sem a interferência da pele.
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    O que vocês estão vendo aqui é o resumo da atividade.
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    Basicamente, vocês vão ver um animal tocando três objetos.
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    E ele tem de escolher um, porque apenas um traz a recompensa,
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    o suco de laranja que ele quer ganhar.
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    E ele tem que escolher o objeto com o toque, usando um braço virtual, um braço que não é real.
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    E é exatamente isso que ele faz.
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    O cérebro se liberta completamente
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    dos limites do corpo físico, num teste de percepção.
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    O animal está controlando o avatar, a fim de tocar os objetos.
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    E ele sente a textura ao receber uma mensagem elétrica diretamente no cérebro.
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    E o cérebro está decidindo que textura está associada à recompensa.
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    As legendas que vocês veem no vídeo não aparecem para o macaco.
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    A propósito, seja como for, eles não sabem ler.
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    Elas aparecem aqui somente para que vocês saibam que o objeto correto está mudando de posição.
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    Mesmo assim, eles conseguem identificar os objetos através do tato,
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    pressionando-os quando querem mostrar sua escolha.
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    Quando observamos os cérebros desses animais,
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    no quadro de cima, vemos o alinhamento de cento e vinte e cinco células,
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    mostrando o que acontece com a atividade cerebral, com as tempestades elétricas,
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    nessa amostra de neurônios,
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    quando o animal está utilizando um 'joystick'.
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    Essa é uma imagem que todo neurofisiologista conhece.
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    O alinhamento básico mostra que essas células estão enviando sinais em todas as direções possíveis.
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    O quadro de baixo mostra o que acontece quando o corpo para de se mexer,
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    e o animal começa a controlar um braço robótico, ou um avatar.
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    Com a mesma rapidez com que reiniciamos nossos computadores,
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    a atividade cerebral se modifica, a fim de começar controlar essa nova ferramenta,
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    como se ela também fizesse parte do corpo do primata.
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    O cérebro também está assimilando isso, tão rápido quanto podemos mensurar.
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    Isso sugere que a autopercepção do nosso ser
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    não termina na extremidade da pele do nosso corpo,
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    mas termina na extremidade de elétrons de tudo que estivermos controlando com nossos cérebros.
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    Nossos violinos, nossos carros, nossas bicicletas, nossas bolas de futebol, nossas roupas --
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    tudo isso acaba sendo assimilado por esse ávido, surpreendente e dinâmico sistema chamado cérebro.
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    Até onde podemos chegar com ele?
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    Bem, num experimento que realizamos poucos anos atrás, fomos ao extremo.
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    Pusemos um animal numa esteira,
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    na Duke University, na costa leste dos Estados Unidos,
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    produzindo as tempestades cerebrais necessárias para se mover,
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    e tínhamos um robô, um robô humanoide,
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    em Kyoto, Japão, no ATR Laboratories,
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    que sonhou a vida inteira em ser controlado por um cérebro,
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    um cérebro humano, ou o de um primata.
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    O que aconteceu foi que a atividade cerebral que gerou os movimentos na macaca
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    foi transmitida ao Japão e fez este robô caminhar,
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    enquanto imagens dessa caminhada eram enviadas de volta a Duke,
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    possibilitando que a macaca visse as pernas deste robô andando diante dela.
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    Ela receberia recompensa não pelo que seu corpo fazia,
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    mas pelos passos certos que o robô desse, do outro lado do planeta,
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    controlado pela atividade cerebral dela.
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    O curioso foi que aquela volta ao redor do mundo levou vinte milésimos de segundo a menos
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    que aquela tempestade cerebral levaria para sair de sua cabeça, da cabeça da macaca,
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    e chegar até suas pernas de verdade.
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    A macaca fez um robô, que era seis vezes maior que ela, se mover do outro lado do planeta.
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    Esse é um dos experimentos em que aquele robô conseguiu caminhar de forma independente.
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    Este é o CB1 realizando seu sonho, no Japão,
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    sob o controle da atividade cerebral de um primata.
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    Então, aonde vamos chegar com tudo isso?
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    O que vamos fazer com toda essa pesquisa,
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    além de estudar as propriedades desse universo dinâmico que possuímos entre as orelhas?
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    Bem, a ideia é utilizar todo esse conhecimento e tecnologia
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    para tentar reparar um dos mais graves problemas neurológicos que existem no mundo.
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    Milhões de pessoas perderam a habilidade de tranformar essas tempestades cerebrais
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    em ação, em movimento.
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    Apesar de seus cérebros continuarem produzindo essas tempestades e comandos de movimento,
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    eles não conseguem cruzar a barreira que foi criada por uma lesão na medula espinhal.
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    Então, nossa ideia é criar um caminho alternativo,
  • 12:24 - 12:28
    é utilizar essas interfaces cérebro-máquina para interpretar esses sinais,
  • 12:28 - 12:32
    ou tempestades cerebrais de maior escala, que carregam o desejo de voltar a andar,
  • 12:32 - 12:36
    contornar a lesão, utilizando microengenharia de computador,
  • 12:36 - 12:43
    e enviar esses sinais para um novo corpo, um corpo completo chamado exoesqueleto,
  • 12:43 - 12:49
    um traje robótico completo, que se tornará o novo corpo desses pacientes.
  • 12:49 - 12:53
    Aqui temos uma imagem produzida por um consórcio,
  • 12:53 - 12:57
    sem fins lucrativos, chamado de Projeto Walk Again,
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    que está unindo cientistas da Europa,
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    daqui dos Estados Unidos e do Brasil,
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    para trabalhar juntos e, de fato, criar esse novo corpo --
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    um corpo que, por meio da mesma plasticidade cerebral,
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    permite que a Aurora e outros macacos movam essas ferramentas através de uma interface cérebro-máquina,
  • 13:15 - 13:21
    e que nos permite incorporar as ferramentas que produzimos e utilizamos no dia a dia.
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    Esperamos que esse mesmo mecanismo possibilite não apenas que esses pacientes
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    voltem a imaginar os movimentos que quiserem executar
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    e transformá-los em movimentos neste novo corpo,
  • 13:31 - 13:38
    mas que esse corpo seja assimilado como o novo corpo que o cérebro comanda.
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    Disseram-me, cerca de dez anos atrás,
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    que isso jamais seria possível, que isso beirava o impossível.
  • 13:47 - 13:49
    Só posso dizer a vocês que, como cientista,
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    eu cresci no sul do Brasil, em meados dos anos 60,
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    assistindo alguns caras malucos dizendo [-nos] que eles iriam à Lua.
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    Eu tinha cinco anos de idade,
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    e nunca entendi porque a NASA não contratou o capitão Kirk e o Spok para fazer isso;
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    Afinal, eles eram peritos nisso --
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    mas ver aquilo quando criança
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    me fez acreditar, como minha avó costumava me dizer,
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    que "o impossível é só o possível
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    que alguém não se esforçou o bastante para que se tornasse realidade".
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    Disseram-me que era impossível fazer alguém voltar a andar,
  • 14:22 - 14:25
    mas acho que vou seguir o conselho da minha avó.
  • 14:25 - 14:26
    Obrigado.
  • 14:26 - 14:34
    (Aplausos)
Title:
Miguel Nicolelis: Um macaco que controla um robô com a força do pensamento. Não, é sério.
Speaker:
Miguel Nicolelis
Description:

É possível usarmos nosso cérebro para controlar máquinas diretamente -- sem o auxílio de um corpo como intermediário? Miguel Nicolelis discorre sobre um surpreendente experimento, no qual uma talentosa macaca comanda um avatar, e depois um robô no Japão, simplesmente com a força do pensamento. A pesquisa traz grandes implicações para pessoas com tetraplegia -- e talvez para todos nós. (Filmado no TEDMED 2012.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:55

Portuguese, Brazilian subtitles

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