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Como inspirar crianças a serem grandes leitores

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    Como professora do ensino básico,
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    minha mãe fez o que pôde
    para eu ter boas habilidades de leitura.
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    Isso consistia em aulas de leitura
    na mesa da cozinha, nos fins de semana,
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    enquanto meus amigos brincavam lá fora.
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    Minha habilidade de leitura melhorou,
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    mas essas aulas obrigatórias
    não despertaram um amor pela leitura.
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    O ensino médio mudou tudo.
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    No 1º ano, as aulas de inglês eram ler
    contos curtos e fazer provas de gramática.
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    Para sair do tédio,
    pedi para trocar de turma.
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    No semestre seguinte,
    passei para o inglês avançado.
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    (Risos)
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    Lemos dois romances e fizemos relatórios
    sobre dois livros naquele semestre.
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    A diferença drástica e rígida
    entre as duas classes de inglês
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    me irritou e me levou
    a fazer perguntas como:
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    "De onde vieram todos esses brancos?".
  • 0:55 - 0:57
    (Risos)
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    No meu ensino médio,
    mais de 70% eram negros e latinos,
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    mas naquela classe de inglês avançado
    havia alunos brancos por toda parte.
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    Esse encontro pessoal
    com o racismo institucionalizado
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    alterou o meu relacionamento
    com a leitura para sempre.
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    Aprendi que eu não poderia depender
    de uma escola, um professor ou currículo
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    para ensinar o que eu precisava saber.
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    E de forma mais revoltada
    do que intelectual,
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    decidi que não iria mais
    permitir que outros ditassem
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    quando e o que eu deveria ler.
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    E sem perceber, encontrei a chave
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    para ajudar as crianças a lerem.
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    Identidade.
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    Em vez de concentrar em habilidades
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    e mudar os alunos de um nível a outro,
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    ou forçar leitores com dificuldades
    a gravar listas de palavras desconhecidas,
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    deveríamos nos fazer essa pergunta:
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    "Como podemos inspirar as crianças
    a se identificarem como leitores?".
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    DeSean, aluno brilhante da primeira série,
    para quem lecionei no Bronx,
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    me ajudou a entender como a identidade
    molda a aprendizagem.
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    Um dia, durante a aula de matemática,
    eu fui ao DeSean e disse:
  • 2:10 - 2:13
    "DeSean, você é um grande matemático".
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    Ele olhou para mim e respondeu:
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    "Não sou um matemático,
    sou um gênio da matemática!".
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    (Risos)
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    O.k., DeSean.
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    Ler?
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    História bem diferente.
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    "Sr. Irby, eu não posso ler.
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    Nunca vou aprender a ler", disse.
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    Eu o ensinei a ler,
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    mas há muitos meninos negros
    que estão presos ao analfabetismo.
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    Segundo o Departamento
    de Educação dos EUA,
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    mais de 85% dos meninos
    negros da quarta série
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    não têm proficiência na leitura.
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    Oitenta e cinco por cento!
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    Quanto mais desafios ao ler
    as crianças encaram,
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    mais competentes culturalmente
    os professores precisam ser.
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    Ao fazer bico como comediante
    nos últimos oito anos,
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    eu entendi a importância
    da competência cultural,
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    a qual eu defino
    como a habilidade de traduzir
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    o que você quer que as pessoas
    saibam ou façam
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    em comunicação ou experiências
    relevantes e envolventes para elas.
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    Antes de subir ao palco,
    eu analiso o público.
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    Eles são brancos? São latinos?
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    São velhos, jovens,
    profissionais, conservadores?
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    Então eu refino e adapto as minhas piadas
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    com base no que gere mais gargalhadas.
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    Ao me apresentar em uma igreja,
    eu poderia contar piadas de bar.
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    Mas não resultaria em gargalhada.
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    (Risos)
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    Enquanto sociedade, estamos criando
    experiências de leitura para crianças
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    que equivalem a contar
    piadas de bar na igreja,
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    e depois nos perguntamos
    o porquê de tantas crianças não lerem.
  • 3:55 - 3:58
    O educador e filósofo Paulo Freire
  • 3:58 - 4:01
    acreditava que ensinar e aprender
    deveria ser recíproco.
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    Os alunos não devem ser vistos
    como caixas vazias para encher com fatos,
  • 4:06 - 4:09
    mas como cocriadores de conhecimento.
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    Currículos perfeitos e política escolar
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    que pedem para que os alunos
    se sentem como uma estátua
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    ou trabalhem em silêncio total...
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    esses ambientes, muitas vezes, afastam
    a vontade que a pessoa tem de aprender,
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    o interesse e a competência da criança,
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    em especial os meninos negros.
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    Muitos livros infantis
    apresentados a meninos negros
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    focam tópicos sérios como escravidão,
    direitos civis e biografias.
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    Menos de 2% dos professores
    nos EUA são negros
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    e a maioria dos meninos negros
    são criados por mães solteiras.
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    Há jovens negros que nunca
    viram um homem negro lendo,
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    ou nunca foram encorajados a ler
    por um homem negro.
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    Quais fatores culturais,
    quais sinais sociais presentes
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    levariam um jovem negro a concluir
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    que ler é algo que ele deveria fazer?
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    É por isso que eu criei
    a barbearia-biblioteca.
  • 5:12 - 5:15
    É alfabetização sem fins lucrativos
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    que cria um espaço amigável
    para as crianças lerem.
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    A missão é simples:
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    ajudar jovens negros
    a se identificarem como leitores.
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    Muitos vão à barbearia
    uma ou duas vezes no mês.
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    Alguns veem mais
    os barbeiros do que seus pais.
  • 5:34 - 5:38
    A biblioteca-barbearia conecta
    a leitura ao espaço central masculino
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    e envolve homens e meninos negros
    nas primeiras experiências com a leitura.
  • 5:43 - 5:46
    Esse programa de leitura
    baseado na identidade
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    usa uma lista de livros infantis
    recomendados por meninos negros.
  • 5:50 - 5:53
    São livros que realmente querem ler.
  • 5:55 - 5:58
    O relatório escolar
    das crianças e da família de 2016
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    constatou que a primeira coisa
    que as crianças procuram em um livro
  • 6:04 - 6:06
    é algo que irá fazê-las rir.
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    Então, se estamos falando sério
    em ajudar as crianças a ler
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    quando não for exigido,
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    precisamos incorporar modelos
    de leitura relevantes
  • 6:17 - 6:19
    no início da alfabetização
  • 6:20 - 6:24
    e trocar alguns livros infantis
    que os adultos amam
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    por livros engraçados, bobos
    ou até nojentos como o "Gross Greg".
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    (Risos)
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    "Vocês as chamam de melecas.
    Greg as chama de doces deliciosos."
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    (Risos)
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    Essa risada, essa reação positiva,
  • 6:44 - 6:47
    ou reação nojenta,
    que alguns acabaram de ter...
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    (Risos)
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    os meninos negros merecem
    e precisam mais disso.
  • 6:53 - 6:57
    Desmantelar a grande desigualdade
    que atormenta a educação americana
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    requer que criemos experiências de leitura
  • 7:01 - 7:05
    que inspirem todas as crianças
    a dizer três palavras:
  • 7:05 - 7:07
    sou um leitor.
  • 7:07 - 7:09
    Obrigado.
  • 7:09 - 7:11
    (Aplausos)
Title:
Como inspirar crianças a serem grandes leitores
Speaker:
Alvin Irby
Description:

De acordo com o Departamento de Educação dos EUA, mais de 85% dos meninos negros do quarto ano não são leitores proficientes. Quais tipos de experiências de leitura deveríamos criar para termos a certeza de que todas as crianças leem bem? Em uma palestra que fará você repensar em como ensinamos a ler, o professor e autor Alvin Irby explica os desafios de leitura que muitas crianças negras encaram, e nos conta o que os professores culturalmente competentes fazem para ajudá-las a se identificarem como leitores.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
07:27

Portuguese, Brazilian subtitles

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