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The Art of Embracing Loneliness | Thich Nhat Hanh (short teaching video)

  • 0:00 - 0:09
    Bom dia, querida sangha,
    hoje é 13 de dezembro de 2012,
  • 0:09 - 0:21
    e estamos no Salão de Meditação da Lua Cheia,
    em New Hamlet,
  • 0:21 - 0:29
    durante o retiro de inverno 2012-2013.
  • 0:30 - 0:34
    Na última vez, falámos sobre o lar.
  • 0:36 - 0:44
    Sabemos que, quando estamos em casa,
    já não nos sentimos sós.
  • 0:47 - 0:52
    Se estás em casa, aquecido,
    confortável, seguro,
  • 0:57 - 0:59
    realizado.
  • 1:01 - 1:05
    O lar é um lugar onde
    a solidão desaparece.
  • 1:07 - 1:09
    Mas onde está o lar?
  • 1:09 - 1:13
    O Buda disse muito claramente
    que o lar está dentro de nós,
  • 1:13 - 1:17
    e que há uma ilha
    para a qual temos de voltar:
  • 1:18 - 1:20
    a ilha do eu.
  • 1:21 - 1:24
    Isto é uma prática, não uma teoria.
  • 1:26 - 1:30
    A solidão é o mal-estar do nosso tempo.
  • 1:30 - 1:36
    Sentimo-nos muito sós,
    mesmo quando estamos rodeados de muitas pessoas.
  • 1:38 - 1:40
    Estamos sós juntos.
  • 1:47 - 1:52
    Há um vazio dentro de nós
    que nos faz sentir desconfortáveis...
  • 1:53 - 1:56
    Com esse tipo de vazio,
  • 1:56 - 2:04
    tentamos preenchê-lo
    ligando-nos a outras pessoas.
  • 2:04 - 2:08
    Acreditamos que, quando conseguimos
    ligar-nos aos outros,
  • 2:09 - 2:13
    o sentimento de solidão
    desaparecerá.
  • 2:14 - 2:20
    E a tecnologia fornece-nos
    muitos dispositivos
  • 2:20 - 2:25
    para nos conectarmos...
    "mantermos contacto."
  • 2:26 - 2:36
    Estamos sempre conectados,
    mas continuamos a sentir-nos sós.
  • 2:37 - 2:42
    Verificamos o email várias vezes ao dia,
  • 2:42 - 2:45
    enviamos emails várias vezes ao dia,
  • 2:45 - 2:52
    publicamos mensagens,
    queremos partilhar e queremos receber.
  • 2:54 - 3:00
    Mantemo-nos ocupados durante todo o dia
    para "nos conectarmos",
  • 3:00 - 3:08
    mas isso não ajuda
    a reduzir a solidão dentro de nós.
  • 3:08 - 3:18
    Isto é o que está a acontecer
    neste momento na nossa civilização moderna.
  • 3:23 - 3:25
    A nossa relação
  • 3:26 - 3:28
    não está bem.
  • 3:29 - 3:33
    Não temos uma boa relação
    com o nosso parceiro,
  • 3:33 - 3:37
    com o nosso irmão, com a nossa irmã,
    com os nossos pais, com a nossa sociedade.
  • 3:37 - 3:40
    Sentimo-nos muito sós.
  • 3:41 - 3:43
    E...
  • 3:45 - 3:49
    tentámos usar a tecnologia
    para dissipar
  • 3:49 - 3:56
    esse sentimento de solidão,
    mas não tivemos sucesso.
  • 4:10 - 4:14
    Na tradição de Plum Village,
    sempre que nos sentamos
  • 4:17 - 4:18
    sobre uma almofada,
  • 4:20 - 4:24
    estamos a conectar-nos connosco próprios.
  • 4:26 - 4:31
    Porque, no nosso dia a dia,
    estamos desligados de nós mesmos.
  • 4:33 - 4:37
    Caminhamos, mas não sabemos
    que estamos a caminhar.
  • 4:37 - 4:41
    Estamos aqui, mas não sabemos
    que estamos aqui.
  • 4:41 - 4:44
    Estamos vivos, mas não sabemos
    que estamos vivos.
  • 4:44 - 4:47
    Estamos a perder-nos de nós mesmos.
  • 4:47 - 4:49
    Não estamos a ser nós mesmos.
  • 4:50 - 4:52
    E isso acontece...
  • 4:53 - 4:59
    quase o dia inteiro.
  • 5:00 - 5:04
    Por isso, o ato de nos sentarmos
    é um ato de revolução.
  • 5:05 - 5:12
    Tu sentas-te
    e interrompes esse estado de ser:
  • 5:14 - 5:16
    perder-te de ti mesmo,
  • 5:17 - 5:20
    não seres tu mesmo.
  • 5:20 - 5:22
    E quando te sentas,
    ligas-te a ti próprio.
  • 5:22 - 5:28
    E não precisas de um iPhone
    ou de um computador para o fazer.
  • 5:30 - 5:37
    Só precisas de te sentar com atenção plena
    e inspirar com atenção plena.
  • 5:37 - 5:42
    E, em poucos segundos,
    ligas-te a ti próprio.
  • 5:42 - 5:45
    Sabes o que está a acontecer:
  • 5:46 - 5:49
    o que está a acontecer no teu corpo,
  • 5:50 - 5:55
    o que está a acontecer nos teus sentimentos
    e emoções,
  • 5:56 - 6:00
    o que está a acontecer
    nas tuas perceções, e assim por diante.
  • 6:03 - 6:06
    Já estás em casa
  • 6:06 - 6:09
    para cuidar da casa.
  • 6:09 - 6:14
    Estiveste ausente de casa por muito tempo...
  • 6:14 - 6:20
    e o lar tornou-se uma desordem.
  • 6:22 - 6:29
    Ir para casa significa sentar-se,
    estar consigo mesmo e conectar-se consigo,
  • 6:29 - 6:32
    e aceitar a situação tal como ela é.
  • 6:32 - 6:35
    Está uma desordem, sim, mas eu aceito-a.
  • 6:37 - 6:40
    Porque estive ausente de casa
    durante muito tempo,
  • 6:40 - 6:45
    permiti que as coisas
    ficassem assim em casa,
  • 6:45 - 6:49
    agora estou em casa, eu vou...
  • 6:51 - 6:53
    reorganizar tudo.
  • 6:53 - 6:59
    E com a minha inspiração e expiração,
    a minha respiração consciente,
  • 6:59 - 7:02
    começo a sorrir para tudo,
  • 7:03 - 7:06
    e vou arrumar a minha casa.
  • 7:08 - 7:10
    Permito que o meu corpo...
  • 7:11 - 7:13
    liberte a tensão
  • 7:15 - 7:18
    enquanto inspiro e expiro.
  • 7:19 - 7:22
    E o Buda ensinou-me
    como fazer isso,
  • 7:22 - 7:30
    como inspirar e
    como libertar a tensão no meu corpo.
  • 7:32 - 7:40
    Estou consciente do meu sentimento de solidão,
    de tristeza, de medo, de ansiedade.
  • 7:40 - 7:45
    Sorrio para a solidão,
    para o medo, para a ansiedade.
  • 7:45 - 7:48
    Digo:
    "Minha querida solidão,
  • 7:48 - 7:52
    sei que estás aí.
    Espero cuidar de ti."
  • 7:53 - 7:55
    E fazes as pazes com a tua solidão;
  • 7:55 - 7:57
    fazes as pazes com o teu medo.
  • 7:58 - 8:01
    Há uma criança ferida dentro de ti.
  • 8:01 - 8:08
    Reconheces essa criança
    e abraças essa criança ternamente nos teus braços.
  • 8:08 - 8:13
    Esse é o ato de ir para casa
    e cuidar de casa.
  • 8:16 - 8:19
    Sempre que dás um passo,
  • 8:20 - 8:25
    quer estejas a inspirar ou a expirar,
    voltas para ti mesmo.
  • 8:26 - 8:29
    Cada passo leva-te de volta a casa,
    ao aqui e agora,
  • 8:30 - 8:34
    para que possas conectar-te contigo,
    com o teu corpo, com os teus sentimentos.
  • 8:35 - 8:37
    E isso é uma conexão real.
  • 8:39 - 8:44
    E não precisas de muita tecnologia para isso.
  • 8:45 - 8:48
    E esta é a revolução,
    este é o...
  • 8:50 - 8:57
    o caminho para nos curarmos
    e para curarmos a nossa sociedade.
  • 8:58 - 9:01
    Estamos a perder-nos de nós mesmos.
  • 9:07 - 9:09
    Estamos perdidos.
  • 9:09 - 9:12
    Temos de nos reencontrar.
    Temos de voltar para casa.
  • 9:12 - 9:22
    E o Natal é um momento
    em que devemos praticar o "Voltar para Casa".
  • 9:34 - 9:39
    Há uma ilusão de conexão:
  • 9:39 - 9:45
    pensamos que, com a tecnologia,
    com estes dispositivos, podemos conectar-nos.
  • 9:45 - 9:48
    Mas não nos conseguimos realmente conectar.
  • 9:48 - 9:51
    Como podes conectar-te com outra pessoa...
  • 9:51 - 9:54
    se não consegues conectar-te contigo mesmo?
  • 9:56 - 10:00
    Por isso, o ensinamento do Buda,
    voltar para a ilha do eu...
  • 10:00 - 10:06
    é o caminho para curar a nossa sociedade,
    para nos curarmos a nós mesmos.
  • 10:16 - 10:21
    Com o ato de inspirar,
  • 10:21 - 10:24
    vais para dentro.
  • 10:27 - 10:32
    A saída é para dentro.
  • 10:35 - 10:39
    Quando dás um passo,
    vais "para dentro" de ti mesmo
  • 10:39 - 10:43
    porque esse passo leva-te a casa,
    ao aqui e agora,
  • 10:43 - 10:46
    ajuda-te a conectar com o teu corpo.
  • 10:46 - 10:50
    O teu corpo é a tua respiração;
    o teu corpo são os teus pés;
  • 10:51 - 10:53
    o teu corpo são os teus pulmões.
  • 10:53 - 11:00
    E estás a conectar-te com o corpo, com os pés,
    com a respiração, com os pulmões...
  • 11:01 - 11:06
    Estás em casa,
    porque o corpo faz parte da tua casa.
  • 11:07 - 11:10
    Quando passas duas horas
    no computador...
  • 11:10 - 11:15
    esqueces-te completamente
    de que tens um corpo.
  • 11:17 - 11:21
    E sem o teu corpo,
    como podes estar vivo?
  • 11:23 - 11:27
    Por isso, em Plum Village, muitos de nós...
  • 11:28 - 11:31
    programamos um "sino da atenção plena"
    nos nossos computadores,
  • 11:31 - 11:34
    e a cada 15 minutos
    ouvimos o sino,
  • 11:35 - 11:40
    paramos de trabalhar,
    paramos de pensar,
  • 11:40 - 11:43
    voltamos à nossa inspiração,
    desfrutamos de inspirar,
  • 11:43 - 11:46
    conectamo-nos connosco
    e sorrimos.
  • 11:46 - 11:48
    Voltamos a estar vivos.
  • 11:48 - 11:53
    Sabemos que temos um corpo,
    que é uma maravilha.
  • 11:54 - 11:57
    O nosso corpo é uma maravilha.
  • 11:57 - 12:03
    E "conectar-se" é, antes de mais,
    conectar-se com o corpo.
  • 12:06 - 12:08
    E então surge um sentimento.
  • 12:08 - 12:14
    Quer seja um sentimento de tristeza,
    de raiva ou de solidão,
  • 12:14 - 12:16
    é parte de nós.
  • 12:21 - 12:24
    Conectamo-nos com
    a nossa inspiração e expiração,
  • 12:24 - 12:28
    e depois, com essa respiração consciente,
    conectamo-nos com os nossos sentimentos.
  • 12:29 - 12:31
    Sorrimos para o nosso sentimento.
  • 12:31 - 12:35
    Dizemos: "Não te preocupes. Estou em casa.
    Vou cuidar de ti."
  • 12:36 - 12:41
    E abraçamos o nosso sentimento com ternura,
    quer seja medo, raiva ou solidão,
  • 12:42 - 12:47
    e aquecemos-nos
    com esse tipo de prática.
  • 12:47 - 12:50
    Este é um verdadeiro ato de voltar para casa,
  • 12:50 - 12:56
    e não precisamos
    de nenhum dispositivo tecnológico para isso.
  • 13:01 - 13:04
    Sê um lar para ti mesmo.
  • 13:05 - 13:09
    O Buda disse:
    "Sê uma ilha para ti mesmo."
  • 13:12 - 13:19
    "Attadipa saranam" –
    Refugiar-se na ilha do eu.
  • 13:19 - 13:23
    Essa é a prática
    recomendada pelo Buda.
  • 13:27 - 13:33
    Quando caminhas do estacionamento
    para o teu local de trabalho,
  • 13:34 - 13:36
    porque não vais para casa
    a cada passo?
  • 13:37 - 13:42
    Porque continuar a pensar,
    a preocupar-te, a sofrer?
  • 13:43 - 13:46
    Cada passo pode levar-te para casa.
    Caminhas como um Buda.
  • 13:46 - 13:51
    Caminhas como uma pessoa livre.
    E isso é possível.
  • 13:51 - 13:55
    Recuperas-te,
    conectas-te contigo mesmo
  • 13:55 - 13:57
    a cada passo.
  • 13:57 - 14:00
    E a liberdade é possível.
  • 14:01 - 14:05
    Estás a libertar-te.
    Já não te perdes de ti mesmo.
  • 14:05 - 14:07
    Conectas-te com o teu corpo,
  • 14:08 - 14:11
    conectas-te com os teus sentimentos
    a cada passo.
  • 14:12 - 14:16
    E cada passo traz-te liberdade.
  • 14:24 - 14:27
    E se consegues encontrar um lar em ti,
  • 14:28 - 14:32
    podes ajudar o teu companheiro
  • 14:33 - 14:37
    a encontrar o dele ou dela,
  • 14:41 - 14:45
    porque ela também está sozinha,
    ele também está sozinho.
  • 14:46 - 14:54
    E ele está à procura de um lar,
    de calor, de segurança.
  • 14:55 - 14:58
    Por isso,
  • 14:58 - 15:02
    quando já tens um lar,
  • 15:03 - 15:07
    podes ir ao encontro do teu parceiro...
  • 15:08 - 15:12
    podes ir ao encontro do outro.
  • 15:12 - 15:15
    Como tens um lar,
  • 15:15 - 15:21
    estás em posição de o ajudar
    a ter um lar também.
  • 15:22 - 15:25
    E sentes-te confiante
  • 15:25 - 15:27
    porque sabes como:
  • 15:28 - 15:32
    como te conectar contigo mesmo,
    como ter um lar dentro de ti.
  • 15:33 - 15:39
    E essa confiança em ti
    irá inspirá-lo ou inspirá-la a fazer o mesmo.
  • 15:40 - 15:43
    Ela pode encontrar um lar em ti,
  • 15:44 - 15:52
    e depois apoiar-se nisso
    para construir um lar dentro dela.
  • 15:53 - 15:57
    Mas antes de ires ao encontro
    do outro para ajudar,
  • 15:57 - 16:01
    tens de ajudar-te a ti primeiro;
    tens de te conectar contigo mesmo.
  • 16:02 - 16:08
    E quando consegues
    conectar-te contigo mesmo,
  • 16:09 - 16:12
    então o próximo passo é possível...
  • 16:12 - 16:16
    e será bem-sucedido
    para te conectares com o outro.
  • 16:16 - 16:18
    Sem o primeiro passo,
  • 16:19 - 16:22
    o segundo não é possível.
  • 16:28 - 16:35
    E não precisas realmente
    de um iPhone ou algo do género.
  • 16:36 - 16:40
    Precisas dos teus olhos
    para olhá-lo com compaixão.
  • 16:45 - 16:49
    Mesmo que ela não esteja na mesma cidade,
  • 16:49 - 16:54
    podes conectar-te com ela facilmente,
  • 16:55 - 16:58
    porque já és tu mesmo,
    já estás em casa.
  • 16:59 - 17:03
    E tudo o que disseres,
    tudo o que pensares,
  • 17:03 - 17:08
    vai ajudá-la a reencontrar-se.
  • 17:10 - 17:16
    Então, quando ela for capaz
    de voltar para si mesma,
  • 17:16 - 17:21
    a vossa relação tornar-se-á
    uma relação verdadeira,
  • 17:21 - 17:25
    porque ambos têm um lar.
  • 17:25 - 17:27
    E é por isso que,
    quando se encontram,
  • 17:27 - 17:33
    descobrem um lar um no outro,
    ao mesmo tempo que cada um o tem dentro de si.
  • 17:34 - 17:40
    E isso torna-se um lar coletivo
    para ambos.
  • 17:46 - 17:53
    Há um lar aqui, há um lar aqui,
    e há um lar coletivo aqui.
  • 17:56 - 17:58
    Isto é a base de tudo.
  • 17:59 - 18:00
    Se queres ajudar a sociedade,
  • 18:01 - 18:03
    se queres ajudar a comunidade,
  • 18:03 - 18:09
    se queres ajudar o teu país,
    tens de partir daqui.
  • 18:10 - 18:16
    Quando tens um verdadeiro lar,
    tens felicidade, segurança, realização,
  • 18:16 - 18:20
    e então estás em condições de ir...
  • 18:21 - 18:24
    ao encontro do outro,
  • 18:25 - 18:32
    quer seja um indivíduo,
    uma sociedade
  • 18:33 - 18:34
    ou um grupo de pessoas.
  • 18:35 - 18:39
    Este é o caminho
    indicado pelo Buda.
  • 18:39 - 18:43
    Tudo tem de começar em ti,
  • 18:44 - 18:48
    e o ensinamento, a prática,
    são muito claros.
  • 18:49 - 18:55
    Cada respiração, cada passo, cada sentar,
  • 18:55 - 19:00
    cada ação como beber, limpar,
  • 19:02 - 19:08
    se feita com atenção plena,
    ajuda-te a voltar para casa
  • 19:08 - 19:16
    e a desfrutar das maravilhas da vida
    à tua volta e dentro de ti.
  • 19:16 - 19:18
    O teu corpo é uma maravilha...
  • 19:18 - 19:24
    e a colina, os riachos de água cristalina,
    são todos maravilhas.
  • 19:24 - 19:30
    E têm o poder de curar.
Title:
The Art of Embracing Loneliness | Thich Nhat Hanh (short teaching video)
Description:

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Video Language:
English
Duration:
19:31

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