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PBL TDD ANO 02 FASE 03 2025 VIDEOCAST LUZ CAMERA SOM E ACAO

  • 0:08 - 0:12
    Frequentemente ignorado, o soma
    é uma das partes mais importantes
  • 0:12 - 0:13
    de qualquer produção
    que você for fazer.
  • 0:14 - 0:17
    Eu sou Murilo Sanches,
    professor da FIAP,
  • 0:17 - 0:19
    e eu estou aqui tanto
    com o Cleber quanto com o Deco
  • 0:19 - 0:22
    para conversar
    e entender a importância,
  • 0:22 - 0:26
    afinal, a gente tem o vídeo,
    mas é a partir do áudio
  • 0:26 - 0:28
    que a gente sente
    uma série de emoções.
  • 0:28 - 0:29
    Olá, pessoal!
  • 0:29 - 0:30
    Meu nome é Cleber Rohrer,
  • 0:30 - 0:33
    sou produtor audiovisual
    e professor aqui da FIAP.
  • 0:33 - 0:35
    Oi, pessoal! Tudo em paz?
  • 0:35 - 0:38
    Sou o Deco,
    sou professor da FIAP,
  • 0:38 - 0:41
    e também trabalho bastante
    no campo do Sound Design,
  • 0:41 - 0:45
    fazendo trilhas para teatro,
    trilhas para vídeo,
  • 0:45 - 0:46
    e tenho uma produtora,
    a Emergencia Cuadrante,
  • 0:46 - 0:49
    que é especificamente
    voltada a esse universo
  • 0:49 - 0:52
    da produção de trilhas
    sonoras e vídeos cenários.
  • 0:52 - 0:54
    Eu acho que uma coisa
    que acontece muito,
  • 0:54 - 0:55
    principalmente
    quando a pessoa é leiga,
  • 0:55 - 0:59
    ou ela só consome
    o audiovisual como um todo,
  • 0:59 - 1:01
    que ela não entende que existe
    uma linguagem sonora.
  • 1:02 - 1:06
    Para aquela pessoa,
    o barulho, ou a trilha sonora,
  • 1:06 - 1:08
    a voz, tudo é som, né?
  • 1:08 - 1:10
    Tem uma coisa
    que eu acho interessante,
  • 1:10 - 1:14
    que talvez o Deco partilhe
    da mesma opinião,
  • 1:14 - 1:16
    que a gente tem aqui no Brasil
  • 1:16 - 1:20
    uma tendência
    do pessoal entender
  • 1:20 - 1:23
    trilha sonora como só a música.
  • 1:23 - 1:28
    Isso vem especificamente
    por conta das novelas.
  • 1:28 - 1:30
    A Globo, na década de 1970,
  • 1:30 - 1:34
    começa a fazer as trilhas sonoras
    e vender as trilhas sonoras.
  • 1:34 - 1:37
    Então isso fica no inconsciente
    das pessoas aqui no Brasil, né?
  • 1:39 - 1:39
    É muito louco.
  • 1:39 - 1:43
    Eu lembro, por exemplo, quando
    o Tarantino lançou o "Pulp Fiction",
  • 1:43 - 1:47
    e eu comprei o CD na época.
  • 1:48 - 1:50
    Talvez os alunos não saibam
    o que seja um CD.
  • 1:52 - 1:55
    Comprei o CD do Pulp Fiction,
    e aí vinha diálogo.
  • 1:55 - 1:56
    Eu fiquei alucinado.
  • 1:56 - 1:59
    Falei: cara, como assim diálogo?
  • 1:59 - 2:01
    E para mim era algo novo.
  • 2:01 - 2:03
    E depois eu fui vendo
    que vários outros...
  • 2:04 - 2:06
    Discos, enfim,
  • 2:06 - 2:08
    várias outras trilhas
    sonoras,
  • 2:08 - 2:11
    traziam também esses
    outros elementos,
  • 2:11 - 2:13
    que não era somente a música,
  • 2:13 - 2:17
    que tinham outros elementos
    que compunham a trilha sonora.
  • 2:17 - 2:19
    O meu percurso
  • 2:19 - 2:24
    dentro desse universo
    do sonoro, do Sound Design,
  • 2:24 - 2:25
    para mim, eu acho que foi
    uma grande ruptura,
  • 2:25 - 2:28
    porque apesar de eu ter
    estudado música
  • 2:28 - 2:30
    e trabalhar com isso
    durante muito tempo,
  • 2:30 - 2:32
    eu acabei indo
    para uma escola de arte,
  • 2:32 - 2:35
    e tive a sorte de estudar
    na escola de arte fora do Brasil.
  • 2:35 - 2:39
    Então eu fiz o último
    ano da graduação,
  • 2:39 - 2:40
    mestrado e doutorado,
  • 2:40 - 2:42
    na Universidade Politécnica
    de Valência, na Espanha,
  • 2:42 - 2:44
    que também é outra
    coisa muito maluca,
  • 2:44 - 2:47
    porque é uma faculdade de Belas Artes
    que tem mais de 500 anos,
  • 2:47 - 2:50
    só que ela foi integrada
    por uma universidade politécnica.
  • 2:50 - 2:54
    Então era uma escola de Belas
    Artes que trabalhava de outra forma.
  • 2:54 - 2:58
    Você tinha uma escola de engenharia
    de telecomunicações
  • 2:58 - 2:59
    que você fazia o início
  • 2:59 - 3:02
    e depois você escolhia
    se você ia produzir sintetizadores
  • 3:02 - 3:04
    ou se você ia cuidar
    de telecomunicações mesmo,
  • 3:04 - 3:07
    ou se você ia ser
    engenheiro de som.
  • 3:07 - 3:09
    A gente tem uma câmara anecoica
    dentro da universidade.
  • 3:09 - 3:12
    Para quem não sabe,
    câmara anecoica
  • 3:12 - 3:14
    é uma sala que não tem som.
  • 3:16 - 3:17
    Bom, quando se diz
    que não tem som,
  • 3:17 - 3:19
    é o máximo de silêncio possível.
  • 3:20 - 3:22
    E é um lugar curioso
  • 3:22 - 3:24
    porque você não pode
    passar muito tempo.
  • 3:26 - 3:28
    Ele era usado para tratamento
    psiquiátrico, né?
  • 3:28 - 3:31
    Eu não sabia dessa parte
    do tratamento psiquiátrico,
  • 3:31 - 3:32
    porque eu me lembro
    que John Cage entra
  • 3:32 - 3:35
    porque ele queria
    ouvir o silêncio.
  • 3:35 - 3:38
    E quando ele entra lá,
    de repente ele começa a ouvir sons.
  • 3:38 - 3:39
    Aí ele pergunta para o técnico:
  • 3:39 - 3:41
    "E aí, técnico, que som é
    esse que eu estou ouvindo?".
  • 3:41 - 3:43
    Ele responde: "Calma, meu amigo, você
    está ouvindo seu batimento cardíaco,
  • 3:43 - 3:45
    você está ouvindo
    o seu fluxo de sangue."
  • 3:45 - 3:47
    E aí o John Cage
    cria uma metáfora
  • 3:47 - 3:49
    que eu acho muito
    bonita, que diz assim:
  • 3:49 - 3:52
    "O silêncio só existe
    como figura na partitura"...
  • 3:53 - 3:56
    Porque mesmo no cinema mudo,
    a gente tem o barulho de alguma coisa.
  • 3:56 - 4:00
    Tanto que ele faz uma obra
    que se chama "4'33".
  • 4:00 - 4:03
    Ele chega, se senta
    ao piano no concerto,
  • 4:03 - 4:04
    abre a partitura...
  • 4:05 - 4:09
    Que está cheia de silêncio durante
    4 minutos e 33 segundos.
  • 4:09 - 4:12
    Aquilo gera
    um desconforto na plateia.
  • 4:12 - 4:14
    Então, aquele espaço,
    que era um espaço cênico,
  • 4:14 - 4:16
    um espaço dedicado à música,
  • 4:16 - 4:19
    se transforma num espaço
    de silêncio, que não existe,
  • 4:19 - 4:22
    porque as pessoas
    se moviam, tossiam.
  • 4:23 - 4:24
    Então elas sentiam um incômodo,
  • 4:24 - 4:28
    e o incômodo
    passava a ser sonoro.
  • 4:28 - 4:31
    E era essa a intenção dele.
  • 4:31 - 4:34
    Então ele construiu e remodelou
    a paisagem sonora.
  • 4:34 - 4:37
    De uma certa maneira,
    a linguagem que ele queria criar
  • 4:37 - 4:40
    era uma linguagem que iria
    emergir das pessoas ali, né?
  • 4:40 - 4:42
    Não era uma coisa muito...
  • 4:43 - 4:44
    Era planejado,
    mas ao mesmo tempo,
  • 4:44 - 4:46
    ele abraçava um caos...
  • 4:48 - 4:49
    De criar aquilo, né?
  • 4:49 - 4:52
    E pensando em linguagem sonora,
  • 4:52 - 4:53
    pensando em exemplos,
  • 4:53 - 4:58
    eu acho fenomenal
    algumas marcações sonoras
  • 4:58 - 5:01
    que nascem em filmes,
    séries e afins,
  • 5:01 - 5:04
    e que depois elas ficam
    no inconsciente
  • 5:04 - 5:05
    de uma maneira absurda.
  • 5:05 - 5:07
    Você estava falando
    de Tarantino,
  • 5:07 - 5:09
    eu gosto muito
    da maneira que ele trabalha
  • 5:09 - 5:11
    esse tipo de conteúdo às vezes.
  • 5:11 - 5:13
    E quando eu era bem
    pequeno, eu vi "Kill Bill".
  • 5:13 - 5:17
    Cara, o Kill Bill fez um eco
    sonoro na cultura pop
  • 5:17 - 5:20
    que muitas pessoas hoje
    veem um filme, veem uma série,
  • 5:20 - 5:22
    que elas nem sabem
    de onde vem a referência,
  • 5:22 - 5:24
    mas que tem
    uma série de sons ali,
  • 5:24 - 5:26
    desde sons de 2 segundos
  • 5:26 - 5:28
    a uma trilha
    que fica ali por 10, 15...
  • 5:28 - 5:30
    Cara, ele remodelou.
  • 5:30 - 5:32
    É que ele é o rei
    da remixagem dentro...
  • 5:32 - 5:34
    Eu não vou dizer que ele
    é o rei da remixagem,
  • 5:34 - 5:35
    porque George Lucas
    veio antes, né...
  • 5:37 - 5:39
    E outras pessoas
    também vieram antes.
  • 5:39 - 5:42
    Porque a gente
    sempre fala que...
  • 5:42 - 5:43
    Eu digo isso para os alunos
    e para todo mundo,
  • 5:43 - 5:46
    porque às vezes eles pensam
    que está no melhor momento do mundo,
  • 5:46 - 5:49
    mas tudo vai se tornar obsoleto,
  • 5:49 - 5:51
    e observar as coisas
    que realmente são importantes.
  • 5:51 - 5:54
    E a gente está sempre
    sobre ombros de outras pessoas
  • 5:54 - 5:56
    que vieram antes da gente, né?
  • 5:56 - 6:00
    Tem essa coisa da remixagem
    de Tarantino que é impressionante.
  • 6:00 - 6:02
    E ele não só remixa nas imagens.
  • 6:02 - 6:04
    Ele remixa no som também,
  • 6:04 - 6:07
    ele samplea, né, que é
    uma coisa do sample.
  • 6:07 - 6:10
    As pessoas associam muito
    a coisa do sample no som,
  • 6:10 - 6:13
    mas ele tem essa
    brincadeira na imagem.
  • 6:13 - 6:17
    Eu estava comentando antes
    essa coisa da faculdade Belas Artes,
  • 6:17 - 6:18
    e eu acho que, para mim,
    foi muito importante,
  • 6:18 - 6:20
    porque pela primeira vez
    eu tinha estudado música.
  • 6:21 - 6:24
    Mas pela primeira vez eu entendi
  • 6:24 - 6:26
    o som como matéria.
  • 6:28 - 6:30
    Porque eu não pensava
    no som como matéria.
  • 6:30 - 6:34
    A gente pensa
    numa escultura como matéria,
  • 6:34 - 6:35
    a gente vê um quadro e tal,
  • 6:35 - 6:38
    mas o som como matéria,
    eu não tinha percebido
  • 6:38 - 6:40
    essa potência dele.
  • 6:40 - 6:43
    E a primeira vez que eu entendi
  • 6:43 - 6:45
    o significado de Sound Design,
  • 6:45 - 6:47
    a gente estava
    fazendo um projeto
  • 6:47 - 6:49
    sobre obras históricas da Espanha,
  • 6:49 - 6:52
    e a gente transformava
    textos literários
  • 6:52 - 6:54
    relacionados com som
  • 6:54 - 6:55
    em obras audiovisuais.
  • 6:55 - 6:58
    Tinha uma que se chamava
    "O Suicídio do Piano".
  • 6:58 - 7:00
    Tinha uma de Lorca, que era
  • 7:00 - 7:03
    "romper um violão
    no amanhecer na praia."
  • 7:03 - 7:06
    Tinham umas coisas malucas assim,
    mas essa era O Suicídio do Piano.
  • 7:07 - 7:09
    Então pegamos o piano,
    levantamos para um quarto andar,
  • 7:09 - 7:10
    e íamos jogar o piano.
  • 7:12 - 7:12
    Por algum motivo...
  • 7:12 - 7:14
    Era um piano antigo,
    obviamente,
  • 7:14 - 7:17
    então estava aberto, eu
    estava com um amigo, e eu disse:
  • 7:17 - 7:19
    puxa, eu nunca mais vou
    conseguir isso na minha vida.
  • 7:19 - 7:21
    Eu fui com o meu amigo e disse:
    segure o gravador aqui.
  • 7:21 - 7:24
    Eu peguei uma chave de fenda
    e passei assim, nas cordas...
  • 7:24 - 7:25
    "Blum... Blum..."
  • 7:25 - 7:26
    Só gravei isso,
  • 7:26 - 7:27
    sem nenhuma intenção.
  • 7:27 - 7:28
    Eu disse: eu vou
    gravar só para ter.
  • 7:28 - 7:30
    "Blum... Blum..."
  • 7:30 - 7:31
    Gravei.
  • 7:31 - 7:34
    Tá, vamos lá
    para o danado do piano.
  • 7:34 - 7:38
    Teve uma expectativa enorme
    pela caída do piano,
  • 7:38 - 7:41
    porque na cabeça das pessoas,
    isso construído pelo cinema...
  • 7:42 - 7:43
    Ia fazer um barulho.
  • 7:43 - 7:45
    Ia fazer: "blum...".
  • 7:45 - 7:46
    Só que ele não faz blum.
  • 7:46 - 7:48
    É massa vezes
    velocidade, meu amigo.
  • 7:48 - 7:49
    É um móvel caindo.
  • 7:49 - 7:52
    Ele faz "plaft".
  • 7:52 - 7:53
    Dura 4 segundos.
  • 7:53 - 7:54
    Levou mais tempo
    para subir o piano.
  • 7:54 - 7:56
    E quando ele caiu
    ele fez "plaft".
  • 7:56 - 7:58
    Eu acho interessante
    você falar isso
  • 7:58 - 8:01
    porque a própria
    linguagem sonora...
  • 8:02 - 8:03
    Que a gente cria
  • 8:03 - 8:08
    acaba substituindo o som
    de verdade que as coisas têm.
  • 8:08 - 8:09
    Porque assim...
  • 8:09 - 8:10
    - É o que você falou, né...
    - Mas é aí que está a mágica.
  • 8:10 - 8:12
    É uma ocasião
    que você nunca vai...
  • 8:13 - 8:14
    Tirando o Deco,
  • 8:14 - 8:16
    é uma coisa que você
    provavelmente nunca vai ver, né?
  • 8:16 - 8:18
    E aí, como eu fiquei?
  • 8:18 - 8:19
    Todo mundo ficou desesperado.
  • 8:19 - 8:21
    Como a gente vai
    fazer o ruído do piano
  • 8:21 - 8:24
    se o mundo inteiro espera
    o som que a gente vê
  • 8:24 - 8:26
    nos desenhos animados
    lá na Looney Tunes,
  • 8:26 - 8:28
    que a gente vê nesses lugares?
  • 8:28 - 8:31
    Aí eu disse: putz,
    eu gravei o tal do...
  • 8:32 - 8:34
    Eu peguei a chave de fenda e gravei.
  • 8:34 - 8:35
    O que eu fiz na mixagem?
  • 8:35 - 8:36
    Juntei os dois.
  • 8:36 - 8:38
    O que aconteceu?
  • 8:38 - 8:41
    O sonho da mágica
    que todo mundo esperava ver
  • 8:41 - 8:43
    na hora que o piano caiu,
  • 8:43 - 8:45
    que foi a mistura da caixa
    se destruindo
  • 8:45 - 8:48
    mais a minha passada.
  • 8:48 - 8:50
    Mas foi sorte,
  • 8:50 - 8:51
    foi sorte.
  • 8:51 - 8:54
    E ali eu realmente entendi
  • 8:54 - 8:56
    o que significa Sound Design.
  • 8:56 - 8:57
    Muito legal.
  • 8:57 - 8:59
    Porque eu menti.
  • 8:59 - 9:00
    Mas como diz...
  • 9:00 - 9:02
    É a coisa da mentira, né?
  • 9:02 - 9:05
    Como diz Ariano Suassuna:
    "Eu gosto da mentira",
  • 9:05 - 9:06
    mas eu gosto daquela mentira
  • 9:06 - 9:09
    que é aquela mentira
    cavalheiresca, né?
  • 9:09 - 9:10
    Ela aumenta as coisas.
  • 9:10 - 9:12
    Então, eu nada mais fiz
  • 9:12 - 9:14
    do que dar para as pessoas
    aquilo que elas esperavam,
  • 9:14 - 9:15
    porque se eu desse a verdade...
  • 9:16 - 9:18
    Deco, você me lembrou uma coisa.
  • 9:18 - 9:20
    Você estava falando
    dessa coisa do cinema
  • 9:20 - 9:24
    e de como que o cinema traz
    essa referência sonora.
  • 9:26 - 9:30
    A gente não pode esquecer
    que o cinema nasce mudo,
  • 9:30 - 9:32
    mas nasce sonoro.
  • 9:32 - 9:33
    Desde a primeira apresentação,
  • 9:33 - 9:36
    tem alguém lá tocando
    o seu pianinho.
  • 9:37 - 9:40
    Tem umas curiosidades
    aqui no Brasil,
  • 9:40 - 9:44
    que o pessoal recebia o filme,
  • 9:44 - 9:46
    recebia a partitura,
  • 9:46 - 9:47
    mas o pessoal
    olhava aquilo e falava:
  • 9:47 - 9:49
    "Ah, não vou tocar isso.
  • 9:49 - 9:53
    Eu vou tocar um chorinho,
    eu vou tocar um samba...".
  • 9:53 - 9:56
    E aqui em São Paulo
    tem uns relatos
  • 9:56 - 9:58
    do pessoal saindo de um bairro
  • 9:58 - 10:00
    e indo assistir ao filme
    em outro bairro,
  • 10:00 - 10:03
    porque o pianista
    daquele cinema era melhor.
  • 10:03 - 10:04
    Olha que legal.
  • 10:05 - 10:06
    É óbvio, a gente não tem
    nenhuma gravação,
  • 10:06 - 10:09
    mas eu gostaria
    muito de ter isso,
  • 10:09 - 10:12
    essa ressignificação
    que deram para essa música.
  • 10:12 - 10:13
    É vivo, né?
  • 10:13 - 10:14
    Totalmente, cara.
  • 10:14 - 10:16
    Eu acho isso fantástico.
  • 10:16 - 10:17
    Se formos em dois
    dias diferentes,
  • 10:17 - 10:19
    serão duas coisas diferentes.
  • 10:19 - 10:22
    E uma coisa muito legal
    que o Deco trouxe aqui
  • 10:22 - 10:25
    foi que ele foi lá e captou
    num momento oportuno.
  • 10:27 - 10:30
    E aí tem aquela coisa
    da captação de áudio.
  • 10:30 - 10:35
    Eu acho que todo mundo aqui,
    vocês e eu, em outras ocasiões,
  • 10:35 - 10:39
    passamos algum perrengue
    com como captar áudio.
  • 10:39 - 10:42
    É aquela questão que ou
    o microfone não está bom,
  • 10:42 - 10:44
    ou ele não está
    na posição correta,
  • 10:44 - 10:48
    ou é o software, que está trazendo
    a informação do microfone,
  • 10:48 - 10:52
    que não está configurado,
    e é a supressão de ruído.
  • 10:52 - 10:55
    Eu queria que vocês falassem
    um pouquinho mais sobre captação.
  • 10:55 - 10:56
    Eu posso falar
    sobre um perrengue.
  • 10:57 - 10:58
    Perfeito.
  • 10:58 - 11:00
    O povo gosta de fofoca.
  • 11:00 - 11:03
    Tinha que entregar um curta
  • 11:03 - 11:05
    na segunda de manhã,
  • 11:05 - 11:07
    e no domingo, tinha
    acabado a captação,
  • 11:07 - 11:11
    ia ser só edição, ia ser
    uma finalização fina,
  • 11:11 - 11:15
    só detalhes assim.
  • 11:15 - 11:17
    Última cena,
  • 11:17 - 11:20
    o técnico de áudio pegou e falou:
  • 11:20 - 11:23
    "Vou só ouvir
    e ver aqui alguma coisa".
  • 11:23 - 11:25
    Eu não sei o que aconteceu.
  • 11:25 - 11:27
    Eu acredito que ele
    apertou o botão errado
  • 11:27 - 11:32
    e apagou todo o som
    que a gente tinha captado
  • 11:32 - 11:35
    durante os dois dias anteriores.
  • 11:35 - 11:38
    Então, literalmente, eu vi o cara
    ficando vermelho.
  • 11:38 - 11:38
    O que foi?
  • 11:38 - 11:40
    Ele falou: "Eu apaguei tudo.
  • 11:40 - 11:42
    Não tem nada, não tem nada".
  • 11:42 - 11:43
    Não, não, calma.
  • 11:43 - 11:44
    Vamos tentar recuperar.
  • 11:44 - 11:45
    Não conseguimos.
  • 11:47 - 11:49
    Tudo o que a gente
    gravou em dois dias
  • 11:49 - 11:51
    tivemos que refazer,
  • 11:51 - 11:54
    inclusive fazer a ADR,
  • 11:54 - 11:57
    a famosa dublagem
    dos próprios atores,
  • 11:57 - 11:59
    que ficaram loucos da vida.
  • 11:59 - 12:02
    Então isso também tem
    uma coisa, né, porque...
  • 12:02 - 12:05
    Depois a gente assistia e a emoção
    era um pouco diferente,
  • 12:05 - 12:07
    o pessoal estava bravo.
  • 12:07 - 12:09
    Porque era aquilo...
    "Acabou, legal!",
  • 12:09 - 12:10
    os atores indo embora.
  • 12:10 - 12:11
    Não, vocês vão ter que ficar
  • 12:11 - 12:14
    porque a gente vai ter
    que gravar a voz de vocês.
  • 12:15 - 12:16
    Já tem o cansaço.
  • 12:16 - 12:17
    É.
  • 12:17 - 12:18
    Não é a mesma coisa, né?
  • 12:18 - 12:20
    Não é a mesma coisa.
  • 12:20 - 12:22
    É diferente quando você
    prepara o estúdio,
  • 12:22 - 12:25
    vai lá, faz a captação
    e tudo isso.
  • 12:25 - 12:28
    Então, captação de áudio
  • 12:28 - 12:30
    é algo essencial.
  • 12:30 - 12:34
    Eu acho curioso, porque
    a gente vive num momento,
  • 12:34 - 12:35
    consumindo rede social,
  • 12:35 - 12:38
    que é 8 ou 80.
  • 12:38 - 12:41
    Ou você está num ambiente,
    tipo o metrô, sem um fone,
  • 12:41 - 12:44
    e você ignora o áudio,
    você tira o áudio,
  • 12:44 - 12:46
    e vê a legenda,
  • 12:46 - 12:49
    e aí, nesse momento, o áudio
    parece não ser importante.
  • 12:49 - 12:52
    Só que, se você estiver a oportunidade
    de estar com o áudio ligado,
  • 12:52 - 12:55
    de repente, é a primeira
    coisa mais importante.
  • 12:55 - 12:57
    Se o áudio do vídeo está ruim...
  • 12:57 - 12:59
    A pessoa fica de saco cheio, né?
  • 12:59 - 13:01
    Parece que irrita.
  • 13:01 - 13:03
    Eu acho bem curioso esse efeito.
  • 13:03 - 13:05
    As pessoas conseguem
    ignorar o áudio
  • 13:05 - 13:07
    quando é útil para elas,
  • 13:07 - 13:10
    quando é um contexto
    bom para elas.
  • 13:10 - 13:12
    Mas a partir do momento
    em que o áudio
  • 13:12 - 13:14
    está ali presente, que ela
    quer que esteja presente,
  • 13:14 - 13:17
    se tiver ruim, chiado,
    barulho, incomoda, né?
  • 13:17 - 13:19
    O pessoal vai lá e...
  • 13:19 - 13:21
    "Vou para o próximo,
    vou ver outra coisa".
  • 13:21 - 13:26
    Uma coisa que irrita
    muito as pessoas...
  • 13:26 - 13:29
    Eu tinha um colega que ele queria ver
    um filme que tinha acabado de sair,
  • 13:29 - 13:32
    aí ele ia tentar pegar
    uma versão gravada de cinema.
  • 13:32 - 13:34
    O que incomodava ele
    não era o vídeo,
  • 13:34 - 13:37
    era o áudio, porque era uma gravação
    de uma coisa passando.
  • 13:37 - 13:40
    Ele falava: "Isso aqui é péssimo
    porque o som não é igual".
  • 13:40 - 13:42
    Eu falei: é, realmente.
  • 13:42 - 13:44
    Mas é engraçado como isso...
  • 13:44 - 13:47
    Começa com um problema
    de captação
  • 13:47 - 13:49
    e vira um incômodo
  • 13:49 - 13:51
    para a pessoa que está
    recebendo aquilo.
  • 13:51 - 13:53
    Eu vou te falar
    um pouco...
  • 13:55 - 13:56
    Da cadeia,
  • 13:56 - 13:59
    porque eu acho que é uma coisa
    que está começando no Brasil,
  • 13:59 - 14:03
    mas a gente não tinha essa coisa
    da cadeia, do processo.
  • 14:03 - 14:05
    O microfonista, coitado...
  • 14:05 - 14:07
    É como se fosse
    um dos primeiros movimentos
  • 14:07 - 14:10
    que você vai fazer
    no campo do áudio,
  • 14:10 - 14:12
    que é esse cara
    que vai trabalhar o boom.
  • 14:12 - 14:13
    Mas a gente precisa...
  • 14:13 - 14:15
    Uma coisa que é muito importante
  • 14:15 - 14:17
    é a organização desses áudios,
  • 14:17 - 14:19
    quantos takes a gente vai fazer.
  • 14:19 - 14:23
    Então, quando eu fazia
    microfonia, essas coisas,
  • 14:23 - 14:24
    eu sempre tinha anotado...
  • 14:24 - 14:26
    Take 1, áudio tal.
  • 14:26 - 14:28
    Essas coisas são
    muito importante.
  • 14:28 - 14:30
    Então a gente tem
    que analisar sempre que...
  • 14:31 - 14:34
    São técnicas
    e necessidades diferentes
  • 14:34 - 14:37
    da produção
    de um produto audiovisual.
  • 14:38 - 14:41
    Então, o microfonista
    tem que ser
  • 14:41 - 14:44
    uma pessoa bem-preparada,
    conhecer totalmente o dispositivo,
  • 14:44 - 14:47
    ser uma pessoa
    extremamente organizada,
  • 14:47 - 14:49
    porque quando vai para a edição,
  • 14:49 - 14:51
    dentro desse sistema de cadeia,
  • 14:51 - 14:53
    é para outra pessoa.
  • 14:53 - 14:54
    Para você ter uma ideia,
  • 14:54 - 14:58
    as empresas de publicidade
    hoje aqui em São Paulo
  • 14:58 - 15:00
    funcionam em quatro turnos.
  • 15:01 - 15:04
    Então, muitas vezes,
    o cara que trabalha...
  • 15:04 - 15:05
    Eu chego e recebo um projeto,
  • 15:05 - 15:07
    e não sou eu quem
    finalizo o projeto.
  • 15:08 - 15:10
    Passa para o Cleber
  • 15:10 - 15:12
    e continua desde o meu momento,
  • 15:12 - 15:13
    depois passa para você,
  • 15:13 - 15:15
    e continua desde o momento,
    depois passa para mim...
  • 15:15 - 15:17
    Você tem umas anotações.
  • 15:17 - 15:19
    E vai funcionando assim.
  • 15:19 - 15:20
    Então, não necessariamente...
  • 15:20 - 15:24
    Existe um volume intenso
    de publicidade, de coisas.
  • 15:24 - 15:25
    Então às vezes a gente
    tem que entender
  • 15:25 - 15:28
    que esse sistema de cadeia
    é muito importante.
  • 15:28 - 15:30
    Para eu participar
    desse sistema de cadeia,
  • 15:30 - 15:32
    só de mixagem, por exemplo,
  • 15:32 - 15:33
    eu tenho que entender
    muito do software,
  • 15:33 - 15:36
    eu tenho que saber dos plugins.
  • 15:36 - 15:38
    Eu tenho que saber dos plugins
    da mesma forma que você e que você.
  • 15:38 - 15:42
    E o sistema de captação
    é a mesma coisa.
  • 15:42 - 15:43
    Então a gente tem que aprender,
  • 15:43 - 15:46
    e eu acho que isso facilitaria
    muito o universo,
  • 15:46 - 15:51
    que são ofícios diferentes
    dentro de um mesmo sistema.
  • 15:51 - 15:55
    Por exemplo, a gente tem a captação
    cinematográfica do filme.
  • 15:55 - 15:58
    A gente tem uma captação de filmes
    que tem uma característica.
  • 15:58 - 16:01
    A gente tem essa captação,
    que nós estamos aqui,
  • 16:01 - 16:03
    que tem outra característica.
  • 16:03 - 16:06
    Eu tenho uma captação para teatro,
    que vai ser ao vivo.
  • 16:06 - 16:08
    Eu tenho que definir
    onde estão os microfones,
  • 16:08 - 16:11
    se vai ser aquele que vai
    ficar aqui, se vai ser no teto.
  • 16:11 - 16:14
    Então, o universo
    só da captação...
  • 16:14 - 16:16
    Eu vou captar banda...
  • 16:17 - 16:18
    Que é outra coisa.
  • 16:18 - 16:21
    Mas está dentro
    do escopo de captação.
  • 16:21 - 16:23
    Então, se você for perceber,
  • 16:23 - 16:26
    na cadeia desse
    universo sonoro...
  • 16:27 - 16:31
    Só de captação, a gente tem
    quatro ou cinco formas
  • 16:31 - 16:34
    e campos de atuação, que são
    completamente distintos.
  • 16:34 - 16:35
    Mas não deixa de ser captação.
  • 16:35 - 16:37
    Estúdio de TV...
  • 16:37 - 16:38
    Estúdio de TV...
  • 16:38 - 16:39
    Estúdio de rádio.
  • 16:39 - 16:41
    Estúdio de rádio, entendeu?
  • 16:41 - 16:45
    Então isso é curioso,
    e eu falo isso para os alunos,
  • 16:45 - 16:47
    que a nossa disciplina,
  • 16:47 - 16:49
    seja a disciplina de Sound Design
    ou seja lá o que for,
  • 16:49 - 16:51
    é um despertar.
  • 16:51 - 16:54
    Ela obviamente é um despertar
  • 16:54 - 16:56
    porque eu posso despertar
    para ser um locutor,
  • 16:56 - 16:59
    eu posso despertar
    para captação,
  • 16:59 - 17:01
    eu posso despertar
    para o software.
  • 17:01 - 17:03
    Eu não preciso ser um músico
    para ser um sound designer.
  • 17:04 - 17:07
    Tem a captação de foley.
  • 17:07 - 17:08
    Eu mostro muito isso.
  • 17:08 - 17:10
    É o exemplo mais legal
    que eu mostro na sala,
  • 17:10 - 17:13
    que, nos fatalities
    do Mortal Kombat,
  • 17:13 - 17:15
    é o pessoal comendo banana
  • 17:15 - 17:18
    e pegando o pimentão
    na frente do microfone
  • 17:18 - 17:19
    e fazendo...
  • 17:20 - 17:22
    Você pode pegar...
  • 17:22 - 17:26
    Se você for pegar
    a grande virada da Lucasfilm,
  • 17:26 - 17:28
    a espada laser nada mais é
  • 17:28 - 17:32
    que aquelas molas
    que a criança brinca, de ferro,
  • 17:32 - 17:34
    com piezoelétrico,
    que na Santa Efigênia
  • 17:34 - 17:36
    você compra por 50 centavos,
  • 17:36 - 17:38
    e uma fita, e o cara puxou,
    soltou e gravou.
  • 17:39 - 17:42
    E o mais legal, porque você falou
    do pimentão para quebrar osso,
  • 17:42 - 17:45
    nem que o cara pegasse
    um corpo, quebrasse o osso,
  • 17:45 - 17:47
    o som ia ser tão...
  • 17:47 - 17:48
    Maléfico, né?
  • 17:48 - 17:50
    É, tão maléfico, né?
  • 17:50 - 17:52
    Não daria o que é necessário.
  • 17:52 - 17:55
    Tem um tópico que eu
    queria falar bastante,
  • 17:55 - 17:56
    que eu acho que para a gente
    é muito claro,
  • 17:56 - 18:00
    mas não é tão simples assim
    quando você está começando,
  • 18:00 - 18:04
    que é entender
    que você editar som,
  • 18:04 - 18:08
    mixar som, não é a mesma coisa.
  • 18:08 - 18:12
    Eu estava vendo recentemente
    um vídeo da editora
  • 18:12 - 18:14
    que editou a terceira
    temporada de "The Ber".
  • 18:14 - 18:17
    E aí você estava falando
    de ter que nomear as coisas,
  • 18:17 - 18:20
    e ela mostra tipo
    o premier deles.
  • 18:20 - 18:22
    É um negócio, cara,
    desesperador.
  • 18:22 - 18:26
    Você conta 1 milhão de camadas,
    1 milhão de coisas...
  • 18:26 - 18:28
    Isso porque você não
    está vendo o Pro Tools.
  • 18:28 - 18:29
    É, né?
  • 18:29 - 18:30
    Eu estou vendo...
  • 18:30 - 18:31
    Os outros softwares, né?
  • 18:31 - 18:34
    E aí eu fico pensando,
  • 18:34 - 18:36
    para a gente contextualizar
    um pouco melhor,
  • 18:36 - 18:39
    qual é a diferença de você editar
    e de você mixar o som ali?
  • 18:39 - 18:41
    A gente tem que pensar...
  • 18:41 - 18:43
    Eu tenho que voltar
    para essa ideia do sistema...
  • 18:43 - 18:45
    - Dessa ideia...
    - Da produção, né?
  • 18:45 - 18:47
    Da produção,
    porque isso é interessante.
  • 18:47 - 18:48
    Você vai ver que,
    nos Estados Unidos,
  • 18:48 - 18:51
    todo mundo sempre vai
    dizer que é a indústria,
  • 18:51 - 18:53
    eles sempre se referem
    à indústria.
  • 18:53 - 18:55
    A indústria cinematográfica.
  • 18:55 - 18:56
    Seja de que área for.
  • 18:56 - 18:59
    Então, dentro da indústria
    do universo sonoro,
  • 18:59 - 19:02
    a gente vai ter um grupo
    que vai fazer só foley,
  • 19:02 - 19:04
    um grupo que vai
    fazer só captação,
  • 19:04 - 19:05
    um grupo que vai
    fazer só trilha,
  • 19:05 - 19:07
    um grupo que vai fazer
    só a mixagem,
  • 19:07 - 19:09
    e a criatura final
    que vai juntar tudo isso.
  • 19:10 - 19:12
    Então, se você for vendo,
  • 19:12 - 19:14
    a gente vai trabalhando
    por camadas sempre.
  • 19:15 - 19:19
    Eu vou chamar Hans Zimmer
    para fazer a composição, por exemplo,
  • 19:19 - 19:21
    ou vou chamar alguém
    para fazer a composição.
  • 19:21 - 19:22
    Então ele vai cuidar da trilha.
  • 19:22 - 19:24
    Villa Lobos, por exemplo,
    o nosso Villa Lobos,
  • 19:24 - 19:27
    foi convidado para fazer uma trilha
    sonora nos Estados Unidos.
  • 19:27 - 19:29
    Ele leu tudo, chegou lá,
  • 19:29 - 19:30
    leu o roteiro, fez a trilha,
  • 19:30 - 19:33
    chega nos Estados Unidos,
    entrega a trilha, e o cara fala assim:
  • 19:35 - 19:36
    "Não é assim que funciona?".
  • 19:36 - 19:38
    "Não, mas aqui está
    a trilha pronta."
  • 19:38 - 19:40
    "Mas o filme nem
    foi rodado ainda".
  • 19:41 - 19:43
    Isso você também pode explicar,
  • 19:43 - 19:45
    que as cenas não são filmadas.
  • 19:46 - 19:48
    E, também, quais são
    as tuas preocupações
  • 19:48 - 19:49
    na hora que você
    vai fazer a captação?
  • 19:49 - 19:50
    Você se preocupa na voz...
  • 19:50 - 19:53
    Então, tudo vai acontecendo
    na pós-produção.
  • 19:53 - 19:57
    Tem aquela coisa, antes de mais
    nada, eu preciso colocar os sons no lugar.
  • 19:57 - 19:59
    E aí eu vou responder uma coisa
  • 19:59 - 20:02
    que eu aprendi
    na Escola de Belas Artes,
  • 20:02 - 20:03
    que meu orientador falou.
  • 20:03 - 20:05
    Ele falava: "São
    os arenais do som.
  • 20:05 - 20:07
    Ele pode vir de vários lugares".
  • 20:07 - 20:09
    Mas ele dizia que uma das coisas
    mais interessantes
  • 20:09 - 20:11
    é pensar que a música
  • 20:11 - 20:13
    é a organização do som no tempo,
  • 20:13 - 20:14
    porque você tem uma partitura,
    você tem uma cena,
  • 20:14 - 20:17
    ela tem um começo, meio e fim.
  • 20:17 - 20:20
    E a arte sonora, a escultura,
    e o próprio Sound Design,
  • 20:20 - 20:22
    é a organização
    do som no espaço.
  • 20:22 - 20:26
    E no espaço, tanto esse da tela,
  • 20:26 - 20:29
    que a gente vê na tela,
    quanto aquilo que a gente não vê.
  • 20:29 - 20:31
    Você falou do seu
    amigo e do som.
  • 20:31 - 20:32
    Por que ele sentia ruim o som?
  • 20:32 - 20:34
    Eu vou te explicar.
  • 20:34 - 20:37
    Porque a única coisa
    que comunica a gente com a tela
  • 20:37 - 20:38
    é o som.
  • 20:38 - 20:41
    Porque o som não
    está dentro da tela.
  • 20:41 - 20:43
    O som está saindo nas caixas
  • 20:43 - 20:47
    e está movimentando moléculas
    de ar junto com a gente.
  • 20:47 - 20:49
    Então você está vendo um filme aqui,
    de repente se escuta um carro passar,
  • 20:49 - 20:51
    ou você vê uma explosão.
  • 20:52 - 20:55
    O Michel Chion é
    um cara muito bacana.
  • 20:55 - 20:56
    É um teórico.
  • 20:56 - 20:58
    E eu acho muito legal
    o que ele dizia,
  • 20:58 - 21:01
    que as primeiras pessoas
    que colocaram sons na cabeça da gente
  • 21:01 - 21:03
    foram os escritores
    de livros, poetas,
  • 21:03 - 21:05
    porque eles descreviam
    um espaço e tal.
  • 21:05 - 21:08
    Isso foi passado,
    claro, e chega no cinema.
  • 21:09 - 21:09
    E o som...
  • 21:10 - 21:12
    E diferente no livro, porque
    se ele fala de uma praia,
  • 21:12 - 21:14
    a tua praia é uma,
    a tua praia é outra.
  • 21:14 - 21:16
    Eu cresci na praia, então
    a minha praia é outra.
  • 21:16 - 21:17
    Mas no cinema não.
  • 21:17 - 21:21
    Ele te dá imagens, mas ele
    faz viver através do sonoro.
  • 21:21 - 21:23
    Você falou uma coisa que eu
    achei muito interessante.
  • 21:23 - 21:26
    Aí voltando
    a questão da indústria,
  • 21:26 - 21:29
    tem uma cena do...
  • 21:30 - 21:32
    "O Homem de Aço",
  • 21:32 - 21:34
    dirigido pelo Zack Snyder,
  • 21:34 - 21:37
    que, quem fez a trilha sonora
    foi o Hans Zimmer,
  • 21:37 - 21:40
    e nos créditos dos DVDs...
  • 21:40 - 21:42
    Eu ainda sou
    um apaixonado por DVD,
  • 21:42 - 21:44
    justamente por essas coisas.
  • 21:44 - 21:46
    Tinha uma coisa muito legal
  • 21:46 - 21:50
    que é justamente ele criando
    toda aquela ambientação sonora.
  • 21:50 - 21:53
    Então, primeiro foi
    feita toda a edição,
  • 21:53 - 21:56
    chega para ele sem
    som nenhum, né,
  • 21:56 - 21:58
    só com o som direto,
    sem ser tratado ainda,
  • 21:58 - 22:00
    e ele começa a fazer a trilha.
  • 22:00 - 22:02
    Então ele fala
    para o violinista: "Faz aí.
  • 22:02 - 22:04
    Dá uma errada.
  • 22:04 - 22:06
    Faz alguma coisa assim".
  • 22:06 - 22:09
    E eles estão lá no processo
    criativo, quem chega?
  • 22:09 - 22:11
    O Zack Snyder.
  • 22:11 - 22:15
    E aí tem uma coisa,
    que você percebe muito bem,
  • 22:15 - 22:16
    que o Hans Zimmer muda.
  • 22:18 - 22:22
    Ele fala: "É, de vez em quando
    eu deixo algumas pessoas
  • 22:22 - 22:25
    entrarem no meu
    ambiente de trabalho".
  • 22:25 - 22:27
    Porque ali quem manda é ele,
  • 22:27 - 22:28
    não é mais o...
  • 22:28 - 22:31
    O Zack Snyder acabou
    o trabalho dele.
  • 22:31 - 22:34
    Você percebe que rola
    um certo estranhamento.
  • 22:34 - 22:38
    O fenomenal desse trabalho é
    que o Hans Zimmer, querendo ou não,
  • 22:38 - 22:41
    estava pisando num território
    do John Williams ali, né,
  • 22:41 - 22:44
    que é "Superman" etc.
  • 22:44 - 22:46
    E o cara tem
    que se reinventar, né?
  • 22:46 - 22:48
    Porque eu percebo
    em Sound Design
  • 22:48 - 22:50
    uma coisa assim,
  • 22:50 - 22:53
    tem um limite entre
    a homenagem e a preguiça,
  • 22:53 - 22:57
    que quando eles querem
    fazer aquela cena bonita,
  • 22:57 - 22:59
    eles pegam a música
    que já existe,
  • 22:59 - 23:01
    só muda um pouquinho ali.
  • 23:01 - 23:05
    E o cara:
    "Não, peraí, eu vou lá e...".
  • 23:05 - 23:07
    "Vou recriar, vou repensar isso".
  • 23:07 - 23:09
    Porque é muito difícil, né?
  • 23:09 - 23:14
    Eu gosto também
    de alguns filmes que pegam...
  • 23:14 - 23:15
    A gente falar aqui do Tarantino.
  • 23:15 - 23:17
    O Tarantino brinca
    muito com isso,
  • 23:17 - 23:20
    de pegar algumas músicas
  • 23:20 - 23:22
    e ressignificar,
  • 23:22 - 23:25
    ou seja, colocar em um espaço.
  • 23:25 - 23:28
    Por exemplo, você está
    no Velho Oeste
  • 23:28 - 23:30
    e está ouvindo uma música
    que não tem nada a ver.
  • 23:30 - 23:32
    A Sofia Coppola faz muito isso.
  • 23:32 - 23:35
    Esse é o tal do anacronismo.
  • 23:35 - 23:38
    Isso tem um termo,
    chama-se anacronismo.
  • 23:38 - 23:40
    O que é o anacronismo?
  • 23:40 - 23:42
    Anacronismo é quando
    duas épocas convergem.
  • 23:42 - 23:45
    E aí eu vou te dar
    um exemplo claro.
  • 23:45 - 23:48
    Se você andar no centro de São Paulo
    e for ali na região da Sé,
  • 23:48 - 23:50
    que você tem
    o pátio do colégio...
  • 23:50 - 23:51
    De que ano é o pátio do colégio?
  • 23:51 - 23:53
    Sei lá de que ano era...
  • 23:53 - 23:54
    Mil quinhentos e pouco.
  • 23:54 - 23:57
    Aí do outro lado da rua
    você tem um prédio de 1970.
  • 23:57 - 24:00
    Então, arquitetonicamente,
    você tem um anacronismo.
  • 24:00 - 24:01
    O grande... Eu nunca sei dizer esse nome.
  • 24:01 - 24:02
    O Grande Gatsby.
  • 24:02 - 24:03
    Gatsby.
  • 24:03 - 24:04
    Gatsby.
  • 24:04 - 24:07
    Esse, por exemplo, é um exemplo
    muito forte do anacronismo, né?
  • 24:07 - 24:10
    E Sofia Coppola também
    é outra diretora...
  • 24:10 - 24:11
    Brinca com isso.
  • 24:11 - 24:14
    Por falar em anacronismo,
    eu lembro da cena de "Django Livre",
  • 24:14 - 24:16
    que está tocando uma música
    bem rap anos 2000,
  • 24:16 - 24:19
    e ele está no Velho Oeste.
  • 24:19 - 24:20
    Você fala: "O que é isso?".
  • 24:20 - 24:22
    Você esperando
    um Ennio Morricone
  • 24:22 - 24:24
    e está tocando um rap.
  • 24:24 - 24:26
    E misturando tudo isso,
    você falar de diretores
  • 24:26 - 24:30
    que mixam bem isso,
    que misturam bem,
  • 24:30 - 24:32
    e que você lembra de tudo
    como um todo,
  • 24:32 - 24:33
    é o exemplo mais cultura pop,
  • 24:33 - 24:35
    que eu acho que as pessoas
    que estão ouvindo vão se lembrar,
  • 24:35 - 24:38
    é o James Gunn, quando ele
    faz "Guardiões da Galáxia".
  • 24:38 - 24:41
    Tem muitas cenas que,
    se você ouve a música,
  • 24:41 - 24:42
    você vê o vídeo.
  • 24:43 - 24:46
    Ou se você vê o vídeo,
    você ouve a música, sabe?
  • 24:46 - 24:50
    Parece que você fez o download
    do MP4 na sua cabeça,
  • 24:50 - 24:52
    e aí, quando você
    se lembra de uma coisa,
  • 24:52 - 24:53
    a outra já vem, né?
  • 24:53 - 24:54
    Mas isso é o mais curioso.
  • 24:54 - 24:56
    E aí eu vou para...
  • 24:56 - 24:57
    Eu vou falar de teóricos aqui,
  • 24:57 - 24:59
    já que a gente está falando
    para os alunos também.
  • 24:59 - 25:02
    E tem um cara que eu gosto
    muito, que é o Vito Acconci.
  • 25:02 - 25:05
    Vito Acconci é
    um teórico do som.
  • 25:05 - 25:08
    Ele fala uma coisa que é boba,
    mas é muito legal, que é assim:
  • 25:08 - 25:12
    "Quando eu olho, ele
    é totalmente objetivo.
  • 25:12 - 25:14
    Mas quando eu escuto não.
  • 25:14 - 25:16
    Eu escuto subjetivamente".
  • 25:16 - 25:17
    Por isso que o som invade a sala.
  • 25:17 - 25:20
    Ela não invade a sala, ela
    não vai só no meus ouvidos.
  • 25:20 - 25:22
    Ela vai no meu corpo inteiro.
  • 25:22 - 25:24
    Você vai ver um surdo,
    por exemplo,
  • 25:24 - 25:25
    ele vai dançar.
  • 25:25 - 25:27
    Ele sabe dançar no ritmo.
  • 25:27 - 25:29
    Porque o som...
  • 25:29 - 25:31
    Como provado por John Cage,
    não existe o silêncio.
  • 25:31 - 25:34
    Existe sempre uma expressão,
    entendeu?
  • 25:34 - 25:37
    E é isso no filme "Terremoto",
    lá dos anos 1970.
  • 25:37 - 25:38
    Foi isso que eles fizeram.
  • 25:38 - 25:42
    Meteram uma caixa com subgraves,
  • 25:42 - 25:45
    que hoje é totalmente normal,
  • 25:45 - 25:47
    para fazer o povo sentir no corpo.
  • 25:48 - 25:51
    Me lembra muito aquele desenho
    do "South Park", Cartman,
  • 25:51 - 25:53
    a noite inteira procurando
    a nota marrom.
  • 25:53 - 25:55
    Não sei se vocês lembram
    desse episódio.
  • 25:55 - 25:57
    Eu não vou contar porque era
    um episódio muito escatológico.
  • 25:57 - 25:59
    Porque era uma nota específica.
  • 25:59 - 26:00
    Então é isso.
  • 26:00 - 26:02
    O agudo dá na tua testa.
  • 26:03 - 26:06
    Tanto que você vai ver
    o personagem às vezes escuta um...
  • 26:06 - 26:09
    Tem uma cena do "Whiplash",
  • 26:09 - 26:11
    que o cara sofre um acidente,
  • 26:11 - 26:13
    ele era atropelado por um carro,
  • 26:13 - 26:14
    e você escuta
    um ruído fino assim...
  • 26:14 - 26:16
    [Imitando de ruído fino]
  • 26:16 - 26:16
    Ou de bomba, né?
  • 26:16 - 26:17
    [Imitando de ruído fino]
  • 26:17 - 26:19
    Então, é uma representação
    sonora...
  • 26:19 - 26:20
    Sabe quando você dá uma topada?
  • 26:20 - 26:22
    Eu nunca sei
    se aqui em São Paulo...
  • 26:22 - 26:24
    Tem palavra que eu acho
    que é no mundo todo.
  • 26:24 - 26:26
    Quando você bate o dedão.
  • 26:26 - 26:26
    Sim, topada.
  • 26:26 - 26:27
    Topada, né?
  • 26:27 - 26:30
    Porque às vezes eu penso que as palavras
    de Recife estão em todo lugar.
  • 26:30 - 26:32
    E aí você dá uma topada.
  • 26:32 - 26:35
    Sabe aquela dor que dói
    até o último fio do cabelo?
  • 26:35 - 26:37
    Você escuta até
    tua alma gemendo.
  • 26:38 - 26:41
    Então, no cinema, eles
    precisam fazer isso também.
  • 26:41 - 26:45
    Só que, só a imagem,
    não te dá a resposta,
  • 26:45 - 26:47
    porque a imagem está na tela.
  • 26:48 - 26:51
    Ela é totalmente objetiva.
  • 26:51 - 26:52
    Você não a toca.
  • 26:52 - 26:53
    Mas o som está...
  • 26:54 - 26:55
    Passando por aqui.
  • 26:56 - 26:58
    Então ele entra na tua alma.
  • 26:58 - 27:00
    Aí você sente a dor do cara,
    você sente a angústia.
  • 27:00 - 27:03
    E os filmes dos daneses...
  • 27:03 - 27:04
    Lars von Trier.
  • 27:04 - 27:05
    É, né, o "Dogman".
  • 27:05 - 27:08
    Eles falam da música,
    falam de tudo.
  • 27:08 - 27:10
    Então, o Lars von Trier tinha
    uma turminha lá,
  • 27:10 - 27:11
    dos daneses, velho.
  • 27:12 - 27:15
    Você pega aquele "Dirigindo no Escuro",
    eu acho que é com a Björk...
  • 27:16 - 27:17
    Dançando...
  • 27:17 - 27:19
    - "Dançando no Escuro".
    - Dançando no Escuro, que ela é cega.
  • 27:20 - 27:22
    Meu amigo!
  • 27:22 - 27:24
    Que é um musical...
  • 27:24 - 27:25
    Eu sempre digo
    para a galera o seguinte:
  • 27:25 - 27:28
    veja, se você vai trabalhar
    com som, com cinema,
  • 27:28 - 27:31
    você tem que ver tudo
    para ter referência.
  • 27:31 - 27:33
    Tem coisa que é dura,
    tem coisa que eu não gosto.
  • 27:33 - 27:35
    Tipo esse filme,
    ele é duríssimo.
  • 27:35 - 27:38
    Mas se eu for trabalhar com cinema
    e trabalhar com som,
  • 27:38 - 27:39
    não dá para não ver
    um filme desse.
  • 27:39 - 27:41
    - Exatamente.
    - Perfeito.
  • 27:41 - 27:43
    Porque se eu ficar só
    vendo filme Blockbuster...
  • 27:43 - 27:47
    Veja só, eu estou falando de som,
    estou falando de Sound Design.
  • 27:47 - 27:50
    Se você pegar filme
    dos anos 1950 anos, anos 1960,
  • 27:50 - 27:51
    até anos 1940, por exemplo,
  • 27:51 - 27:52
    "M, o Vampiro de Dusseldorf",
  • 27:52 - 27:54
    eles têm muito mais
    importância sonora
  • 27:54 - 27:57
    que qualquer filme de quesito
    que você vai ver hoje,
  • 27:57 - 27:59
    qualquer um.
  • 27:59 - 27:59
    Sério mesmo.
  • 27:59 - 28:00
    Eu estou falando
    dos Blockbuster, tá?
  • 28:00 - 28:05
    Aí eu vou emendar duas referências
    que eu acho muito legais.
  • 28:05 - 28:09
    Uma é "O Céu de Lisboa",
  • 28:09 - 28:11
    do Wim Wenders,
  • 28:11 - 28:12
    que foi um filme...
  • 28:12 - 28:16
    Ele foi muito massacrado
    porque ele não estava...
  • 28:16 - 28:20
    Para quem não sabe,
    o Win Wenders é um cineasta alemão
  • 28:20 - 28:23
    muito ligado
    àquela motivação de...
  • 28:25 - 28:28
    Tentar integrar as Alemanhas
    na década de 1980, enfim.
  • 28:28 - 28:30
    E aí ele vai para Lisboa,
  • 28:30 - 28:33
    e ele é um técnico de som
    que fica captando sons.
  • 28:33 - 28:36
    Eu acho um filme belíssimo.
  • 28:36 - 28:39
    E aí tem essa coisa
    do cara ficar observando
  • 28:39 - 28:42
    o passarinho,
    o som que passa,
  • 28:42 - 28:45
    que é um pouco
    o reflexo do técnico do som.
  • 28:45 - 28:48
    E "Um tiro na Noite",
    do Brian de Palma,
  • 28:48 - 28:53
    que o John Travolta
    faz um técnico de som,
  • 28:53 - 28:54
    e é a mesma coisa.
  • 28:54 - 28:57
    E aí, sem dar spoilers...
  • 28:58 - 29:01
    Ele grava um tiro,
  • 29:01 - 29:04
    e é um atentado,
    e aí o filme se desenrola.
  • 29:04 - 29:06
    Mas é muito legal essa coisa,
  • 29:06 - 29:08
    de ele ficar com o microfone...
  • 29:10 - 29:12
    A gente tem essa coisa...
  • 29:12 - 29:14
    Eu sempre brinco que,
  • 29:14 - 29:17
    quando a gente tem essa coisa
    do microfone e ficar ouvindo,
  • 29:17 - 29:21
    é quase um voyeur, né?
  • 29:21 - 29:23
    Você fica querendo ouvir,
    você fica querendo...
  • 29:25 - 29:29
    Eu já vi algumas
    pessoas que gravam,
  • 29:29 - 29:31
    eu falo: esse deve
    gravar tudo, né?
  • 29:31 - 29:34
    Você lembra do 1406, (011) 14...
  • 29:34 - 29:36
    Bom, para mim, era (011) 1406,
  • 29:36 - 29:38
    que vendia Meias Vivarina,
  • 29:38 - 29:40
    vendia faca Ginsu 2000.
  • 29:40 - 29:41
    - Era uma propaganda.
    - Sim, sim.
  • 29:41 - 29:43
    Um canal que vendia tudo, né?
  • 29:43 - 29:45
    Vendia tudo.
  • 29:45 - 29:48
    Até fizeram uma competição
    entre a Ginsu 2000, que cortava tudo,
  • 29:48 - 29:51
    com a da Vivarina, que nada cortava.
  • 29:51 - 29:54
    Mas a questão é que eles vendiam
    uma coisa que amplificava o som.
  • 29:55 - 29:57
    Era uma das coisas
    que eles vendiam.
  • 29:57 - 29:58
    Você amplificava o som.
  • 29:58 - 30:00
    E aí, uma das cenas
    era justamente essa.
  • 30:00 - 30:03
    Era uma praia,
    ia passando uma moça,
  • 30:03 - 30:04
    ela escutando assim,
  • 30:04 - 30:07
    aí eu ouvia outras dizendo:
    "Nossa, como ela está bonita!".
  • 30:07 - 30:10
    Então ela se sentia envaidecida,
    porque, na verdade,
  • 30:10 - 30:14
    ela estava amplificando
    as questões sonoras dela
  • 30:14 - 30:15
    e indo além.
  • 30:15 - 30:16
    Porque é muito divertido.
  • 30:16 - 30:17
    Se você não fez...
    Eu sempre sugiro.
  • 30:17 - 30:20
    Põe um gravador, põe no ouvido,
  • 30:20 - 30:22
    e abra o microfone
    o mais amplo que você pode
  • 30:22 - 30:24
    e vai lá para o meio da Paulista.
  • 30:24 - 30:27
    Nossa, é como se você
    estivesse escutando...
  • 30:27 - 30:28
    Sabe aquele desenho?
  • 30:28 - 30:29
    "Meu Deus, eu estou
    escutando tudo.
  • 30:29 - 30:30
    Para de escutar,
    para de escutar!".
  • 30:32 - 30:33
    É impressionante.
  • 30:33 - 30:35
    É o ouvido de Deus, né?
  • 30:35 - 30:37
    Tudo ao mesmo tempo ali.
  • 30:37 - 30:40
    Uma coisa que é bacana
    e que os alunos sempre acabam...
  • 30:40 - 30:43
    A pergunta que a gente
    recebe diariamente.
  • 30:43 - 30:45
    Eu estou falando aqui
    de Sound Design,
  • 30:45 - 30:47
    estou falando de edição,
    de mixagem.
  • 30:47 - 30:50
    O que a gente tem
    de software e tecnologia hoje,
  • 30:50 - 30:52
    que acaba sendo mais
    ponto no mercado, né?
  • 30:52 - 30:55
    Porque uma coisa que eu falo
    muito com os meus alunos,
  • 30:55 - 30:58
    em outra área, é claro,
    mas eu comento muito,
  • 30:58 - 31:00
    é que tem o que eu
    posso usar em casa
  • 31:00 - 31:02
    e tem o que eu vou
    usar no estúdio.
  • 31:02 - 31:04
    Tem as coisas
    que o mercado aceita
  • 31:04 - 31:06
    e tem as coisas
    que você pode usar
  • 31:06 - 31:09
    para fazer coisas mais
    indies, mais fora do...
  • 31:12 - 31:13
    Mainstream.
  • 31:13 - 31:16
    No campo do som...
  • 31:16 - 31:18
    Engraçado que se fala
    sobre o novo.
  • 31:18 - 31:20
    Mas é o contrário.
  • 31:20 - 31:22
    É o velho, é o velho Pro Tools,
  • 31:22 - 31:27
    porque o Pro Tools é
    o primeiro software e tal.
  • 31:27 - 31:30
    Mas aí a gente vai entrar
    em uma outra questão.
  • 31:30 - 31:31
    Veja só...
  • 31:32 - 31:33
    Se a gente for pegar dos anos...
  • 31:33 - 31:36
    Eu vou falar dos anos
    1980 para cá, especificamente.
  • 31:36 - 31:38
    Não vou nem falar dos anos 1970,
    porque aí é outra questão.
  • 31:38 - 31:40
    Eu vou falar
    dos anos 1980 para cá.
  • 31:40 - 31:42
    Existe uma evolução muito grande
  • 31:42 - 31:45
    na captação, na mixagem,
    em todo esse sistema,
  • 31:45 - 31:46
    que vira...
  • 31:47 - 31:49
    E até chega nesse
    movimento, que é nosso,
  • 31:49 - 31:51
    que agora é caseiro, está certo?
  • 31:51 - 31:55
    As grandes indústrias estão
    usando bastante o Pro Tools.
  • 31:56 - 31:57
    Ainda usam.
  • 31:57 - 31:59
    Se você for trabalhar, Pro Tools.
  • 32:00 - 32:03
    Tem muita gente utilizando até
    o DaVinci também para fazer som.
  • 32:03 - 32:05
    Mas outras produtoras...
  • 32:05 - 32:08
    Porque aí você está
    falando de edição,
  • 32:08 - 32:10
    mixagem, finalização.
  • 32:11 - 32:14
    Outra coisa é
    o processo criativo.
  • 32:14 - 32:18
    E aí a gente já vai falar
    dos instrumentos virtuais e tudo isso.
  • 32:18 - 32:21
    Então, já existem softwares
    que são muito melhores,
  • 32:21 - 32:23
    como o Ableton Live,
  • 32:23 - 32:25
    ou o próprio Logic Pro,
  • 32:25 - 32:28
    que os estúdios já
    estão utilizando-os
  • 32:28 - 32:30
    como um processo anterior.
  • 32:30 - 32:33
    Não significa
  • 32:33 - 32:36
    que eu não vou conseguir
    finalizar um vídeo
  • 32:36 - 32:37
    com REAPER,
  • 32:37 - 32:39
    com Webleton.
  • 32:40 - 32:42
    Na guerrilha você finaliza
    com qualquer coisa.
  • 32:43 - 32:44
    Software?
  • 32:44 - 32:45
    Pô, fazia na mão, cortando fita.
  • 32:45 - 32:47
    Não vai finalizar
    com qualquer software,
  • 32:47 - 32:48
    que você vê lá a Waveform?
  • 32:48 - 32:49
    Pelo amor de Deus!
  • 32:49 - 32:52
    Basta você ter a tela
    que você vê o filme.
  • 32:52 - 32:54
    Você põe lá, aparece
    o filme, pronto,
  • 32:54 - 32:56
    aí você consegue
    fazer as coisas.
  • 32:56 - 32:56
    Agora....
  • 32:59 - 33:01
    Tem essa questão do campo
    de criação também.
  • 33:02 - 33:06
    O Pro Tools é um software
    muito antigo.
  • 33:07 - 33:10
    Ele é um dos primeiros
    a surgir, junto com o Noemi.
  • 33:10 - 33:14
    Mas aí ele foi se adaptando tanto
    ao universo de criação do cinema...
  • 33:15 - 33:19
    Que ele tem ferramentas
    que facilitam bastante
  • 33:19 - 33:22
    na hora de você mixar
  • 33:22 - 33:23
    e masterizar para cinema.
  • 33:24 - 33:26
    Claro que você não
    vai fazer só com ele,
  • 33:26 - 33:27
    porque você vai depender
    dos plugins externos,
  • 33:27 - 33:31
    que muitas vezes são muito mais
    caros que o danado, entendeu?
  • 33:31 - 33:34
    Mas na hora da criação, do MIDI,
    porque aí é outra história.
  • 33:34 - 33:37
    Porque eu acho que,
    para falar de Sound Design,
  • 33:37 - 33:38
    a gente tem que falar
    de sistemas,
  • 33:38 - 33:40
    a gente tem que falar de MIDI,
    tem que falar de outro mundo,
  • 33:40 - 33:43
    porque, assim,
    são sub-universos.
  • 33:44 - 33:45
    Por isso que eu falo
    sempre que a aula é o lugar
  • 33:45 - 33:47
    onde você vai
    ter o primeiro respiro,
  • 33:47 - 33:49
    a primeira coisa sobre aquilo.
  • 33:49 - 33:51
    A aula começa aqui,
    não termina aqui.
  • 33:51 - 33:53
    Ela não termina,
  • 33:53 - 33:54
    porque só de captação,
  • 33:54 - 33:57
    só de mixagem, só
    de não sei o quê...
  • 33:57 - 34:00
    Deco, você estava falando
    uma coisa interessante...
  • 34:01 - 34:04
    A respeito do Pro Tools.
  • 34:04 - 34:07
    O Pro Tools é
    um software de áudio.
  • 34:07 - 34:10
    É uma DAW, que eles chamam,
    Digital Audio Workstation.
  • 34:10 - 34:14
    E, por exemplo, eu vejo
    muita gente hoje
  • 34:14 - 34:17
    mixando, trabalhando o som...
  • 34:17 - 34:19
    Não vou nem falar mixando,
  • 34:19 - 34:21
    mas trabalhando o som
    em softwares de vídeo.
  • 34:22 - 34:26
    Eu, particularmente,
    também venho dessa coisa,
  • 34:26 - 34:28
    dessa etapa de produção,
  • 34:28 - 34:29
    e, para mim, incomoda às vezes.
  • 34:29 - 34:31
    Eu falo: poxa, tem
    um software lá que é melhor,
  • 34:31 - 34:34
    que vai te dar mais recursos.
  • 34:34 - 34:36
    Começa pela interface...
  • 34:37 - 34:39
    Que não é uma interface
    feita para aquilo.
  • 34:40 - 34:41
    Eu vejo...
  • 34:41 - 34:43
    Eu vou falar dos alunos,
    eu vou falar mal...
  • 34:43 - 34:46
    Eu vou falar mal
    dos alunos agora!
  • 34:46 - 34:49
    Por preguiça, eles acabam
    fazendo tudo no Premier,
  • 34:49 - 34:50
    porque você tem
    as pistas de áudio.
  • 34:50 - 34:53
    E o áudio...
    É o áudio, é o áudio!
  • 34:53 - 34:54
    Aí agora, o que foi
    que eu resolvi fazer?
  • 34:54 - 34:58
    Vocês têm que fazer
    no Ripper, ou no Audition,
  • 34:58 - 35:01
    tirar print do workflow.
  • 35:01 - 35:02
    Também faço isso.
  • 35:02 - 35:03
    Você faz isso também.
  • 35:03 - 35:04
    Entendeu?
  • 35:04 - 35:06
    Porque senão eles
    me enrolavam, né?
  • 35:06 - 35:09
    Como eu também tenho utilizado
    bastante a Inteligência Artificial
  • 35:09 - 35:11
    no apoio do Sound Design.
  • 35:12 - 35:16
    O novo Premier está
    querendo roubar um pouco.
  • 35:16 - 35:18
    Adobe é maldosa.
  • 35:18 - 35:20
    O novo Premier agora veio
  • 35:20 - 35:24
    com uma parte de áudio
    já meio específica,
  • 35:24 - 35:26
    que você já muda
    a interface do áudio.
  • 35:26 - 35:28
    E, assim, eu não sei
    se vai pegar,
  • 35:28 - 35:30
    porque você precisa reeducar
    todos os estúdios,
  • 35:30 - 35:32
    os grandes estúdios do mundo.
  • 35:32 - 35:33
    É verdade.
  • 35:33 - 35:35
    Tem que convencer, né,
    de cima para baixo.
  • 35:35 - 35:36
    E eu vou dizer para você,
  • 35:36 - 35:40
    você pode até facilitar
    para o editor de vídeo,
  • 35:40 - 35:41
    que vai lá se arriscar no áudio.
  • 35:41 - 35:44
    Mas um editor de áudio,
  • 35:44 - 35:45
    do menino que está
    começando agora,
  • 35:45 - 35:48
    usando FL lá na quebrada,
  • 35:48 - 35:52
    até o cara lá mega ultra hiper,
  • 35:52 - 35:54
    ele não vai usar
    um software de vídeo,
  • 35:54 - 35:57
    pelo menos neste momento.
  • 35:57 - 35:57
    Eu duvido muito.
  • 35:57 - 35:59
    É uma coisa de nicho, né?
  • 35:59 - 36:01
    Eu acho que vai
    para cada nicho ali.
  • 36:01 - 36:03
    É a interface, cara,
  • 36:03 - 36:04
    é a interface.
  • 36:04 - 36:06
    Você olha para a interface,
    você conhece a sua interface.
  • 36:06 - 36:08
    Gerar estranhamento
    é a pior coisa, né?
  • 36:09 - 36:13
    O problema não é fazer Sound Design,
    não é fazer música, nada disso.
  • 36:13 - 36:15
    Eu conheço a estrutura de música,
    eu conheço a estrutura...
  • 36:15 - 36:17
    Claro que depende
    de outros conhecimentos.
  • 36:17 - 36:19
    Tem outros fatores, né?
  • 36:19 - 36:21
    Mas a interface, meu amigo,
  • 36:21 - 36:24
    se você não souber como
    aquela interface funciona,
  • 36:24 - 36:27
    você pode ter todas
    as ideia do mundo.
  • 36:27 - 36:28
    Eu me lembro da primeira vez
    que eu vi, por exemplo...
  • 36:28 - 36:29
    Não do áudio.
  • 36:29 - 36:31
    Mas eu me lembro quando eu
    vi a interface do Photoshop,
  • 36:31 - 36:32
    eu não conseguia fazer nada.
  • 36:32 - 36:35
    Eu não sabia que botão
    eu ia apertar.
  • 36:35 - 36:37
    O próprio Premier, eu olho
    para aquela interface,
  • 36:37 - 36:40
    você tem que botar um pontinho,
    tem que baixar, tem que...
  • 36:40 - 36:41
    Nossa...
  • 36:42 - 36:43
    O que eu faço
    em 1 segundo no software...
  • 36:43 - 36:46
    Eu fico angustiado
    olhando para outra interface.
  • 36:46 - 36:49
    O primeiro software de áudio
    que eu mexi foi o Sony Vegas.
  • 36:50 - 36:51
    Clássico.
  • 36:51 - 36:52
    Clássico.
  • 36:52 - 36:53
    E era para vídeo
    também, não era?
  • 36:53 - 36:54
    Era para vídeo.
  • 36:54 - 36:58
    Porque ele era mais indicado
    para áudio, né,
  • 36:58 - 37:00
    e no final dos anos 2000,
  • 37:00 - 37:04
    ele começou a arrecadar
    muita gente para o vídeo.
  • 37:04 - 37:07
    Eu não sei por que, mas
    eu sempre olhei o Vegas
  • 37:07 - 37:09
    como um software de áudio.
  • 37:09 - 37:11
    A interface dele me lembra...
  • 37:11 - 37:13
    Quando eu vi o DaVinci
    a primeira vez,
  • 37:13 - 37:14
    me recordou um pouco.
  • 37:14 - 37:17
    E eu não sei, sinceramente....
  • 37:17 - 37:18
    Quem copiou quem, né?
  • 37:18 - 37:19
    Não, não é nem isso.
  • 37:19 - 37:22
    Por que eles pararam?
  • 37:22 - 37:24
    Eu não sei nem por onde
    anda o Sony Vegas, por exemplo.
  • 37:24 - 37:26
    Mas eu conheci
    vários estúdios...
  • 37:26 - 37:30
    Olha, eu conheci o cara,
    por conta da universidade, que ele...
  • 37:31 - 37:34
    Tem uma Berklee lá em Valência,
  • 37:34 - 37:36
    que foi onde eu fiz
    a Faculdade de Belas-Artes
  • 37:36 - 37:38
    e que estava ligado a esse
    pessoal de telecomunicações.
  • 37:38 - 37:40
    Então eles faziam
    concertos binaurais,
  • 37:40 - 37:43
    quadra fônicos, dez caixas.
  • 37:43 - 37:46
    E era assim, era como se a gente
    estivesse vendo um filme sonoro,
  • 37:46 - 37:48
    ou seja, ouvindo a história.
  • 37:48 - 37:51
    E outros técnicos,
    todos usavam Vegas.
  • 37:51 - 37:53
    Eu estou falando isso...
  • 37:53 - 37:56
    Eu terminei o meu doutorado
    12, 13 anos atrás.
  • 37:56 - 37:58
    Eu não sei para onde ele foi.
  • 37:58 - 38:00
    Eu acho que isso é interessante...
  • 38:02 - 38:05
    Eu entendo que os alunos têm
    esse apego ao software, né?
  • 38:05 - 38:07
    Mas a gente está falando
    de um exemplo,
  • 38:07 - 38:09
    não faz muito tempo,
  • 38:09 - 38:11
    em que o software
    estava lá em cima.
  • 38:11 - 38:12
    Hoje ele...
  • 38:12 - 38:13
    Cadê? Cadê?
  • 38:13 - 38:15
    Eu não estou sabendo
    por onde anda.
  • 38:15 - 38:18
    Então eu acho
    que fica aquela dica...
  • 38:18 - 38:20
    Para a gente ir encerrando,
    cada um vai dar a sua dica.
  • 38:20 - 38:23
    A dica que eu dou é:
    não dependa do software.
  • 38:23 - 38:25
    Entenda o funcionamento.
  • 38:25 - 38:28
    Eu sei que ter conforto
    no software é tudo de bom.
  • 38:28 - 38:29
    Teve uma vez que eu
    estava sem Premier,
  • 38:29 - 38:31
    fui mexer no DaVinci Resolve
    para editar um vídeo,
  • 38:31 - 38:34
    eu sofri por uma hora ali
    até eu entender tudo.
  • 38:34 - 38:36
    É desconfortável, realmente.
  • 38:36 - 38:39
    Mas se você entende
    o que é o corte,
  • 38:39 - 38:41
    o que é a mixagem,
  • 38:41 - 38:44
    como você exporta, codec etc.,
  • 38:44 - 38:45
    você vai conseguir.
  • 38:45 - 38:47
    Vocês lembram
    do Street Fighter?
  • 38:49 - 38:51
    Você ia para outro jogo
    e dizia: "Dá hadouken".
  • 38:51 - 38:52
    Era outro jogo.
  • 38:52 - 38:53
    Da shoryuken, entendeu?
  • 38:54 - 38:56
    Então, viraram os comandos.
  • 38:56 - 38:59
    Se você vai pegar o software,
    uma vez que você entende a interface,
  • 38:59 - 39:00
    os comandos são os mesmos.
  • 39:00 - 39:02
    Ctrl + V, Ctrl + C, Ctrl + D.
  • 39:02 - 39:04
    É a mesma coisa.
  • 39:04 - 39:06
    Eu faço uma outra analogia
  • 39:06 - 39:08
    que é como você dirige um carro.
  • 39:08 - 39:10
    Quando você dirige o seu carro,
  • 39:10 - 39:14
    você já sabe que a terceira
    entra mais dura,
  • 39:14 - 39:15
    você vai ter que pisar mais.
  • 39:15 - 39:16
    Você já está acostumado.
  • 39:16 - 39:18
    Você pega um outro carro...
  • 39:18 - 39:21
    Você sabe dirigir, mas
    vai dar um estranhamento.
  • 39:21 - 39:24
    Passou duas, três ruas,
    você já está dirigindo de novo.
  • 39:24 - 39:26
    É a mesma coisa quando
    a gente está com o software.
  • 39:26 - 39:27
    Você falou...
  • 39:27 - 39:29
    Não é o assunto
    da nossa aula, né?
  • 39:29 - 39:31
    Mas o Final CUT,
  • 39:31 - 39:33
    que era um software de vídeo
  • 39:33 - 39:37
    que hoje está cada vez
    menos sendo utilizado.
  • 39:37 - 39:39
    Então isso é bem legal.
  • 39:39 - 39:40
    A Adobe foi guerreira ali...
  • 39:40 - 39:41
    Din, din, din...
  • 39:41 - 39:45
    Fazendo coisas, agora
    com Inteligência Artificial e tal.
  • 39:45 - 39:48
    Os softwares da Adobe
    hoje são muito legais,
  • 39:48 - 39:50
    essa interface deles.
  • 39:50 - 39:51
    Essa conexão e tal.
  • 39:51 - 39:54
    Você falou de dica
    para acabar aqui.
  • 39:54 - 39:57
    Porque quando a gente está falando
    de produção audiovisual,
  • 39:57 - 39:58
    tem uma coisa que eu me lembrei,
  • 39:58 - 39:59
    que é o sound branding...
  • 40:01 - 40:03
    Que é isso.
  • 40:03 - 40:05
    Eu tenho uma filha
    de quatro anos.
  • 40:05 - 40:08
    Ela não sabia falar
    Netflix, por exemplo,
  • 40:08 - 40:11
    e ela dizia para a gente:
    "Pai, mãe, bota 'Bam, bam!'".
  • 40:13 - 40:16
    "EA Sports, it's in the game".
  • 40:16 - 40:17
    Eu não preciso ver a marca.
  • 40:17 - 40:20
    Não existe mais
  • 40:20 - 40:23
    você conceber um produto
  • 40:23 - 40:24
    que não soe,
  • 40:24 - 40:27
    porque para eu viver,
    eu tenho minha forma,
  • 40:27 - 40:28
    mas tem o meu timbre de voz.
  • 40:29 - 40:30
    É uma marca minha.
  • 40:31 - 40:34
    E as pessoas entenderam
    isso também.
  • 40:34 - 40:37
    Não existe Prime...
  • 40:37 - 40:39
    Sei lá, qualquer coisa,
    qualquer coisa,
  • 40:39 - 40:40
    qualquer coisa que você liga,
  • 40:40 - 40:43
    qualquer botão que você aperta.
  • 40:43 - 40:44
    E aí...
  • 40:44 - 40:46
    Eu vou dar aqui a dica.
  • 40:46 - 40:47
    Que...
  • 40:47 - 40:48
    Pô, é outro assunto muito legal.
  • 40:48 - 40:51
    Que é a Wendy Carlos.
  • 40:51 - 40:53
    Ela é uma compositora
    muito importante,
  • 40:53 - 40:55
    e que botou nas nossas cabeças
  • 40:55 - 40:57
    todos os sons de tecnologia.
  • 40:57 - 41:00
    Porque quando fizeram o "Tron",
  • 41:00 - 41:02
    eles tinham que inventar o som
    para dentro do computador.
  • 41:03 - 41:04
    Ninguém nunca entrou
    num computador.
  • 41:04 - 41:05
    Como soa esse negócio?
  • 41:05 - 41:07
    "Vem cá, Wendy Carlos,
    inventa um som aí!".
  • 41:07 - 41:08
    E é o som que a gente carrega.
  • 41:08 - 41:10
    Então, falando nisso,
    eu digo para vocês:
  • 41:10 - 41:13
    é muito importante
    assistir, criar...
  • 41:15 - 41:16
    Um repertório.
  • 41:16 - 41:18
    Um repertório. Muito obrigado!
  • 41:18 - 41:21
    Porque não é que os filmes
    de hoje sejam...
  • 41:21 - 41:21
    Não estou falando da qualidade,
  • 41:21 - 41:23
    porque eu adoro Blockbuster.
  • 41:23 - 41:23
    Eu também.
  • 41:23 - 41:25
    Eu acho superdivertido.
  • 41:25 - 41:28
    Mas quando a gente vai trabalhar
    especificamente com isso,
  • 41:28 - 41:29
    a gente precisa ir além dele.
  • 41:29 - 41:31
    Porque se você pegar o:
  • 41:31 - 41:34
    [Imitando o som da música]
  • 41:34 - 41:36
    de Hitchcock,
  • 41:36 - 41:37
    é mais importante
  • 41:37 - 41:40
    que toda a trilha
    sonora dos filmes de heróis
  • 41:40 - 41:42
    dos últimos dez anos.
  • 41:42 - 41:43
    Todos.
  • 41:43 - 41:44
    Todos.
  • 41:44 - 41:46
    E o violoncelo
    desafinado fazendo:
  • 41:46 - 41:47
    [Imitando uma nota desafinada]
  • 41:47 - 41:49
    E toca na minha cabeça, na tua,
  • 41:49 - 41:51
    e vai tocar por toda
    a eternidade,
  • 41:51 - 41:54
    porque ela deixou de ser um som
  • 41:54 - 41:56
    e virou uma imagem,
    virou um símbolo.
  • 41:56 - 41:57
    É um símbolo.
  • 41:57 - 42:00
    A minha última dica vai
    ser assistir muito filme
  • 42:00 - 42:01
    do expressionismo alemão...
  • 42:03 - 42:05
    Que eu acho fantástico.
  • 42:05 - 42:08
    E a gente não pode esquecer
    que o expressionismo alemão
  • 42:08 - 42:10
    inventou a música eletrônica.
  • 42:11 - 42:13
    Não propriamente, né,
  • 42:13 - 42:16
    mas toda aquela angústia
  • 42:16 - 42:19
    da Alemanha da década de 1920.
  • 42:19 - 42:23
    Eles não queriam
    usar as orquestras,
  • 42:23 - 42:26
    ou a música tradicional,
  • 42:26 - 42:28
    e partiram
    para alguma coisa que,
  • 42:28 - 42:31
    na década de 1970,
    na década de 1980,
  • 42:31 - 42:33
    os grandes artistas,
    David Bowie,
  • 42:33 - 42:36
    depois o Bauhaus,
  • 42:36 - 42:38
    todo aquele pessoal,
    que aqui no Brasil,
  • 42:38 - 42:40
    a gente vai chamar de gótico,
  • 42:40 - 42:41
    se apropriaram daquilo
  • 42:41 - 42:44
    para recriar uma certa música.
  • 42:45 - 42:46
    Eu gosto muito.
  • 42:46 - 42:48
    Eu acho que, quando a gente
    pensa em trilhas sonoras,
  • 42:48 - 42:51
    ver esses filmes que o Deco
    estava falando aqui,
  • 42:51 - 42:55
    vai dar uma visão
  • 42:55 - 42:57
    bem interessante
    do que foi feito depois,
  • 42:57 - 43:00
    porque serviu como referência.
  • 43:00 - 43:01
    Abrir a mente, né?
  • 43:01 - 43:04
    No cinema, tudo já
    foi feito, tudo, tudo.
  • 43:04 - 43:06
    Você pega
    o "Smoking/No Smoking",
  • 43:06 - 43:08
    é cinema interativo,
    cinema não sei o quê...
  • 43:08 - 43:10
    Num cinema, tudo...
  • 43:10 - 43:11
    Olha, veja só...
  • 43:11 - 43:13
    É que dá vontade de falar mais.
  • 43:13 - 43:17
    A última dica, leia o manifesto
    "A Arte dos Ruídos", de Luigi Russolo.
  • 43:17 - 43:20
    É o manifesto de 1912,
    que ele diz:
  • 43:20 - 43:23
    "As salas de concerto
    são hospitais anímicos.
  • 43:23 - 43:24
    Temos que abrir os ouvidos
  • 43:24 - 43:26
    para todos os sons existentes
    na face da Terra",
  • 43:26 - 43:28
    pela própria natureza
    e da natureza mecânica.
  • 43:30 - 43:32
    E isso influencia o cinema
    pra caramba, né?
  • 43:32 - 43:33
    Total!
  • 43:33 - 43:34
    Totalmente.
  • 43:34 - 43:37
    Eu queria agradecer
    a presença de hoje.
  • 43:37 - 43:38
    Assim, tem tanta dica, né?
  • 43:38 - 43:42
    Eu acho que a minha sugestão
    é ouvir mais de uma vez,
  • 43:42 - 43:45
    ou ouvir anotando sempre,
    porque é muita dica.
  • 43:45 - 43:48
    Minhas aulas são legais, hein!
  • 43:48 - 43:49
    É muita coisa, né?
  • 43:49 - 43:52
    Eu queria te agradecer Cleber,
    te agradecer Deco.
  • 43:52 - 43:53
    Eu que agradeço, muito obrigado.
  • 43:53 - 43:54
    Estou superfeliz
    de estar com vocês aqui.
  • 43:54 - 43:56
    Me sinto em família.
  • 43:56 - 43:58
    Muito legal esse bate-papo.
  • 43:58 - 43:59
    Com essas dicas aqui hoje,
  • 43:59 - 44:02
    eu quero vocês me
    prometam uma coisa:
  • 44:02 - 44:04
    a próxima coisa
    que vocês forem produzir,
  • 44:04 - 44:07
    seja um filme, um vídeo,
    um podcast, um jogo,
  • 44:07 - 44:09
    qualquer tipo de conteúdo,
  • 44:09 - 44:12
    eu quero que vocês
    pensem e planejem o áudio.
  • 44:12 - 44:14
    A gente não vai
    deixá-lo por último
  • 44:14 - 44:16
    e depois falar
    que na pós a gente conserta,
  • 44:16 - 44:19
    porque a gente sabe
    que isso não vai dar certo.
  • 44:19 - 44:20
    Até a próxima, gente!
Title:
PBL TDD ANO 02 FASE 03 2025 VIDEOCAST LUZ CAMERA SOM E ACAO
Video Language:
Portuguese, Brazilian
Duration:
44:24

Portuguese, Brazilian subtitles

Incomplete

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