Temos uma memória infalível: vou provar | Sébastien Martinez | TEDxESSCA

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Ter uma memória de peixinho-dourado e, ao mesmo tempo, lembrar de detalhes irrelevantes, como um elefante, acontece com todo mundo. Temos a capacidade dentro de nós, falta só saber quais são as chaves. Veremos juntos que a imaginação é um caminho possível para acordar o nosso elefante.

Olá.

Me chamo Sébastien Martinez,
sou engenheiro,

e me tornei o campeão
francês de memorização.

Eu me tornei campeão
francês de memorização

com dois segredos:

o primeiro é conhecer
a chave, as técnicas,

e o segundo é o treinamento.

Mesmo assim, ainda ontem,
entrei na minha cozinha

e não lembrava mais por que eu estava lá.

Isso com certeza já aconteceu com vocês.

Então o que eu fiz?

Dei meia-volta e, ao chegar na sala,

olhei pro sofá e disse a mim mesmo:

"Ah sim, eu ia pegar o suco de laranja".

Então, voltei à cozinha para pegar o suco.

Essa memória, essa frustração...

todos já a vivenciaram
e ela acontece em qualquer idade.

Vamos chamá-la de "memória
de peixinho-dourado".

O que precisamos saber é
que todos nós a temos.

Por outro lado, nós também
temos uma outra memória.

Sabem, sempre tem alguns
detalhes da nossa vida

que entram e não querem mais sair.

Eu me lembro muito bem

da primeira vez que dancei "Macarena";

eu estava com uma camiseta vermelha
com o desenho de um ogro.

Eu não tenho o que fazer
com essa informação,

e, mesmo assim, tenho certeza
de que ela continuará no meu cérebro

até o fim dos meus dias.

Essa memória de elefante...

o frustrante é que temos a impressão
de nunca a dominar,

de não poder liberá-la
quando realmente queremos

porque ela está presa de alguma forma.

E o que eu vou compartilhar
é uma chave que eu descobri,

que me permitiu liberar esse elefante
quando eu realmente quero.

E, quando eu comecei,
quando era estudante,

eu não tinha uma memória excepcional.

Tinha áreas de que mais gostava,
como todo mundo.

No meu caso, eram as ciências.

Eu adorava matemática, física,
aprendia facilmente.

Mas tudo o que era mais de decorar,

como francês, inglês, história...

impossível.

E, rapidamente, descobri estratégias.

que me permitiram chegar aqui,
hoje, para transmiti-las.

Porque o que me move hoje
é realmente transmiti-las.

E eu as transmito graças a conferências,

treinamentos, livros.

Mas, o que é importante,
se tem uma coisa que precisa lembrar

é essa chave que realmente
mudou a minha vida.

Essa chave é a imaginação.

Quando eu digo imaginação,
vamos redefinir um pouco o termo.

Há muitas possibilidades:

a primeira possibilidade é
a definição de imaginação.

Segundo a definição do "Petit Larousse":

"É a habilidade que nós temos
de representar no espírito

um objeto real ou irreal".

É realmente essa habilidade
que vou convidá-los a usarmos juntos.

Frequentemente, as pessoas me perguntam:

"Como ter uma boa memória
para conhecimentos gerais?"

Na França, apreciamos
os conhecimentos gerais,

e, por exemplo,

nos lançamos o desafio de memorizar
as capitais dos países do mundo.

Então, de 100 capitais, tomemos
a da Albânia, que é Tirana.

Se perguntarmos à nossa imaginação:
Tirana me faz pensar em quê?

Foneticamente, isso me faz
pensar em piranha.

Então, vou deixá-los imaginar
uma piranha em seu espírito.

Imaginaram a piranha?

E, agora, vamos conectá-la
com a sequência,

isto é, a Albânia.

Agora, para a Albânia, foneticamente,
pode ser o termo banir,

ser banido.

Então, temos a pequena piranha
que fazia parte de um clã,

e foi banida desse clã.

Assim, vocês representaram
em seus espíritos

essa piranha que foi banida.

Deixem-se guiar por essa imaginação

e associem o máximo de sentidos.

Visual, talvez uma sensação tátil,

calor, frio,

imaginem sons.

Quanto mais vida essa informação tiver
em seu espírito, em seu imaginário,

mais ela vai se fixar em sua memória.

Entenderam? Vamos continuar
com outros exemplos bem concretos.

Vamos continuar com a imaginação
para conhecimentos gerais:

a Albânia se situa na Europa,
faz fronteira com a Grécia,

e vejam seu formato.

Ela pode nos fazer pensar
em uma cenoura,

bem alongada...

Vamos associar seu formato a uma cenoura

e vamos juntá-la à nossa cena,
ao nosso espírito, nosso imaginário,

e ao nosso clã, com nossas piranhas
que comem uma cenoura.

Continuemos esta aventura...
outras pessoas me perguntam:

"Como aprender vocabulário
e aprender uma língua?"

Peguemos alguma coisa poética
em albanês, digamos: "Eu te amo".

Se diz: "Të dua".

Certamente, eu não falo albanês,

mas guardo a tradução: teus dedos,
do francês "tes doigts", "Të dua".

Eu imagino a minha amada,

me imagino acariciando
seu rosto com dois dedos.

Então "Të dua", os dedos:
quer dizer "eu te amo".

Deixem essas imagens
virem ao seu espírito,

e elas vão se fixar em sua memória.

Vamos continuar com outros exemplos,
ainda dentro de uma língua,

desta vez o mandarim

que é um pouco mais
complexo, com ideogramas.

Se olharmos este ideograma,
que significa pessoa,

essa forma nos faz pensar
em um chapéu, talvez em baguetes,

ou talvez em pernas.

E se imaginarem as pernas de uma pessoa,

repito, isso fica impregnado
em seu espírito.

Mais um exemplo em mandarim.

Este ideograma me faz pensar
em uma janela, em uma escada

ou em uma cadeira.

E se, através dessa janela,
imaginarem um sol,

vocês têm a tradução: sol, dia.

E a guardarão.

Uma última coisa muito frustrante,
e que era muito frustrante para mim,

é lembrar o nome e o rosto das pessoas.

Da mesma forma, podemos
usar de novo o imaginário,

a chave para acordar esse elefante.

E se eu tomar este jovem
que se chama Thomas,

pessoalmente, o nome Thomas
me faz pensar em um tomate.

Viram?

E sobre o rosto dessa pessoa, tomemos
um detalhe que nos chame a atenção.

Por exemplo, a barba que se destaca.

Imaginemos que ela é um pouco áspera

e que um tomate desliza sobre essa barba.

Temos essa associação,
essa imagem que se cria.

Uma última e, depois, testaremos juntos:

Catherine.

Catherine que tem, vejam,
um cabelão; esse cabelo que cai.

E Catherine me faz pensar em um gato.

"Cat", Catherine, um gato,
como "cat", em inglês.

Vamos visualizar um gato
sobre a cabeça de Catherine.

Quando imaginamos isso, é engraçado.

Isso é bom, vai se fixar em sua memória.

Agora, façamos um teste para revisitar
um pouco esse imaginário,

essas associações que criamos.

No mapa, nós tínhamos uma forma
que lembra uma cenoura,

que foi comida pela Albânia.

Depois, tínhamos essa forma...

Público: As pessoas.

Sébastien Martinez: As pessoas, muito bem.

Depois, tínhamos este jovem
com um tomate: Thomas.

Tirana que é a capital da Albânia.

Público: O sol.

SM: O símbolo do sol. Bravo.

Eu te amo.

Público e SM: "Të dua".

Público e SM: E Catherine.

SM: Obviamente, uma sutileza,

quanto mais pessoais
forem essas associações,

e quanto mais próprias,

mais poderosas e duradouras
elas serão em suas vidas.

Amanhã, quando voltarem para a selva,

para este zoológico de informações
que lhes são lançadas,

vocês têm duas escolhas:

a facilidade, e deixar
acordado o peixinho-dourado,

ou acordar esse potencial,
esse elefante que está acorrentado,

essa memória de elefante.

Nesse momento, pensem bem
e usem sua chave,

sua chave do imaginário.

Mas atenção, porque esse poder,
um pouco dessa memória de elefante,

pense bem, ela abre muitas portas.

E, de todas essas portas,
cabe a você escolher quais vai seguir

e que sentido vai dar à sua vida.

E esse sentido, deixo a vocês imaginarem.

Obrigado a todos.

(Aplausos)