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O que aprendi sobre o medo quando fiz ilustrações da obra de Edgar Allan Poe | Eric Mongeon | TEDxBoston

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    ["Antes de tudo, desmembrei o cadáver.
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    Separei a cabeça,
    os braços e as pernas."]
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    Eu li essas palavras quando tinha 15 anos,
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    na escola.
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    Como a maioria, eu agradeço
    ao professor de literatura
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    por me apresentar
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    ao mundo assustador e sombrio
    de Edgar Allan Poe.
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    No nono ano, na aula de inglês,
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    lemos "O Coração Delator".
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    Uma história tão assustadora
    quanto os quadrinhos que eu lia.
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    Era tão perturbadora
    quanto os filmes que eu assistia.
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    Era uma história sancionada
    pelos meus professores,
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    que me assustou,
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    e fazia parte da lição de casa.
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    Agora, o problema é
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    que fomos ensinados a ler
    com um propósito
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    como para ir bem num teste,
  • 0:56 - 0:58
    e quando você está lendo para isso,
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    a leitura tende a se tornar desmotivada.
  • 1:00 - 1:04
    A história começa a se tornar
    algo em que você reflete sobre
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    em vez de se deixar levar.
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    E vamos ser sinceros,
  • 1:09 - 1:10
    você nunca vai sentir medo
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    de algo com o que você
    não consiga se envolver.
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    Então minha imagem do Poe partiu disso
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    para algo mais ou menos assim.
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    (Risos)
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    Eu encontraria o Poe
    em outras aulas de literatura
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    durante o ensino médio,
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    mas nunca o veria
    além de uma tarefa de escola.
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    A empolgação se foi,
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    e voltei para os meus quadrinhos
    e filmes alternativos de terror.
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    Até que entrei na escola de arte
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    em busca de material sensacionalista
    para adaptá-lo a um romance gráfico.
  • 1:39 - 1:40
    Agora, meus interesses
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    ainda se mantém na mesma área básica
    do espectro da cultura "pop".
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    E meio que me tornei
    um conhecedor exigente.
  • 1:48 - 1:50
    Mas decidi dar ao Poe uma nova chance,
  • 1:50 - 1:53
    e fiquei chocado com o que descobri.
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    Meus professores estavam
    totalmente certos:
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    isso é literatura de primeira classe,
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    cheia de comunicação sofisticada,
    um ritmo perspicaz e reflexões profundas,
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    mas também tão cheia
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    de ação emocionante, violência
    perturbadora e desordem inspiradora.
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    Se o melhor da cultura pop
    é ao mesmo tempo erudito e popular,
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    então isso é cultura pop
    da melhor qualidade.
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    Eu decidi fazer uma adaptação
    que faria jus a isso.
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    Eu queria dar um tratamento
    que celebraria os aspectos eruditos
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    e ao mesmo tempo revelando
    os aspectos populares.
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    Tinha feito quatro páginas
    antes de me formar.
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    Mas acabei voltando ao Poe
    com o passar dos anos,
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    sempre surpreso com o quanto sentia
    falta desde a última vez que o li.
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    Ele foi um dos primeiros
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    a escrever sobre o medo
    de forma ímpar e moderna.
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    Sua produção foi na década de 1830,
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    bem no auge da segunda fase
    da Revolução Industrial.
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    Foi um período na cultura norte-americana
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    em que se tinha muita fé
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    na destreza racional para nos libertar
    de medos e superstições.
  • 2:54 - 2:57
    Reflexões intelectuais,
    então a história segue,
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    vão trazer uma imagem da realidade,
  • 2:59 - 3:04
    a qual você pode usar como ferramenta
    para prever e entender o mundo.
  • 3:04 - 3:06
    Agora, isso funciona bem,
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    exceto quando não funciona,
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    isso é o que o Poe escreve.
  • 3:10 - 3:13
    Todos os personagens
    de Poe experienciam o medo,
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    quando suas crenças fundamentais
  • 3:15 - 3:18
    em relação à situação social,
    pessoal ou prática
  • 3:18 - 3:20
    são de certa forma invalidadas.
  • 3:22 - 3:24
    O mundo se torna incerto
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    porque a imagem da realidade
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    não bate com a experiência da realidade.
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    Ele entendia que a base do medo,
  • 3:34 - 3:35
    é a incerteza;
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    e que não tem a ver com o que não sabemos.
  • 3:38 - 3:40
    E isso faz sentido
    quando pensamos a respeito.
  • 3:41 - 3:42
    Uma coisa é
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    saber que há um assassino
    escondido no seu guarda-roupa,
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    mas outra completamente diferente
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    é se perguntar se aquele som,
    que você ouviu,
  • 3:48 - 3:51
    é de um assassino
    escondido no guarda-roupa.
  • 3:51 - 3:52
    (Risos)
  • 3:57 - 4:01
    Todos os personagens de Poe
    tentam lidar com esse tipo de medo,
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    a maioria fazendo a mesma coisa:
  • 4:02 - 4:04
    eles tentam manter
    essa imagem da realidade
  • 4:04 - 4:09
    ao forçar suas circunstâncias
    a se enquadrarem naquela imagem.
  • 4:09 - 4:12
    Agora, isso normalmente traz
    consequências terríveis.
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    As pessoas acabam
    condenando umas as outras,
  • 4:15 - 4:16
    machucando outras;
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    elas acabam cavando covas.
  • 4:18 - 4:21
    Ou seja, isso é um excelente
    material para ilustrações.
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    Então, 15 anos depois,
  • 4:26 - 4:28
    eu ainda não tinha feito
    nenhum avanço no meu acervo.
  • 4:32 - 4:37
    Eu passei por uma prateleira
    cheia de livros do Poe e a respeito dele.
  • 4:37 - 4:41
    Eu juntei uma pilha de esboços
    e estudos sobre técnicas de narração.
  • 4:41 - 4:44
    Eu até estudei o estilo
    de design da época do Poe,
  • 4:44 - 4:48
    mas sequer estava perto
    de criar meu acervo.
  • 4:48 - 4:50
    Estava preso em um padrão
  • 4:50 - 4:52
    que acho que vários
    profissionais criativos vão reconhecer.
  • 4:53 - 4:55
    Vamos chamar isso de "Vortex".
  • 4:55 - 4:59
    É um círculo vicioso de pesquisa,
    rejeição e requinte.
  • 4:59 - 5:03
    É incessante e autoperpetuante
  • 5:03 - 5:06
    porque você sente
    que está de fato fazendo algo.
  • 5:06 - 5:07
    (Risos)
  • 5:08 - 5:10
    Você coleta novas informações,
  • 5:10 - 5:11
    descarta informações antigas,
  • 5:11 - 5:13
    refaz seu plano.
  • 5:13 - 5:16
    Você está trabalhando
    constantemente no projeto.
  • 5:17 - 5:20
    Exceto que tentar
    não é a mesma coisa que fazer.
  • 5:29 - 5:33
    Eu percebi que isso se tornou uma forma
    implícita de justificativa para fazer.
  • 5:34 - 5:36
    Eu estava com medo
    de realmente fazer o trabalho
  • 5:37 - 5:40
    porque tinha medo
    do risco de fazê-lo errado.
  • 5:40 - 5:42
    Porque também tinha
    uma imagem da realidade,
  • 5:42 - 5:44
    e a imagem da realidade
    incluía uma imagem de mim
  • 5:44 - 5:46
    como a pessoa que não pode
    interpretar mal o Poe.
  • 5:47 - 5:49
    Eu estava me escondendo na lição de casa.
  • 5:50 - 5:51
    E quando me dei conta disso,
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    eu parei de tentar e me ocupei em fazer.
  • 5:54 - 5:55
    Comecei a fazer os desenhos.
  • 5:56 - 5:57
    Comecei a fazer os leiautes.
  • 5:57 - 5:59
    A ansiedade ainda não tinha passado,
  • 6:00 - 6:03
    mas não estava mais
    me interrompendo de fazer o trabalho.
  • 6:03 - 6:06
    Ainda não havia garantias
    de que faria a coisa certa,
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    mas eu estava fazendo.
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    Eu olhei para trás
    nesses 15 anos de pesquisas,
  • 6:13 - 6:14
    estando preso no Vortex,
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    e percebi que estava num prolongado
    mecanismo de enfrentamento.
  • 6:18 - 6:22
    Eu estava numa tentativa de proteger
    minha imagem da realidade
  • 6:22 - 6:25
    ao lançar um tipo de ataque
    preventivo contra a incerteza.
  • 6:26 - 6:27
    E pensava assim:
  • 6:27 - 6:30
    "Se você nunca colocar sua imagem
    da realidade em teste,
  • 6:30 - 6:33
    você nunca correrá
    o risco dela ser invalidada".
  • 6:34 - 6:36
    Mas como diz o ditado,
  • 6:36 - 6:38
    "quem não arrisca não petisca".
  • 6:41 - 6:44
    Então, ainda estava de frente
    com um problema prático.
  • 6:44 - 6:46
    Como eu consigo tirar
    meu trabalho do papel?
  • 6:49 - 6:51
    [O comércio é assustador]
  • 6:51 - 6:54
    Enquanto eu estava estancado no Vortex,
  • 6:54 - 6:56
    eu estava me prendendo a uma certa imagem
  • 6:56 - 6:59
    de como a edição especial
    supostamente deveria ser.
  • 6:59 - 7:02
    O livro deveria ter capa dura
    e encadernação em couro.
  • 7:02 - 7:04
    Deveria ser impresso em papel feito a mão.
  • 7:05 - 7:09
    Realmente, uma linda edição
    para colecionadores refinados
  • 7:09 - 7:12
    que estão procurando um antídoto
    contra a mídia digital.
  • 7:13 - 7:15
    Eu não tinha o dinheiro
    para pagar esse nível de produção.
  • 7:16 - 7:17
    Tinha um trabalho assalariado,
  • 7:17 - 7:21
    então eu nem sabia se teria tempo
    de coordenar esse tipo de produção.
  • 7:21 - 7:23
    Eu estava contando sobre isso a um amigo
  • 7:23 - 7:25
    durante um café,
  • 7:25 - 7:27
    e recordávamos sobre colecionar
    revistas em quadrinhos,
  • 7:27 - 7:31
    e me lembrei da empolgação que sentia
  • 7:31 - 7:33
    sempre que a nova edição
    do "O Espetacular Homem-Aranha"
  • 7:33 - 7:36
    aparecia inesperadamente
    na minha caixa de correspondência.
  • 7:36 - 7:38
    Então ele me disse:
  • 7:38 - 7:41
    "Por que seu projeto sobre o Poe
    tem que ser uma edição especial?
  • 7:41 - 7:44
    Por que não o separar
    em histórias individuais
  • 7:44 - 7:46
    e vender assinaturas
  • 7:46 - 7:48
    como num gibi ou revista?"
  • 7:48 - 7:50
    E isso fez um certo sentido.
  • 7:50 - 7:54
    Ou seja, por que uma edição especial
  • 7:54 - 7:55
    tinha de ser substancial?
  • 7:55 - 7:59
    Por que não poderia ser quebrada
    em periódicos colecionáveis?
  • 7:59 - 8:02
    Isso fazia sentido, pois o Poe
    não escrevia para edições especiais.
  • 8:02 - 8:04
    Os trabalhos dele apareciam em revistas.
  • 8:05 - 8:07
    Isso fazia sentido prático
  • 8:07 - 8:09
    porque eu poderia vender assinaturas
  • 8:09 - 8:13
    para poder levantar o dinheiro
    que precisava para iniciar o projeto.
  • 8:15 - 8:17
    Então eu fiz um site,
  • 8:17 - 8:19
    um tipo de visão geral do projeto.
  • 8:19 - 8:23
    Incluía uma página que permitia as pessoas
    a pagar pela assinatura via PayPal.
  • 8:24 - 8:25
    Eu faria quatro histórias,
  • 8:25 - 8:28
    o design e ilustraria
    cada uma individualmente,
  • 8:28 - 8:32
    enviaria um a cada 12 semanas
    no período de um ano.
  • 8:32 - 8:36
    Os assinantes não saberiam exatamente
    quando a nova edição chegaria,
  • 8:36 - 8:39
    e eu não diria quais quatro
    histórias eu iria fazer.
  • 8:40 - 8:42
    Com sorte, eles ficariam ansiosos
  • 8:42 - 8:46
    quando o novo volume inesperadamente
    chegasse na sua caixa de correspondência.
  • 8:46 - 8:48
    Agora, o projeto foi parar
  • 8:48 - 8:49
    no "Boing Boing",
  • 8:49 - 8:53
    e que me foi dito que tem leitores
    rivais do "thenewyorktimes.com",
  • 8:53 - 8:54
    (Risos)
  • 8:54 - 8:57
    e, bem, adivinhe o mês...
  • 8:57 - 9:00
    isso é um gráfico de tráfego
    no meu site...
  • 9:00 - 9:03
    adivinhem em qual mês
    eu vi a postagem no Boing Boing?
  • 9:04 - 9:05
    Muita gente do Boing Boing,
  • 9:05 - 9:09
    compartilhou no Twitter
    e no Facebook, postou em blogs.
  • 9:09 - 9:11
    A notícia se espalhou
    e, no final da primeira semana,
  • 9:11 - 9:15
    eu tinha arrecadado dinheiro suficiente
    para produzir meu primeiro volume.
  • 9:15 - 9:16
    Que ótimo!
  • 9:16 - 9:18
    Agora tem gente pagando por isso,
  • 9:18 - 9:19
    tenho essa responsabilidade.
  • 9:19 - 9:21
    Eu tive que produzir.
  • 9:21 - 9:23
    Porque senão, eu perderei a chance
  • 9:23 - 9:26
    e não seria apenas vergonhoso;
  • 9:26 - 9:28
    passaria a ser fraude, então.
  • 9:28 - 9:29
    (Risos)
  • 9:36 - 9:40
    Mas nada disso teria acontecido
    se eu tivesse me prendido àquela imagem
  • 9:40 - 9:43
    do que uma edição especial
    supostamente deveria ser.
  • 9:43 - 9:44
    Teria perdido toda a chance
  • 9:44 - 9:48
    das possibilidades na internet
    e nas conexões das redes sociais,
  • 9:48 - 9:51
    e essa edição nunca teria acontecido.
  • 9:53 - 9:57
    É fácil fugir do medo quando você
    não é responsabilizado por ninguém,
  • 9:57 - 10:00
    e outras pessoas tomam
    responsabilidade do seu trabalho.
  • 10:00 - 10:04
    Seus amigos, sua família,
    clientes, colegas...
  • 10:04 - 10:06
    é o envolvimento deles
  • 10:06 - 10:07
    que te encoraja,
  • 10:07 - 10:10
    ou te traz
  • 10:10 - 10:15
    o motivo para lidar com o medo
    que, de outra forma, te atrapalharia
  • 10:15 - 10:18
    de realmente fazer o trabalho.
  • 10:18 - 10:21
    Mas muito antes
    de alguém se responsabilizar,
  • 10:21 - 10:23
    você tem uma decisão simples a fazer.
  • 10:23 - 10:26
    Que é a escolha
    entre a certeza e a incerteza.
  • 10:26 - 10:29
    Você pode decidir entre dar
    o seu melhor no trabalho
  • 10:29 - 10:31
    e correr o risco
    de que isso não te faça feliz,
  • 10:32 - 10:35
    ou decidir em não dar o seu melhor
  • 10:36 - 10:39
    e ter a certeza
    que ele não vai te fazer feliz.
  • 10:40 - 10:44
    Eis então um caso de que um caminho
    incerto é o mais atrativo,
  • 10:44 - 10:47
    e acredito que o Poe iria gostar disso.
  • 10:47 - 10:49
    Obrigado pela atenção.
  • 10:49 - 10:50
    (Aplausos)
Title:
O que aprendi sobre o medo quando fiz ilustrações da obra de Edgar Allan Poe | Eric Mongeon | TEDxBoston
Description:

Eric Mongeon mistura o erudito e o popular para vencer o medo do desconhecido.

Eric Mongeon é um designer, ilustrador e diretor criativo, residente em Boston. Ele trabalha como diretor criativo na agência de mídia do MIT, a "MIT Technology Review", onde é responsável por definir a visão estratégica de design e a direção de todos os projetos de eventos, digitais e impressos. Anteriormente, ele foi o diretor criativo da revista "Boston" e operou um estúdio de design, trabalhando com clientes nas áreas de educação, tecnologia e cultura.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
10:58

Portuguese, Brazilian subtitles

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