Dan Ariely sobre nosso código moral distorcido
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0:01 - 0:03Hoje eu gostaria de falar para vocês
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0:03 - 0:06um pouco sobre irracionalidade previsível.
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0:06 - 0:10Meu interesse em comportamento irracional
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0:10 - 0:13começou muitos anos atrás no hospital.
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0:13 - 0:17Eu sofri uma queimadura muito séria.
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0:17 - 0:20E se você passa muito tempo no hospital,
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0:20 - 0:23você vê muitos tipos de irracionalidades.
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0:23 - 0:28E a que me incomodou em especial na enfermaria de queimados
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0:28 - 0:32foi a forma como as enfermeiras tiravam as ataduras de mim.
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0:33 - 0:35Então, vocês todos já tiraram um Band-Aid de alguém,
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0:35 - 0:38e vocês devem ter se perguntado qual é a abordagem certa.
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0:38 - 0:42Você tira ele rapidamente -- pouca duração mas alta intensidade --
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0:42 - 0:44ou você tira o Band-Aid lentamente --
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0:44 - 0:48você leva um longo tempo, mas cada segundo não é tão dolorido --
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0:48 - 0:51qual destas abordagens é a abordagem certa?
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0:51 - 0:55As enfermeiras do meu departamento pensavam que a abordagem certa
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0:55 - 0:58era a de arrancar, então elas pegavam e arrancavam,
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0:58 - 1:00e elas pegavam e arrancavam.
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1:00 - 1:04Como tinha 70% do meu corpo queimado, isso levava uma hora.
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1:04 - 1:07Como vocês podem imaginar,
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1:07 - 1:11eu odiava esse procedimento com uma intensidade incrível.
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1:11 - 1:13E eu tentava conversar com elas e dizer,
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1:13 - 1:14“Por que não tentamos algo diferente?
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1:14 - 1:16Por que não levamos um pouco mais de tempo --
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1:16 - 1:21talvez duas horas ao invés de uma -- com um pouco menos de intensidade?”
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1:21 - 1:23Elas me diziam duas coisas.
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1:23 - 1:27Elas diziam que conheciam o perfil do paciente --
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1:27 - 1:30e que sabiam qual era a forma certa de minimizar a minha dor --
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1:30 - 1:33e também me diziam que a palavra paciente não significava
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1:33 - 1:35fazer sugestões ou interferir ou ...
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1:35 - 1:38E esse significado para paciente não ocorre somente em Hebraico.
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1:38 - 1:41Ocorre em todos os idiomas com que me envolvi até agora.
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1:41 - 1:45E, vocês sabem, não tem muito -- não tinha muito que eu pudesse fazer,
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1:45 - 1:48e elas continuaram fazendo o que estavam fazendo.
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1:48 - 1:50Mais ou menos três anos depois, quando eu deixei o hospital,
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1:50 - 1:53comecei a estudar na universidade.
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1:53 - 1:56E uma das lições mais interessantes que eu aprendi
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1:56 - 1:58foi que existe um método experimental,
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1:58 - 2:02se você tem um problema você pode criar uma réplica deste problema
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2:02 - 2:06de alguma forma abstrata, você pode investigar esse problema,
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2:06 - 2:08e talvez aprender algo sobre o mundo.
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2:08 - 2:10Então foi isso que eu fiz.
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2:10 - 2:11Eu ainda estava interessado
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2:11 - 2:13na questão de tirar ataduras de pacientes queimados.
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2:13 - 2:16A princípio eu não tinha muito dinheiro,
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2:16 - 2:20então fui a uma loja de ferramentas comprar uma morsa.
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2:20 - 2:24E eu trazia pessoas ao laboratório e colocava o dedo delas na morsa,
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2:24 - 2:26e apertava um pouquinho.
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2:26 - 2:28(risos)
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2:28 - 2:31Eu apertava por períodos longos e por períodos curtos,
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2:31 - 2:33e com dor que aumentava e diminuía,
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2:33 - 2:37e com descansos e sem descansos – todas as variações da dor.
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2:37 - 2:39E quando eu terminava de machucar as pessoas, eu perguntava,
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2:39 - 2:41“Então, quão dolorido foi isso?"
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2:41 - 2:43"Se você tivesse de escolher,
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2:43 - 2:45qual você escolheria?”
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2:45 - 2:48(risos)
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2:48 - 2:51E continuei fazendo isso por mais um tempo.
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2:51 - 2:53(risos)
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2:53 - 2:57E depois, como todos os bons projetos acadêmicos, consegui mais recursos.
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2:57 - 2:59Passei para sons, choques elétricos --
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2:59 - 3:04eu até tinha uma espécie de roupa que podia fazer as pessoas sentirem muito mais dor.
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3:04 - 3:08Mas no fim da pesquisa,
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3:08 - 3:11eu aprendi que as enfermeiras estavam erradas.
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3:11 - 3:14Aqui estavam pessoas maravilhosas com boas intenções
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3:14 - 3:16e muita experiência, e ainda assim
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3:16 - 3:20elas estavam errando previsivelmente o tempo todo.
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3:20 - 3:23Uma vez que não percebemos a duração
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3:23 - 3:25da mesma forma que percebemos a intensidade,
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3:25 - 3:29eu teria tido menos dor se a duração fosse mais longa
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3:29 - 3:31e a intensidade mais baixa.
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3:31 - 3:34Seria melhor começar com o meu rosto,
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3:34 - 3:36que era muito mais dolorido, depois as pernas,
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3:36 - 3:39me dando uma sensação de melhora ao longo do tempo --
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3:39 - 3:40o que seria menos dolorido.
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3:40 - 3:42E também teria sido melhor
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3:42 - 3:44me dar descansos no meio para eu me recuperar da dor.
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3:44 - 3:46Todas estas seriam atitudes ótimas,
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3:46 - 3:49e as minhas enfermeiras não faziam a menor idéia.
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3:49 - 3:50A partir daquele momento eu comecei a pensar,
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3:50 - 3:53as enfermeiras são as únicas pessoas no mundo que entendem as coisas de forma errada,
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3:53 - 3:56ou isto acontece de uma forma mais geral?
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3:56 - 3:58No fim isto acontece de uma forma mais geral --
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3:58 - 4:01existem muitos erros que fazemos.
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4:01 - 4:06E quero lhes dar mais um exemplo de uma destas irracionalidades,
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4:06 - 4:09quero falar para vocês sobre a trapaça.
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4:09 - 4:11A razão pela qual escolhi a trapaça é porque é algo interessante,
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4:11 - 4:13mas também nos diz algo, eu acho,
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4:13 - 4:16sobre a situação econômica que nos encontramos.
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4:16 - 4:19Então, meu interesse na trapaça começou
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4:19 - 4:21quando a Enron entrou em cena, explodiu de repente,
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4:21 - 4:24e eu comecei a pensar sobre o que estava acontecendo aqui.
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4:24 - 4:25Será que era o caso onde
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4:25 - 4:28apenas algumas maçãs podres eram capazes de fazer estas coisas,
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4:28 - 4:30ou nós estamos com uma situação mais endêmica,
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4:30 - 4:34onde muitas pessoas são capazes de se comportar desta forma?
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4:34 - 4:38Então, como geralmente fazemos, decidi fazer um experimento simples.
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4:38 - 4:39E foi assim que ocorreu.
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4:39 - 4:42Se você estivesse no experimento, eu lhe entregaria uma folha de papel
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4:42 - 4:46com vinte problemas matemáticos simples que todo mundo consegue resolver,
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4:46 - 4:48mas eu não lhe daria tempo suficiente para resolve-los.
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4:48 - 4:50Depois de cinco minutos, eu diria,
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4:50 - 4:53“Me passem as folhas, e eu vou lhes dar um dólar por resposta correta.”
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4:53 - 4:57As pessoas obedeciam. Eu pagava quatro dólares --
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4:57 - 4:59na média as pessoas resolviam quatro problemas.
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4:59 - 5:02Outras pessoas eu induziria à trapaça.
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5:02 - 5:03Eu entregava as folhas.
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5:03 - 5:05Quando os cinco minutos tivessem acabado, eu dizia,
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5:05 - 5:06“Por favor destruam a folha de papel.
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5:06 - 5:09Coloquem os pedaços no seu bolso ou na sua mochila,
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5:09 - 5:12e me digam quantas respostas vocês responderam corretamente.”
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5:12 - 5:15As pessoas agora resolviam sete questões em média.
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5:15 - 5:20Então, não era como se houvessem poucas maçãs podres --
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5:20 - 5:23poucas pessoas trapaceavam muito.
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5:23 - 5:26Ao invés disso, o que nós vimos foi que muitas pessoas trapaceavam um pouco.
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5:26 - 5:29Então, na teoria econômica,
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5:29 - 5:32trapacear é uma questão de custo-benefício.
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5:32 - 5:34Você se pergunta, qual a probabilidade de ser pego?
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5:34 - 5:37Quanto eu posso ganhar através da trapaça?
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5:37 - 5:39E qual a punição que eu receberia se fosse pego?
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5:39 - 5:41E você pesaria essas opções --
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5:41 - 5:43você analisa o custo-benefício,
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5:43 - 5:46e você decide se vale a pena cometer o crime ou não.
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5:46 - 5:48Então, nós resolvemos testar isto.
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5:48 - 5:52Para algumas pessoas nós variamos quanto dinheiro elas conseguiriam --
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5:52 - 5:53quanto dinheiro elas poderiam roubar.
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5:53 - 5:56Nós pagamos à elas dez centavos por resposta correta, cinquenta centavos,
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5:56 - 5:59um dólar, cinco dólares, dez dólares por resposta correta.
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5:59 - 6:03Você esperaria que à medida que a quantia de dinheiro aumentasse,
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6:03 - 6:06as pessoas roubariam mais, mas na verdade este não foi o caso.
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6:06 - 6:09Encontramos muitas pessoas roubando apenas um pouco.
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6:09 - 6:12E quanto à probabilidade de ser pego?
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6:12 - 6:14Algumas pessoas destruíam metade da folha de papel,
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6:14 - 6:15de tal forma que sobrava alguma evidência.
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6:15 - 6:17Outras pessoas destruíam toda a folha de papel.
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6:17 - 6:20Algumas pessoas destruíam toda a folha, saíam da sala,
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6:20 - 6:23e pegavam o dinheiro de um pote com mais de cem dólares.
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6:23 - 6:26Seria esperado que à medida que a probabilidade de ser pego diminuísse,
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6:26 - 6:29as pessoas roubariam mais, mas de novo, não foi o caso.
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6:29 - 6:32De novo, muitas pessoas trapacearam, mas apenas por pouco dinheiro,
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6:32 - 6:35e elas foram insensíveis a esses incentivos econômicos.
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6:35 - 6:36Então nós nos perguntamos,
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6:36 - 6:41“Se as pessoas são insensíveis às explicações da teoria econômica, a estas forças,
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6:41 - 6:44o que poderia estar acontecendo?”
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6:44 - 6:47E pensamos que talvez existam duas forças.
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6:47 - 6:49Por um lado, todos queremos olhar para o espelho
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6:49 - 6:52e nos sentirmos bem, e não queremos trapacear.
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6:52 - 6:54Por outro lado, podemos trapacear um pouco,
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6:54 - 6:56e ainda nos sentirmos bem.
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6:56 - 6:57Então, talvez o que esteja acontecendo
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6:57 - 6:59é que existe um nível de trapaça que não conseguimos superar,
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6:59 - 7:03mas ainda podemos nos beneficiar trapaceando apenas um pouco,
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7:03 - 7:06contanto que não mude a impressão que temos sobre nós mesmos.
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7:06 - 7:09Chamamos isso de um fator pessoal de enganação.
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7:10 - 7:14Agora, como se testaria um fator pessoal de enganação?
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7:14 - 7:18Inicialmente dizemos, “O que podemos fazer para diminuir o fator de enganação?”
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7:18 - 7:20Então, chamamos pessoas ao laboratório e dizemos,
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7:20 - 7:22“Nós temos duas tarefas para vocês hoje.”
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7:22 - 7:23Primeiro, pedimos à metade
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7:23 - 7:25das pessoas que se lembrassem
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7:25 - 7:28ou de dez livros que leram na escola, ou dos Dez Mandamentos,
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7:28 - 7:30e depois nós induzimos elas a trapacearem.
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7:30 - 7:33No fim, as pessoas que tentaram se lembrar dos Dez Mandamentos --
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7:33 - 7:35e na nossa amostra ninguém conseguiu --
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7:36 - 7:40mas aqueles que tentaram se lembrar dos Dez Mandamentos,
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7:40 - 7:43dada a oportunidade de trapacear, não trapacearam nada.
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7:43 - 7:45Não aconteceu que as pessoas mais religiosas --
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7:45 - 7:46as que mais se lembraram -- trapacearam menos,
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7:46 - 7:48e as menos religiosas --
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7:48 - 7:49as pessoas que menos se lembraram --
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7:49 - 7:51trapacearam mais.
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7:51 - 7:55No momento em que as pessoas pensaram nos Dez Mandamentos,
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7:55 - 7:56elas pararam de trapacear.
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7:56 - 7:58Na verdade, mesmo quando demos à ateus
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7:58 - 8:02a tarefa de jurar sobre a bíblia e lhes demos a oportunidade de trapacear,
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8:02 - 8:04elas não trapacearam nem um pouco.
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8:06 - 8:08Agora, "Os Dez Mandamentos" é algo difícil
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8:08 - 8:10de integrar ao sistema de educação, então dissemos,
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8:10 - 8:12“Por que não pedimos as pessoas para assinar um código de honra?”
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8:12 - 8:14Então, fizemos as pessoas assinarem,
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8:14 - 8:18“Eu entendo que esta curta pesquisa se insere no Código de Honra do MIT.”
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8:18 - 8:21Depois elas rasgaram a declaração. Nenhuma trapaça ocorreu.
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8:21 - 8:22E isto é particularmente interessante,
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8:22 - 8:24porque o MIT não tem um código de honra.
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8:24 - 8:29(risos)
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8:29 - 8:33Então, tudo isto foi sobre diminuir o fator de enganação.
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8:33 - 8:36E quanto a aumentar o fator de enganação?
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8:36 - 8:38O primeiro experimento -- eu dei uma volta no MIT
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8:38 - 8:41e distribui garrafas de Coca-Cola nas geladeiras --
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8:41 - 8:43estas eram geladeiras usadas pelos estudantes de graduação.
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8:43 - 8:46E eu voltei com uma medida do que foi tecnicamente chamado
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8:46 - 8:50de a meia-vida da Coca -- quanto tempo ela dura nas geladeiras?
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8:50 - 8:53Como você pode esperar, não dura muito tempo. As pessoas tomam.
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8:53 - 8:57Em contraste, eu peguei um prato com seis notas de um dólar,
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8:57 - 9:00e deixei os pratos dentro das mesmas geladeiras.
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9:00 - 9:01As notas nunca desapareceram.
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9:01 - 9:04Este não é um bom experimento de ciência social,
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9:04 - 9:07então para fazê-lo melhor eu fiz a mesma experiência
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9:07 - 9:09que eu descrevi a vocês antes.
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9:09 - 9:12Para um terço das pessoas nós entregamos a folha, elas nos devolveram.
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9:12 - 9:15Para um terço das pessoas nós também entregamos as folhas, elas as destruíram,
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9:15 - 9:16e disseram para nós,
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9:16 - 9:19“Senhor Pesquisador, eu resolvi X problemas. Dê-me X dólares.”
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9:19 - 9:22Outro terço das pessoas, quando elas terminavam de destruir o pedaço de papel,
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9:22 - 9:24elas vinham até nós e diziam,
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9:24 - 9:30“Senhor Pesquisador, eu resolvi X problemas. Dê-me X fichas.”
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9:30 - 9:33Nós não as pagamos em dinheiro. Pagamos com outra coisa.
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9:33 - 9:36E depois elas pegavam essa outra coisa, andavam quatro metros para o lado,
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9:36 - 9:38e trocavam por dinheiro.
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9:38 - 9:40Pense na seguinte situação:
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9:40 - 9:43Quão mal você se sentiria por roubar um lápis do trabalho,
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9:43 - 9:45comparado com quão mal você se sentiria
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9:45 - 9:47por roubar dez centavos de uma caixinha de dinheiro?
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9:47 - 9:50Os sentimentos gerados são muito diferentes.
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9:50 - 9:53Será que estar a um passo de distância do dinheiro por alguns segundos
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9:53 - 9:56ao ser pago por fichas faria alguma diferença?
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9:56 - 9:58Nossos participantes trapacearam em dobro.
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9:58 - 10:00Eu vou lhes falar sobre o que penso
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10:00 - 10:02sobre isto e o mercado de ações em um minuto.
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10:03 - 10:07Mas isto ainda não resolve o grande problema que eu tinha com a Enron,
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10:07 - 10:10porque na Enron, também existe um elemento social.
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10:10 - 10:11As pessoas vêem o comportamento das outras.
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10:11 - 10:13Na verdade, todo o dia vemos notícias
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10:13 - 10:15de pessoas trapaceando.
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10:15 - 10:18O que isto causa em nós?
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10:18 - 10:19Então, fizemos outro experimento.
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10:19 - 10:22Pegamos um grupo grande de estudantes para um experimento,
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10:22 - 10:23e lhes demos um adiantamento.
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10:23 - 10:26Então todos receberam um envelope com o dinheiro da pesquisa,
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10:26 - 10:28e lhes dissemos que no fim,
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10:28 - 10:32deveriam nos pagar de volta o dinheiro que eles não mereciam levar. OK?
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10:32 - 10:33A mesma coisa acontece.
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10:33 - 10:35Quando damos às pessoas a oportunidade da trapaça, elas trapaceiam.
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10:35 - 10:38Apenas um pouco, mas trapaceiam.
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10:38 - 10:41Mas neste experimento também contratamos um estudante ator.
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10:41 - 10:45Depois de 30 segundos este estudante se levantou, e disse,
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10:45 - 10:48“Eu resolvi tudo. O que faço agora?”
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10:48 - 10:52E o pesquisador disse, “Se você terminou tudo, vá para casa.”
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10:52 - 10:53E era isto, acabou.
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10:53 - 10:57Então, agora nós tínhamos um estudante -- um estudante ator --
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10:57 - 10:59que era parte do grupo.
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10:59 - 11:01Ninguém sabia que ele era um ator.
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11:01 - 11:05E ele trapaceava de uma forma muito, muito séria.
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11:05 - 11:08O que aconteceria com as outras pessoas no grupo?
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11:08 - 11:11Elas trapaceariam mais, ou trapaceariam menos?
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11:11 - 11:13Eis o que acontece.
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11:13 - 11:17No fim, depende da camiseta que elas estão usando.
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11:17 - 11:19Funciona assim:
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11:19 - 11:22Fizemos este experimento na Carnegie Mellon e Pittsburgh.
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11:22 - 11:24E em Pittsburgh existem duas universidades grandes,
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11:24 - 11:27Carnegie Mellon e Universidade de Pittsburgh.
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11:27 - 11:29Todos os alunos no experimento
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11:29 - 11:31eram estudantes da Carnegie Mellon.
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11:31 - 11:35Quando o ator que levantava era um estudante da Carnegie Mellon --
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11:35 - 11:37de fato ele era da Carnegie Mellon --
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11:37 - 11:41mas ele era parte do grupo deles, a trapaça aumentou.
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11:41 - 11:45Mas quando ele tinha uma camiseta da Universidade de Pittsburgh,
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11:45 - 11:47a trapaça diminuiu.
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11:47 - 11:50(risos)
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11:50 - 11:53Agora, isto é importante, porque lembrem-se,
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11:53 - 11:55quando o estudante se levantou,
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11:55 - 11:58ficou claro para todo mundo que eles poderiam trapacear sem serem pegos,
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11:58 - 12:00porque o pesquisador disse,
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12:00 - 12:02“Você terminou tudo. Vá para casa” e ele foi embora com o dinheiro.
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12:02 - 12:05Então, de novo não era tanto sobre a probabilidade de ser pego.
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12:05 - 12:08Era sobre as regras da trapaça.
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12:08 - 12:11Se alguém do nosso grupo faz a trapaça e nós vemos ele trapaceando,
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12:11 - 12:15sentimos que é mais apropriado, como um grupo, fazer o mesmo.
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12:15 - 12:17Mas se é alguém de outro grupo, estas pessoas terríveis --
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12:17 - 12:19quero dizer, não terríveis nisso --
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12:19 - 12:21mas alguém com quem nós não queremos nos associar,
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12:21 - 12:23de outra universidade, outro grupo,
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12:23 - 12:26a honestidade das pessoas aumenta --
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12:26 - 12:28um pouco semelhante ao experimento dos Dez Mandamentos --
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12:28 - 12:32e as pessoas trapaceiam menos ainda.
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12:32 - 12:36Então, o que aprendemos sobre a trapaça com isso?
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12:36 - 12:39Aprendemos que muitas pessoas são capazes de trapacear.
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12:39 - 12:42Elas trapaceiam somente um pouco.
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12:42 - 12:46Quando relembramos as pessoas sobre a sua moralidade, elas trapaceiam menos.
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12:46 - 12:49Quando tomamos uma distância maior da trapaça,
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12:49 - 12:53do dinheiro, por exemplo, as pessoas trapaceiam mais.
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12:53 - 12:55E quando vemos a trapaça em nossa volta,
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12:55 - 12:59especialmente se é parte do nosso grupo, a trapaça aumenta.
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12:59 - 13:02Agora, se pensamos sobre isso em termos do mercado de ações,
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13:02 - 13:03pense no que acontece.
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13:03 - 13:06O que acontece na situação em que se cria algo
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13:06 - 13:08onde se paga muito dinheiro para pessoas
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13:08 - 13:11verem a realidade de uma forma um pouco distorcida?
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13:11 - 13:14Eles não seriam capazes de ver isto desta forma?
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13:14 - 13:15É claro que eles seriam.
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13:15 - 13:16O que acontece quando fazemos outras coisas,
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13:16 - 13:18como quando afastamos as coisas do dinheiro?
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13:18 - 13:21Quando as chamamos de ações, ou opções, derivativos,
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13:21 - 13:22títulos apoiados por hipotecas comerciais.
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13:22 - 13:25Seria possível que com estas coisas mais distantes,
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13:25 - 13:27que não são apenas uma ficha por um segundo,
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13:27 - 13:29mas algo que está a muitos passos de distância do dinheiro
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13:29 - 13:33por muito mais tempo -- será possível que as pessoas vão roubar ainda mais?
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13:33 - 13:35E o que acontece ao ambiente social
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13:35 - 13:38quando as pessoas vêem o comportamento das outras em sua volta?
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13:38 - 13:42Eu acho que todas estas forças funcionam de uma forma muito ruim
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13:42 - 13:44no mercado de ações.
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13:44 - 13:47De forma mais geral, gostaria de lhes falar algo
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13:47 - 13:50sobre economia comportamental.
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13:50 - 13:54Temos muitas intuições na nossa vida,
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13:54 - 13:57e acontece que muitas destas intuições estão erradas.
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13:57 - 14:00A questão é, nós vamos testar estas intuições?
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14:00 - 14:02Podemos pensar sobre como iremos testar esta intuição
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14:02 - 14:04na nossa vida privada, nos negócios,
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14:04 - 14:07e principalmente quando ela entra na política,
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14:07 - 14:10quando pensamos em algo como a política do “No Child Left Behind”,
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14:10 - 14:13quando criamos novos mercados de ações, quando criamos novas políticas --
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14:13 - 14:16taxação, seguro saúde e etc.
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14:16 - 14:18E a dificuldade de testar nossa intuição
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14:18 - 14:20foi a grande lição que eu aprendi
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14:20 - 14:22quando voltei para falar com as enfermeiras no hospital.
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14:22 - 14:24Então eu voltei para falar para elas
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14:24 - 14:27as coisas que eu havia aprendido sobre remover as ataduras.
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14:27 - 14:29E aprendi duas coisas interessantes.
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14:29 - 14:31Uma foi que a minha enfermeira favorita, Ettie,
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14:31 - 14:35me disse que eu não levei a dor dela em consideração.
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14:35 - 14:37Ela disse, “Claro, você sabe, era muito dolorido para você.
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14:37 - 14:39Mas pense em mim como uma enfermeira,
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14:39 - 14:41removendo as ataduras de alguém que eu gostava,
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14:41 - 14:44e tinha que fazer isso repetidamente em um período longo de tempo.
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14:44 - 14:47Criar tanta tortura era algo que também não era bom para mim.”
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14:47 - 14:52E ela disse, que talvez esta era parte da razão pela qual era tão difícil para ela.
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14:52 - 14:55Mas na verdade era mais interessante do que isto, porque ela disse,
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14:55 - 15:00“Eu não achei que a sua intuição estava correta,
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15:00 - 15:01achei que a minha estava correta.”
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15:01 - 15:03Então, se você pensar sobre suas intuições,
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15:03 - 15:07é muito difícil acreditar que a sua intuição está errada.
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15:07 - 15:10E ela disse, dado o fato de que ela achava que a sua intuição estava certa --
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15:10 - 15:12ela pensou que a intuição dela estava certa --
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15:12 - 15:17era muito difícil para ela aceitar fazer algum experimento complicado
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15:17 - 15:19para verificar se ela estava errada.
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15:19 - 15:23Mas na verdade, esta é a situação em que nos encontramos todo o tempo.
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15:23 - 15:26Temos intuições muito fortes sobre todos os tipos de coisas --
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15:26 - 15:29nossa própria habilidade, como a economia funciona,
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15:29 - 15:31como deveríamos pagar professores nas escolas.
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15:31 - 15:34Mas ao menos que comecemos a testar estas intuições,
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15:34 - 15:36nós não iremos melhorar.
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15:36 - 15:38Pense o quão melhor a minha vida teria sido
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15:38 - 15:40se aquelas enfermeiras conferissem a intuição delas,
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15:40 - 15:41e como tudo seria melhor
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15:41 - 15:46se fizéssemos experimentos sistemáticos sobre a nossa intuição.
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15:46 - 15:48Muito obrigado.
- Title:
- Dan Ariely sobre nosso código moral distorcido
- Speaker:
- Dan Ariely
- Description:
-
Economista comportamental Dan Ariely estuda as falhas no nosso código moral: as razões ocultas pelas quais achamos certo trapacear ou roubar (às vezes). Estudos criativos apoiam sua teoria de que somos previsivelmente irracionais -- e podemos ser influenciados de formas que não conseguimos nem imaginar.
- Video Language:
- English
- Team:
closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:03