Sem os produtores rurais, estaríamos famintos, nus e sóbrios

Produtores rurais asseguram nossa alimentação e mantêm nossa economia estável. Mas nos EUA, eles estão se aposentando rápido demais e não estão sendo substituídos. Em sua palestra sobre política agrícola, Eric Sannerud nos ajuda a entender porque esse problema não pode ser resolvido apenas comprando de produtores locais e nos ensina como usar o voto para criar um futuro melhor para os agricultores.

O que as pessoas costumam dizer
quando alguém vai falar em público?

Para imaginar que a plateia está nua.

(Risos)

Estou usando um truque diferente hoje,

e vou imaginar todos nós
sem os produtores rurais,

o que não é muito diferente.

[Sem os produtores rurais,
estaríamos famintos, nus e sóbrios]

(Risos)

Nossos produtores fazem muito mais por nós

do que apenas nos alimentar,
vestir e fornecer ótimas bebidas.

Eles são uma parte importante
de nossas comunidades,

especialmente das comunidades rurais.

E mais que isso,

são impulsionadores
de economias resilientes.

Pensem nisso da seguinte forma:

quando um produtor de cerveja compra
lúpulo produzido aqui em Minnesota,

90% do dinheiro fica em nosso estado,

comparado com apenas 10%
quando ele compra em outro lugar.

Isso é muito significativo.

Esses 90% se traduzem em empregos locais,

em arrecadação de impostos
para melhoria de escolas e rodovias,

em ajuda para cooperativas, mecânicos

e todos os trabalhadores necessários
para que a fazenda prospere.

Eles são os melhores
administradores da terra.

Acho que esta frase demonstra
o que os agricultores fazem por nós

ao administrar nossos recursos naturais.

"A terra como comunidade
é o conceito básico de ecologia,

mas a terra como algo a ser amado
e respeitado é uma extensão da ética."

É certo que eles fazem
muitas coisas boas por nós.

Nossos produtores familiares
são ótimos, todos concordamos.

Entretanto, as tendências na agricultura
atualmente são terríveis.

A idade média do agricultor nos EUA,
segundo o último censo agropecuário,

é 58,3 anos;

33% deles têm mais de 65 anos.

Esta é uma caricatura do meu avô.

(Risos)

Ele ainda trabalha no campo
e tem muito mais de 65 anos.

Mas para pôr isso em perspectiva,

em um outro serviço público
importante, a educação,

a idade média dos professores é 42 anos.

Os produtores rurais
são bem idosos nesse país.

E, infelizmente, quando se aposentam,

se é que se aposentam,

eles não estão sendo substituídos.

De todos os produtores que entraram
no mercado entre 2008 e 2012,

em todo o território dos EUA,

vejam se conseguem notar a diferença.

Dois mil tinham menos de 30 anos.

Eu sou um deles.

Estarei autografando fotos
mais tarde, se quiserem.

(Risos)

Nossos produtores estão envelhecendo
e não estão sendo substituídos.

O que está acontecendo?

O que faremos a respeito?

Acho que há um motivo
para isso: os preços.

Vamos analisar alguns slides.

Leite: este é o preço médio
do galão de leite nos EUA:

US$ 4,49.

Quanto acham que o produtor recebe?

US$ 1,32.

Vamos tentar com o pão.

O preço médio do pão nos EUA é US$ 3,49.

O produtor recebe...

US$ 0,12.

Como podemos ter uma produção local
fortalecida nesse cenário?

O que faremos se não houver
mais produtores locais?

Esse não é um problema
apenas dos agricultores,

não é algo para somente nós,
produtores, resolvermos.

É um problema de todos.

É rural, urbano, estadual e nacional.

E então, o que devemos fazer?

Eu direi a vocês.

Mas antes, uma história.

Estamos familiarizados
com o movimento verde,

que começou nos anos de 1960
com o plantio de árvores.

Avançamos muito desde então.

O verde é parte de nossa vida diária

e das empresas que estão na Fortune 500.

É tema de tratados internacionais,
de debates presidenciais.

Substituímos nossas lâmpadas,
usamos sacolas retornáveis.

Participamos do movimento
verde todos os dias.

Entretanto, e foi assim
que chegamos à ideia,

o movimento alimentar,
que é relativamente mais recente,

também é um tanto familiar, imagino.

Vamos ao supermercado, vemos cartazes:
"Compre produtos locais".

Vamos à feira de produtores,
à cooperativa,

lemos livros de autores importantes.

Até agora, o movimento alimentar
pode ser resumido a "votar com seu garfo".

A ideia é: pegue um dólar da sua carteira,

a forma como ele é gasto
afeta o sistema alimentar.

Apoia os produtores da sua região.

Muito bem, mas que direção
estamos tomando?

Como conseguir o nosso momento
de energia renovável

como o movimento verde conseguiu?

Isto é o que acho que precisamos fazer.

Apenas votar com nosso garfo
não está resolvendo os problemas

enfrentados pelos produtores.

Precisamos fazer mais que isso.

Acredito que precisamos passar
de votar só com nosso garfo

a votar com nosso voto.

Precisamos usar nosso dinheiro
e continuar a gastá-lo localmente.

Também precisamos comparecer às urnas
em favor dos agricultores.

Isso é mais importante que comprar morango
em fazendas locais uma vez ao ano.

É um esforço que devemos fazer
juntos o ano todo

para alcançar as mudanças
de que precisamos.

Mudanças como preços justos
para os produtores.

Quotas, gestão de abastecimento,
garantia de preços.

Um mercado justo e aberto.

Isso significa acabar
com guerras comerciais.

E sim, é claro que também significa votar.

Mas já sabíamos disso.

Por exemplo, está funcionando.

Ei, quem é aquele?

(Risos)

Só nesse ano, em Minnesota,

aprovamos um crédito fiscal
histórico e inédito no país.

O crédito fiscal
para agricultores iniciantes.

Ele incentiva a transição da terra
da geração atual para a próxima.

Isso foi feito por um punhado
de jovens produtores,

nós certamente não temos dinheiro,
vocês viram mais cedo.

Não temos experiência política.

Mas comparecemos e fomos ouvidos.

E graças ao apoio de produtores
e de pessoas comuns,

conseguimos que algo incrível
fosse feito em nosso estado.

Se podemos fazer isso, qualquer um pode.

Bom, isso tudo parece maravilhoso.

Há céticos aqui na audiência.

Eu seria um deles se estivesse aí.

Eles estão pensando:

"Nossa, o que precisamos mudar
em nosso sistema alimentar?

Produtores rurais são ótimos.

Temos alimentos ilimitados e baratos.

Isso não é ótimo?"

Infelizmente, nos anos de 1980 e 1990,
esse país seguiu uma política

que pode ser descrita
como "cresça ou desapareça".

Isso significa maximizar a produção
e minimizar os custos.

À primeira vista, parece bem simples.

Mas essa mudança transformou
nossos produtores

de uma classe admirada
e valorizada em nossa sociedade,

em um custo a ser minimizado.

Com essa mudança, meu bisavô,

que sustentava a família
com laticínios de seis vacas,

hoje precisaria de 600 vacas
para manter a família.

Já ouvimos falar de fazendas
de laticínios com 6 mil vacas.

O que acontece quando há apenas
uma fazenda dessas em um município

onde havia centenas delas no passado?

Podemos dizer o mesmo sobre milho,
feijão e outras plantações.

O que acontece quando uma pessoa precisa
de 5 mil hectares para se sustentar?

No passado, precisava-se de apenas 16.

Nós sabemos o que acontece,
lemos sobre isso nas notícias.

De forma geral, declínio rural,

escolas fecham ou se fundem,

agências de correios e mercearias fecham.

As pessoas vão embora,
a comunidade sofre e deixa a região.

Acredito que todos nós aqui,

que temos laços com o Minnesota rural,
conhecemos bem essa história.

Esse problema não pode ser resolvido
com feiras de produtores e boas intenções.

Temos que fazer mais
por nossos produtores rurais.

Políticas causaram essa bagunça,
e podem nos tirar dela.

Produtores americanos estão envelhecendo,
empobrecendo e desaparecendo,

mas ainda são vitais para nosso estado.

Eles são a vida
das nossas comunidades rurais.

São impulsionadores de crescimento
e estabilidade na economia,

e são os melhores protetores
dos nossos recursos coletivos,

como terra, água e ar.

Precisamos fazer mais por eles.

Então juntem-se a mim.

Lutemos por nossos produtores.

Vocês podem ver, já estamos fazendo isso
com sucesso em Minnesota.

Juntos, podemos fazer ainda mais.

E precisamos fazê-lo.

Antes, estávamos votando com nosso garfo,
e queremos continuar fazendo isso.

Mas se há uma ideia que eu quero
que levem para casa hoje,

é votar com seu voto.

Para isso, vou contar até três
e quero que todos digamos juntos.

Estão prontos?

Certo, um,

dois,

três.

Plateia: Vote com seu voto!

Muito bom, obrigado.

Acho que vocês entenderam.

(Aplausos)