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Stephanie Syjuco em "San Francisco Bay Area" - Temporada 9 - "Arte no Século 21"

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    STEPHANIE SYJUCO EM
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    ARTE NO SÉCULO 21
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    RICHMOND, CALIFÓRNIA
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    [máquina de costura funcionando]
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    Minha bagagem na escultura
    é bem tradicional,
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    no sentido de que passei quatro anos
    na escola de arte
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    apenas fazendo coisas, literalmente.
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    Fazer algo à mão significa
    que você vai processar aquilo.
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    A coisa vem à sua cabeça,
    passa pelo seu corpo,
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    e, então, é trazida ao mundo.
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    [máquina de costura em funcionamento]
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    Tenho interesse no modo como os objetos
    refletem momentos culturais.
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    E penso que eu esteja tentando descobrir
    por que valorizamos o que valorizamos.
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    Então, com
    o "Projeto de Falsificação em Crochê",
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    convidei artesãos de crochê
    de várias partes do mundo
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    para se unirem a mim na empreitada
    de piratear bolsas de design exclusivo.
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    Pedi que escolhessem uma bolsa de grife
    que gostariam de ter,
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    mas que não pudessem pagar,
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    que baixassem
    uma imagem dela da internet,
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    e, então, usando suas habilidades
    com o crochê, que a fizessem à mão.
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    E, curiosamente,
    isso provocou as pessoas,
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    de modo que muitas delas
    começaram a participar
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    e depois me mandavam fotos usando
    as bolsas que fizeram.
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    Foi divertido e descontraído, mas
    isso, sem dúvida, acabaria nos levando
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    a discussões maravilhosas sobre tudo
    nessa hierarquia no sistema da moda
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    até os esquemas globais
    de falsificação.
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    Acho que um dos motivos do meu interesse
    na pirataria, ou na imitação,
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    é, na verdade, uma extensão dessa ideia
    de que exista algo autêntico.
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    E, falando de uma perspectiva pessoal,
    estava muito curiosa para saber
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    o que seria um autêntico filipino.
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    Estava pensando bastante
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    sobre fotografia
    histórico etnográfica.
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    Especificamente sobre imagens
    que vi que foram tiradas nas Filipinas.
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    Toda a série foi feita
    em Omaha, Nebraska,
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    o que eu acho hilário.
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    Eu havia ido a alguns shoppings,
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    e, usando meu cartão de crédito,
    comprei artigos de consumo de massa,
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    fui para meu estúdio com eles,
    e os estilizei.
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    Então, devolvi todos para as lojas
    de departamento em troca de crédito.
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    Foi uma forma de pensar
    no que gostaríamos
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    de consumir naquelas imagens.
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    Sendo parte delas,
    mas também negando-as.
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    Isso é algo que...
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    É um retrato
    da minha mãe comigo.
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    Pouco tempo depois de chegarmos
    das Filipinas aos Estados Unidos.
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    E, então, no meu aniversário,
    ela decidiu me levar à Disneylândia.
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    Esse retrato, na verdade...
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    Acho que foi na Frontierland,
    onde você pode pagar por retratos
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    em que esteja vestindo
    esse figurino ocidental.
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    Penso que, nessa época,
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    experimentávamos
    essas identidades ficcionais, como:
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    "Como será que era ser
    um novo americano?"
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    Também é uma bela fotografia.
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    Aqui está minha mãe
    com 22 anos, linda,
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    comigo, essa menininha brava
    de quatro anos.
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    [risos]
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    [música "El Breve Espacio
    En Que No Estás"]
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    O título da minha nova mostra
    é "Cidadãos".
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    Acho que a política sempre esteve
    integrada ao meu trabalho.
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    Sejam por questões de colonialismo,
    ou capitalismo.
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    Mas diante da política atualmente,
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    eu tenho tentado pensar
    em formas
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    de trazê-la ainda mais
    para o primeiro plano.
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    -Prontos para lutar?
  • 4:37 - 4:38
    -Claro que sim!
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    -Prontos para lutar?
  • 4:39 - 4:40
    -Claro que sim!
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    A Baía de San Francisco tem sido
    um ponto de encontro potente
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    para muitos protestos
    recentemente.
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    E sinto como se tivesse
    estado no meio deles.
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    Digo, vemos o jornal,
    assistimos às imagens passando,
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    e ficamos tentando
    processar tudo isso.
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    Precisamos descobrir o tamanho
    da faixa de verdade.
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    Fui percebendo que uma das faixas,
    em particular, aparecia muito.
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    E, a depender da maneira
    como era segurada, ou como era exibida,
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    você poderia, ou não,
    conseguir ler o texto.
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    Então, baixei imagens dela,
    tracei no computador,
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    projetei ela em um pedaço
    de tecido mais largo,
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    e, então, costurei ela à mão.
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    Está escrito
    "Torne-se Ingovernável".
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    E é como se a própria faixa estivesse,
    ela mesma, tornando-se ingovernável.
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    Digo, tem extremidades soltas,
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    o próprio texto parece
    cair da página,
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    então, é como se incorporasse
    essa incapacidade de ser controlada.
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    Acho que um dos problemas
    dos slogans
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    é o fato de as pessoas tomarem
    seu significado como dado.
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    Então, você pode, ou se desligar dele,
    ou assentir com a cabeça.
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    Quando usei essas imagens de protesto,
    estava mais interessada, na verdade
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    pelo modo como eram filtradas
    através de canais da mídia.
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    Em muitos dos meus projetos,
    me interessa bastante a conexão
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    entre o analógico e o digital.
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    A partir disso, decidi costurar uma colcha
    xadrez que servisse como pano de fundo.
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    E ela se assemelha a um fundo
    de transparência do Photoshop.
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    Quando você recorta uma imagem
    no Photoshop,
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    o programa vai colocá-la em cima
    de um padrão xadrez bem estranho.
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    A ideia é apontar que a cultura
    digital não é neutra.
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    Se há um computador envolvido, isso
    não significa que não há trabalho humano.
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    Certo, vou entregar
    isso para você.
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    Sim, podemos tentar algo
    nesse sentido.
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    Sinto como se estivesse
    fazendo coisas de modo constante.
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    E, sinceramente, sinto como se existisse
    uma proporção relacionada ao meu trabalho.
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    Chamo de razão 80/20.
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    Nela, 80% do que eu faço
    é meio ruim.
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    Mas, de alguma forma, preciso
    produzi-lo para chegar aos 20%,
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    em que obtenho sucesso.
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    É como se fossem destroços,
    mas não exatamente.
  • 6:50 - 6:53
    Vocês compraram o tecido
    nessa cor?
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    Sim, isso é um tecido chroma key,
    a tela verde.
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    Eu andava gravitando sobre a ideia
    de trabalhar com chroma key.
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    Que é essa cor horrível
    e ácida.
  • 7:07 - 7:09
    Estou em frente
    a uma tela chroma key.
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    Qualquer coisa que fotografar ou filmar
    na frente desta tela,
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    você poderá substituir
    por qualquer outro fundo,
  • 7:15 - 7:18
    pode criar
    um cenário de fantasia...
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    Então, pensando tanto em política
    quanto em conflitos sociais,
  • 7:22 - 7:26
    e tudo que é permeado por isso,
    que acaba saturando tudo,
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    vemos que se tornou uma constante
    em nosso plano de fundo.
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    O que significaria, então,
    trazer o chroma key
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    para o centro da questão
    ao invés de ignorá-lo?
  • 7:34 - 7:36
    -Tudo bem.
    Pode pegar essa parte, Durham?
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    Virei cidadã americana aos 26 anos.
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    Ainda que eu estivesse morando aqui
    desde meus três anos de idade,
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    eu tive de tomar essa decisão,
    e, então, passar pelo processo
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    de teste de cidadania.
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    Beleza, eu sou...
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    Estive pensando muito sobre uma foto
    de 1942, de Dorothea Lange.
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    Ela tirou a foto da fachada
    de uma loja em Oakland,
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    onde um americano japonês
    tinha seu próprio negócio.
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    E diante da ameaça de aprisionamento
    para os japoneses,
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    ele colocou uma faixa na vitrine
    declarando "Eu sou americano".
  • 8:22 - 8:26
    Vamos amassar.
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    A ideia de que a cidadania pode ser
    tanto concedida quanto retirada
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    era algo
    que me interessava muito.
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    Pois sinto, de verdade, que houve
    muito trabalho por parte das pessoas
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    lutando com o significado
    de ser americano hoje.
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    Por exemplo,
    o que estamos reivindicando?
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    O que podemos nos tornar?
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    [som de captura do aparelho celular]
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    Meu estúdio atual é localizado
    em uma parte bem industrial da Baía.
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    É uma paisagem superficial
    de San Francisco, na verdade.
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    Então, olhando para além da água,
    é possível ver a cidade ao longe.
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    Eu cresci naquela cidade, sabe?
  • 9:18 - 9:22
    Mudei para Oakland
    há quatro anos,
  • 9:22 - 9:25
    porque não pude mais pagar pelo custo
    de viver em San Francisco.
  • 9:25 - 9:29
    Penso que essa área da Baía
    pode ser um ótimo espaço
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    para fermentação artística.
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    Não por ser fácil morar aqui,
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    porque não é fácil morar aqui.
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    Mas existem maneiras pelas quais
    os artistas podem criar uma comunidade,
  • 9:43 - 9:46
    e espaços para eles próprios aqui.
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    Se formos olhar para a complexidade
    de nossa cultura contemporânea,
  • 9:49 - 9:50
    nossa época política,
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    nossas realidades vividas, sabe?
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    Quero que meu trabalho
    seja tão complicado quanto isso.
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    Que não haja apenas uma forma
    de olhar para ele,
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    que dependendo da perspectiva
    você o veja de outro modo.
  • 10:12 - 10:15
    E também quero
    habitar contradições
  • 10:16 - 10:18
    Certo. Não se mexa.
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    Então, vendo imagens
    de protestos,
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    criamos uma espécie de
    personagens compostos.
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    E, então, são ficções.
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    Indivíduos de capuz preto
    são geralmente associados
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    com um tipo de ação
    muito direta.
  • 10:40 - 10:42
    Será um personagem que
    deve ser visto como problemático,
  • 10:43 - 10:46
    ou será algo que pode
    até mesmo gerar alguma empatia?
  • 10:46 - 10:48
    Há um retrato de uma pessoa coberta
    por um pano bem fino
  • 10:52 - 10:57
    de um xadrez cinza e branco.
  • 10:57 - 10:59
    O retrato é de uma pessoa
    que não tem documentos.
  • 10:59 - 11:00
    Para mim, é um assunto
    difícil de abordar, na verdade.
  • 11:00 - 11:03
    Dado o estado de nossa
    situação política atual,
  • 11:03 - 11:05
    essa pessoa pode ser pega
    a qualquer momento.
  • 11:05 - 11:08
    A depender da forma como você lê
    essa imagem, fala-se tanto de sua remoção,
  • 11:08 - 11:11
    quanto de sua proteção.
  • 11:12 - 11:15
    NOVA YORK
  • 11:15 - 11:17
    Uma possibilidade
    muito importante da arte
  • 11:20 - 11:22
    é de que se trata
    de um dispositivo de registro.
  • 11:23 - 11:25
    Quero dizer,
    ainda que seja subjetivo,
  • 11:26 - 11:28
    mas é um dispositivo que, através
    de um indivíduo, ou de um grupo deles,
  • 11:31 - 11:34
    processa uma situação
    do mundo,
  • 11:34 - 11:36
    e cria um ponto de vista subjetivo
    dessa situação.
  • 11:37 - 11:40
    Como evidência.
  • 11:40 - 11:44
    Não acho, de maneira nenhuma,
    que meu trabalho
  • 11:46 - 11:52
    vá realmente mudar o sistema.
  • 11:53 - 11:57
    O que me interessa, no entanto,
    é refletir uma possibilidade.
  • 11:58 - 12:00
    O que estou fazendo é absorver
    e processar o mundo à minha volta,
  • 12:00 - 12:06
    e isso se tornando político.
  • 12:06 - 12:11
    Não acho
    que eu tenha escolha mais.
  • 12:13 - 12:18
    É a minha realidade.
  • 12:18 - 12:21
    Para saber mais sobre o Art21
  • 12:41 - 12:44
    e nossas fontes educacionais,
    visite nosso site pbs.org/art21.
  • 12:44 - 12:47
    A nona temporada do Arte no Século 21 está
    disponível em DVD.
  • 12:47 - 12:49
    Para adquirir,
    acesse shop.pbs.org ou ligue 1-800 play PBS.
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    Este programa também
    está disponível para download no iTunes.
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Title:
Stephanie Syjuco em "San Francisco Bay Area" - Temporada 9 - "Arte no Século 21"
Description:

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Video Language:
English
Team:
Art21
Project:
"Art in the Twenty-First Century" broadcast series
Duration:
14:45

Portuguese, Brazilian subtitles

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