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Que possamos desfrutar da nossa inspiração e expiração
com o sino.
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Ao inspirar, sei que estou vivo.
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Ao expirar, sorrio para a vida.
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Desfruta da tua respiração.
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Boa tarde, querida sangha.
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Quando falamos sobre
viver no momento presente,
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falamos sobre tocar a vida profundamente nesse momento.
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Na nossa vida diária, temos o hábito de nos permitir
pensar demasiado no passado.
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E muitos de nós somos prisioneiros do passado.
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Não somos capazes de o deixar ir.
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É por isso que não conseguimos tocar
o momento presente com profundidade.
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E há aqueles entre nós que
se preocupam demasiado com o futuro.
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E o medo, a incerteza dentro de nós...
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impedem-nos de estar presentes para tocar
as maravilhas da vida que estão disponíveis.
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Por isso, o Buda aconselhou-nos
a regressar ao momento presente.
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Ele disse: o passado já se foi,
e o futuro ainda não chegou.
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Existe apenas um momento
em que podemos estar verdadeiramente vivos.
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Esse momento é o presente.
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E para ele, é possível...
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vivermos felizes
no momento presente.
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Quando praticamos os seus ensinamentos,
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descobrimos que...
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estar no momento presente não significa
que não possamos aprender nada com o passado,
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ou que não nos seja permitido
fazer planos para o futuro.
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Se estivermos bem enraizados no momento presente,
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podemos trazer o passado
de volta ao momento presente...
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e estudá-lo.
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Podemos aprender muito com o passado,
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e ainda assim permanecer ancorados no presente.
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A ideia é não nos perdermos no arrependimento,
ou no complexo de culpa
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pelo que fizemos no passado.
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Se estivermos bem ancorados no presente,
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podemos considerar o passado
como um objeto de investigação
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no momento presente.
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E ele pode ensinar-nos muito.
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Pode trazer-nos muita compreensão.
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Pode libertar-nos, e é por isso que a prática
não nos proíbe de estudar o passado
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desde que continuemos
enraizados no presente.
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O mesmo se aplica ao futuro.
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O Buda não quer que sejamos
arrastados pelo medo,
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pela ansiedade e pela incerteza em relação ao futuro.
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Mas se estivermos firmemente
ancorados no presente,
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podemos muito bem fazer planos para o futuro.
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O seu conselho é não nos perdermos
nas preocupações sobre o futuro.
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Mas se estivermos ancorados no presente,
trazemos o futuro para o agora...
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e olhamos profundamente para ele.
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O futuro também é um objeto da nossa meditação, tal como o passado,
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e estamos sempre no aqui e no agora.
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A verdade é que o futuro é feito
apenas de uma única substância.
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E essa substância chama-se o presente.
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É com o presente que se constrói o futuro.
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Por isso, quando somos capazes de lidar
com o momento presente da melhor forma possível,
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isso é tudo o que podemos fazer pelo futuro.
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Se estás a lidar com o momento presente
da melhor maneira que consegues,
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estás a garantir um bom futuro.
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Permitir-se perder-se em preocupações e medos
sobre o futuro não ajuda.
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Portanto, fazer planos para o futuro faz parte da nossa
prática no momento presente,
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porque o presente É o futuro.
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O futuro é feito do momento presente.
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Quando sabes que estás a fazer o teu melhor
para lidar com o momento presente,
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sabes que estás a cuidar do futuro ao mesmo tempo.
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A prática não nos proíbe
de pensar no futuro
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ou de fazer planos para o futuro.
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Na verdade, podemos olhar muito longe no futuro,
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e criar projetos inteligentes para o futuro.
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Mas podemos sempre continuar ancorados
no momento presente,
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sem nos perdermos no medo e na incerteza.
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O mesmo acontece com o passado.
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Muitas pessoas pensam que o passado já não existe...
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...que fizemos algumas coisas negativas no passado...
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...e que nunca poderemos voltar atrás para corrigir.
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Então, permitimos que a culpa nos faça remoer.
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Mas, segundo esta prática,
podemos mudar o passado.
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Porque o passado ainda está presente,
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escondido no agora.
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O dano que causaste no passado,
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o dano que os teus antepassados causaram no passado,
ainda está presente,
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muito real no momento atual.
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Se permaneceres no momento presente e
o tocares profundamente,
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também tocas o passado,
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porque o momento presente
é feito do passado.
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O passado continua no presente.
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Por isso, ao tocar profundamente o presente,
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podes tocar o passado, podes transformá-lo,
e podes curá-lo.
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Imagina que, há muito tempo, disseste algo desagradável
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à tua avó,
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movido pela raiva.
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E agora ela já não está cá,
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e tu arrependes-te.
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Dizes para ti mesmo que, se ela ainda estivesse viva,
irias procurá-la e pedir desculpa.
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Mas como ela já não está,
não podes fazê-lo.
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E ficas preso no arrependimento
e no sentimento de culpa.
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De acordo com esta prática,
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a dor...
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o sofrimento que causaste no passado
ainda está presente no agora.
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O sofrimento da tua avó
e o teu próprio sofrimento ainda existem
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dentro de ti,
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neste momento presente.
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Na tua prática,
meditar significa olhar profundamente.
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E ao olhares profundamente, vês que a tua avó
ainda está viva em cada célula do teu corpo,
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porque és uma continuação dela.
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És uma continuação da tua mãe,
do teu pai,
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do teu avô e da tua avó.
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Mesmo que penses que já não estão aqui,
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eles continuam vivos
em cada célula do teu corpo.
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Este é o ensinamento do Buda.
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Nada se perde.
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Por isso, se regressares a ti mesmo,
respirando profundamente,
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e reconheceres a presença
da tua avó em ti,
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poderás dizer algo como:
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"Avó, que estás em mim,
que estás em cada célula do meu corpo,
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desculpa-me.
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Disse-te algo cruel...
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e isso fez-te sofrer, e fez-me sofrer.
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E esse sofrimento ainda está vivo hoje.
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Prometo-te, e prometo a mim mesmo,
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que, a partir de agora,
não voltarei a fazer algo assim."
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Se fores capaz de fazer isto,
verás a tua avó a sorrir dentro de ti,
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em cada célula do teu corpo,
e estarás curado.
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Todo o dano causado no passado
pode ser curado
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se souberes tocar profundamente
o momento presente.
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Quando o Buda disse
que devemos viver profundamente no presente,
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ele não quis dizer que estamos proibidos
de aprender com o passado,
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ou que não podemos fazer
planos inteligentes para o futuro.
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Por isso, até a tua lista de compras
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faz parte da tua meditação
no momento presente.