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A poderosa revelação pelo derrame

  • 0:00 - 0:02
    Decidi estudar o cérebro
  • 0:02 - 0:07
    por ter um irmão diagnosticado
    com uma doença cerebral: a esquizofrenia.
  • 0:07 - 0:11
    E como irmã, e mais tarde como cientista,
  • 0:11 - 0:16
    eu quis compreender
    por que posso pegar meus sonhos,
  • 0:16 - 0:18
    conectá-los com a minha realidade,
  • 0:18 - 0:21
    e fazer com que se realizem.
  • 0:21 - 0:24
    O que acontece com o cérebro
    do meu irmão e a esquizofrenia dele,
  • 0:25 - 0:30
    que ele não consegue conectar seus sonhos
    a uma realidade comum e compartilhada,
  • 0:30 - 0:32
    e, em vez disso, os sonhos dele
    se transformam em delírios?
  • 0:32 - 0:37
    Portanto, dediquei minha carreira
    à pesquisa de doenças mentais graves.
  • 0:37 - 0:40
    Eu me mudei do meu estado natal,
    Indiana, para Boston,
  • 0:40 - 0:44
    onde trabalhei no laboratório
    da Dra. Francine Benes,
  • 0:44 - 0:47
    no departamento de psiquiatria de Harvard.
  • 0:47 - 0:50
    E no laboratório, perguntávamos:
  • 0:50 - 0:53
    "Quais são as diferenças biológicas
  • 0:53 - 0:57
    entre os cérebros de indivíduos
    diagnosticados como controle normal,
  • 0:57 - 1:00
    em comparação aos cérebros de indivíduos
  • 1:00 - 1:05
    diagnosticados com esquizofrenia,
    transtorno esquizoafetivo ou bipolaridade?
  • 1:05 - 1:09
    Então, essencialmente, mapeávamos
    os microcircuitos do cérebro:
  • 1:09 - 1:12
    quais células se comunicam
    com quais células,
  • 1:12 - 1:14
    com quais químicos,
  • 1:14 - 1:17
    e em quais quantidades destes químicos?
  • 1:17 - 1:19
    Então minha vida tinha muito significado,
  • 1:19 - 1:23
    pois eu estava realizando
    este tipo de pesquisa durante o dia,
  • 1:23 - 1:26
    mas à noite e aos finais de semana,
  • 1:26 - 1:32
    eu viajava como uma defensora da NAMI,
    a Aliança Nacional de Doenças Mentais.
  • 1:32 - 1:35
    Mas, na manhã de 10 de dezembro de 1996,
  • 1:35 - 1:39
    eu acordei e descobri que tinha
    a minha própria doença mental.
  • 1:39 - 1:44
    Uma veia explodiu
    do lado esquerdo do meu cérebro.
  • 1:44 - 1:46
    E, no curso de quatro horas,
  • 1:46 - 1:49
    pude ver meu cérebro
    se deteriorar completamente
  • 1:49 - 1:53
    com relação à capacidade
    de processar informações.
  • 1:53 - 1:55
    Na manhã da hemorragia,
  • 1:55 - 2:00
    eu não podia andar, falar, ler, escrever,
    ou me lembrar de nada da minha vida.
  • 2:00 - 2:04
    Essencialmente, tornei-me uma criança
    no corpo de uma mulher.
  • 2:05 - 2:07
    Se você alguma vez
    já viu um cérebro humano,
  • 2:07 - 2:12
    é óbvio que os dois hemisférios
    são completamente separados um do outro.
  • 2:12 - 2:14
    Eu tenho aqui um cérebro humano real.
  • 2:17 - 2:20
    (Risos)
  • 2:25 - 2:27
    Este é um cérebro humano real.
  • 2:28 - 2:30
    Esta é a parte frontal do cérebro,
  • 2:30 - 2:33
    a parte de trás, com a medula
    espinhal pendurada,
  • 2:33 - 2:37
    e é assim que ele estaria posicionado
    dentro da minha cabeça.
  • 2:38 - 2:39
    Quando olhamos para o cérebro,
  • 2:39 - 2:42
    é óbvio que os dois córtices cerebrais
  • 2:43 - 2:45
    estão completamente separados um do outro.
  • 2:46 - 2:48
    Para quem entende de computadores,
  • 2:48 - 2:52
    o nosso hemisfério direito funciona
    como um processador paralelo,
  • 2:52 - 2:56
    enquanto o nosso hemisfério esquerdo
    funciona como um processador serial.
  • 2:56 - 2:59
    Os dois hemisférios se comunicam
  • 2:59 - 3:01
    através do corpo caloso,
  • 3:01 - 3:05
    composto por aproximadamente
    300 milhões de fibras axonais.
  • 3:05 - 3:09
    Mas, fora isso, os dois hemisférios
    estão completamente separados.
  • 3:09 - 3:13
    Como processam informações
    de forma diferente,
  • 3:13 - 3:16
    cada um dos hemisférios
    pensa sobre coisas diferentes,
  • 3:16 - 3:20
    cuidam de coisas diferentes e, ouso dizer,
  • 3:20 - 3:22
    eles têm personalidades muito diferentes.
  • 3:25 - 3:29
    Desculpe. Obrigada. Foi um prazer.
  • 3:29 - 3:30
    Assistente: Foi, sim.
  • 3:30 - 3:33
    (Risos)
  • 3:33 - 3:38
    Jill Bolte Taylor: O nosso hemisfério
    direito tem a ver com o momento atual.
  • 3:38 - 3:42
    É sobre o "aqui e agora".
  • 3:42 - 3:45
    O nosso hemisfério direito
    pensa em figuras,
  • 3:45 - 3:50
    e aprende cinestesicamente,
    através do movimento do nosso corpo.
  • 3:50 - 3:52
    As informações, na forma de energia,
  • 3:52 - 3:57
    fluem simultaneamente através
    de todos os nossos sistemas sensoriais,
  • 3:57 - 4:03
    e depois explodem em uma enorme colagem
    do visual deste momento atual,
  • 4:03 - 4:07
    do cheiro deste momento, do seu gosto,
  • 4:07 - 4:11
    do seu sentimento e do seu som.
  • 4:11 - 4:17
    Sou um ser de energia conectado
    com a energia ao meu redor
  • 4:17 - 4:20
    através da consciência
    do meu hemisfério direito.
  • 4:20 - 4:24
    Somos seres de energia
    conectados uns aos outros
  • 4:24 - 4:27
    através da consciência
    do nosso hemisfério direito
  • 4:27 - 4:29
    como uma única família humana.
  • 4:29 - 4:34
    E aqui, agora, somos irmãos
    e irmãs neste planeta,
  • 4:34 - 4:37
    aqui, para fazer do mundo um lugar melhor.
  • 4:37 - 4:43
    E neste momento somos perfeitos,
    somos completos e somos lindos.
  • 4:44 - 4:49
    Meu hemisfério esquerdo, nosso hemisfério
    esquerdo, é um lugar muito diferente.
  • 4:49 - 4:53
    Nosso hemisfério esquerdo
    pensa linear e metodicamente.
  • 4:54 - 4:59
    Nosso hemisfério esquerdo
    tem a ver com o passado e com o futuro.
  • 4:59 - 5:01
    Nosso hemisfério esquerdo é projetado
  • 5:01 - 5:05
    para pegar aquela enorme
    colagem do momento atual,
  • 5:05 - 5:10
    e começar a selecionar detalhes, detalhes
    e mais detalhes sobre estes detalhes.
  • 5:10 - 5:14
    E depois categoriza e organiza
    toda aquela informação,
  • 5:14 - 5:18
    associa com tudo
    que já aprendemos no passado,
  • 5:18 - 5:21
    e projeta no futuro
    todas as nossas possibilidades.
  • 5:22 - 5:26
    E o nosso hemisfério esquerdo
    pensa em linguagem.
  • 5:26 - 5:31
    É aquela conversa cerebral contínua
    que conecta a mim a meu mundo interno
  • 5:31 - 5:33
    com o meu mundo externo.
  • 5:33 - 5:36
    É aquela voz que diz:
  • 5:36 - 5:40
    "Lembre-se de comprar bananas
    quando estiver voltando para casa.
  • 5:40 - 5:41
    Preciso delas pela manhã".
  • 5:41 - 5:43
    É a inteligência calculista
  • 5:43 - 5:47
    que faz com que eu lembre
    quando tenho que lavar roupa.
  • 5:47 - 5:52
    Mas, talvez o mais importante,
    é aquela voz que diz:
  • 5:52 - 5:55
    "Eu sou. Eu sou".
  • 5:55 - 5:59
    E assim que meu hemisfério
    esquerdo me diz: "Eu sou",
  • 5:59 - 6:01
    fico separada.
  • 6:01 - 6:03
    Eu me transformo
    em um indivíduo sólido, único,
  • 6:03 - 6:06
    separado do fluxo de energia ao meu redor
  • 6:06 - 6:08
    e separado de vocês.
  • 6:08 - 6:13
    E foi esta parte do meu cérebro que perdi
    na manhã em que sofri o derrame.
  • 6:13 - 6:15
    Na manhã que sofri o derrame,
  • 6:15 - 6:20
    acordei com uma dor aguda
    atrás do meu olho esquerdo.
  • 6:20 - 6:25
    Era aquele tipo de dor cáustica, aquela
    que você sente quando morde um sorvete.
  • 6:25 - 6:26
    E a dor me pegava
  • 6:27 - 6:29
    e depois me soltava.
  • 6:29 - 6:31
    E me pegava
  • 6:31 - 6:33
    e depois soltava.
  • 6:33 - 6:36
    E era muito incomum para mim
    sentir qualquer tipo de dor,
  • 6:36 - 6:40
    então, pensei: "Tudo bem,
    vou começar minha rotina normal".
  • 6:40 - 6:42
    Então fui para o meu Cardio Glider,
  • 6:42 - 6:45
    que é um aparelho completo
    de exercício corporal.
  • 6:46 - 6:48
    E lá estava eu, fazendo o exercício,
  • 6:48 - 6:53
    e reparei que minhas mãos
    pareciam garras primitivas
  • 6:53 - 6:56
    agarrando a barra.
  • 6:56 - 6:58
    E eu pensei: "Isto é muito estranho".
  • 6:58 - 7:03
    E olhei para o meu corpo e pensei:
    "Uau, eu sou uma coisa muito esquisita".
  • 7:03 - 7:06
    E foi como se minha
    consciência tivesse saído
  • 7:06 - 7:08
    da minha percepção normal da realidade,
  • 7:08 - 7:11
    onde eu sou a pessoa no aparelho,
  • 7:11 - 7:13
    e tivesse ido para um espaço esotérico
  • 7:13 - 7:16
    onde pude ver a mim mesma
    passando por esta experiência.
  • 7:17 - 7:20
    E foi tudo muito estranho,
    e a dor de cabeça estava piorando.
  • 7:20 - 7:22
    Então, saí do aparelho,
  • 7:22 - 7:24
    fui caminhando pela minha sala de estar,
  • 7:24 - 7:29
    e senti que tudo dentro do meu corpo
    tinha ficado muito lento.
  • 7:29 - 7:32
    E cada passo estava
    muito rígido e calculado.
  • 7:32 - 7:35
    Não havia fluidez no meu ritmo,
  • 7:35 - 7:38
    e havia uma constrição
    na minha área de percepções,
  • 7:38 - 7:41
    então fiquei focada
    nos meus sistemas internos.
  • 7:41 - 7:44
    E lá estava eu, de pé no meu banheiro,
    prestes a entrar no chuveiro,
  • 7:44 - 7:47
    e eu pude realmente ouvir
    o diálogo dentro do meu corpo.
  • 7:47 - 7:51
    Ouvi uma voz dizendo: "Certo, vocês,
    músculos, precisam se contrair.
  • 7:51 - 7:52
    E vocês, músculos, relaxem".
  • 7:52 - 7:57
    Então perdi meu equilíbrio,
    e me apoiei contra a parede.
  • 7:57 - 7:59
    Olhei para o meu braço
  • 7:59 - 8:04
    e percebi que não conseguia mais
    definir os limites do meu corpo.
  • 8:04 - 8:08
    Não consigo definir
    onde eu começo e onde eu termino,
  • 8:08 - 8:10
    pois os átomos e as moléculas do meu braço
  • 8:10 - 8:14
    se misturaram com os átomos
    e as moléculas da parede.
  • 8:14 - 8:18
    E tudo o que eu conseguia
    sentir era essa energia. Energia.
  • 8:18 - 8:22
    E fiquei perguntando: "O que há
    de errado comigo? O que se passa?"
  • 8:22 - 8:26
    E naquele momento, a conversa cerebral
    do meu hemisfério esquerdo,
  • 8:26 - 8:28
    ficou em silêncio total.
  • 8:28 - 8:32
    Como se alguém pegasse um controle remoto
    e apertasse a tecla "mudo".
  • 8:32 - 8:33
    Silêncio completo.
  • 8:34 - 8:38
    No início fiquei chocada por estar
    dentro de uma mente silenciosa.
  • 8:38 - 8:42
    Mas então fiquei imediatamente fascinada
  • 8:42 - 8:45
    pelo esplendor da energia ao meu redor.
  • 8:45 - 8:49
    E como eu não conseguia mais
    identificar os limites do meu corpo,
  • 8:49 - 8:53
    me senti enorme e expansiva.
  • 8:53 - 8:58
    Senti-me conectada com toda a energia
    que havia, e aqjuilo era tão lindo.
  • 8:58 - 9:01
    E de repente meu hemisfério
    esquerdo voltou a se ligar,
  • 9:01 - 9:05
    e disse: "Ei, temos um problema!
    Temos um problema! Precisamos de ajuda".
  • 9:05 - 9:08
    E então eu pensei:
    "Ah, eu tenho um problema.
  • 9:08 - 9:09
    (Risos)
  • 9:09 - 9:11
    Então eu disse: "Certo,
    tenho um problema".
  • 9:11 - 9:15
    Mas então voltei imediatamente
    para a consciência;
  • 9:15 - 9:19
    e eu me refiro carinhosamente
    a este espaço como a "Terra da Alegria".
  • 9:20 - 9:21
    Mas era lindo lá.
  • 9:21 - 9:24
    Imagine como seria
    estar completamente desconectado
  • 9:24 - 9:28
    da sua conversa cerebral,
    que conecta você ao mundo externo.
  • 9:28 - 9:30
    Então estou nesse espaço,
  • 9:30 - 9:34
    e o meu trabalho, e qualquer estresse
    relacionado a ele, tinha desaparecido.
  • 9:34 - 9:37
    Senti-me mais leve no meu corpo.
  • 9:38 - 9:41
    E imagine: todos os relacionamentos
    no mundo externo
  • 9:41 - 9:44
    e qualquer fator estressante relacionado
    a eles tinham desaparecido.
  • 9:44 - 9:47
    Senti esta noção de tranquilidade.
  • 9:48 - 9:51
    E imagine o que seria livrar-se
  • 9:51 - 9:54
    de 37 anos de bagagem emocional!
  • 9:54 - 10:00
    (Risos) Oh! Senti euforia.
  • 10:00 - 10:02
    Euforia.
  • 10:02 - 10:03
    Foi lindo.
  • 10:03 - 10:06
    E então, novamente,
    meu hemisfério esquerdo se liga e diz:
  • 10:06 - 10:09
    "Ei! Você precisa prestar atenção.
    Precisamos de ajuda".
  • 10:09 - 10:11
    E eu pensei: "Preciso de ajuda.
    Preciso me concentrar".
  • 10:11 - 10:14
    Então saí do chuveiro,
    me vesti mecanicamente
  • 10:14 - 10:15
    e fiquei andando pelo meu apartamento,
  • 10:15 - 10:20
    pensando: "Tenho que ir para o trabalho,
    tenho que ir trabalhar. Posso dirigir?"
  • 10:20 - 10:24
    E naquele momento meu braço direito
    ficou completamente paralisado.
  • 10:24 - 10:28
    Então percebi... "Caramba! Estou tendo
    um derrame! Estou tendo um derrame!"
  • 10:28 - 10:31
    E a próxima coisa que o meu cérebro diz é:
  • 10:31 - 10:33
    "Uau! Isso é tão legal".
  • 10:33 - 10:35
    (Risos)
  • 10:35 - 10:37
    "Isso é tão legal!
  • 10:37 - 10:39
    Quantos cientistas do cérebro
    têm a oportunidade
  • 10:39 - 10:42
    de estudar seu próprio cérebro
    de dentro para fora?"
  • 10:42 - 10:44
    (Risos)
  • 10:44 - 10:48
    E então pensei: "Mas eu sou
    uma mulher muito ocupada!"
  • 10:48 - 10:49
    (Risos)
  • 10:49 - 10:51
    "Não tenho tempo para ter um derrame!"
  • 10:51 - 10:54
    Então pensei: "Certo,
    não posso impedir o derrame,
  • 10:54 - 10:58
    então vou fazer isto por uma semana
    ou duas, depois volto para a minha rotina.
  • 10:58 - 11:01
    Certo. Então preciso de ajuda.
    Preciso ligar para o trabalho".
  • 11:01 - 11:03
    Eu não lembrava do número,
    mas lembrei que no escritório
  • 11:03 - 11:06
    tinha um cartão de visita
    com meu número de telefone.
  • 11:06 - 11:11
    Fui para o escritório, e peguei uma pilha
    de quase oito centímetros de cartões.
  • 11:11 - 11:12
    Eu olhava para o primeiro cartão
  • 11:12 - 11:17
    e, mesmo conseguindo ver claramente
    na minha mente como era o meu cartão,
  • 11:17 - 11:20
    eu não conseguia dizer
    se este era ou não o meu cartão,
  • 11:20 - 11:22
    pois eu só conseguia ver pixels.
  • 11:22 - 11:26
    E os pixels das palavras
    se misturavam com os pixels do fundo
  • 11:26 - 11:29
    e os pixels dos símbolos,
    e eu não sabia se era o cartão.
  • 11:29 - 11:32
    Então esperei pelo que eu chamo
    de "onda de clareza".
  • 11:32 - 11:37
    Naquele momento, eu conseguiria
    me reconectar com a realidade normal
  • 11:37 - 11:41
    e poderia dizer: "Este não é o cartão.
    Este também não. Este também não".
  • 11:41 - 11:47
    Demorei 45 minutos para ver
    três centímetros da pilha de cartões.
  • 11:47 - 11:49
    Enquanto isso, por 45 minutos,
  • 11:49 - 11:51
    a hemorragia foi aumentando
    no meu hemisfério esquerdo.
  • 11:52 - 11:54
    Já não entendo números,
    já não entendo o telefone,
  • 11:55 - 11:56
    mas é meu único plano.
  • 11:56 - 11:59
    Então peguei o telefone e coloquei aqui,
  • 11:59 - 12:01
    peguei o cartão e coloquei aqui,
  • 12:01 - 12:05
    e fiquei comparando
    o formato dos rabiscos no cartão
  • 12:05 - 12:08
    com o formato dos rabiscos no telefone.
  • 12:08 - 12:11
    Mas eu voltava para a Terra da Alegria,
  • 12:11 - 12:15
    e, quando eu voltava, não me lembrava
    se já tinha discado aqueles números.
  • 12:15 - 12:19
    Então peguei o meu braço
    paralisado como um tronco
  • 12:19 - 12:23
    e ia cobrindo os números
    conforme ia discando,
  • 12:23 - 12:26
    de forma que, quando
    eu voltasse para a realidade normal,
  • 12:26 - 12:30
    eu conseguia dizer:
    "Sim, já disquei este número".
  • 12:30 - 12:34
    Finalmente, disquei o número inteiro,
    estou ouvindo o telefone,
  • 12:34 - 12:37
    meu colega atende o telefone e me diz:
  • 12:38 - 12:39
    "Uoo uoo uoo uoo".
  • 12:39 - 12:43
    (Risos)
  • 12:43 - 12:45
    E eu pensei:
  • 12:45 - 12:48
    "Meu Deus, ele parece
    um Golden Retriever!"
  • 12:48 - 12:49
    (Risos)
  • 12:49 - 12:53
    Então eu disse para ele,
    claramente na minha mente, eu disse:
  • 12:53 - 12:54
    "Aqui é a Jill! Preciso de ajuda!"
  • 12:54 - 12:58
    E o que saiu da minha voz foi:
    "Uoo uoo uoo uoo".
  • 12:58 - 13:01
    E pensei: "Nossa, eu pareço
    um Golden Retriever".
  • 13:01 - 13:03
    Portanto, eu não podia saber
  • 13:03 - 13:06
    que não conseguia falar ou compreender
    a linguagem até ter tentado.
  • 13:06 - 13:10
    Ele percebeu que eu precisava
    de ajuda e me ajudou.
  • 13:10 - 13:14
    Um pouco depois, estou indo na ambulância
  • 13:14 - 13:17
    de um hospital por Boston,
    para o Hospital Geral de Massachusetts.
  • 13:18 - 13:20
    Eu me enrolei em posição fetal.
  • 13:21 - 13:28
    E como um balão com um resto de ar
  • 13:28 - 13:30
    saindo direto do balão,
  • 13:30 - 13:35
    senti minha energia subir e simplesmente
    senti meu espírito se entregar.
  • 13:36 - 13:42
    E, naquele momento, eu sabia que eu
    já não era a coreógrafa da minha vida.
  • 13:42 - 13:46
    Ou os médicos resgatavam o meu corpo
    e me davam uma segunda chance,
  • 13:46 - 13:50
    ou este talvez seria
    meu momento de transição.
  • 13:55 - 13:57
    Quando acordei depois naquela tarde,
  • 13:57 - 14:01
    fiquei chocada ao descobrir
    que ainda estava viva.
  • 14:02 - 14:07
    Quando senti meu espírito se entregar,
    eu disse adeus à minha vida.
  • 14:07 - 14:09
    E a minha mente estava agora suspensa
  • 14:09 - 14:14
    entre dois planos completamente
    opostos de realidade.
  • 14:14 - 14:17
    Os estímulos vindo através
    dos meus sistemas sensoriais
  • 14:17 - 14:19
    eram de pura dor.
  • 14:19 - 14:22
    A luz queimava meu cérebro
    como um incêndio,
  • 14:22 - 14:26
    e os sons eram tão altos e caóticos
  • 14:26 - 14:30
    que eu não conseguia captar uma voz
    do ruído geral de fundo,
  • 14:30 - 14:32
    e eu só queria fugir.
  • 14:33 - 14:38
    Como eu não conseguia identificar
    a posição do meu corpo no espaço,
  • 14:38 - 14:42
    me sentia enorme e expansiva,
  • 14:42 - 14:45
    como um gênio que acaba
    de sair da garrafa.
  • 14:47 - 14:49
    E o meu espírito planava livre,
  • 14:49 - 14:55
    como uma grande baleia deslizando
    por um mar de euforia silenciosa.
  • 14:57 - 14:58
    Nirvana.
  • 14:58 - 15:01
    Encontrei o Nirvana.
  • 15:03 - 15:04
    E eu lembro que pensei:
  • 15:04 - 15:09
    não vou conseguir comprimir
    essa grandeza que sou,
  • 15:09 - 15:11
    de volta neste corpo minúsculo.
  • 15:14 - 15:17
    Mas então percebi: "Mas estou viva!
  • 15:17 - 15:20
    Eu ainda estou viva e encontrei o Nirvana.
  • 15:20 - 15:24
    E se eu encontrei o Nirvana
    e ainda estou viva,
  • 15:24 - 15:28
    então todas as pessoas que estão vivas
    podem encontrar o Nirvana".
  • 15:30 - 15:32
    E vi um mundo
  • 15:32 - 15:38
    repleto de pessoas lindas, pacíficas,
    compassivas, amorosas,
  • 15:38 - 15:41
    que sabiam que poderiam ir
    para este lugar a qualquer momento.
  • 15:42 - 15:46
    E que poderiam intencionalmente escolher
  • 15:46 - 15:48
    ir para o lado direito
    de seus hemisférios esquerdos
  • 15:50 - 15:52
    e encontrar esta paz.
  • 15:52 - 15:53
    E então pude ver
  • 15:53 - 15:57
    que dádiva maravilhosa
    esta experiência poderia ser,
  • 15:57 - 16:03
    que revelação esse derrame poderia trazer,
    sobre como vivemos as nossas vidas.
  • 16:04 - 16:07
    E isto me motivou a me recuperar.
  • 16:10 - 16:13
    Duas semanas e meia depois da hemorragia,
  • 16:13 - 16:17
    os cirurgiões removeram um coágulo
    de sangue do tamanho de uma bola de golfe
  • 16:17 - 16:19
    que estava pressionando
    meus centros de linguagem.
  • 16:19 - 16:22
    Aqui estou eu com minha mãe,
    que é um anjo na minha vida.
  • 16:24 - 16:27
    Demorei oito anos
    para me recuperar completamente.
  • 16:29 - 16:31
    Quem somos nós?
  • 16:31 - 16:36
    Somos a força de vida do universo,
  • 16:36 - 16:40
    com destreza manual
    e duas mentes cognitivas.
  • 16:41 - 16:44
    E temos o poder de escolher,
    a cada momento,
  • 16:44 - 16:47
    quem e como desejamos ser no mundo.
  • 16:48 - 16:49
    Aqui, agora,
  • 16:49 - 16:54
    eu posso ir para a consciência
    do meu hemisfério direito, onde estamos.
  • 16:54 - 16:57
    Eu sou a força de vida no universo.
  • 16:57 - 17:03
    Sou a força de vida de 50 trilhões
    de lindos gênios moleculares
  • 17:03 - 17:06
    que criam o meu formato,
    junto com o todo que existe.
  • 17:07 - 17:12
    Ou, posso escolher ir para a consciência
    do meu hemisfério esquerdo,
  • 17:12 - 17:16
    onde sou um indivíduo único, sólido.
  • 17:16 - 17:19
    Separada do fluxo, separada de vocês.
  • 17:19 - 17:21
    Eu sou a Dra. Jill Bolte Taylor:
  • 17:21 - 17:24
    intelectual, neuroanatomista.
  • 17:26 - 17:30
    Estes são os "nós" dentro de mim.
  • 17:31 - 17:33
    Qual você escolheria?
  • 17:36 - 17:37
    Qual você escolhe?
  • 17:39 - 17:40
    E quando?
  • 17:43 - 17:45
    Acredito que quanto mais tempo investirmos
  • 17:45 - 17:48
    escolhendo ir para o circuito
    profundo de paz interna
  • 17:48 - 17:50
    do nosso hemisfério direito,
  • 17:50 - 17:54
    mais paz vamos projetar no mundo,
  • 17:54 - 17:56
    e mais pacífico o nosso planeta vai ser.
  • 17:57 - 18:00
    E eu pensei que esta é uma ideia
    que valia a pena ser espalhada.
  • 18:01 - 18:02
    Obrigada.
  • 18:02 - 18:05
    (Aplausos)
Title:
A poderosa revelação pelo derrame
Speaker:
Jill Bolte Taylor
Description:

Jill Bolte Taylor teve uma oportunidade de pesquisa que poucos cientistas cerebrais desejariam: ela sofreu um grave derrame, e observa enquanto suas funções de movimento, fala e autoconsciência entram em falência, uma a uma. Uma história incrível.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:21
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for My stroke of insight
Claudia Sander edited Portuguese, Brazilian subtitles for My stroke of insight
Laura Mayumi Hashimoto commented on Portuguese, Brazilian subtitles for My stroke of insight
TED added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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