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Porque é que os sismos são tão difíceis de prever? — Jean-Baptiste P. Koehl

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    No ano 132 da nossa era,
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    o polímata chinês Zhang Heng
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    apresentou à corte de Han
    a sua última invenção.
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    "Este grande vaso", declarou,
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    "pode dizer-vos quando ocorreu
    um tremor de terra no vosso reino",
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    incluindo a direção
    em que deviam enviar socorro.
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    A corte ficou um tanto ou quanto cética,
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    especialmente quando o aparelho
    tilintou numa tarde aparentemente calma.
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    Mas, quando chegaram os mensageiros
    pedindo socorro, dias depois,
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    as dúvidas transformaram-se
    em gratidão.
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    Hoje, já não confiamos em vasos
    para identificar abalos sísmicos,
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    mas os tremores de terra continuam
    a colocar problemas únicos
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    aos que tentam despistá-los.
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    Porque é que os tremores de terra
    são tão difíceis de prever
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    e como é que podemos melhorar
    na sua previsão?
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    Para responder a isso,
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    precisamos de perceber algumas teorias
    por detrás da ocorrência dos sismos.
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    A crosta terrestre é formada por várias
    placas de rocha, enormes e divididas,
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    chamadas placas tectónicas.
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    Cada uma delas disposta sobre uma camada
    parcialmente fundida do manto da Terra.
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    Isto faz com que as placas
    se separem muito lentamente,
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    entre 1 a 20 centímetros por ano.
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    Mas estes pequenos movimentos
    são suficientemente poderosos
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    para provocar profundas rachas
    nas placas interativas.
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    Nas zonas instáveis,
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    a pressão que se vai intensificando
    pode acabar por provocar um sismo.
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    É muito difícil monitorar
    estes movimentos minúsculos
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    mas os fatores que transformam
    as alterações em abalos sísmicos
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    são muito mais variados.
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    Diferentes falhas justapõem
    diferentes rochas
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    — algumas delas mais fortes,
    ou mais fracas — sob pressão.
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    Diversas rochas também reagem
    de modo diferente
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    à fricção e a altas temperaturas.
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    Algumas derretem parcialmente,
    e podem libertar fluidos lubrificantes
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    feitos de minerais super aquecidos
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    que reduzem a fricção das falhas.
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    Mas algumas delas ficam secas,
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    sujeitas a perigosos aumentos de pressão.
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    Todas essas falhas estão sujeitas
    a forças gravitacionais variáveis,
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    assim como a correntes de rochas em fusão
    que se movem pelo manto da Terra.
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    Quais destas variáveis ocultas
    devem ser analisadas
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    e como é que elas se encaixam
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    no nosso crescente arsenal
    de instrumentos de previsão?
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    Como algumas dessas forças
    ocorrem a ritmos constantes,
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    o comportamento das placas,
    de certo modo, é cíclico.
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    Hoje, muitas das pistas mais fiáveis
    provêm de previsões a longo prazo,
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    relacionadas quando e onde ocorreram
    anteriores tremores de terra.
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    Numa escala de milénios,
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    isso permite-nos fazer previsões
    sobre quando falhas muito ativas,
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    como a de Santo André,
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    estão em vias de sofrer um grande
    tremor de terra.
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    Mas, devido
    às muitas variáveis envolvidas,
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    este método só pode prever
    datas muito aproximadas.
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    Para prever ocorrências mais iminentes,
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    os investigadores
    têm estudado as vibrações
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    que a Terra emite
    antes de um sismo.
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    Há muito que os geólogos
    usam sismógrafos
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    para medir e mapear essas pequenas
    alterações na crosta terrestre.
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    Atualmente, a maior parte
    dos "smartphones"
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    também conseguem registar
    ondas sísmicas primárias.
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    Com uma rede de telemóveis
    por todo o planeta,
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    os cientistas podiam montar
    um sistema de aviso popular
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    pormenorizado, que alerte
    as pessoas para um possível sismo.
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    Infelizmente, os telemóveis não
    conseguem fornecer as notícias
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    com a antecedência necessária
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    para pôr em prática
    protocolos de segurança.
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    Mas essas leituras pormenorizadas
    podem ser úteis
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    para os instrumentos de previsão
    como o "software" Quakesim da NASA,
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    que podem usar uma mistura rigorosa
    de informações geológicas
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    para identificar as regiões em risco.
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    Contudo, recentes estudos indicam
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    que os sinais mais indicadores de um sismo
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    podem ser invisíveis
    a todos esses sensores.
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    Em 2011,
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    pouco antes de um tremor de terra
    atingir a costa leste do Japão,
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    investigadores nas proximidades registaram
    surpreendentes concentrações altas
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    do par de isótopos radioativos:
    rádon e tóron.
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    Quando a pressão aumenta na crosta
    imediatamente antes de um sismo,
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    as microfraturas permitem que esses gases
    se escapem para a superfície.
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    Os cientistas pensam que a criação
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    de uma ampla rede
    de detetores de rádon-tóron,
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    em áreas propensas a sismos,
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    podia ser um sistema de aviso promissor,
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    podendo prever sismos
    com uma semana de antecedência.
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    Claro, nenhuma destas tecnologias
    seria tão útil
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    como espreitar simplesmente
    para o interior da Terra.
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    Com uma visão mais profunda,
    poderíamos conseguir
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    despistar e prever alterações geológicas
    de grande escala, em tempo real,
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    podendo poupar centenas
    de milhares de vidas por ano.
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    Mas, para já,
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    estas tecnologias podem ajudar-nos
    a preparar e a reagir rapidamente
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    em áreas em dificuldade,
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    sem esperarmos pelas direções
    dadas por um vaso.
Title:
Porque é que os sismos são tão difíceis de prever? — Jean-Baptiste P. Koehl
Speaker:
Jean-Baptiste P. Koehl
Description:

Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/why-are-earthquakes-so-hard-to-predict-jean-baptiste-p-koehl

No ano 132 da nossa era, o polímata chinês Zhang Heng apresentou a sua última invenção: um grande vaso que, afirmou, diria quando ocorrera um tremor de terra a centenas de quilómetros. Hoje, já não confiamos em vasos como sistemas de aviso, mas os sismos continuam a pôr problemas aos que tentam despistá-los. Porque é que os sismos são tão difíceis de prever e como podemos melhorar quanto à sua previsão? Jean-Baptiste P. Koehl investiga.

Lição de Jean-Baptiste P. Koehl, realização de Cabong Studios.

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English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:41

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