Homens brancos: é hora de descobrir a cultura que vocês não enxergam | Michael Welp | TEDxBend
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0:13 - 0:19Em 1990, viajei à África do Sul
a trabalho, pela Outward Bound. -
0:19 - 0:22Aquela viagem mudou a minha vida.
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0:22 - 0:27Nelson Mandela havia deixado a prisão
poucos meses antes, -
0:27 - 0:30e o aparheid estava chegando ao fim.
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0:30 - 0:34Trabalhei com grupos de mineradores,
bancos e outros tipos de empresas -
0:34 - 0:37coordenando cursos de consolidação
de equipes inter-raciais, -
0:37 - 0:39todos com duração de oito dias.
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0:40 - 0:43Os mineradores todos trabalhavam
juntos nos mesmos turnos, -
0:43 - 0:45mas, apesar disso,
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0:45 - 0:50brancos e negros nunca comiam
suas refeições juntos, -
0:50 - 0:52nunca dormiam no mesmo alojamento
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0:52 - 0:55e nunca bebiam cerveja juntos.
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0:55 - 0:57A esposa de um dos mineiros disse:
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0:57 - 1:00"Se dormir no mesmo quarto
com um negro, me divorcio de você". -
1:01 - 1:05Demos início a intensas atividades
de equipe assim que eles chegaram. -
1:06 - 1:08De início, fiquei empolgado e conectado
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1:08 - 1:11com os mineradores negros
de diferentes grupos tribais, -
1:11 - 1:16que sempre cantavam e dançavam
espontaneamente em volta da fogueira. -
1:16 - 1:20Com o tempo, descobri que também
tinha muito em comum com os brancos. -
1:20 - 1:22Eram bons homens numa conversa a dois,
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1:22 - 1:26mas faziam parte de um sistema opressor.
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1:26 - 1:29Eles estavam em posição de poder,
e os demais se submetiam a eles. -
1:30 - 1:32Descobri com o tempo
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1:32 - 1:35que eu tinha mais em comum
com os homens brancos do que gostaria. -
1:35 - 1:38Eu via a mim mesmo ao olhá-los nos olhos.
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1:38 - 1:42Me senti na obrigação de voltar aos EUA
e trabalhar com pessoas como eu, -
1:42 - 1:44outros homens brancos.
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1:45 - 1:48De volta aos EUA,
passei sete anos pesquisando: -
1:48 - 1:51como os homens brancos
aprendem sobre diversidade? -
1:51 - 1:53O que desperta nossa consciência
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1:53 - 1:56e nossa atitude de forma
a nos tornamos defensores da diversidade? -
1:56 - 1:58Em minha pesquisa de dissertação,
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1:59 - 2:02vi que os homens brancos que estudei
aprendem quase tudo -
2:02 - 2:04com mulheres e pessoas negras.
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2:05 - 2:07Eles não recorrem a outros homens brancos,
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2:07 - 2:11e se distanciavam de outros homens brancos
e tinham raiva deles. -
2:11 - 2:14Apresentei esses resultados
numa conferência nacional, -
2:14 - 2:16e uma mulher negra se levantou
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2:16 - 2:17e disse:
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2:17 - 2:21"Se o caminho para a diversidade
para homens brancos é esse, eu cansei". -
2:21 - 2:22(Risos)
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2:22 - 2:24"Não tenho paciência
para ensinar todos vocês". -
2:24 - 2:26(Risos)
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2:26 - 2:28E ela estava certa!
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2:28 - 2:31Um colega meu que também
trabalhava para a Outward Bound, -
2:31 - 2:33Bill Proudman,
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2:33 - 2:35teve uma ideia para quebrar esse padrão.
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2:35 - 2:39Ele disse: "Vamos entrar numa sala
com um grupo de homens brancos -
2:39 - 2:41e passar quatro dias
refletindo sobre nós mesmos. -
2:41 - 2:44O que significa ser branco e ser homem,
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2:44 - 2:46e, no caso de muitos de nós,
heterossexual? -
2:47 - 2:50Chamamos aquilo de convenção
de homens brancos. -
2:50 - 2:54A primeira convenção de homens brancos
que fizemos foi há 20 anos. -
2:54 - 2:58Desde então, já realizamos centenas delas,
com milhares de homens brancos. -
2:58 - 3:02Com o tempo, descobrimos que
os homens brancos desconhecem três coisas. -
3:02 - 3:04Primeiro, não sabemos
que fazemos parte de um grupo -
3:04 - 3:06e que temos uma cultura.
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3:06 - 3:08Segundo, não sabemos que os outros
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3:08 - 3:11vivem realidades diferentes
da nossa no mundo. -
3:11 - 3:13E terceiro, não sabemos
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3:13 - 3:17que o processo de descobrir isso,
na verdade, transforma a nossa vida, -
3:17 - 3:19e que ganhamos muito nesse processo.
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3:20 - 3:21Só pra deixar claro,
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3:21 - 3:25os homens brancos não são os únicos
no mundo que desconhecem coisas. -
3:25 - 3:26(Risos)
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3:26 - 3:29Todos temos coisas a aprender e a fazer
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3:29 - 3:32no que diz respeito a nos relacionarmos
melhor uns com os outros. -
3:32 - 3:35Só que hoje vou falar sobre a parte
que tange aos homens brancos, -
3:35 - 3:38que geralmente não é tratada.
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3:38 - 3:41Vamos voltar à primeira coisa
que os homens brancos desconhecem. -
3:41 - 3:44Não sabemos que fazemos parte de um grupo
e que temos uma cultura. -
3:44 - 3:47Quando me olho no espelho,
eu vejo o Michael. -
3:47 - 3:49Não me vejo como um homem branco.
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3:49 - 3:52Os outros, mulheres e negros,
talvez vejam um homem branco, -
3:52 - 3:53mas eu só vejo o Michael.
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3:53 - 3:57Isso é em parte devido à forma
como a diversidade é encarada. -
3:57 - 4:02Quando pensamos em raça, por exemplo,
geralmente focamos pessoas negras. -
4:02 - 4:06Quando pensamos em gênero,
sobre quem normalmente falamos? -
4:06 - 4:07Mulheres.
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4:07 - 4:09Quando pensamos em orientação sexual,
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4:09 - 4:12geralmente focamos
gays, lésbicas e bissexuais. -
4:12 - 4:16Não pensamos em como é ser branco,
ser homem ou ser heterossexual. -
4:16 - 4:18É como uma parte invisível de mim.
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4:19 - 4:22Uma vez trabalhei com o líder
de uma equipe SWAT, -
4:22 - 4:26que disse que aplicou o que aprendeu
logo no primeiro dia de volta ao trabalho. -
4:26 - 4:31Ele estava numa situação que normalmente
termina numa briga ou em cana, -
4:31 - 4:33e ele conseguiu evitar ambos.
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4:33 - 4:37Se enxergando e se reconhecendo
como homem branco, ele percebeu: -
4:37 - 4:40"Essa pessoa não me conhece".
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4:40 - 4:43Ele entendeu que não tinha
que levar para o pessoal. -
4:43 - 4:46Ele passou da defensiva para a reflexão,
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4:46 - 4:49e conseguiu transformar
uma situação explosiva -
4:49 - 4:51numa situação de parceria.
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4:52 - 4:55Nós, homens brancos, não sabemos
que pertencemos a um grupo -
4:55 - 4:57nem que temos uma cultura.
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4:57 - 5:00Somos como um peixe na água.
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5:00 - 5:02Dificilmente temos que sair
da nossa água cultural -
5:02 - 5:05e, por isso, somos os que têm
menos consciência dela. -
5:05 - 5:09A cultura, a nossa cultura,
permeia nossas escolas, instituições, -
5:09 - 5:12a Igreja, os negócios, a maioria
dos lugares que frequentamos. -
5:12 - 5:15Então, somos os que têm
menos consciência dela. -
5:16 - 5:18Eu adoro minha cultura,
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5:18 - 5:22e aprendi a enxergar que,
quando me utilizo demais da força dela, -
5:22 - 5:25essa força pode se tornar fraqueza.
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5:25 - 5:28Quais são algumas das características
da cultura branca masculina? -
5:28 - 5:30Uma delas é o individualismo.
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5:30 - 5:32Eu adoro esse meu lado.
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5:32 - 5:34Adoro me levantar, colocar minhas botas,
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5:34 - 5:37baixar minha cabeça e trabalhar duro.
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5:37 - 5:39Tem funcionado muito bem pra mim.
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5:39 - 5:43Sei que posso me utilizar demais disso,
assim como os outros também. -
5:43 - 5:45Já ouviram falar de homens brancos
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5:45 - 5:47que se perdem e se recusam
a pedir ajuda a alguém na rua? -
5:47 - 5:49Membro da plateia: Meu pai!
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5:49 - 5:50Michael Welp: Recentemente?
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5:50 - 5:52(Risos)
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5:52 - 5:54Estou fazendo um manual
sobre homens brancos, -
5:54 - 5:56vocês podem ler as instruções aqui.
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5:57 - 6:00Também adoro a disposição para a ação.
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6:00 - 6:03Essa é outra característica
da nossa cultura. -
6:03 - 6:08E essa disposição para a ação tem a ver
com fazer o que tem que ser feito. -
6:08 - 6:11Gosto de consertar as coisas,
gosto de resolver problemas. -
6:11 - 6:15Também posso me valer demais dessa
mentalidade de resolução de problemas. -
6:15 - 6:17Alguém aqui já teve de dizer
ao seu marido branco: -
6:17 - 6:20"Não quero que resolva isso.
Só quero que escute"? -
6:20 - 6:21(Risos)
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6:21 - 6:24Alguém já ouviu isso? Se você
é homem e branco, já ouviu isso? -
6:25 - 6:27Nossa cultura também nos ensina
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6:27 - 6:31que não podemos ser racionais
e emotivos ao mesmo tempo. -
6:31 - 6:34Por isso deixamos de lado
nossa emotividade. -
6:34 - 6:36Outras culturas não fazem isso.
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6:37 - 6:40Quando vivo nessa bolha cultural,
que é invisível pra mim, -
6:40 - 6:42sequer penso que seja uma cultura.
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6:42 - 6:44Penso que sou um bom ser humano,
-
6:44 - 6:46um bom norte-americano.
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6:46 - 6:50E julgo os outros a partir
dessa bolha cultural invisível, -
6:50 - 6:54e isso os coloca num lugar
em que se sentem julgados. -
6:54 - 6:57Preconceito inconsciente,
é o que é pra mim, -
6:57 - 7:03como se fosse um sistema operacional
cultural em piloto automático -
7:03 - 7:06que eu sequer sabia
que rodava dentro de mim. -
7:06 - 7:09Posso dizer que sou cego culturalmente,
ou que sou cego em termos de gênero, -
7:09 - 7:12e que simplesmente trato
todos da mesma forma. -
7:12 - 7:14Não percebo que os outros entendem isso
-
7:14 - 7:17como ter que se adaptar
à minha bolha cultural. -
7:22 - 7:26E sequer sei que estou causando
essa imposição aos outros. -
7:26 - 7:27Os outros podem ficar frustrados
-
7:27 - 7:31por saberem que precisam deixar
parte de si do lado de fora da porta. -
7:31 - 7:35E o mais interessante é que fazemos isso
a nós mesmos como homens brancos. -
7:35 - 7:37Também nos adequamos à bolha cultural
-
7:37 - 7:40e, ao fazermos isso, deixamos parte
da nossa humanidade pra trás. -
7:41 - 7:44A segunda coisa que a maioria
dos homens brancos não sabe -
7:44 - 7:48é que os outros vivenciam
o mundo de forma diferente. -
7:48 - 7:53A maioria de nós naturalmente se conecta
com base em igualdade e semelhança. -
7:53 - 7:57Na verdade, pesquisas interculturais
mostram que, no que tange a diferenças, -
7:57 - 8:01a maioria das pessoas ou negam
ou minimizam essas diferenças, -
8:01 - 8:05e esse padrão aparece
em gerações mais novas também. -
8:05 - 8:09Mesmo assim, mulheres, negros e outros
vivem realidades diferentes -
8:09 - 8:12e, se só me conecto
com base na semelhança, -
8:12 - 8:15não enxergo outras partes
da realidade deles. -
8:15 - 8:17Não é que a minha visão
de mundo seja errada; -
8:17 - 8:20na verdade, ela é incompleta.
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8:21 - 8:25Então, por exemplo, não preciso pensar
na minha própria segurança. -
8:25 - 8:28Se saio para correr à noite,
geralmente me sinto tranquilo, -
8:28 - 8:29mesmo sozinho.
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8:29 - 8:30Viajo muito a trabalho.
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8:30 - 8:35Chego tarde em aeroportos
e vou dirigindo até o hotel. -
8:35 - 8:36Às vezes, eu me perco.
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8:37 - 8:39Mas não me preocupo muito.
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8:39 - 8:42Só não é fácil,
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8:42 - 8:44mas não é perigoso pra mim, geralmente.
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8:44 - 8:49Muitas mulheres iriam preferir
chegar ao hotel antes de escurecer -
8:49 - 8:54e que seu quarto não fosse no andar térreo
ou próximo a uma saída. -
8:54 - 8:57Eu estava viajando
com meu colega de trabalho, Bill, -
8:57 - 8:59para Kalamazoo, Michigan,
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8:59 - 9:01para trabalhar com um grupo de executivos.
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9:01 - 9:05Bem, assim que meu voo
chegou ao Aeroporto O'Hare, -
9:05 - 9:07ele fechou por causa de tempestades.
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9:07 - 9:10Logo descobri que não havia
mais voos para Kalamazoo -
9:10 - 9:13e que não havia mais carros para alugar.
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9:13 - 9:15O individualismo de Bill entrou em ação
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9:15 - 9:19e ele convenceu um taxista
a nos levar até Kalamazoo. -
9:20 - 9:24Chegamos lá às 2:30 da manhã e, às 8h,
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9:24 - 9:27estávamos orgulhosos
diante da equipe de executivos, -
9:27 - 9:31falando sobre como foi
nossa aventura para chegarmos ali. -
9:31 - 9:34Falhar não era uma opção
nesse individualismo. -
9:34 - 9:37Bem, havia uma mulher naquele grupo.
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9:37 - 9:40Ela levantou a mão e disse:
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9:41 - 9:46"Eu jamais teria entrado nesse táxi
e viajado pelo interior dos EUA à noite -
9:46 - 9:48com um taxista desconhecido.
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9:48 - 9:50Eu teria dado uma desculpa
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9:50 - 9:53para que vocês não achassem
que deixei a equipe na mão". -
9:53 - 9:57Eu olhei pra ela, pro Bill e pro grupo,
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9:57 - 10:02e disse: "Eu dou esses cursos,
mas nunca me dei conta dessa realidade". -
10:04 - 10:07A palavra "privilégio"
é difícil pra nós, homens brancos, -
10:07 - 10:09porque não nos sentimos privilegiados.
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10:09 - 10:12Na verdade, achamos
que trabalhamos muito duro -
10:12 - 10:13por tudo que temos.
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10:13 - 10:18Eu diria que, analisando bem, sim,
trabalhamos muito duro, -
10:18 - 10:22e há coisas pelas quais não tivemos
que passar ou tolerar ou imaginar -
10:22 - 10:24e que outros grupos têm.
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10:25 - 10:28Vou dar alguns exemplos de como
minha vida talvez seja diferente -
10:29 - 10:31por ser heterossexual.
-
10:31 - 10:34No trabalho, posso colocar
um retrato de quem amo na mesa -
10:34 - 10:36sem me preocupar
com o que os outros vão pensar, -
10:36 - 10:41nem me preocupar que isso possa prejudicar
minha próxima promoção ou meu emprego. -
10:42 - 10:43Como cisgênero,
-
10:43 - 10:46posso sair com amigos pra qualquer lugar
-
10:47 - 10:50e saber que vou encontrar
um banheiro que vou poder usar -
10:50 - 10:52sem ser constrangido ou agredido.
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10:53 - 10:56Como branco, no trabalho
as pessoas não me olham -
10:56 - 10:59pensando que fui contratado
através de programas de cotas, -
10:59 - 11:02me fazendo sentir
que preciso trabalhar o dobro -
11:02 - 11:03para provar que sou qualificado.
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11:03 - 11:06Posso facilmente achar mentores
brancos em todos os níveis -
11:06 - 11:09na maioria das empresas.
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11:09 - 11:12Posso comprar quadros,
cartões postais e de Natal -
11:12 - 11:15mostrando pessoas brancas, facilmente.
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11:15 - 11:18Não preciso ter aquela conversa
com meus filhos brancos -
11:18 - 11:22sobre como literalmente permanecer vivo
quando parados pela polícia. -
11:22 - 11:25Então, pra mim, as camadas
de privilégio se acumulam. -
11:26 - 11:29Por não ter deficiências,
pelo menos não até o momento, -
11:29 - 11:35não precisei me preocupar com como
chegar aqui pra dar esta palestra. -
11:35 - 11:38Como cristão, todos conhecem
meus feriados religiosos, -
11:38 - 11:41e ajustam suas agendas a eles.
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11:41 - 11:44Então, o privilégio é algo
em que não preciso pensar. -
11:44 - 11:47Não preciso lidar ou passar
por algumas dessas situações. -
11:47 - 11:49E isso não é algo que escolhi.
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11:49 - 11:53O que acontece é que os outros acham
-
11:53 - 11:56que nós, homens brancos,
conhecemos nossos privilégios, -
11:56 - 11:58que os enxergamos.
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11:58 - 12:03As pessoas acham que não nos importamos
ou que queremos manter nosso privilégio. -
12:03 - 12:06Elas acreditam que há má intenção
associada a esse privilégio. -
12:06 - 12:09Quando começamos a enxergar
e a aceitar o nosso privilégio, -
12:09 - 12:11isso retira o fardo dos outros
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12:11 - 12:16de ter de nos ensinar e provar para nós
que suas realidades diferentes são reais. -
12:16 - 12:18Posso usar o meu privilégio para o bem.
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12:18 - 12:24Por exemplo, se numa reunião
uma mulher expuser uma ideia, for ignorada -
12:24 - 12:26e alguns minutos depois
um homem repetir a mesma ideia, -
12:27 - 12:30posso usar o meu privilégio
para apontar aos meus colegas -
12:30 - 12:32que, ei, a ideia foi dela.
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12:32 - 12:36Se ela fosse fazer isso,
talvez fosse vista como implicante -
12:36 - 12:37em relação aos homens.
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12:39 - 12:43Quando reconhecemos como válidas
as realidades das outras pessoas -
12:43 - 12:47e permitimos que nosso coração
seja impactado por essas realidades, -
12:47 - 12:51geramos mais confiança e mais abertura.
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12:51 - 12:55Vi isso acontecer na África do Sul,
e vi acontecer no mundo todo. -
12:55 - 12:59É uma mudança de uma parceria
baseada parcialmente no medo -
12:59 - 13:01para uma parceria baseada mais no amor.
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13:02 - 13:06Isso me leva à terceira coisa que
a maioria dos homens brancos desconhece. -
13:06 - 13:10Achamos que diversidade tem a ver
com ajudar os outros com seus problemas. -
13:10 - 13:13Não percebemos que o processo
de aprendermos sobre nossa cultura -
13:13 - 13:16e o fato de os outros vivenciarem
uma realidade diferente -
13:16 - 13:20na verdade é transformador pra nós
e nos dá muitas possibilidades. -
13:21 - 13:24Por exemplo, quando me dou conta
da minha bolha cultural, -
13:24 - 13:28posso continuar a usar
a força da minha cultura -
13:28 - 13:31e tenho a opção de sair dessa cultura
-
13:31 - 13:34quando isso for melhor
para mim e para os outros. -
13:34 - 13:38Por exemplo, talvez eu queira usar
minha mente e meu coração ao mesmo tempo. -
13:38 - 13:41Talvez eu queira conseguir pedir ajuda
quando estou perdido, -
13:41 - 13:42ou dizer: "Eu não sei".
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13:42 - 13:44Talvez eu queira conseguir maneirar
-
13:44 - 13:47e não tentar resolver algo
que eu não entenda. -
13:50 - 13:54Quando mostro que estou disposto
a entender as realidades dos outros, -
13:54 - 13:57isso abre espaço para novas parcerias.
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13:58 - 14:02Um homem branco voltou do curso,
falou com um homem negro no trabalho -
14:02 - 14:04e compartilhou o que aprendeu.
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14:04 - 14:07No início, o homem negro
não quis conversa. -
14:07 - 14:10Uma semana depois, o homem negro
procurou o homem branco, -
14:11 - 14:13fecharam a porta,
conversaram por duas horas, -
14:13 - 14:15e ele disse:
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14:15 - 14:17"Em 20 anos, nenhum homem branco
jamais me perguntou -
14:17 - 14:20como é ser negro nesta empresa".
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14:22 - 14:27Outro homem branco voltou do curso
e pediu desculpas a seu filho. -
14:28 - 14:30Uma semana antes da convenção,
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14:30 - 14:33o filho dele havia voltado da escola
após sofrer bullying, -
14:33 - 14:37e o pai disse a ele:
"Não chore. Engula o choro". -
14:37 - 14:39Bem, durante a convenção,
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14:39 - 14:42o homem branco descobriu
que estava treinando o filho -
14:42 - 14:43pra viver na bolha de homem branco.
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14:43 - 14:45Ele voltou pra casa e disse:
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14:45 - 14:47"Me desculpe por ter dito pra engolir.
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14:47 - 14:51Tudo bem sentir o que você sente,
e você não precisa fazer isso sozinho. -
14:51 - 14:54Pode me procurar, e eu vou te apoiar".
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14:54 - 14:57Podemos ter outros tipos
de parcerias no trabalho também. -
14:57 - 15:01Se eu ofendo alguém,
o que vai acontecer inevitavelmente, -
15:01 - 15:04não preciso perder tempo
defendendo que sou bacana. -
15:04 - 15:07Posso mudar, com humildade
e reflexão, e dizer: -
15:07 - 15:09"Como foi que afetei você?"
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15:09 - 15:12Isso me faz passar de uma posição
de "não é minha culpa" -
15:12 - 15:15para uma posição
de "assumo a responsabilidade". -
15:17 - 15:20Então, homens brancos, o que vocês
podem fazer quando saírem daqui? -
15:20 - 15:24Primeiro, percebam e lembrem-se
de que vocês têm uma cultura -
15:24 - 15:25e podem começar a enxergá-la.
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15:25 - 15:28Podem sair dela
quando isso for necessário, -
15:28 - 15:31e podem perceber melhor
quando a estão impondo aos outros. -
15:31 - 15:35Segundo, lembrem-se de que os outros
vivem realidades diferentes das suas. -
15:35 - 15:38Usem da reflexão e da curiosidade
-
15:38 - 15:42para entender o mundo deles
e ampliar os seus próprios horizontes. -
15:43 - 15:47Três anos antes de Nelson Mandela morrer,
escrevi uma carta pra ele. -
15:47 - 15:49Nela, eu disse:
-
15:49 - 15:54"Fiquei admirado ao ver você,
depois de 27 anos na prisão, -
15:54 - 16:00abraçar, numa atitude de amor,
os homens brancos que o aprisionaram. -
16:00 - 16:04Você mostrou que o amor
é a maior força de transformação, -
16:04 - 16:05e quero que você saiba
-
16:05 - 16:08que a atitude de amor que carrego
-
16:08 - 16:11é a mesma que você demonstrou
aos homens brancos na África do Sul". -
16:12 - 16:16Peço que todos vocês aqui
mostrem essa atitude aos outros -
16:16 - 16:20e criem parcerias extraordinárias
com pessoas em todo o mundo. -
16:20 - 16:21Obrigado.
-
16:21 - 16:24(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- Homens brancos: é hora de descobrir a cultura que vocês não enxergam | Michael Welp | TEDxBend
- Description:
-
Os homens brancos raramente, e às vezes nunca, precisam refletir sobre sua própria cultura. Nesta palestra provocativa, Welp fala sobre sua própria experiência de tomada de consciência a respeito de sua cultura, preconceitos e privilégios de homem branco como ferramentas fundamentais para melhores relações com outras pessoas, apesar das diferenças.
Michael Welp é PhD e cofundador da "White Men as Full Diversity Partners" (WMFDP). Há 20 anos, Welp realiza oficinas pioneiras, incentivando líderes homens e brancos a criar culturas de total inclusão. Seu foco é incentivar homens brancos a se tornarem defensores da inclusão ais apaixonados e mostrar como eles podem se relacionar melhor com pessoas não brancas e mulheres brancas. Welp intermediou a consolidação de equipes inter-raciais em mais de uma dezena de empresas sul-africanas através do seu trabalho com a Outward Bound. Sua pesquisa sobre como os homens brancos aprendem sobre diversidade levou à criação da WMFDP. Welp é autor do livro recentemente publicado "Four Days To Change: 12 Radical Habits to Overcome Bias and Thrive in a Diverse World" ("Quatro Dias para a Mudança: 12 Hábitos Radicais para Superar o Preconceito e Viver Bem num Mundo Diversificado").
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 16:48