< Return to Video

Toda a História do Império Português

  • 0:10 - 0:13
    Isto é um mapa
    das rotas marítimas mundiais
  • 0:15 - 0:17
    ilustrando a complicada rede
    de rotas marítimas
  • 0:17 - 0:20
    que ligam o nosso mundo moderno
    através do comércio global.
  • 0:21 - 0:24
    Embora algumas destas rotas
    tenham sido instituídas mais recentemente,
  • 0:24 - 0:26
    como o Canal do Suez
    e o Canal do Panamá,
  • 0:27 - 0:30
    a maioria destas autoestradas oceânicas
    foram criadas há muito
  • 0:31 - 0:34
    numa época em que não havia
    nenhum meio de navegação fiável
  • 0:34 - 0:37
    para além do conhecimento local
    e de alguns mapas rudimentares.
  • 0:38 - 0:41
    Contudo, há mais de 500 anos,
  • 0:41 - 0:43
    no início do século XVI,
  • 0:43 - 0:47
    estas rotas comerciais internacionais
    nem sequer existiam.
  • 0:48 - 0:52
    Foi devido ao aparecimento de Portugal,
    um pequeno país ibérico,
  • 0:52 - 0:54
    enquanto superpotência marítima,
  • 0:54 - 0:57
    que se tornaram possíveis estas ligações
    para outras partes do mundo.
  • 0:57 - 1:01
    Graças às suas viagens ousadas
    e proezas de navegação.
  • 1:01 - 1:04
    Portugal rapidamente criou o seu império,
  • 1:05 - 1:09
    que se estendia da África à Ásia,
    e à América doSul.
  • 1:09 - 1:12
    Estas explorações marítimas
    alimentaram a riqueza de Portugal
  • 1:12 - 1:14
    e um espantoso aumento de poder,
  • 1:14 - 1:18
    e também lançaram as bases
    para a economia global interligada
  • 1:18 - 1:20
    de que beneficiamos hoje.
  • 1:20 - 1:24
    Mas como é que este país, relativamente
    obscuro, nos confins da Europa,
  • 1:24 - 1:28
    conseguiu forjar um império
    que iria alterar o curso da História
  • 1:28 - 1:30
    nos séculos posteriores?
  • 1:30 - 1:33
    Esta é a História do Império Português.
  • 1:37 - 1:41
    Todos os nossos vídeos estão disponíveis,
    sem anúncios, na nossa página Substack.
  • 1:42 - 1:44
    Também podem ler os guiões originais
  • 1:44 - 1:47
    assim como ouvir a geração áudio
    como podcasts
  • 1:48 - 1:50
    seguindo a ligação
    que se encontra na descrição
  • 1:50 - 1:52
    e subscrevendo, com o vosso email.
  • 1:52 - 1:53
    Obrigado.
  • 1:54 - 1:57
    O reino de Portugal surgiu
    a partir duma série de acontecimentos
  • 1:57 - 2:00
    conhecidos na História por Reconquista
  • 2:00 - 2:02
    que foi a gradual reconquista
    das terras cristãs
  • 2:02 - 2:05
    da Península Ibérica,
    aos mouros muçulmanos
  • 2:05 - 2:08
    que tinham invadido o território
    no século VIII,
  • 2:09 - 2:11
    Ao estabelecerem-se
    como um reino soberano,
  • 2:11 - 2:13
    em meados do século XII,
  • 2:13 - 2:16
    os portugueses foram empurrando
    para sul os últimos mouros
  • 2:16 - 2:20
    conquistando o território
    dos Algarves em 1249
  • 2:20 - 2:23
    e instituindo as fronteiras do seu reino
  • 2:23 - 2:25
    segundo as mesmas linhas
    das que existem ainda hoje.
  • 2:26 - 2:28
    Com o território assegurado
    contra ameaças exteriores
  • 2:29 - 2:32
    e excluída a possibilidade
    de maior expansão na Península Ibérica,
  • 2:32 - 2:34
    dadas as relações de amizade
  • 2:34 - 2:37
    com o reino vizinho de Castela,
    um reino cristão a leste,
  • 2:37 - 2:39
    Portugal virou as atenções para o mar
  • 2:39 - 2:42
    e a possibilidade de exercer
    a sua influência
  • 2:42 - 2:46
    sobre o mar e sobre as terras
    no norte de África.
  • 2:47 - 2:51
    O ano de 1415 marcou um momento
    fundamental na expansão portuguesa
  • 2:51 - 2:55
    com a decisão de orquestrar
    um ataque à cidade de Ceuta,
  • 2:55 - 2:57
    que estava na posse
    do Sultanato Merínida
  • 2:58 - 2:59
    Embora muita gente, na altura,
  • 2:59 - 3:03
    achasse que aquilo não passava
    da continuação das hostilidades
  • 3:03 - 3:04
    entre cristãos e muçulmanos,
  • 3:04 - 3:07
    na realidade já abria caminho
    para os portugueses
  • 3:07 - 3:10
    expandirem os seus domínios
    e interesses económicos
  • 3:10 - 3:12
    para além da Península Ibérica
  • 3:12 - 3:15
    e marcou o início
    do Império Português.
  • 3:16 - 3:18
    Apesar de conquistarem a cidade,
  • 3:18 - 3:21
    os portugueses não conseguiram
    avançar mais no norte de África,
  • 3:21 - 3:23
    conforme tinham planeado inicialmente,
  • 3:23 - 3:26
    devido à resistência determinada
    das forças muçulmanas locais.
  • 3:26 - 3:29
    Apesar disso, mantiveram
    a guarnição em Ceuta
  • 3:29 - 3:31
    e usaram o porto como base
  • 3:31 - 3:34
    para explorar a costa atlântica de África.
  • 3:34 - 3:36
    Esta política de exploração marítima
  • 3:36 - 3:38
    foi implementada
    por uma figura proeminente
  • 3:38 - 3:40
    nos primeiros dias
    do Império Português:
  • 3:40 - 3:43
    o Príncipe Henrique, o Navegador.
  • 3:43 - 3:44
    Ele tinha curiosidade em saber
  • 3:44 - 3:47
    até onde os territórios
    muçulmanos em África
  • 3:47 - 3:48
    se estendiam para sul
  • 3:48 - 3:51
    e se seria possível chegar a Ásia
    por uma rota marítima no sul,
  • 3:52 - 3:57
    Assim, muitos barcos portugueses
    começaram a partir para o Oceano Atlântico
  • 3:57 - 3:59
    rodeando a costa do norte de África
  • 3:59 - 4:04
    avançando cada vez mais no que
    naquela altura eram águas desconhecidas.
  • 4:04 - 4:06
    As ilhas da Madeira e dos Açores
  • 4:06 - 4:10
    foram citadas pela primeira vez
    em 1419 e 1421, respetivamente
  • 4:10 - 4:12
    e foram posteriormente incorporadas
  • 4:12 - 4:15
    como as mais recentes adições
    do Império Poruguês em expansão.
  • 4:16 - 4:18
    Uma das primeiras barreiras naturais
  • 4:18 - 4:21
    que os portugueses encontraram
    na suas explorações
  • 4:21 - 4:22
    foi o Cabo Bojador.
  • 4:22 - 4:25
    As águas revoltas que o rodeiam
    sacrificaram muitos navios
  • 4:25 - 4:27
    que tentaram dobrá-lo
  • 4:27 - 4:30
    e quase toda a gente considerava
    que era um ponto de não retorno.
  • 4:30 - 4:32
    Isso até 1434,
  • 4:32 - 4:35
    quando Gil Eanes encontrou
    a passagem navegável
  • 4:35 - 4:37
    para dobrar o cabo
  • 4:37 - 4:39
    e alargou a exploração para sul,
  • 4:39 - 4:41
    na direção da África subsaariana.
  • 4:41 - 4:43
    Mal este feito foi conseguido
  • 4:43 - 4:46
    logo os mercadores de Lisboa
    começaram a procurar
  • 4:46 - 4:48
    mercados mais recentes e mais exóticos
  • 4:48 - 4:50
    que pudessem negociar.
  • 4:50 - 4:54
    Ouro, marfim, pimenta, algodão e açúcar,
    tudo proveniente de África,
  • 4:54 - 4:56
    em breve passaram a ser vulgares
  • 4:56 - 4:58
    nas bancas comerciais de Lisboa
  • 4:58 - 5:01
    tal como a prática de venda
    de escravos africanos
  • 5:01 - 5:05
    que dava início à longa e negra história
    do comércio transatlântico de escravos
  • 5:05 - 5:08
    que iria continuar durante
    os 400 anos seguintes.
  • 5:09 - 5:12
    Durante as subsequentes décadas
    do século XV,
  • 5:12 - 5:14
    os portugueses avançaram
    cada vez mais para sul,
  • 5:14 - 5:16
    pela costa de África abaixo,
  • 5:16 - 5:19
    chegando às ilhas de Cabo Verde
    em 1456
  • 5:19 - 5:22
    e ao Golfo da Guiné, na década de 1460.
  • 5:22 - 5:25
    À medida que exploravam,
    colocavam uma série de padrões,
  • 5:26 - 5:29
    cruzes de pedra gravadas
    com o brasão de Portugal,
  • 5:29 - 5:32
    marcando as suas pretensões territoriais
  • 5:32 - 5:34
    que eram seguidas
    pela construção de fortalezas,
  • 5:34 - 5:36
    e postos de comércio.
  • 5:36 - 5:38
    A partir desta base, dedicavam-se
    ao lucrativo comércio
  • 5:38 - 5:40
    do ouro e dos escravos
  • 5:41 - 5:43
    de que detiveram praticamente
    o monopólio
  • 5:43 - 5:44
    durante mais de cem anos.
  • 5:44 - 5:47
    No entanto, o verdadeiro prémio
    para os mercadores portugueses,
  • 5:47 - 5:51
    era uma suposta rota marítima
    para a Ásia, ainda não confirmada.
  • 5:51 - 5:54
    Esperavam que a descoberta dessa rota
  • 5:54 - 5:58
    lhes permitiria acesso direto
    aos mercados de especiarias das Índias
  • 5:58 - 6:01
    e ultrapassar os dispendiosos
    mercadores árabes e venezianos
  • 6:01 - 6:04
    que controlavam as rotas comerciais
    terrestres, pelo Médio Oriente,
  • 6:04 - 6:07
    e pelo Mediterrâneo, para a Europa.
  • 6:07 - 6:11
    Depois, em 1488, chegaram notícias
    aos ouvidos das autoridades portuguesas
  • 6:11 - 6:14
    de que Bartolomeu Dias tinha dobrado
    a ponta sul da África,
  • 6:14 - 6:16
    e chegara ao Oceano Índico,
  • 6:16 - 6:19
    provando que existia realmente
    aquela passagem oriental.
  • 6:20 - 6:24
    Contudo, esta revelação em breve
    seria ultrapassada em magnitude,
  • 6:24 - 6:26
    apenas quatro anos depois,
  • 6:26 - 6:29
    quando Cristóvão Colombo se desviou
    para oeste, no Oceano Atlântico
  • 6:29 - 6:32
    procurando a sua hipotética rota
    para as Índias
  • 6:32 - 6:37
    e, no processo, inadvertidamente,
    descobriu todo um Novo Mundo.
  • 6:38 - 6:39
    A descoberta das Américas
  • 6:39 - 6:41
    que Colombo reclamou
    em nome da Espanha,
  • 6:42 - 6:44
    e inicialmente, julgava fazer parte
    da Ásia Oriental,
  • 6:44 - 6:47
    depressa criou um problema
    para os dois países ibéricos.
  • 6:48 - 6:51
    Sem saberem onde acabavam
    muitas das terras recém-descobertas
  • 6:51 - 6:53
    e começavam outras,
  • 6:53 - 6:54
    concordaram em dividir o mundo
  • 6:54 - 6:57
    em duas esferas de influência,
    entre eles os dois,
  • 6:57 - 7:00
    marcando uma linha meridiana norte/sul
  • 7:00 - 7:02
    mais ou menos a meio,
  • 7:02 - 7:04
    entre o arquipélago de Cabo Verde
    controlado por Portugal
  • 7:04 - 7:07
    e as ilhas das Caraíbas das Américas
  • 7:07 - 7:10
    que Colombo tinha descoberto há pouco
    e reclamava para a Espanha.
  • 7:10 - 7:14
    O Tratado das Tordesilhas
    ratificou este acordo em 1494
  • 7:14 - 7:17
    e, efetivamente, dividiu o mundo em dois
  • 7:17 - 7:21
    com as terras a leste dessa linha
    para serem reclamadas só por Portugal
  • 7:21 - 7:24
    e as terras a oeste serem reclamadas
    apenas pela Espanha.
  • 7:24 - 7:27
    Com a disputa resolvida,
    Portugal pôde finalmente
  • 7:27 - 7:30
    começar a realizar
    a sua ambição de há muito
  • 7:30 - 7:32
    de traçar uma rota marítima para a Ásia
  • 7:32 - 7:34
    e assim, a 8 de julho de 1497,
  • 7:34 - 7:38
    o explorador Vasco da Gama
    saiu de Lisboa
  • 7:38 - 7:41
    com uma frota de quatro navios
    e uma tripulação de 170 homens
  • 7:41 - 7:44
    com destino ao Oceano Índico,
    na procura da Ásia.
  • 7:45 - 7:48
    Ao fim de uma viagem de uns 10 meses,
  • 7:48 - 7:51
    a expedição de Vasco da Gama
    acabou por chegar em maio de 1498
  • 7:51 - 7:53
    à costa de Malibar, na Índia,
  • 7:53 - 7:57
    e subsequentemente, encontrou-se
    com o Zamorim, o rei de Calicut,
  • 7:57 - 7:59
    para entabular as relações comerciais
  • 7:59 - 8:01
    que há muito pretendiam.
  • 8:01 - 8:05
    Embora a chegada dos portugueses
    tivesse sido recebida com hospitalidade,
  • 8:05 - 8:08
    os comerciantes indianos locais
    não encontraram grande valor
  • 8:08 - 8:10
    nas bugigangas e nas mercadorias
  • 8:11 - 8:12
    que os europeus tinham levado
    para trocas
  • 8:12 - 8:15
    e, assim, a expedição
    de Vasco da Gama voltou para trás,
  • 8:15 - 8:17
    praticamente de mãos vazias.
  • 8:17 - 8:19
    A viagem de regresso a Portugal
    demorou imenso tempo
  • 8:19 - 8:22
    devido às monções que tiveram
    de aguentar, no mar,
  • 8:22 - 8:26
    que causaram grandes baixas
    na tripulação e danos nos navios.
  • 8:26 - 8:31
    Apesar disso, os sobreviventes
    chegaram a Lisboa no verão de 1499
  • 8:32 - 8:34
    e foram recebidos como heróis,
  • 8:34 - 8:37
    apesar das pequenas quantidades
    de especiarias e de outros bens,
  • 8:37 - 8:39
    que tinham levado consigo.
  • 8:39 - 8:42
    Embora a expedição em si
    não ter sido proveitosa,
  • 8:42 - 8:45
    demonstrou que o comércio marítimo
    para a Ásia era possível
  • 8:45 - 8:47
    e tinha um potencial enorme.
  • 8:49 - 8:52
    A segunda expedição à Índia
    partiu em 1500,
  • 8:52 - 8:55
    sob o comando de Pedro Álvares Cabral.
  • 8:55 - 8:57
    Mas, durante a travessia
    do Oceano Atlântico,
  • 8:57 - 8:59
    desviaram-se muito para ocidemte
  • 8:59 - 9:02
    e, inesperadamente, chegaram
    à costa do que é hoje o Brasil.
  • 9:03 - 9:05
    Embora esta descoberta
    possa não ter sido intencional
  • 9:05 - 9:07
    alguma especulação sugere
  • 9:07 - 9:10
    que os portugueses podiam ter já
    conhecimento da existência do Brasil
  • 9:10 - 9:13
    e, secretamente, sabiam que esta parte
    da América do Sul
  • 9:13 - 9:16
    caía dentro do território
    que lhes estava atribuído
  • 9:16 - 9:17
    segundo o Tratado de Tordesilhas.
  • 9:18 - 9:21
    Pedro Álvares Cabral recomendou
    ao rei português, D. Manuel I
  • 9:21 - 9:23
    que o território fosse colonizado
  • 9:23 - 9:27
    e foram feitas duas viagens
    de acompanhamento em 1501 e 1503.
  • 9:28 - 9:31
    Verificou-se que naquela terra
    era abundante em pau-brasil,
  • 9:31 - 9:33
    e foi daí que herdou o nome
  • 9:33 - 9:36
    mas como não encontraram
    ouro nem prata
  • 9:36 - 9:40
    os portugueses decidiram
    concentrar os seus esforços
  • 9:40 - 9:42
    no valioso comércio com a Índia.
  • 9:43 - 9:45
    Durante a primeira década
    do século XVI,
  • 9:45 - 9:48
    os portugueses avançaram
    para outras partes da Ásia
  • 9:49 - 9:51
    tais como o Sri Lanka e a Indonésia,
  • 9:51 - 9:54
    onde descobriram as fontes
    da canela e da noz-moscada.
  • 9:55 - 9:58
    Estes produtos eram tão valiosos
    que Afonso de Albuquerque
  • 9:58 - 10:01
    o primeiro vice-rei nomeado
    da Índia portuguesa,
  • 10:01 - 10:04
    ordenou a construção
    de feitorias e de fortalezas
  • 10:04 - 10:07
    ao longo da rota
    com mais de 20 000 quilómetros
  • 10:07 - 10:10
    desde Portugal até às Índias Orientais.
  • 10:10 - 10:14
    Estas serviam de base de operações
    para orientarem o comércio
  • 10:14 - 10:16
    e garantiam a salvaguarda
    das valiosas cargas
  • 10:16 - 10:20
    que seriam transportadas
    ao longo de perigosas viagens
  • 10:20 - 10:22
    para os mercados da Europa.
  • 10:22 - 10:25
    Pouco tempo depois,
    a rede comercial dos portugueses
  • 10:25 - 10:28
    alargou-se, cobrindo uma área
    que rodeava as costas da África,
  • 10:28 - 10:33
    a Arábia, a India, a Indonésia
    e até a distante China e Japão.
  • 10:34 - 10:37
    Embora os portugueses fossem
    motivados sobretudo
  • 10:37 - 10:40
    para estabelecer relações
    comerciais, por meios pacíficos,
  • 10:40 - 10:44
    a sua chegada à Ásia foi encarada
    muitas vezes com alto grau de suspeita
  • 10:44 - 10:46
    por parte dos mercadores locais
  • 10:46 - 10:48
    que os consideravam
    como meros estrangeiros,
  • 10:48 - 10:50
    intrusos no território deles.
  • 10:50 - 10:52
    Por conseguinte, as tensões aumentaram
  • 10:52 - 10:55
    e os portugueses começaram a impor
    a sua atividade comercial
  • 10:55 - 10:57
    recorrendo ao uso da força.
  • 10:57 - 11:00
    Durante todo o século XVI,
    rebentaram numerosos conflitos
  • 11:00 - 11:02
    por toda a região do Indo-Pacífico,
  • 11:02 - 11:04
    enquanto os portugueses
    se envolviam numa guerra
  • 11:04 - 11:07
    contra os inúmeros sultanatos
    e impérios da Ásia.
  • 11:08 - 11:10
    Possuindo quase sempre
    uma tecnologia militar superior
  • 11:10 - 11:12
    em relação aos adversários,
  • 11:12 - 11:16
    os portugueses tiveram grandes êxitos
    na defesa das suas empresas comerciais
  • 11:16 - 11:19
    assim como na ofensiva
    para conquistar objetivos estratégicos
  • 11:19 - 11:21
    de que desejavam apoderar-se.
  • 11:21 - 11:23
    Contudo, não foi só
    o comércio e as conquistas
  • 11:24 - 11:26
    que fizeram aumentar
    os domínios do Império Português.
  • 11:27 - 11:29
    A religião também teve
    um papel a desempenhar.
  • 11:29 - 11:33
    Acompanhando os oficiais,
    mercadores, marinheiros e soldados,
  • 11:33 - 11:35
    a bordo dos navios que saíam de Lisboa
  • 11:35 - 11:38
    iam pequenos números
    de padres e missionários,
  • 11:39 - 11:41
    habitualmente pertencendo
    à ordem dos Jesuítas.
  • 11:41 - 11:43
    Tinham sido enviados
    pela monarquia portuguesa
  • 11:43 - 11:45
    para espalhar a fé católica
  • 11:45 - 11:48
    entre os povos nativos
    da Ásia e da África
  • 11:48 - 11:50
    com que tinham entrado em contacto.
  • 11:50 - 11:52
    Esta política teve um êxito parcial
  • 11:52 - 11:55
    porque, embora esse esforço
    tenha ajudado a estabelecer relações
  • 11:55 - 11:59
    e novas povoações, como
    a do porto de Nagasaki no Japão, em 1571,
  • 11:59 - 12:02
    por quase toda a parte,
    os padres e os missionários
  • 12:02 - 12:05
    espalhavam a palavra de Deus
    por meio da violência e coerção.
  • 12:05 - 12:09
    No caso de Goa, por exemplo,
    a Inquisição perseguiu fortemente
  • 12:09 - 12:12
    a população hindu da Índia portuguesa
  • 12:12 - 12:14
    na tentativa de os converter
    ao Cristianismo.
  • 12:15 - 12:17
    O período inicial do Império Português
  • 12:17 - 12:20
    concentrou-se em desenvolver
    o comércio pela Ásia e África,
  • 12:20 - 12:24
    que era muito mais lucrativo
    e de fácil acesso do que o Brasil.
  • 12:25 - 12:27
    Mas esta atitude mudou rapidamente.
  • 12:28 - 12:31
    Quando outos exploradores europeus,
    especialmente os franceses,
  • 12:31 - 12:34
    começaram a mostrar-se interessados
    em possuir territórios
  • 12:34 - 12:37
    e instalar feitorias ali, em 1531,
  • 12:38 - 12:40
    a reação dos portugueses,
  • 12:40 - 12:44
    conforme decretado pelo rei D, João II
    a 28 de setembro de 1532,
  • 12:44 - 12:47
    foi deter as incursões francesas na região
  • 12:47 - 12:50
    iniciando um programa
    de colonização de grande escala
  • 12:50 - 12:55
    que iria dividir as terras e o seu governo
    em 15 capitanias separadas
  • 12:55 - 12:57
    com instruções para construir povoações,
  • 12:57 - 13:00
    atribuir loteamentos
    e administrar a justiça.
  • 13:00 - 13:03
    Cada Capitão era responsável
    por desenvolver e absorver
  • 13:03 - 13:04
    os custos da colonização,
  • 13:04 - 13:08
    embora não lhes fosse permitido
    a posse da terra a título definitivo.
  • 13:08 - 13:10
    Porém, apesar dos seus melhores esforços,
  • 13:10 - 13:12
    só dois dos capitães alcançaram
  • 13:12 - 13:15
    um estádio de desenvolvimento
    significativo,
  • 13:15 - 13:17
    devido sobretudo à sua dedicação
  • 13:17 - 13:20
    em aumentar o cultivo da cana-de-açúcar
    altamente lucrativo.
  • 13:20 - 13:23
    Isso exigia uma quantidade enorme
    de trabalho manual na produção
  • 13:23 - 13:25
    e, com o tempo,
    o trabalho nas plantações
  • 13:25 - 13:28
    passou a depender exclusivamente
    de africanos escravizados.
  • 13:28 - 13:30
    Tal era a escala e a importância
    da indústria do açúcar
  • 13:30 - 13:33
    que, dos estimados
    quatro milhões de africanos
  • 13:33 - 13:35
    que foram vendidos como escravos
    nas Américas
  • 13:35 - 13:37
    entre os séculos XVI e XIX,
  • 13:37 - 13:39
    mais de 40% acabaram no Brasil.
  • 13:40 - 13:42
    A presença dos portugueses
    na América do Sul
  • 13:42 - 13:45
    começou a aumentar lentamente,
    à medida que o tempo passava,
  • 13:45 - 13:48
    com as cidades da Baía, São Paulo
    e Rio de Janeiro,
  • 13:48 - 13:51
    fundadas em meados do século XVI.
  • 13:52 - 13:54
    Contudo, em 1580, ocorreu
    uma mudança significativa
  • 13:54 - 13:58
    no progresso do Império Português,
    quando uma crise de sucessão
  • 13:59 - 14:02
    provocada pela morte prematura
    do rei D. Sebastião, dois anos antes,
  • 14:02 - 14:04
    levou Filpe II de Espanha
  • 14:04 - 14:07
    a invadir Portugal
    e apoderar-se do trono.
  • 14:08 - 14:12
    Assim, as duas coroas e impérios
    ultramarinos de Espanha e de Portugal
  • 14:12 - 14:15
    ficaram unidos sob a União Ibérica
  • 14:15 - 14:18
    embora continuassem a ser governados
  • 14:18 - 14:20
    separadamente um do outro.
  • 14:21 - 14:24
    Contudo, durante esta época,
    no final do século XVI,
  • 14:24 - 14:28
    a Espanha estava em guerra,
    com a Inglaterra, a França e a Holanda
  • 14:28 - 14:30
    e, em resultado da união
    com o vizinho ibérico,
  • 14:31 - 14:34
    Portugal viu-se embrulhado
    naquele conflito mais lato
  • 14:34 - 14:35
    com os rivais europeus
  • 14:35 - 14:37
    que estavam todos em competição
  • 14:37 - 14:40
    para instituir
    os seus impérios ultramarinos.
  • 14:40 - 14:43
    Os holandeses, em especial, constituíam
    a maior ameaça para Portugal
  • 14:43 - 14:44
    naquela época,
  • 14:44 - 14:47
    porque tinham acabado
    de conquistar a independência
  • 14:47 - 14:49
    da monarquia dos Habsburgos
    espanhóis, em 1581
  • 14:49 - 14:52
    e como eram hábeis mercadores
    e exploradores marítimos
  • 14:52 - 14:55
    estavam interessados em participar
    no lucrativo comércio com a Ásia.
  • 14:55 - 14:58
    Estas ambições também eram
    partilhadas pelos ingleses
  • 14:58 - 15:01
    e ambos depressa aprenderam
    as rotas de navegção
  • 15:01 - 15:03
    definidas pelos portugueses
  • 15:03 - 15:05
    que os iria levar
    aos mercados de especiarias
  • 15:05 - 15:07
    da Índia e Indonésia.
  • 15:07 - 15:09
    De tal modo que, na viragem
    para o século XVII,
  • 15:09 - 15:12
    os interesses mercantis
    de holandeses e ingleses
  • 15:12 - 15:14
    já estavam instalado nos portos asiáticos
  • 15:14 - 15:17
    como Surat, Madras, Bantam e Sri Lanka,
  • 15:17 - 15:21
    com grande desagrado dos mercadores
    portugueses na região.
  • 15:22 - 15:25
    A presença de outros mercadores europeus
    a competir pelo mesmo comércio
  • 15:25 - 15:27
    não só representava
    uma ameaça comercial
  • 15:28 - 15:29
    ao Império Português.
  • 15:29 - 15:31
    mas também levou a um conflito colonial
  • 15:31 - 15:33
    quando os holandeses começaram a atacar
  • 15:33 - 15:35
    as feitorias comerciais
    e as colónias portuguesas.
  • 15:35 - 15:40
    A guerra Holanda-Portugal
    travada entre 1598 e 1663
  • 15:40 - 15:42
    ocorreu com batalhas por todo o globo
  • 15:42 - 15:46
    onde quer que os interesses coloniais
    das duas potências europeias
  • 15:46 - 15:48
    entrassem em contacto.
  • 15:48 - 15:51
    Embora os portugueses conseguissem
    repelir com êxito os holandeses,
  • 15:51 - 15:55
    nalgumas áreas, como na Segunda Batalha
    de Guararapes no norte do Brasil
  • 15:56 - 15:59
    perderam-se muitos territórios na Ásia,
    como a Malásia e o Sri Lanka,
  • 15:59 - 16:02
    e a Costa do Ouro, em África.
  • 16:02 - 16:04
    As consequências mais vastas
    deste conflito
  • 16:04 - 16:07
    também foram as perdas
    para o Império Português
  • 16:07 - 16:09
    em volta do Golfo Pérsico e do Japão,
  • 16:09 - 16:12
    onde os governantes locais
    procuraram capitalizar
  • 16:12 - 16:14
    a posição enfraquecida dos portugueses
  • 16:14 - 16:17
    e expulsá-los das suas respetivas regiões.
  • 16:17 - 16:21
    A perda destes territórios coloniais
    levou os portugueses a pôr fim
  • 16:21 - 16:23
    à união pessoal com a monarquia espanhola,
  • 16:23 - 16:27
    acreditando que tinham sido abandonados
    sobretudo pelo seu vizinho ibérico
  • 16:27 - 16:29
    que dera prioridade
    aos seus interesses coloniais
  • 16:29 - 16:31
    à custa dos interesses de Portugal.
  • 16:32 - 16:36
    Na Guerra da Restauração portuguesa
    que rebentou em 1640
  • 16:36 - 16:38
    D. João IV foi proclamado rei
  • 16:38 - 16:41
    e foi instituído o Conselho Ultramarino
  • 16:41 - 16:44
    para governar todos os aspetos
    do Império Português
  • 16:44 - 16:46
    a partir dessa altura.
  • 16:46 - 16:49
    No entanto, à medida que decorria
    a segunda metade do século XVII,
  • 16:49 - 16:52
    o poder colonial de Portugal
    continuava a diminuir
  • 16:52 - 16:56
    e outras nações da Europa
    começaram a preencher o vazio do poder
  • 16:56 - 16:58
    que outrora Portugal tinha exercido,
  • 16:58 - 17:01
    com os ingleses a tornarem-se
    o poder dominante na Índia
  • 17:01 - 17:05
    e os holandeses a cimentar o controlo
    sobre o que é hoje a Indonésia.
  • 17:05 - 17:08
    Assim, na maior parte,
    restava apenas o Brasil,
  • 17:08 - 17:11
    como o restante território significativo
    do Império
  • 17:11 - 17:15
    que, consequentemente, passou
    a ser encarado com importância crescente
  • 17:15 - 17:19
    O interesse em desenvolver o Brasil
    foi rapidamente reforçado em 1693
  • 17:19 - 17:22
    com a descoberta de ouro
    e, mais tarde, de diamantes,
  • 17:22 - 17:24
    na região de Minas Gerais,
  • 17:24 - 17:25
    o que levou uma corrida ao ouro
  • 17:25 - 17:28
    e a um grande afluxo de migrantes
    para aquele território.
  • 17:28 - 17:31
    No espaço de 40 anos,
    a população de Minas Gerais
  • 17:31 - 17:36
    atingira uma população
    entre 200 000 a 250 000
  • 17:36 - 17:39
    quando migrantes de Portugal
    chegavam como prospetores
  • 17:39 - 17:42
    e os escravos africanos eram levados
    para trabalhar nas minas.
  • 17:43 - 17:45
    A corrida ao ouro
    aumentou consideravelmente
  • 17:45 - 17:47
    as receitas da Coroa portuguesa
  • 17:47 - 17:49
    e, em meados do século XXVIII,
  • 17:49 - 17:52
    constituía cerca de 46%
    das exportações do Brasil,
  • 17:52 - 17:54
    embora a indústria do açúcar
  • 17:54 - 17:57
    se mantivesse
    a principal fonte de riqueza.
  • 17:57 - 18:00
    Embora o Império Português
    tivesse reconquistado
  • 18:00 - 18:02
    parte do seu anterior prestígio
    e riqueza, por essa altura,
  • 18:02 - 18:04
    um terramoto devastador
  • 18:04 - 18:07
    que atingiu a capital de Lisboa, em 1755,
  • 18:07 - 18:10
    marcou o que veio a ser
    o início do fim
  • 18:10 - 18:12
    para as ambições
    colonialistas portuguesas.
  • 18:12 - 18:17
    O desastre natural não só colocou
    uma enorme pressão sobre o Império
  • 18:17 - 18:20
    como a perda de vidas,
    calculada, na região,
  • 18:20 - 18:22
    entre 40 a 60 mil pessoas,
  • 18:22 - 18:25
    diminuiu também significativamente
    a capacidade dos portugueses
  • 18:25 - 18:27
    para se recomporem plenamente.
  • 18:27 - 18:29
    No decorrer do século XVIII,
  • 18:29 - 18:33
    uma vaga de revoluções
    começou a varrer toda a região atlântica,
  • 18:33 - 18:35
    começando na América do Norte,
  • 18:35 - 18:39
    quando as 13 colónias declararam
    a independência da Grã-Bretanha, em 1775,
  • 18:39 - 18:43
    o que, por sua vez, inspirou
    a Revolução Francesa de 1789.
  • 18:44 - 18:48
    O Império Português em breve começou
    a experimentar este fenómeno
  • 18:48 - 18:52
    quando a discórdia se manifestou
    na sua maior colónia, o Brasil.
  • 18:54 - 18:58
    Apesar de inicialmente confinada
    a revoltas localizadas de escravos,
  • 18:58 - 19:00
    que foram rapidamente sufocadas,
  • 19:00 - 19:02
    havia um sentimento crescente
    no território sul americano
  • 19:02 - 19:04
    de que deviam caminhar
    pelas própria pernas
  • 19:04 - 19:07
    para uma autodeterminação
    fora do domínio colonial.
  • 19:08 - 19:11
    O ano de 1808 iria marcar
    um passo significativo nesta direção.
  • 19:12 - 19:14
    quando a família real portuguesa
  • 19:14 - 19:16
    liderada pelo príncipe regente,
    D. João VI,
  • 19:16 - 19:17
    decidiu fugir de Lisboa
  • 19:17 - 19:20
    em resposta à invasão de Portugal
    por Napoleão Bonaparte
  • 19:20 - 19:23
    e transferir a Corte real para o Brasil.
  • 19:23 - 19:25
    Sete anos depois, em 1815,
  • 19:25 - 19:28
    o Brasil foi elevado
    à categoria de um reino,
  • 19:28 - 19:32
    dentro do Reino Unido de Portugal,
    Brasil e Algarves,
  • 19:33 - 19:35
    e assistiu à honra sem precedentes
  • 19:35 - 19:37
    de ver a capital ser transferida de Lisboa
  • 19:37 - 19:39
    para a sua cidade do Rio de Janeiro.
  • 19:39 - 19:43
    Este facto reforçou ainda mais
    o sentimento de independência do Brasil
  • 19:43 - 19:46
    e um ano depois de a família real
    regressar Portugal,
  • 19:46 - 19:49
    D. Pedro I, o quarto filho de D. João VI,
  • 19:49 - 19:51
    que tinha ficado no Rio,
  • 19:51 - 19:53
    viu a possibilidade de capitalizar
    a oportunidade
  • 19:53 - 19:55
    e declarou-se como imperador
  • 19:55 - 19:59
    de um Império do Brasil,
    recém-independente, em 1822.
  • 20:00 - 20:03
    Isso transformou o Império Português
    numa sombra de si mesmo
  • 20:03 - 20:06
    que passou a englobar
    apenas algumas feitorias na Ásia
  • 20:06 - 20:09
    e os territórios de Angola, Guiné
    e Moçambique, em África.
  • 20:09 - 20:12
    Durante o restante do século XIX
  • 20:12 - 20:16
    os esforços dos portugueses
    para manterem o que restava do império
  • 20:16 - 20:18
    concentraram-se no sul da África
  • 20:18 - 20:21
    e, em breve, apareceu a proposta
    de ligar uma à outra
  • 20:21 - 20:23
    as duas colónias
    de cada lado do continente,
  • 20:23 - 20:26
    expandindo-as
    pelos territórios do interior.
  • 20:26 - 20:29
    Este projeto conhecido
    por "mapa cor-de-rosa"
  • 20:29 - 20:30
    desagradou aos britânicos
  • 20:30 - 20:34
    que, nesta altura, tinham passado a ser
    o império mais poderoso do mundo,
  • 20:34 - 20:36
    porque afrontava diretamente
    a sua política
  • 20:36 - 20:38
    para um sistema de colónias em África
  • 20:38 - 20:41
    que se estenderia do Cairo
    à Cidade do Cabo.
  • 20:41 - 20:44
    Os britânicos apresentaram um ultimato
    aos portugueses em 1890
  • 20:44 - 20:46
    para acabarem com a política
    do Mapa Cor-de-rosa,
  • 20:46 - 20:49
    que, posteriormente,
    impediu qualquer hipótese
  • 20:49 - 20:51
    de ressuscitar as ambições
    colonialistas portuguesas.
  • 20:52 - 20:54
    Esta humilhação no palco mundial,
    desta maneira,
  • 20:54 - 20:57
    denunciou a fraqueza do governo
    da monarquia portuguesa
  • 20:57 - 21:01
    que jogou a favor dum crescente
    movimento republicano, no país.
  • 21:01 - 21:04
    Aproveitando a oportunidade
    de reforçar a sua causa,
  • 21:04 - 21:06
    no dia 1 de fevereiro de 1908,
  • 21:06 - 21:09
    o rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe
    foram assassinados em Lisboa
  • 21:09 - 21:12
    por dois republicanos,
    ativistas revolucionários.
  • 21:12 - 21:17
    Embora o rei D. Manuel II
    sucedesse imediatamente ao trono,
  • 21:17 - 21:20
    também ele teve de fugir do país
    dois anos mais tarde, em 1910,
  • 21:20 - 21:22
    quando a monarquia e o governo
    foram derrubados
  • 21:22 - 21:25
    e foi declarada a República em Portugal.
  • 21:25 - 21:28
    O contínuo enfraquecimento
    da posição do Império Português
  • 21:28 - 21:32
    foi aprofundado com a eclosão
    da I Guerra Mundial, em 1914.
  • 21:33 - 21:36
    O Império Germânico planeava
    expandir os seus domínios
  • 21:36 - 21:37
    e a sua influência, em África,
  • 21:38 - 21:40
    à custa das colónias portuguesas
    vizinhas
  • 21:40 - 21:42
    de Angola e Moçambique.
  • 21:42 - 21:44
    Como, a princípio, só houve
    umas escaramuças esporádicas,
  • 21:44 - 21:48
    Portugal só declarou guerra formalmente
    à Alemanha em 1916,
  • 21:49 - 21:52
    mas, a partir dessa data;
    a maiorparte do esforço de guerra
  • 21:52 - 21:55
    foi travada para apoiar os Aliados
    que lutavam em França
  • 21:55 - 21:57
    negligenciando a defesa
    das colónias de África
  • 21:57 - 21:59
    dos ataques dos alemães.
  • 21:59 - 22:02
    Mas, quando a guerra chegou ao fim,
    em 1918, com o Tratado de Versailles,
  • 22:02 - 22:06
    Portugal conseguiu retomar o controlo
    de todos os territórios perdidos.
  • 22:07 - 22:10
    Os anos entre as duas guerras mundiais
    assistiram a outro golpe em Portugal,
  • 22:10 - 22:13
    desta vez substituindo
    o instável governo republicano
  • 22:13 - 22:17
    por um regime mais à direita
    chamado "Estado Novo" em 1933.
  • 22:18 - 22:21
    A nova administração
    optou por manter-se neutra
  • 22:21 - 22:23
    durante a II Guerra Mundial
  • 22:23 - 22:26
    e, em vez disso, preservar o que restava
    do seu império ultramarino.
  • 22:26 - 22:30
    Mas, ao chegar o fim da guerra,
    houve uma crescente mudança de atitude
  • 22:30 - 22:32
    perante o imperialismo europei
  • 22:32 - 22:34
    e começaram a aumentar
    cada vez mais, em todo o mundo,
  • 22:34 - 22:36
    as exigências de descolonização
  • 22:36 - 22:37
    Os esforços da Grã-Bretanha e da França
  • 22:37 - 22:41
    para garantirem uma independência
    das colónias sob o seu controlo
  • 22:41 - 22:43
    pressionaram Portugal
    para fazer o mesmo,
  • 22:43 - 22:45
    embora este se mantivesse
    relutante em fazê-lo.
  • 22:45 - 22:49
    A instituição da independência da Índia,
    do controlo britânico, em 1947,
  • 22:49 - 22:51
    criou um ponto de inflamação
    sobre esta questão.
  • 22:51 - 22:54
    Como os enclaves portugueses
    de Goa, Damão e Diu
  • 22:54 - 22:57
    foram impedidos de se juntarem
    ao estado recém-independente,
  • 22:57 - 23:01
    o exército indiano entrou
    nesses territórios em 1961.
  • 23:01 - 23:04
    Mas Portugal, sob a ditadura
    de António de Oliveira Salazar,
  • 23:05 - 23:09
    manteve a recusa de reconhecer
    essa incorporação na Índia.
  • 23:09 - 23:12
    A relutância de garantir a independência
    das colónias em África
  • 23:12 - 23:15
    resultou na Guerra Colonial Portuguesa
  • 23:15 - 23:18
    que se travou de 1961 a 1974.
  • 23:18 - 23:21
    Muitos movimentos africanos
    de independência
  • 23:21 - 23:23
    recebiam apoio da União Soviética,
  • 23:23 - 23:26
    dentro da Guerra Fria mais ampla
    durante esta época
  • 23:26 - 23:28
    e, em resultado disso, a guerrilha
    em breve se alargou
  • 23:28 - 23:31
    às colónias africanas de Portugal.
  • 23:31 - 23:35
    O custo crescente e a impopularidade
    da guerra, no continente,
  • 23:35 - 23:39
    levaram a outro golpe militar travado
    contra o regime do Estado Novo
  • 23:39 - 23:41
    naquilo que ficou conhecido
    pela "Revolução dos Cravos".
  • 23:41 - 23:44
    a 25 de Abril de 1975.
  • 23:44 - 23:48
    O novo governo acabou rapidamente
    com as hostilidades ultramarinas
  • 23:48 - 23:50
    e começou a retirar as tropas,
  • 23:50 - 23:53
    para dar início ao processo de reconhecer
    a independência d.as Colónias
  • 23:53 - 23:57
    Angola e Moçambique
    declararam a independência em 1975
  • 23:57 - 23:59
    tal como Timor Leste.
  • 23:59 - 24:02
    E os governos portugueses acabaram
    por reconhecer também
  • 24:02 - 24:04
    as suas antigas colónias da Índia
  • 24:04 - 24:06
    com tendo passado a fazer parte
    da União Indiana.
  • 24:06 - 24:09
    A última peça do território
    ultramarino português
  • 24:09 - 24:12
    a sofrer a transferência de soberania
    foi Macau,
  • 24:14 - 24:17
    que foi entregue
    à República Popular da China,
  • 24:17 - 24:19
    no dia 20 de dezembro de 1999
  • 24:19 - 24:22
    e que marcou oficialmente
    o fim do Império Português.
  • 24:23 - 24:27
    Um dos impérios marítimos
    e comerciais mais longos da História
  • 24:27 - 24:29
    tinha chegado ao fim.
  • 24:29 - 24:31
    Embora os territórios
    dos Açores e da Madeira
  • 24:31 - 24:34
    sejam hoje governados
    como regiões autónomas de Portugal,
  • 24:34 - 24:37
    o legado do Império Português
    continua vivo
  • 24:37 - 24:40
    na medida em que a língua portuguesa
    continua a ser falada
  • 24:40 - 24:43
    por uns 250 milhões de pessoas,
    em todo o mundo
  • 24:43 - 24:45
    e, talvez ainda mais importante,
  • 24:45 - 24:47
    as rotas marítimas que foram instituídas
  • 24:47 - 24:49
    por aqueles exploradores
    marítimos de então
  • 24:49 - 24:52
    continuam a realizar o comércio mundial
    ao longo de cinco séculos.
Title:
Toda a História do Império Português
Description:

#portuguese #portugal #empire

CHECK OUT OUR MAP STORE HERE: https://www.redbubble.com/people/MapStory/shop

WATCH THIS AND ALL OUR VIDEOS COMPLETELY AD-FREE OVER ON OUR SUBSTACK: https://thisishistory.substack.com/?r=2zq5ao&utm_campaign=pub-share-checklist

O Império Português era formado pelas colónias ultramarinas, feitorias e, mais tarde, territórios ultramarinos, governados por Portugal. Foi um dos impérios coloniais mais duradouros da história europeia, com uma duração de quase seis séculos, desde a conquista de Ceuta, no Norte de África, em 1415, até à transferência da soberania de Macau para a China, em 1999. O império teve início no século XV e, a partir do início do século XVI, estendeu-se por todo o globo, com bases em África, na América do Norte, na América do Sul e em várias regiões da Ásia e da Oceânia.

O Império Português teve origem no início da Era dos Descobrimentos, e o poder e a influência do Reino de Portugal acabariam por se expandir por todo o mundo.
Na sequência da Reconquista, os marinheiros portugueses começaram a explorar a costa de África e os arquipélagos atlânticos em 1418-1419, utilizando os últimos desenvolvimentos em navegação, cartografia e tecnologia marítima, como a caravela, com o objetivo de encontrar uma rota marítima para a fonte do lucrativo comércio de especiarias. Em 1488, Bartolomeu Dias contornou o Cabo da Boa Esperança e, em 1498, Vasco da Gama chegou à Índia. Em 1500, por acidente ou por desígnio secreto da coroa, Pedro Álvares Cabral chegou ao que viria a ser o Brasil.

Nas décadas seguintes, os marinheiros portugueses continuaram a explorar as costas e ilhas da Ásia Oriental, construindo fortes e instalando feitorias à medida que avançavam. Em 1571, uma série de postos avançados navais ligava Lisboa a Nagasaki ao longo das costas de África, do Médio Oriente, da Índia e do Sul da Ásia.

Esta rede comercial e o comércio colonial tiveram um impacto positivo substancial no crescimento económico português (1500-1800), quando representavam cerca de um quinto do rendimento per capita de Portugal.

Quando o rei Filipe II de Espanha (Filipe I de Portugal) tomou a coroa portuguesa em 1580, iniciou-se uma união de 60 anos entre Espanha e Portugal, conhecida pela historiografia posterior como União Ibérica, embora os reinos continuassem a ter administrações separadas.

Como o rei de Espanha era também rei de Portugal, as colónias portuguesas passaram a ser alvo de ataques de três potências europeias rivais e hostis a Espanha: a República Holandesa, a Inglaterra e a França.

Com uma população mais reduzida, Portugal viu-se incapaz de defender eficazmente a sua rede de feitorias, que se encontrava sobrecarregada, e o império iniciou um longo e gradual declínio. Por fim, o Brasil tornou-se a colónia mais valiosa da segunda era do império (1663-1825), até que, no âmbito da vaga de movimentos independentistas que varreu as Américas no início do século XIX, se independentizou em 1822.

A terceira era do império abrange a fase final do colonialismo português após a independência do Brasil na década de 1820. Nessa altura, as possessões coloniais estavam reduzidas a fortalezas e plantações ao longo da costa africana (expandidas para o interior durante a luta por África no final do século XIX), a Timor Português e a enclaves na Índia (Índia Portuguesa) e na China (Macau Português).

Durante o governo de António Salazar (1932-1968), a ditadura do Estado Novo fez algumas tentativas malogradas de se agarrar às últimas colónias que lhe restavam.

Sob a ideologia do pluricontinentalismo, o regime passou a designar as suas colónias por “províncias ultramarinas”, mantendo o sistema de trabalho forçado, do qual apenas uma pequena elite indígena estava normalmente isenta. Em agosto de 1961, os dahomeus anexaram o Forte de São João Batista de Ajudá e, em dezembro do mesmo ano, a Índia anexou Goa, Damão e Diu. A Guerra Colonial Portuguesa em África durou de 1961 até ao derrube final do regime do Estado Novo em 1974. A Revolução dos Cravos de abril de 1974, em Lisboa, levou à descolonização precipitada da África portuguesa e à anexação de Timor Português pela Indonésia, em 1975. A descolonização provocou o êxodo de quase todos os colonos portugueses e de muitos mestiços das colónias. Portugal devolveu Macau à China em 1999. As únicas possessões ultramarinas que permaneceram sob o domínio português, os Açores e a Madeira, tinham ambas uma população maioritariamente portuguesa, e Lisboa alterou posteriormente o seu estatuto constitucional de “províncias ultramarinas” para “regiões autónomas”. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é a sucessora cultural do Império, análoga à Commonwealth das Nações para os países que faziam parte do Império Britânico.

Tradução de Margarida Mariz (2025)
Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

more » « less
Video Language:
Portuguese
Duration:
24:54

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions