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O que causa o vício em opioides, e por que é tão difícil combatê-lo? - Mike Davis

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    Mais de 3 mil anos atrás, uma flor
    começou a aparecer em remédios
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    nos textos médicos no Egito Antigo.
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    Através do Mediterrâneo,
    a antiga Civilização Minoica
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    provavelmente encontrou formas de usar
    a mesma planta de maneira recreativa.
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    Ambas as civilizações antigas
    estavam em busca de uma coisa:
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    ópio, um extrato da papoula em questão,
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    que pode tanto provocar prazer
    quanto reduzir dor.
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    Embora o ópio tenha permanecido
    em uso desde então,
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    foi apenas no século 19
    que um de seus componentes químicos,
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    a morfina, foi identificada
    e isolada para uso médico.
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    Morfina, codeína, e outras substâncias
    feitas diretamente da papoula
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    são chamadas de opiáceos.
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    No século 20, a indústria farmacêutica
    criou uma série de substâncias sintéticas
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    similares a esses opiáceos,
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    incluindo heroína, hidrocodona,
    oxicodona e fentanil.
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    Quer seja sintético ou derivado do ópio,
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    esses componentes são coletivamente
    conhecidos como opioides.
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    Sintéticos ou naturais, legais
    ou ilícitos, remédios opioides
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    são analgésicos eficientes,
    mas também altamente viciantes.
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    Nos anos 1980 e 90,
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    companhias farmacêuticas começaram
    a comercialização agressiva de opioides,
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    ativamente minimizando
    seu potencial viciante
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    tanto para a comunidade médica
    quanto para o público.
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    O número de analgésicos opioides
    prescritos disparou,
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    assim como os casos de vícios em opioides,
    iniciando uma crise que continua até hoje.
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    Para entender por que opioides
    são tão viciantes,
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    ajuda rastrear desde como eles afetam
    o corpo humano já na primeira dose,
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    pelo uso repetitivo, até o que ocorre
    quando o uso a longo prazo para.
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    Cada um desses fármacos
    tem uma ligeira diferença química,
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    mas todos agem no sistema opioide do corpo
    ligando receptores opioides no cérebro.
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    As endorfinas do corpo atenuam os sinais
    de dor pela ligação a esses receptores,
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    e os opioides se unem de forma muito
    mais forte, por mais tempo.
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    Então drogas opioides podem gerenciar
    bem mais dores severas do que a endorfina.
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    Receptores opioides também influenciam
    humor e normalidade das funções do corpo.
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    Com essas funções, também, opioides
    ligam força e durabilidade,
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    assim seus efeitos são
    mais pronunciados e vastos
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    do que as moléculas de sinalização
    natural do próprio corpo.
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    Quando uma droga liga receptores opioides,
    ela libera o lançamento de dopamina,
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    que é relacionada a sentimentos de prazer
    e pode ser responsável
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    pela sensação de euforia
    que caracteriza o efeito do opioide.
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    Ao mesmo tempo, os opioides
    suprimem a liberação de noradrenalina,
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    o que influencia a insônia, respiração,
    digestão e pressão sanguínea.
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    Uma dose terapêutica diminui noradrenalina
    suficiente para causar efeitos colaterais
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    como constipação.
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    Em altas doses, eles reduzem batimentos
    e respiração a níveis perigosos,
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    causando perda de consciência e até morte.
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    Com o tempo, o corpo começa
    a desenvolver uma tolerância aos opioides.
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    Ele pode diminuir seu número
    de receptores opioides
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    ou os receptores podem se tornar
    menos responsivos.
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    Para experimentar a mesma liberação
    de dopamina e ter os resultados de antes,
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    as pessoas têm que tomar doses
    cada vez maiores,
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    um ciclo que leva ao vício
    e à dependência física.
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    Conforme as pessoas tomam mais opioides
    para compensar a tolerância,
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    os níveis de noradrenalina
    se tornam cada vez mais baixos,
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    a tal ponto que podem impactar
    funções corporais básicas.
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    O corpo compensa aumentando
    o número de receptores de noradrenalina
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    para que ele possa detectar
    quantidades menores dela.
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    Esse aumento à sensibilidade
    de noradrenalina
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    permite ao corpo que continue
    funcionando normalmente.
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    Na verdade, ele se torna dependente
    de opioides para manter o novo equilíbrio.
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    Quando alguém fisicamente dependente
    de opioides para de tomá-los abruptamente,
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    esse equilíbrio é interrompido.
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    Níveis de noradrenalina podem aumentar
    em um dia após cessar o uso de opioides.
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    Mas o corpo leva mais tempo para se livrar
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    de todos os receptores extras
    de noradrenalina que produziu.
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    Isso significa um período de tempo
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    em que o corpo fica
    muito sensível à noradrenalina.
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    Essa hipersensibilidade causa
    sintomas de abstinência,
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    incluindo dores musculares,
    estomacais, febre e vômito.
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    Mesmo que temporária, a abstinência
    de opioide pode ser debilitadora.
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    Em casos sérios, alguém em abstinência
    pode ficar gravemente doente
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    por dias ou semanas.
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    Viciados em opioides não estão usando
    mais as drogas por prazer necessariamente,
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    mas sim para evitar ficarem doentes.
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    Muitos correm risco de perder sua renda
    ou até o emprego durante a abstinência,
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    ou talvez não têm alguém para ajudá-los
    enquanto estão em períodos de crise.
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    Se alguém volta ao uso de opioides depois,
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    corre um alto risco de ter uma overdose,
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    porque o que antes era uma dose padrão
    enquanto a tolerância dele era alta,
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    agora pode ser letal.
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    Desde 1980, mortes acidentais
    por overdose de opioides
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    têm crescido exponencialmente nos EUA,
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    e o vício em opioides também
    tem explodido ao redor do mundo.
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    Enquanto analgésicos opioides prescritos
    têm se tornado mais regulamentados,
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    casos de overdose e dependência
    ainda têm aumentado,
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    especialmente entre os mais jovens.
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    Muitos casos recentes de dependência
    são de pessoas de meia-idade
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    que se tornam viciadas a analgésicos
    que lhes têm sido prescritos,
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    ou recebidos de amigos
    e familiares com prescrições.
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    Hoje, jovens são frequentemente
    apresentados a prescrições de opioides,
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    mas acabam buscando a heroína
    ou sintéticos ilegais que são mais baratos
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    e mais fáceis de encontrar.
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    Além da regulamentação mais rígida
    de analgésicos opioides,
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    o que podemos fazer para reverter
    o aumento dos níveis de vício e overdose?
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    Uma droga chamada naloxona é atualmente
    nossa melhor defesa contra a overdose.
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    Ela une os receptores opioides
    mas não os ativa.
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    Ela impede que outros opioides
    se liguem aos receptores,
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    e até os derruba de receptores
    para reverter uma overdose.
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    Vício em opioides é raramente
    uma doença independente;
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    geralmente, pessoas dependentes
    de opioides também estão lutando
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    com uma condição de saúde mental.
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    Há também programas de internação
    e ambulatoriais que combinam
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    medicação, serviços de saúde
    e psicoterapia.
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    Mas muitos desses programas
    são muito caros,
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    e opções mais viáveis podem
    ter longas listas de espera.
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    Eles também requerem completa
    desintoxicação de opioides
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    antes de iniciar o tratamento.
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    Tanto o período de abstinência quanto
    os longos meses nas reabilitações
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    podem ser impossíveis para quem corre
    o risco de perder o emprego e a moradia.
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    Programas de manutenção de opioides
    visam resolver alguns desses obstáculos,
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    e eliminar o abuso de opioides
    usando a combinação
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    de medicação e terapia de comportamento.
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    Esses programas evitam
    sintomas de abstinência
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    com drogas que se unem aos receptores
    opioides, mas sem os efeitos psicoativos
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    de analgésicos, heroína, e outros
    opioides comumente abusivos.
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    Metadona e buprenorfina
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    são os principais fármacos para controle
    de abuso de opioides atualmente,
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    mas os médicos precisam de autorização
    especial para prescrevê-los,
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    mesmo que nenhum treinamento
    específico ou certificação
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    seja necessário para prescrever
    analgésicos opioides.
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    A buprenorfina pode ser tão escassa
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    que existe até um crescente
    mercado negro para aquisição dela.
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    Há ainda um longo caminho a ser percorrido
    no combate ao vício em opioides,
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    mas existem ótimos recursos
    para entender as opções de tratamento.
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    Se você ou alguém que você conhece está
    lutando contra o uso de opioides nos EUA,
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    o Departamento de Saúde e Serviços Humanos
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    possui uma linha de ajuda: 800-662-4357
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    e um banco de dados com mais de 14 mil
    instalações para tratamento nos EUA:
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    www.hhs.gov/opioids
Title:
O que causa o vício em opioides, e por que é tão difícil combatê-lo? - Mike Davis
Speaker:
Mike Davis
Description:

Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/what-causes-opioid-addiction-and-why-is-it-so-tough-to-combat-mike-davis

Nos anos 1980 e 90, companhias farmacêuticas começaram a comercializar analgésicos opioides agressivamente, enquanto minimizavam ativamente o seu potencial viciante. O número de prescrições médicas disparou, e então os casos de dependência iniciaram uma crise que continua até hoje. O que torna os opioides tão viciantes? Mike Davis explica o que podemos fazer para reverter os crescentes números de dependência e overdose.

Lição por Mike Davis, dirigida por Good Bad Habits.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
08:19

Portuguese, Brazilian subtitles

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