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Ensinar História no século XXI | Thomas Ketchell | TEDx Liege

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    Fui surpreendido hoje
    com todas estas palestras
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    sobre o renascimento.
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    Acredito que a humanidade funciona
    num ciclo de renascimentos
  • 0:22 - 0:24
    e estamos no limiar de um novo ciclo.
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    A nossa vida é
    cada vez mais digitalizada.
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    E, com o tempo, o ensino
    seguirá o mesmo curso.
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    Enquanto historiador, tive dificuldade
    em conseguir um emprego.
  • 0:32 - 0:34
    Acabei por trabalhar no setor do ambiente
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    no Quénia, na África Oriental,
  • 0:36 - 0:39
    a trabalhar em projetos
    de energia renovável
  • 0:39 - 0:41
    centrados em biogás em comunidades rurais.
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    Isso, depois, levou-me a Pequim, na China
  • 0:43 - 0:45
    e a cena que veem atrás de mim,
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    é de uma bela tarde ensolarada
    na capital chinesa.
  • 0:48 - 0:52
    Eu estava cansado de respirar
    este ar sujo, poluído e enfumaçado.
  • 0:52 - 0:55
    Estava sempre a falar
    aos meus amigos e à minha família
  • 0:55 - 0:57
    como era viver no meio disto.
  • 0:57 - 0:58
    Mas eles não acreditavam em mim.
  • 0:58 - 1:00
    Então, decidi procurar na História.
  • 1:00 - 1:02
    Graças ao meu diploma de História,
  • 1:02 - 1:04
    procurei acontecimentos marcantes.
  • 1:04 - 1:07
    O Grande Smog de Londres, em 1952.
  • 1:07 - 1:09
    Perderam a vida 12 000 pessoas em 5 dias.
  • 1:10 - 1:11
    Doze mil pessoas!
  • 1:11 - 1:14
    Foi o pior desastre por poluição do ar
    causada pelo homem.
  • 1:14 - 1:17
    No entanto, quase ninguém
    sabia disso.
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    Então, decidi criar
    um personagem fictício,
  • 1:20 - 1:22
    alguém que acordou em 1952,
  • 1:22 - 1:25
    que tinha um Smartphone
    e começou a "tweetar".
  • 1:25 - 1:28
    "Tweetou" como se estivesse a viver
    o acontecimento em tempo real.
  • 1:28 - 1:30
    Mas isso foi há mais 60 anos.
  • 1:30 - 1:32
    Eu usei o hashtag "# GreatSmog"
  • 1:32 - 1:35
    e usei uma linguagem com que
    as crianças estavam familiarizadas
  • 1:35 - 1:36
    e podiam entender.
  • 1:36 - 1:39
    Fomos notados
    por organizações dos "media",
  • 1:39 - 1:40
    fomos notados por ambientalistas
  • 1:40 - 1:42
    e toda a gente começou a seguir- nos,
  • 1:42 - 1:45
    revivendo aquele acontecimento histórico.
  • 1:45 - 1:47
    Foi o verdadeiro impacto do Grande Smog.
  • 1:47 - 1:50
    As pessoas não sabiam
    o que estava a acontecer naquela época.
  • 1:50 - 1:52
    Foi só quando os hospitais
    começaram a ficar cheios,
  • 1:52 - 1:55
    e as pessoas a morrer na rua,
    com ataques cardíacos,
  • 1:55 - 1:57
    as pessoas a morrer em casa
    enquanto dormiam.
  • 1:58 - 2:02
    Mesmo assim, eles não percebiam bem
    quantas pessoas estavam a morrer.
  • 2:02 - 2:04
    Foi só quando as morgues
    ficaram cheias
  • 2:04 - 2:07
    que eles perceberam o
    verdadeiro impacto do Grande Smog.
  • 2:08 - 2:11
    Então, eu criei 422 "tweets"
    no espaço de cinco dias
  • 2:11 - 2:14
    e atingi milhões de pessoas no Twitter.
  • 2:15 - 2:16
    Vocês provavelmente estão a pensar:
  • 2:16 - 2:20
    "Qual é a ideia? Porque é que eu fiz isso?
    Qual o interesse? "
  • 2:20 - 2:24
    Eu fiz isso porque a História
    ainda está presa na idade das trevas.
  • 2:24 - 2:26
    O ensino da História
  • 2:26 - 2:29
    e o seu contexto estão ultrapassados
    a sua transmissão está ultrapassada,
  • 2:29 - 2:31
    os miúdos aborrecem-se com isso.
  • 2:32 - 2:35
    Se quiserem que um miúdo
    odeie o seu iPad, coloquem lá um manual.
  • 2:35 - 2:36
    Passa-se o mesmo com a História.
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    Não podemos viver
    apenas com figuras estáticas,
  • 2:39 - 2:40
    com datas e números.
  • 2:40 - 2:42
    Os miúdos já não querem isso.
  • 2:42 - 2:43
    Precisamos dar vida à História,
  • 2:43 - 2:46
    é preciso que os professores
    usem a tecnologia
  • 2:46 - 2:48
    para contar histórias.
  • 2:48 - 2:52
    Isto é o que me esforço por fazer todos
    os dias, como empresário de tecnologia.
  • 2:53 - 2:56
    Mas a inovação é difícil.
  • 2:56 - 2:59
    Precisamos de forçar as escolas
    a adotar uma nova visão
  • 2:59 - 3:03
    e um novo modo de estarem abertas,
    incentivando a colaboração.
  • 3:04 - 3:07
    Estes são alguns exemplos
    de inovadores no espaço
  • 3:07 - 3:10
    que usam a tecnologia
    e a misturam com a História
  • 3:10 - 3:12
    para dar vida à História.
  • 3:12 - 3:15
    Corina, um dos professores
    com quem falei há dois meses,
  • 3:15 - 3:17
    trabalha nas escolas Steve Jobs
  • 3:17 - 3:19
    — sim, elas existem,
    em Almere na Holanda —
  • 3:19 - 3:21
    e disse-me exatamente isso,
  • 3:22 - 3:25
    Disse que o que ela gostou quando usou
    a História e a tecnologia na sala de aula
  • 3:26 - 3:29
    foi que isso deu vida ao seu conteúdo
    e envolveu os alunos.
  • 3:29 - 3:32
    Fez com que os miúdos ficassem curiosos,
  • 3:32 - 3:34
    e acendeu a centelha
    de curiosidade dentro delas,
  • 3:34 - 3:36
    o que as levou a explorar mais
  • 3:36 - 3:39
    e a descobrir mais
    sobre aquele acontecimento histórico.
  • 3:39 - 3:42
    É exatamente isso ... ela tem razão!
  • 3:42 - 3:45
    Todos os professores de História
    de quem gostei e que recordo
  • 3:45 - 3:46
    contaram-me uma história poderosa.
  • 3:46 - 3:49
    E agora que os professores
    têm a tecnologia para fazerem isso,
  • 3:49 - 3:51
    é muito fácil.
  • 3:52 - 3:55
    O segundo exemplo que eu
    quero mostrar é o Minecraft.
  • 3:55 - 3:57
    Para quem não sabe
    o que é Minecraft,
  • 3:57 - 4:00
    trata-se de um jogo virtual
    em 3D do tipo "sandbox"
  • 4:00 - 4:03
    em que os utilizadores podem criar
    mundos incríveis a partir do zero.
  • 4:03 - 4:09
    O Minecraft é ótimo porque incentiva
    a colaboração, as cidadanias digitais
  • 4:09 - 4:12
    e, com isso, refiro-me a uma espécie
    de ética da Internet
  • 4:12 - 4:13
    e também a questões de privacidade.
  • 4:14 - 4:17
    Isso permite que as pessoas conversem
    no Minecraft e discutam os acontecimentos.
  • 4:17 - 4:20
    O que é muito interessante
    a respeito desse Minecraft
  • 4:20 - 4:22
    é que ele foi criado por um estudante
  • 4:22 - 4:24
    para suas aulas de latim.
  • 4:24 - 4:26
    Antes do Minecraft,
  • 4:26 - 4:29
    o aluno não se sentia
    envolvido no conteúdo,
  • 4:29 - 4:31
    e estava a ter dificuldades
    com os estudos.
  • 4:31 - 4:33
    Então, ele criou este
    balneário romano.
  • 4:34 - 4:36
    A partir daí, conseguiu aprender latim
  • 4:36 - 4:40
    e começou a oferecer ajuda
    em latim a outros utilizadores.
  • 4:40 - 4:42
    Quero dizer, isto não é
    cativante e inspirador?
  • 4:42 - 4:44
    Há tanta criatividade por aí.
  • 4:45 - 4:47
    O meu terceiro exemplo
    é de um professor
  • 4:47 - 4:50
    que admiro e respeito,
    Enrique Legaspi.
  • 4:50 - 4:52
    É um professor de Estudos Sociais nos EUA
  • 4:52 - 4:56
    Ele usa ativamente o Twitter
    no ambiente da sala de aula.
  • 4:56 - 4:59
    Usa esta ferramenta
    para fazer com que os alunos
  • 4:59 - 5:02
    colaborem na Internet,
    discutam os acontecimentos,
  • 5:02 - 5:04
    e usa um acontecimento, uma "hashtag".
  • 5:04 - 5:07
    Ele percebeu que os alunos
    estão muito mais envolvidos
  • 5:07 - 5:08
    com o estudo da História.
  • 5:08 - 5:09
    O que ele também notou
  • 5:09 - 5:12
    é que agora os alunos
    tímidos participam.
  • 5:12 - 5:14
    Cada aluno na sua turma tem um papel
  • 5:14 - 5:17
    e sente que faz parte da aula.
  • 5:17 - 5:20
    Enrique é um dos muitos
    dos professores
  • 5:20 - 5:22
    que estão a fazer isso
    no espaço, atualmente.
  • 5:22 - 5:24
    É isso que eu quero fazer
  • 5:24 - 5:26
    como empresário de
    tecnologia educativa,
  • 5:26 - 5:27
    é dar vida a essas histórias,
  • 5:27 - 5:29
    manter a História
    viva e torná-la ativa,
  • 5:30 - 5:32
    fazer com que seja agradável
    e divertida para os alunos,
  • 5:32 - 5:34
    envolvê-los.
  • 5:35 - 5:38
    Infelizmente, é um
    espaço difícil para se estar
  • 5:39 - 5:41
    E, de facto, com o poder da Internet,
  • 5:41 - 5:45
    milhões e milhões de pessoas
    estão a ter acesso à web.
  • 5:45 - 5:47
    Podemos dar espaço
    para essa colaboração
  • 5:47 - 5:49
    entre alunos de
    diferentes salas de aula
  • 5:49 - 5:51
    mas também entre diferentes países.
  • 5:51 - 5:53
    Um dos exemplos
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    pode estar hoje perto
    de muitas pessoas na sala,
  • 5:56 - 5:59
    é a independência do Congo.
  • 5:59 - 6:04
    Porque é que não podemos ter estudantes
    a colaborar neste acontecimento histórico,
  • 6:04 - 6:06
    numa plataforma única,
    a discutir, a colaborar?
  • 6:07 - 6:10
    Como seria, para um aluno
    crescer no Congo
  • 6:10 - 6:12
    quando era colonizado pelos belgas?
  • 6:12 - 6:15
    Como seria para um aluno belga
    crescer na Bélgica
  • 6:15 - 6:19
    e discutir a colonização da Bélgica.
  • 6:19 - 6:21
    Porque é que não podemos ter esses alunos
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    de diferentes países e continentes
  • 6:23 - 6:25
    a discutir e a colaborar juntos?
  • 6:25 - 6:27
    Porém, para fazer isso,
  • 6:27 - 6:30
    todos nós precisamos de ousadia,
    imaginação e criatividade.
  • 6:30 - 6:33
    Infelizmente, as nossas escolas
    atualmente não permitem isso,
  • 6:33 - 6:36
    portanto, precisamos de uma
    nova visão para as escolas
  • 6:36 - 6:37
    para incentivar isso.
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    Os nossos alunos estão
    muito voltados para Smartphones.
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    Precisam hoje de aptidões
    do século XXI.
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    Essas aptidões do século XXI
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    giram em torno de capacidades cognitivas,
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    de inovação e de reconhecimento.
  • 6:53 - 6:57
    E, para fazer isso,
    precisamos permitir
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    que os alunos tenham acesso à tecnologia.
  • 7:01 - 7:04
    As escolas precisam
    de mudar a forma como ensinam
  • 7:04 - 7:06
    quando se trata de artes liberais.
  • 7:07 - 7:09
    Já não estamos numa era
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    em que alguém como
    Henry Ford queria trabalhadores
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    obedientes, que ouvissem
    e que não questionassem.
  • 7:14 - 7:18
    Hoje, alguém como Larry Page,
    quer que as pessoas
  • 7:18 - 7:22
    respondam a questões que
    ainda não foram resolvidas,
  • 7:22 - 7:24
    quer criadores.
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    Mas, mais importante ainda
    quer inovadores.
  • 7:27 - 7:30
    É disso que precisamos para impulsionar
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    quando se trata da História.
  • 7:32 - 7:34
    "As redes sociais são más,
  • 7:34 - 7:36
    "não devíamos
    usá-las na sala de aula."
  • 7:36 - 7:39
    Estou cansado, estou farto
    de ouvir este argumento
  • 7:39 - 7:41
    dos educadores de nível superior.
  • 7:41 - 7:44
    Vamos deixar os alunos
    usarem essas ferramentas.
  • 7:44 - 7:46
    Deixá-los envolver-se com a História.
  • 7:46 - 7:49
    Nós temos de fazer
    com que eles usem as ferramentas
  • 7:49 - 7:51
    que são necessárias para o futuro.
  • 7:51 - 7:53
    Eles já não precisam de manuais.
  • 7:53 - 7:55
    Podem pesquisar no Google
    em dois segundos
  • 7:55 - 7:57
    e descobrir a resposta.
  • 7:57 - 7:59
    Sir Ken Robinson disse uma vez:
  • 7:59 - 8:02
    "Ninguém faz ideia
    do que vai acontecer no futuro
  • 8:02 - 8:05
    "mas toda a gente está interessada
    no ensino".
  • 8:06 - 8:07
    Eu acho que ele está certo.
  • 8:07 - 8:11
    Estas palavras soam a verdadeiras
    para o futuro das artes liberais
  • 8:11 - 8:12
    e, em particular, da História.
  • 8:13 - 8:17
    Uma criança já não nasce
    com um caderno e uma caneta.
  • 8:18 - 8:22
    Nasce com a tecnologia
    na ponta dos dedos.
  • 8:22 - 8:24
    Então, hoje,
    a minha palestra muito curta
  • 8:24 - 8:28
    é sobre sonhar e sair por aí,
    e crescer.
  • 8:28 - 8:30
    e impulsionar essa colaboração.
  • 8:30 - 8:32
    Personalizando a História,
  • 8:32 - 8:34
    envolvendo os miúdos,
    interessando-as pela História.
  • 8:35 - 8:38
    É isso que eu estou a tentar fazer hoje.
  • 8:38 - 8:41
    É sair por aí, e fazer a diferença.
  • 8:42 - 8:45
    O tema destas palestras de hoje
    foi o renascimento.
  • 8:45 - 8:47
    Acho que devemos
    ter uma Renascença
  • 8:47 - 8:49
    da forma como a História
    é ensinada nas salas de aula
  • 8:49 - 8:51
    em todo o país e em todo o globo.
  • 8:51 - 8:53
    Muito obrigado.
  • 8:53 - 8:55
    (Aplausos)
Title:
Ensinar História no século XXI | Thomas Ketchell | TEDx Liege
Description:

Thomas Ketchell, de 25 anos, partilha a sua experiência de uma nova forma de ensinar a História, através da tecnologia, em escolas do mundo inteiro. Pormenoriza a sua experiência bem sucedida, usando o Twitter, quando viveu em Pequim e sofreu a terrível qualidade do ar diariamente. Querendo alertar as pessoas para o que era respirar este ar poluído, decidiu, com o seu colega Steven Chiu, recriar nas redes sociais o Grande Smog de Londres de 1952. O êxito desta recriação levou a uma cobertura mundial que encorajou Steven e Thomas a fundarem Hstry, que revive acontecimentos históricos através duma perspetiva na primeira pessoa para dar vida à História. Histry está hoje a fornecer histórias interativas de acontecimentos históricos em linha com a visão deles e está a tornar-se na principal plataforma digital de aprendizagem da História.

Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:01

Portuguese subtitles

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